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12.08.2015

Governador Pezão afirma que estado vai aumentar ICMS e fechar empresas públicas

'Se o Cabral quiser, ele é o candidato do PMDB', diz governador em entrevista

Aziz Filho, Eugênia Lopes e Alessandra Horto
Rio - Tem sido ingrata a rotina do governador Luiz Fernando Pezão. Firme na dieta da proteína, que já tirou-lhe 21 dos 138 quilos, ele gere uma das piores crises econômicas da história do estado, desgasta-se com o recrudescimento da violência nas favelas com UPP e toca sem dinheiro obras faraônicas como a Linha 4 do Metrô. Ainda encontra energia para a luta interna de seu PMDB entre os que defendem e os que tentam derrubar sua amiga Dilma Rousseff da Presidência. Nesta entrevista, Pezão não deixa dúvida de que lado está: contra o impeachment e a favor do afastamento de Eduardo Cunha, seu colega de partido, da Presidência da Câmara. Ele critica o vice Michel Temer por “conspirar”. No Rio, defende que o antecessor, Sérgio Cabral, seja seu sucessor em 2018, com o prefeito Eduardo Paes lançado a presidente. A partir desta terça-feira, o Executivo envia à Assembleia Legislativa diversas propostas para aumentar a arrecadação e cortar despesas. Aumentará as alíquotas de ICMS para segmentos importantes da economia e eliminará cargos comissionados e empresas públicas inteiras. A luta contra o peso prossegue. 
Governador acredita que impeachment seria golpe contra a democracia
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
ODIA: Quem deve cair: Dilma ou Eduardo Cunha?
Pezão: Discutir impeachment, golpe, é um atraso violento. O país já pagou um preço grande de brincar com democracia. O momento é difícil para todo mundo, mas aqui não é parlamentarismo. Tem que respeitar as urnas. O que é isso, tirar uma presidenta eleita com mais de 50 milhões de votos? Isso aqui não é republiqueta.
Michel Temer trabalha pelo impeachment?
Fiquei ao lado do Michel na convenção do PMDB para ele ser vice, fui para a linha de frente defendê-lo. Adoro o Michel, mas eu não estou achando legal a postura dele nessa questão. Sinceramente, esse trabalho do Moreira Franco e do Eliseu Padilha não ajuda em nada o país.
Ele está prestes a trair a presidenta?
Não sei. Acho que ele precisava ser mais incisivo na defesa do mandato dos dois. Não é só do dela, não.
Mas ele tem a perspectiva de três anos de poder
Isso é muito ruim. Vice é para ter atribuições para ajudar na governabilidade. Não é para conspirar. Vice tem que ajudar muito. Acredito que Dilma tenha no mínimo 40 dos 66 votos do PMDB na Câmara.
O secretário Pedro Paulo deve ser mantido como candidato a prefeito?
Já tenho muito problema aqui. Se tem uma coisa que eu não estou pensando é na eleição municipal, não toma um minuto do meu dia. O Eduardo Paes é que vai cuidar da sucessão dele.
As denúncias de violência doméstica inviabilizam a candidatura dele?
Não sei se inviabiliza. Mas é um cenário difícil a eleição, como foi a minha. Lutei contra os três candidatos mais fortes dos partidos: Crivella, Garotinho e Lindberg. Não é trivial. Enfrentei uma eleição dificílima, como poucas eleições estaduais. Essa municipal também acho que é uma outra grande dificuldade porque é uma eleição nova. É primeira depois da Lava Jato, depois de a classe política estar toda exposta. Então não é trivial, vai ser muito difícil com candidatos que têm recall: o Crivella, Romário se for candidato, o Freixo. Quem é legislativo hoje é uma beleza: disputa eleição de dois em dois anos. O Crivella disputa todas, até para bispo da Universal deve ser lançado candidato lá no ‘jornaleco’ dele (Folha Universal, jornal da Igreja Universal do Reino de Deus). É uma eleição permanente.
O secretário de Transportes, Carlos Osório, é um bom nome para substituir Pedro Paulo?
É um grande técnico. Mas é muito cedo ainda na política. Primeiro mandato dele.
Ele não para de dar entrevista.
Acende um flash, ele já dá entrevista. Abre a porta da geladeira, dá entrevista (risos). Não quer nem saber. Dá entrevista para a geladeira. É um bom nome. Mas aí é com o Eduardo.
O Sérgio Cabral, pode ser o candidato?
O Eduardo Paes já colocou isso desde o primeiro momento. Se o Cabral quiser, ele é o candidato do PMDB. Ele não quer.
Ele pode ser candidato ao governo em 2018?
Ele pode, é um grande nome. Foi um governo que deixou grandes políticas públicas, teve problemas, como todos nós temos. Mas eu acho que ele deixou um grande legado.
E faz o quê com Eduardo Paes?
O Eduardo vai pra Presidência da República.
Cabral quer voltar?
Ele é muito novo, vai fazer 52 anos, viveu a vida na política, vai fazer o quê? Para mim, não, tenho 60, chega.
Eduardo Cunha deve se afastar da presidência da Câmara?
Acho que sim porque não dá ele comandar o processo de impeachment com a investigação que está em cima dele. Se ele saísse, tranquilizaria o parlamento e o país. Ele tem o direito de ser julgado, se defender. Só não acho que tem que misturar a função de presidente de um poder com a defesa dele, com os problemas dele.
O senhor defende alterações nas regras da previdência?
Tem que rediscutir a idade mínima. Há pessoas se aposentando com 48 anos. Essa conta não fecha nos estados. Professor, policial, se aposentam quase todos com 49. Discutir a idade mínima já ajuda muito. Vamos discutir toda a previdência.
Quando o senhor acaba de pagar os servidores?
Dia 9 (amanhã) pago novembro. O estado vive de arrecadação. Se os empresários, os contribuintes não recolhem os seus impostos, não tenho como honrar os compromissos em dia.
O senhor tem um plano B para o 13º salário, se não pagar no dia 17?
Não tenho. Estou primeiro centrado no dia 9. É todo meu esforço hoje (ontem).
O senhor mudará o calendário de pagamento do servidor?
Estamos estudando. Não vou ter como fugir de ter o maior prazo possível para fazer as folhas de pagamento, em 2016. Principalmente, no primeiro trimestre.
Vai alterar o pagamento das pensionistas?
Vamos botar todo mundo junto, em uma só data, não sete, em um calendário que o estado possa honrar.
Alguma carta na manga para arrecadar mais?
Temos diversas medidas que serão enviadas à Alerj esta semana. O Rio tem o maior déficit do país, R$ 13,5 bilhões. Vamos reduzir mais cargos comissionados, fechar empresas públicas. São muitas, quase 20. O metrô já foi privatizado em 1997 e continua a Central, a Riotrilhos. Estou estudando como faço para juntar em um lugar só e extinguir essas empresas. Porque é telefone, é carro, vou acabar com carros, celulares, vai ser uma medida forte. E vou incorporar empresas dentro das secretarias.
O Rio tem trauma de interrupção de obras do metrô, como no governo Moreira Franco.O senhor não tem medo de deixar buracos?
Os nossos buracos estão todos aí, quero muito terminar a obra do metrô. Moreira é o grande especialista. Fez muitos buracos e deixou todos. O Brizola ganhou a eleição com os buracos do Moreira.
O senhor vai aumentar o ICMS?
Vou. Estou estudando uma taxa para energia nuclear, para as termoelétricas, para o petróleo. Tive que fazer uma operação agora de antecipação de royalties com o Rioprevidência, e o banco me cobrou 70% porque estou com uma liminar no STF para receber os royalties. Luto para receber, mas o banco não quer saber, trabalha com risco. Se eu perder, vou pagar em 10 anos. Então, vou criar uma taxa de garantia.
A Linha 4 precisa de aporte de R$ 1 bilhão.
Está bem encaminhado com o BNDES, só falta eu acertar com o Tesouro. Ficaram de liberar no fim de dezembro, início de janeiro.
Se não liberarem, o senhor pode ir para o lado do Michel Temer, contra Dilma? (risos)
De jeito nenhum. Se tem uma coisa que eu não condiciono e nunca vou fazer é chantagem. Eu respeito as urnas. Eu adoro a presidenta Dilma, sou amigo pessoal dela, torço muito por ela, quero muito que ela encontre o caminho. Nunca vou botar esses interesses de me dar isso aqui para eu apoiar aquilo ali.

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