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1.12.2016

AMBIVALÊNCIA

A gente só briga com quem a gente ama.
Só gostando de alguém, podemos nos dar ao luxo de ficar incomodados com a falta de um telefonema; quando tem valor a gente sente falta, quando não é simplesmente um toque a menos no telefone. Só gostando de alguém faz sentido sentir alguma coisa, qualquer coisa que seja.
Caso contrário é só prestação de contas com a carência. É só a constatação de que há outro alguém ocupando o espaço destinado àquele alguém especial que não está ali presente no devido momento.
Só dá raiva o atraso de quem a gente ama: os outros a gente perdoa, os outros são só os outros. Mas saber que agora o dia terá meia hora a menos com quem a gente ama, dói. Dói tanto que chega a dar raiva! Dói tanto que se expressa em gritos.
E a mentira, então? A dos outros é só uma “caluniazinha”. A de quem ocupa o pódio do nosso peito queima feito brasa, arranha mais que garganta inflamada e dói tanto, mas tanto, que já nem grita, chora!
É por isso que amar dói, é por isso que sentir irrita: somente aquilo que nos faz sentir bem pode ser capaz de também nos remeter às piores coisas do mundo!
O amor é ambivalente, mas é melhor do que sentir o nada e é ainda melhor do que sentir afeto pelo vazio.

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