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3.24.2016

Teori assume processo de Lula e é ameaçado de morte

Ministro passou a ser alvo de radicais na Internet
Ministro passou a ser alvo de radicais na Internet
O clima de ódio não tem poupado nem mesmo um dos mais respeitados ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Após retomar o processo da Lava-Jato, que de maneira intempestiva foi tirado de suas mãos pelo também ministro Gilmar Mendes, Teori Zavascki foi alvo de ofensas e até ameaça de morte. Um grupo foi à sua casa em Brasília bater panelas e repudiá-lo por algo que não fez e nem se sabe se fará: ler com presteza as eventuais provas do processo para condenar ou absolver Lula. Um dos manifestantes pediu para que ele fosse "enforcado"!

Nas redes sociais, os defensores do impeachment de Dilma Rousseff e da prisão do ex-presidente Lula sugeriam que se jogasse uma bomba ou ateasse fogo à casa do ministro Teori. Veja a imagem no final da reportagem. Ainda na mesma noite, o músico Lobão, defensor da volta da ditadura, divulgou no seu Twitter cópia de documento onde consta o endereço do filho do ministro Teori. Ele pediu para que todos fossem para lá constranger a família.

Do El País

O sobe e desce de instâncias dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou novo capítulo na noite desta terça-feira, e a tensão dramática adquire intensidade com a nova decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). Relator dos processos da Operação Lava Jato no STF, o ministro determinou que o juiz Sérgio Moro envie ao Supremo as investigações que tramitam na 13ª Vara Federal de Curitiba que envolvem o ex-presidente. É o STF que decidirá se cabe desmembramento da investigação, "bem como sobre a legitimidade ou não dos atos até agora praticados". E na decisão de Zavascki ainda sobra uma ressalva à decisão de Moro de divulgar as gravações em que Lula fala com autoridades como a presidenta Dilma Rousseff e o então ministro-chefe da Casa Civil Jaques Wagner.

"O que se infirma é a divulgação pública das conversas interceptadas da forma como ocorreu, imediata, sem levar em consideração que a prova sequer fora apropriada à sua única finalidade constitucional legítima ("para fins de investigação criminal ou instrução processual penal"), muito menos submetida a um contraditório mínimo", critica Zavascki. "Não há como conceber, portanto, a divulgação pública das conversações do modo como se operou, especialmente daquelas que sequer têm relação com o objeto da investigação criminal", diz o ministro em sua decisão, que desfaz uma instrução do ministro Gilmar Mendes.

Quatro dias atrás, Mendes suspendeu a nomeação de Lula para a Casa Civil e devolveu os processos sobre o ex-presidente para Moro. Com a decisão desta terça-feira, que pede o sigilo dos áudios divulgados, Lula não volta a ser ministro, mas seus processos sobem para o tribunal mais alto, pelo menos até que o STF identifique quem não tem foro privilegiado e, portanto, deve ser encaminhado de volta à primeira instância. Uma consequência possível da decisão é que as gravações divulgadas por Moro sejam desconsideradas como prova na sequência dos processos. O juiz terá 10 dias prestar esclarecimentos ao STF sobre sua decisão de retirar o sigilo das gravações, que revelaram até conversas entre a ex-primeira-dama Marisa Letícia e seu filho Fábio da Silva.

A decisão de Zavascki responde a ação da Advocacia-Geral da União (AGU) que questionava o fato de Moro ter divulgado as gravações. Zavascki não discutiu de quem era a competência de julgar, se de Gilmar Mendes ou de Moro, mas destacou que o fato de a presidenta Dilma ter sido gravada nas interceptações influenciou sua decisão - essas gravações com autoridades, aliás, devem ser avaliadas pela Procuradoria-Geral da República para que se determine se há indício de crime.

Esse pode ser considerado, até agora, o maior revés para o juiz Sérgio Moro no âmbito da Lava Jato. É a primeira vez que ele é cobrado a se explicar ao STF por uma decisão na maior operação policial da história do país.
Print da página dos defensores do golpe: guilhotina, foto e pedradas
Print da página dos defensores do golpe: guilhotina, foto e pedradas  

Documento divulgado por Lobão em sua rede social
Documento divulgado por Lobão em sua rede social  


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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