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4.07.2016

Acadêmicos criticam pedido de impeachment


 Vladimir Safatle destacou importância de refletir sobre erros da esquerda no país


Agência Brasil
Professores universitários que participaram nesta quarta-feira (6) do ciclo de debates Crise e Democracia, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), criticaram o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que tramita na Câmara. Todos os participantes se posicionaram contra a saída de Dilma antes do fim de seu mandato. Apesar da defesa, os debatedores não economizaram críticas ao governo petista.
“Prometeram para nós que em 2016 o Brasil seria a quinta economia do mundo, que estaríamos nadando em petróleo. Houve uma frustração enorme e uma parte da sociedade se aproveita disso para colocar seu preconceito. Se não entendermos os erros da primeira experiência do governo de esquerda no Brasil, nunca mais vamos voltar a governar esse país”, disse o professor da Universidade de São Paulo (USP) Vladimir Safatle.
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O professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e dirigente do PT, Valter Pomar, discordou de Safatle. Para Pomar, o que está sendo atacado pela direita brasileira são os avanços na área social   obtidos nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma. “Não são os defeitos do PT o alvo da direita. São as qualidades do que nós fizemos. A questão é saber como derrotar a direita recuperando uma ofensiva, o caminho das mudanças.”
O professor da UFBA Jorge Almeida disse que o país vive uma “crise de legitimidade”, por não encontrar em nenhum dos maiores atores políticos da atualidade uma figura que transmita a confiança necessária para reverter a crise. “O governo Dilma está dentro da legalidade, mas perdeu a legitimidade porque fez tudo o que disse que não faria. Mas os outros também não têm legitimidade. Com ou sem impeachment a crise econômica e política vão continuar, porque não existe nenhuma liderança capaz de solucionar isso.”
Durante o evento, os debatedores usaram muitas vezes o termo “golpe” para definir o processo de impeachment de Dilma.
“O que está havendo é um golpe tosco. Vimos como todo o processo foi feito. Em 2014, o país foi radicalmente dividido. E, depois da eleição, essa divisão se radicalizou. O Brasil como país não existe, o que existe é uma fenda que divide o país em dois”, disse Safatle.
“O golpismo se caracteriza pela ideia de querer tirar uma pessoa [do poder] por uma questão de princípios, de ter que tirar, e depois procura uma razão. Na minha opinião, a saída é não ter golpe. E, depois de não ter golpe, teremos que garantir os rumos da retomada do desenvolvimento brasileiro”, disse Haroldo Lima, membro do PCdoB e ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

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