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5.16.2016

Insuficiência renal atinge cerca de 10% dos brasileiros e se caracteriza pela perda da capacidade dos rins de filtrar sangue

Doença que hospitaliza Gilberto Gil pode ser diagnosticada com simples exame

O Dia
Rio - Internado desde a última terça-feira no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, o cantor Gilberto Gil, de 73 anos, é vítima de uma doença silenciosa que pode ser facilmente identificada em um simples check up médico. A insuficiência renal, que acomete cerca de 10% da população brasileira atualmente, é caracterizada pela perda da capacidade dos rins de filtrar o sangue, deixando no organismo resíduos tóxicos ou prejudiciais, como a ureia e a creatinina. Diabéticos e hipertensos têm mais chance de desenvolver a enfermidade. Além disso, pessoas que possuem histórico familiar da doença também devem ficar atentos.

Gilberto Gil segue hospitalizado, sem previsão de alta. No início do ano, ele esteve internado com hipertensão
Foto: Reprodução Facebook

No Brasil, a principal causa é a hipertensão arterial, mas também pode ser consequência do diabetes, medicamentos anti-inflamatórios, desidratação, infecção urinária pela interrupção da passagem da urina por tumores ou aumento da próstata, entre outras causas.
“O diagnóstico laboratorial da doença é simples e barato, basta a dosagem da creatinina no sangue. Além disso, a dosagem de ureia e potássio e exames de imagem como ultrassom, ressonância magnética e tomografia computadorizada”, esclarece Eduardo Rocha, chefe do Serviço de Nefrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão.
Segundo ele, a doença pode se manifestar na forma aguda, quando acontece uma rápida redução da função renal, ou crônica, quando a perda é gradual e progressiva. Na primeira forma, a insuficiência renal normalmente tem cura. Já na fase crônica, a perda das funções dos rins se dá de forma lenta e progressiva. Por conta disso, muitos pacientes demoram a perceber o problema, já que os sintomas são leves, e, quando é feito o diagnóstico, a função renal já está quase completamente comprometida. 
O tratamento normalmente é feito com uso de remédios anti-hipertensivos e diuréticos, mas inclui uma rigorosa dieta, com redução de proteína e sódio, que deve ser prescrita por um nutricionista. Nos casos mais graves, é necessária a realização de hemodiálise, procedimento em que é utilizado um aparelho para filtrar o sangue, ou a realização de transplante renal.
A assessoria do hospital informou que não há previsão de alta para o cantor. Inicialmente, ele seria liberado no sábado. No início do ano, Gil havia sido internado com uma crise de hipertensão.
Urina amarela e com cheiro forte é o principal sintoma
Os sintomas de insuficiência renal podem variar nas formas aguda e crônica. Os principais sinais da doença na primeira forma são urina em pequena quantidade, de cor amarela escura e cheiro forte; cansaço excessivo; falta de ar; dor na parte inferior das costas; inchaço nas pernas e nos pés; febre superior a 39°C; falta de apetite; náusea; vômitos; tosse com sangue e pressão alta.
Já na forma crônica, os principais sintomas são urina com presença de espuma, inchaço nos pés, pressão alta e, mais raramente, sintomas como vontade de urinar frequentemente, principalmente de madrugada; sensação de corpo pesado; cansaço extremo; tremor e fraqueza muscular; formigamento nas mãos e nos pés; perda de sensibilidade; náuseas; vômitos; convulsões e pele amarelada.
Hipertensão é principal causa
Aparentemente a principal causa da insuficiência renal que deixa o cantor Gilberto Gil no hospital, a hipertensão arterial é uma doença genética, mas o estilo de vida também contribui, sendo mais frequente em obesos, sedentários e fumantes. Em média, a doença costuma aparecer a partir dos 40 anos de idade, podendo se manifestar antes disso, de acordo com o histórico familiar. No Brasil, atinge cerca de 25% da população adulta, chegando a mais de 50% dos brasileiros com mais de 60 anos, de acordo com o Ministério da Saúde.
“A hipertensão não tem cura, mas tem controle. A mudança no estilo de vida, associada ao uso correto de medicações, controla a pressão na maioria dos pacientes. É preciso parar de fumar, reduzir a ingestão de sal, emagrecer e praticar exercícios físicos. Na grande maioria dos casos, o uso de medicamento é pela vida toda”, afirma o cardiologista Marcel Coloma. Ele alerta que a hipertensão aumenta os riscos de infarto do miocárdio, derrame cerebral, lesões renais que podem levar até a hemodiálise e lesões oculares que podem provocar cegueira. Por isso, a importância do diagnóstico precoce.

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