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6.14.2016

dieta sem glúten?”


Por Daniel Amstalden 

Olá, amigo.

Hoje, vou deixar um pouco de lado as evidências científicas e vou compartilhar com você algumas experiências de vida, que podem alertar aqueles que sofrem com problemas intestinais.

Se você elegeu para si uma dieta sem glúten, almoçar ou jantar fora pode parecer impossível, certo?

Aí, então, você se pergunta:

“Mas por que raios eu deveria optar por uma dieta sem glúten?”

Por um dos dois motivos:

Ou você se encontra na estatística dos doentes celíacos, que, no Brasil, totalizam mais 2 milhões de pessoas; ou você pactua comigo que, uma dieta sem glúten, te deixa mais leve e com uma digestão melhor, que, inclusive, pode melhorar suas noites de sono e sua disposição.

Vou explicar o porquê.

Mas, antes, leia o que eu disse há algumas semanas atrás, sobre as doenças intestinais.

E também, saiba aqui por que a maior parte dos médicos “esquece” de falar sobre alimentação na hora da consulta, inclusive sobre ele, o glúten.

Bom, segundo a Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil), o diagnóstico da doença celíaca – que indica a intolerância de um organismo ao glúten – é muito difícil.

Ela pode ser confundida com outras patologias que acometem o intestino ou, então, com a carência de nutrientes.

Acontece que uma das proteínas que compõe o glúten, a gliadina, ao entrar em contato com as células do intestino delgado, faz com que o órgão produza uma resposta autoimune.

Em linhas gerais, ela pode diminuir a área disponível para a absorção de nutrientes importantes.

Os principais sintomas da doença celíaca são:

- diarreia;
- gases;
- desconforto abdominal imediatamente após as refeições;
- dores de cabeça;
- irregularidades menstruais (no caso das mulheres celíacas);
- fadiga crônica.

Apesar de ser mais predominante em mulheres, qualquer pessoa pode apresentar a doença celíaca.

Em artigo publicado no JAMA ( Journal of American Medical Association), o médico pesquisador Peter Green afirma que, praticamente, 100% da população, de alguma forma faz a ingestão do glúten.

Ele ainda afirma que entre 30 e 40% das pessoas carregam marcas genéticas da doença, porém, apenas 3% delas acabam por desenvolvê-la.

Isso, portanto, é um indício de que outros fatores tanto genéticos quanto ambientais são necessários para o aparecimento dos sintomas da doença celíaca.

Ainda segundo as pesquisas sobre o impacto do glúten, sua influência também está em atividades neurológicas, podendo também comprometer a atividade cerebral.

E é sempre muito difícil associarmos que algo que ocorre na nossa cabeça tem início em processos intestinais.

A médica nutróloga Fernanda Gomes de Melo falou sobre a relação cabeça e prato neste Café com Saúde, por exemplo.


Todo mundo come o glúten


Sinto-me confortável em falar disto com você.

Além das pesquisas que fiz, já presenciei por inúmeras vezes amigos meus – sensíveis ao glúten – passarem mal durante refeições em bons restaurantes, logo após ingerirem comida que, aparentemente, não possuía glúten algum.

O glúten se esconde onde você não imagina. Especula-se que metade de todas as calorias consumidas no mundo venha de 3 alimentos: arroz, milho e trigo.

E o trigo, meu amigo, é uma das maiores fontes de glúten.

Aqui não falo apenas da farinha branca.

A farinha integral e aquelas com o nome bonito de “farinha enriquecida com blá, blá, blá” – que normalmente possuem as mesmas características que qualquer farinha comum – também fazem parte.

Não se engane.

A indústria alimentícia inventa nomes maravilhosos para convencê-lo que um alimento é “mais saudável” do que outro.

Quando olhamos os rótulos com lupa, entretanto, identificamos que os ingredientes do pão de forma branco e o “cheio de grãos“ são feitos por quase os mesmos ingredientes.

A Fernanda Aranda, nossa editora-chefe, bateu um papo muito legal sobre rótulos e ingredientes que a gente ingere sem saber com a jornalista Francine Lima, do canal do Youtube “ Campo à Mesa”.

Mas você não pode se privar de ter sua vida social e deixar de ir jantar com seus amigos, por exemplo.

E mesmo sem garantir que você vai sair e nunca mais vai se deparar com uma refeição que contenha glúten, há algumas maneiras de tentar minimizar as ciladas.


Minhas 5 maneiras de driblar o glúten


Estas 5 dicas simples poderão lhe ajudar a retomar sua vida social sem medo de se deparar com as surpresas que o glúten pode trazer.

1 - Faça sua lição de casa

Fazer algumas pesquisas pode lhe beneficiar antes mesmo de sair de casa.

Certifique-se dos cardápios dos restaurantes antes de escolhê-los. Ligue e tire suas dúvidas ou veja se eles não têm o selo Gluten Free – que certifica que o restaurante garante refeições sem glúten.

Aliás, todos as embalagens de alimentos industrializados DEVEM conter a informação “contém glúten, de acordo com a lei federal nº 10.674/2003“.

Buscando na internet por “restaurantes sem glúten”, você encontrará algumas opções, principalmente nas grandes cidades brasileiras.

E se você cair de paraquedas num restaurante que não conhece, não se preocupe. Alguns deles já possuem um menu separado dos pratos sem glúten.

A variedade de pratos provavelmente não será tão grande assim, mas você vai conseguir se virar bem e curtir seu momento com sua família e seus amigos.

E caso o restaurante que você entrou não sirva nada sem glúten, está aí uma boa oportunidade de sugerir ao gerente esta opção.

Se ele ainda não se sensibilizou que pelo menos 2 milhões de brasileiros são sensíveis ao glúten – fora aqueles que ainda não descobriram a doença –, provavelmente, nas redondezas, nenhum outro restaurante também o fez.

E isso pode ser uma boa dica de negócios para ele, e uma boa solução para você.

Faça uma sugestão de pratos. Aí, quando for sua vez de escolher o restaurante, você já saberá aonde ir.

2 - Fuja dos fantasmas do glúten

O glúten pode estar escondido em grande parte dos alimentos, e você não faz a mínima ideia disso. Mesmo sendo supercuidadoso, pode tornar-se vítima da situação.

Conheça alguns vilões inimagináveis, além, é claro, dos já bem conhecidos farinha, semolina, centeio, cevada, malte ou amido.

- Se o alimento que você está ingerindo contém dextrina, maltodextrina, amido modificado ou amido alimentar modificado, sabor natural ou sabor artificial de alguma coisa, desconfie. Ainda não há estudos consolidados comprovando que estes componentes não contêm glúten.

- Batatas, cebolas ou mandioca (aipim ou macaxeira) fritas: muitos restaurantes servem estes alimentos banhados em farinha antes da fritura. É sempre melhor evitar frituras, mas se quiser consumir assim pergunte como é o método de preparo.

- Molhos em geral: molhos de qualquer espécie são belos vilões considerando o fantasma do glúten. Chefes normalmente usam farinha para “engrossar” os molhos. Por isso, confirme com o chefe de cozinha qual a composição no seu caso.

3 - Seja um expert em comida japonesa

Restaurantes japoneses, além de serem a moda das grandes cidades, são normalmente a escolha dos celíacos por parecerem opções mais saudáveis e que oferecem alimentos mais frescos.

Mas existem alguns riscos que você deve saber quando faz esta opção.

Primeiramente, o arroz do sushi – que normalmente não possui glúten – pode não ser tão inocente assim.

Para fazer este arroz, o sushiman adiciona vinagre de arroz ou vinho de arroz, que podem conter glúten, dependendo da marca utilizada. Verifique esta possibilidade.

Molho de soja NÃO é um alimento sem glúten. Pergunte se eles podem oferecer um molho de soja sem a substância. Eles já existem.

Se você não confia no garçom, a melhor opção é levar seu próprio molho de soja mesmo.

O arroz preparado pode também conter “poeira” de farinha, proveniente do processamento dos alimentos em equipamentos nas fábricas.

E o que parece ser supersaudável – o famoso kani –, na verdade, é somente um “embalado” de carne de peixe aromatizada artificialmente, somada a um aglutinante de trigo.

Caia fora dessa! Se você não come nuggets de frango, porque vai comer kani de “caranguejo”?

4 - Desconfie dos grãos

Existem alguns grãos que tipicamente acreditamos serem seguros e livres de glúten. Mas este pode não ser o caso quando eles são preparados comercialmente.

Não assuma que seu arroz integral, tortilha de milho ou outros “grãos seguros” são realmente sem glúten.

Certifique-se disso avaliando a embalagem do produto.

Como eu já te disse, se o mesmo é “ Gluten Free”, deve estar obrigatoriamente indicado na embalagem de acordo com as normas brasileiras.

Você vai se surpreender após fazer esta avaliação no supermercado.

5 - Drinks e bebidas alcóolicas

Se você já tem um drink ou mesmo uma bebida preferida livre de glúten, lembre-se que nem todas as marcas realizam o mesmo processo produtivo.

Se você bebe vinho ou rum em casa, não significa que em bares ou restaurantes estas mesmas bebidas serão Gluten Free.

Pesquise as marcas disponíveis em sua região e certifique-se de pedir exatamente estas marcas quando estiver fora de casa. Já existem boas cervejas sem glúten disponíveis nos melhores supermercados, bares e restaurantes.

Pois bem.

Aqui estão algumas dicas que o acompanharão quando você sair de casa para curtir com seus amigos e familiares.

Lembre-se. Se não há vergonha em esconder o glúten nos alimentos, você não precisa ser tímido na hora de perguntar sobre o que existe na comida.

Não se acanhe. Explique que você tem alergia ou sensibilidade despertadas, muitas vezes, por componentes que estão escondidos por trás de nomes de ingredientes tais como Proteína Vegetal Hidrolizada (HPV), que normalmente é feita com farinha.

E para aqueles que não são celíacos, vale a pena experimentar uma dieta sem glúten (ou com menos glúten) de qualquer maneira.

A ingestão de farinha (branca principalmente) é uma péssima ideia, pois a reação do seu corpo a ela é similar ao consumo de açúcar.


Substituindo


Em julho de 2014, a revista Superinteressante fez uma reportagem muito bacana sobre a vilanização do glúten.

A matéria, escrita pelo jornalista Robson Pandolfi, fez algumas sugestões para quem precisa ou deseja substituir o glúten.

Vale imprimir e colocar na geladeira:

Gosta de granola e cereais diversos? Substitua por flocos de milho.

Não consegue abandonar os pães? Prefira tapiocas e pães feitos sem glúten, como os de batata e de linhaça.

E a macarronada? Opte por macarrão de quinoa ou de arroz.

Mas, e a pizza? Já existem receitas especiais feitas com farinha de arroz, milho, linhaça ou soja.

É fã de bolos e outros doces? Escolha aqueles feitos com farinha de arroz, polvilho ou goma xantana.

Adicionalmente, no meu caso, a restrição ao glúten trouxe vários benefícios.

Perdi alguns bons quilos desde o início do ano, estou mais disposto para ir à academia, tenho menos dores nas pernas (trabalho sentado o dia todo na frente do computador) e a qualidade do meu sono melhorou muito.

Se você tem outras dicas ou experiências sobre a doença celíaca ou a restrição ao glúten, compartilhe conosco e com nossos mais de 300.000 leitores diários. Por favor nos escreva através do email contato@jolivi.com.br ou mesmo em nossas redes sociais.

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