A política se esfacela, a economia virou farelo, o caos goteja das veias abertas da humanidade.
Jovens são assassinados como em jogos
eletrônicos. Deputada morta a tiros e presidentes depostos por golpes,
reprisando filmes de Costa Gravas.
Protestos por todos os cantos do planeta, desemprego por todos os cantos, jovens desesperados.
A violência dos aparatos de repressão do estado aumentado e fugindo do controle.
Não, não estamos falando da historia das décadas de 60/70. Estamos relatando os acontecimentos atuais.
Essas condições indicam não apenas a
saturação do modelo, que como nas décadas seguintes aos anos 60/70 foi
contornada pelo sistema que aceitou ceder pontos para que a democracia
avançasse sem que fosse necessário modificar-se substancialmente o
“status quo”. Essa crise vai além, e se assemelha mais às condições
semelhantes aquelas que determinaram o fim de um modelo e o
ressurgimento de outro, como os acontecimentos que principiam nas
décadas finais (século XV) da idade média, passando pela Revolução
Francesa (1789–1799) e se reafirmando na Revolução industrial (entre
1760 e 1840).
Foi durante essas centenas de anos que o
mundo foi mudando do paradigma religioso para o atual modelo
cientifico. Essa ruptura se dá pelos exageros que fizeram engessar novos
avanços substanciais e por fim saturaram o modelo, permitindo o
rompimento e surgimento do novo.
Todo nascimento do novo é gerado por
explosões tais quais as que fizeram romper a crosta e permitiu o nascer
dos continentes, os vulcões que formam novas ilhas, as sementes que se
rompem para que surjam os frutos, o rompimento do ventre das nossas
mães.
A transformação anterior é sintetizado
no século XVII por René Descartes, brilhante matemático, considerado
fundador da filosofia moderna, com sua máxima: “Penso, logo existo”.
A mudança do modelo anterior cria a
supremacia hegemônica, pela divisão do todo em partes, do individualismo
anulando as noções coletivistas, trazendo o egoísmo predatório da
sociedade da excelência, meritocracia e imediatista, brilhantemente
estudada por Bauman na sua série de mundo e relações “liquidas”.
Há um sintético e belo estudo de uma colaboradora deste blog, Sônia Aranha, sobe essa mudança, em:
Se o físico austríaco Fritjof Capra, em
seu livro “O Tao da Física” (1975), apresenta os novos paradigmas da
física moderna propondo uma relação entre as ciências naturais e a
evolução espiritual, este é o modelo em gestação desde algumas várias
dezenas de anos, como nas décadas de 60 e segs ficou expressadas pelos
movimentos hippies, o pensamento da nova era, a era de Aquários e vários
outras expressões que propunham algo alternativo.
Uma síntese sintética do modelo em gestação extraída da Wikipédia:
“Holismo (do grego holos que significa
inteiro ou todo) é a ideia de que as propriedades de um sistema, quer se
trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas
apenas pela soma dos seus componentes. O sistema como um todo determina
como se comportam as partes.
O princípio geral do holismo pode ser
resumido por Aristóteles, na sua Metafísica, quando afirma: O todo é
maior do que a simples soma das suas partes.”
É um modelo que vê o mundo como um todo
integrado, como um organismo, que se opõe ao fracionamento das partes
como principio, ao individualismo exacerbado, combustível do egoísmo,
do segregacionismo, que procura substituir o mundo líquido, vazio e
solitário, por um mundo sólido, cheio e solidário.
Essa é a transformação que está ocorrendo, a semente há muito tempo regada.
É claro a ruptura. Só não se sabe como
será a forma da explosão que faz romper a crosta, as cascas da semente, o
útero da gestação.
E ela surge como rastilho de pólvora,
não adianta os Estados, que já perceberam a iminente quebra do “status
quo”, se amarem com leis draconianas, com golpes de estado (sempre na
América Latina) para que sirva de aviso ao mundo, com todos os tipos de
repressão inimagináveis.
O novo se anuncia lentamente, mas nasce como uma avalanche, como um tsunami que o homem prevê, mas não consegue conter.
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