Brasil surreal: anistia ao caixa 2, propina no caixa 1
Se vingar o projeto tramado por políticos como Carlos Sampaio
(PSDB-SP), Beto Mansur (PRB-SP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), a Lava Jato
poderá terminar de uma maneira surpreendente; todas as doações oficiais
ao PT, recebidas no caixa oficial, serão tratadas como propina; enquanto
isso, as doações extraoficiais aos demais partidos, feitas pelo caixa
dois, serão anistiadas; afinal, como disse o ministro Geddel Vieira
Lima, presente nas delações da OAS e da Odebrecht, "caixa dois não é
crime"; e assim o Brasil terá extirpado de vez a corrupção...
Uma das teses centrais da Operação
Lava Jato é de que as doações empresariais de campanha ao PT foram
propina. O partido teria sido usado como lavanderia para disfarçar a
origem das doações, que viriam de contratos superfaturados da Petrobras.
Por esse motivo, o ex-tesoureiro João Vaccari já foi condenado e está
preso. Embora a Lava Jato tenha descoberto
doações a políticos de praticamente todos os partidos, os demais
tesoureiros não foram atingidos. Agora, superado o impeachment da
presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Lula denunciado em
Curitiba, trama-se em Brasília a cereja do bolo: uma anistia ampla,
geral e irrestrita a todos os políticos que possam vir a ser acusados
pelo crime de caixa dois. Estima-se que mais de uma centena de
políticos estará presente nas delações da Odebrecht e da OAS que estão
sendo finalizadas. A ordem do dia, agora, no projeto costurado por
políticos como Carlos Sampaio (PSDB-SP), Beto Mansur (PRB-SP) e Rodrigo
Maia (DEM-RJ), é considerar o caixa dois um desvio menor. Ou, quem sabe,
até algo rotineiro, que não possa ser criminalizado. Afinal, como diz o ministro Geddel Vieira Lima, citado nas delações de várias empreiteiras, "caixa dois não é crime" (leia mais aqui). Se essa iniciativa vingar,
chegar-se-á, como diria Michel Temer, a um desfecho surreal: a doação
oficial dá cadeia, enquanto a doação clandestina gera anistia.
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