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9.09.2016

FT': apatia pós-Dilma toma ruas do Brasil

Reportagem fala que a maioria dos brasileiros não sabe ao certo o que está acontecendo

Matéria publicada pelo Financial Times nesta sexta-feira (9) fala sobre o modo como o Brasil encara (ou não) seus problemas políticos e econômicos mais sérios. 
A reportagem diz que o clima de incertezas políticas após o impeachment da presidente Dilma Rousseff causa revolta a alguns grupos e indiferença a outros. Economistas e cientistas políticos procuram não se posicionar quanto ao cenário até  a próxima eleição presidencial em 2018. 
Financial Times acrescenta que os aliados de Dilma têm encenado violentos protestos nacionais, denunciando o que eles chamam de um "golpe". No entanto, ao conversar com alguns brasileiros percebe-se um verdadeiro desprezo pela classe política em geral. Existem também os brasileiros que simplesmente não têm ideia do que está acontecendo.
O jornal britânico entrevistou aleatoriamente dez pessoas: um varredor de rua, um estudante, um engenheiro, um fazendeiro, um analista de sistemas, um operador de elevador, um prestador de cuidados para idosos, um engraxate, uma executiva de sucesso e um vendedor de rua (camelô). Ninguém soube dar uma explicação correta sobre o afastamento da presidente do Brasil. Três falaram que sabiam que a presidente Dilma havia desrespeitado "leis fiscais", mas depois admitiram que não sabiam o que isso significava. Cinco deles disseram que a presidente foi cassada por causa da corrupção, um disse que era por causa da alta taxa de inflação do Brasil e outro confessou que não sabia de nada. 
Financial Times fala sobre a falta de interesse político do brasileiro após tantas desilusões
Financial Times fala sobre a falta de interesse político do brasileiro após tantas desilusões
O Financial Times aponta que três não sabiam quem era a presidente. "Seu nome começa com" R "eu acho", disse um, acrescentando com um sorriso: "Eu gostaria de ser presidente, aí eu poderia ficar rico". 
Grande maioria dos cidadãos que vive em um país democrático considera perda de tempo questionar a política, pois não acredita que pode mudar nada com seu voto. "Por que tentar participar de um processo que não pode influenciar?", Diz Schüler. Em países como o Brasil, onde a corrupção é comum, os incentivos são ainda mais baixos. Além disso, aprender sobre as leis de responsabilidade fiscal complicadas que Dilma supostamente quebrou é particularmente desagradável e incompatível com a vida dura de um trabalhador comum, comenta o Financial Times. 
Segundo a reportagem, a crescente apatia política levanta duas questões de grande importância no Brasil. 
Primeiro, analisa o Financial Times, porque o Brasil vive um momento em que os cidadãos estão realizando suas maiores manifestações de rua, o que sugere que muitos cidadãos querem desesperadamente mudança, mas perderam a fé no sistema para entregá-lo ao grupo que está no poder. Esse fato deve-se principalmente pela quantidade de escândalos de corrupção, assim como regras de financiamento de campanha de forma ilícita.
Em segundo lugar, prossegue o Financial Times, o voto é obrigatório, fazendo com que o desinteressado e sem informação seja obrigado a participar da decisão do futuro do país. A maioria dos analistas concordam sobre os benefícios do voto opcional a longo prazo.
Como diz o velho ditado: o Brasil não é para principiantes, finaliza o Financial Times.
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