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9.23.2016

Por que Cristovam Buarque(golpista) não merece mais ser chamado de professor


Geraldo Magela/Agência Senado:
Jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, questiona em que o senador "difere, em seus atos, de um Magno Malta ou de um Jair Agripino Maia, seus parceiros de golpismo e de sabujismo a Temer?"; "Li uma breve manifestação do senhor Cristovam Buarque sobre a reforma educacional proposta pelo Governo Temer. Ele elogia a volta da divisão escolar, lembrando do 'clássico' e do 'científico' que existiram até os anos 60. Só um energúmeno pode fazer algo assim, sobretudo quando viveu aqueles tempos", 
Não gosto de dirigir ofensas pessoais a ninguém, mas há horas em que a dignidade nos obriga a dizer verdades que, na consciência plena de culpas de um traidor ou de um fariseu, soam como ofensivas.
Li uma breve manifestação do senhor Cristovam Buarque sobre a reforma educacional proposta pelo Governo Temer.
Ele elogia a volta da divisão escolar, lembrando do “clássico’ e do “científico”  que existiram até os anos 60.
Só um energúmeno pode fazer algo assim, sobretudo quando viveu aqueles tempos.
Para quem não os viveu, eu conto.
O curso “Normal” (que não se perca pelo nome) era para as “moças”, que ou seriam professoras primárias ou, tendo outras aspirações deveriam fazer o clássico, para seguir carreiras “recatadas”, das artes e do espírito,  bem como os homens que visassem a formação superior em Ciências Humanas.
Já os rapazes “pragmáticos” faziam o científico, como fez Cristovam para ser engenheiro.
As disciplinas pouco diferiam, mas a ênfase, sim.
A alternativa era o curso técnico, onde também imperava o sexismo. Na minha turma – a de 74 – da Escola Técnica Federal, hoje Cefet, havia apenas uma mulher, porque o curso não era para “meninas” que, afinal, não se prestavam a estas coisas mecânicas e não era bom que conhecessem tornos, fresas, forjas ou fundições, em lugar de panelas, caçarolas, frigideiras ou travessas.
É óbvio que o ensino médio precisa de cursos técnicos. Orgulho-me do meu.
Mas o que se está fazendo não é colocar mais áreas de conhecimento à disposição dos que as desejem, mas tirar algumas que são necessárias à construção de seres humanos plenos.
Para que artes, se não é necessário expressar sentimentos, impressões, sensações, se não é necessário compreender que é por ela e com ela que o homem, desde as cavernas, começou a escrever e contar e transmitir conhecimento?
Não sei se o senhor leu Nossa Senhora de Paris – talvez só tenha assistido a sua versão Disney, “O corcunda de Notre Dame”. Mas se acaso o leu, talvez se lembre da cena em que Cláudio, o arcediago da Catedral, aponta um dedo para as torres da igreja, com seus gárgulas e pousa a mão sobre um livro, dizendo “isto substituirá aquilo”.
Porque, até então, sem letramento, só a monumentalidade da arquitetura era capaz de levar a todos ideias, sentimentos, símbolos.
O conhecimento, se o senhor ainda fosse um professor saberia, não é um castelo onde seja dispensável conhecer alguns compartimentos que “não vêm ao caso”.
Para que é que um jornalista deveria saber matemática, não é mesmo, ex-professor? Ou para que um engenheiro mecânico como o senhor deveria saber algo sobre filosofia?
Pois eu não sei se o senhor, depois de ser apresentado como “intelectual” ainda precisa saber como se decompõem os vetores de força numa das belas estruturas que o Niemeyer fez aí em Brasília, para entender porque aquilo para de pé e não cai.
Mas eu, jornalista, sou imensamente ajudado pela capacidade que adquiri ao entender o que é “limite”, o que é “função”. E, talvez, para dizer ao senhor que matemática vem do grego que, livremente traduzido, quer dizer “o que se relaciona ao aprendizado”.
Já que não tenho certeza que o senhor tenha lido Victor Hugo, espero que, como muitos de nós, aí pelos 60, tenha lido “O Homem que Calculava”, de Julio César de Mello e Souza, o Malba tahan.
O senhor há de recordar que Beremiz Samir, o tal homem, foi desafiado a ensinar matemática à princesa Telassim, pois que era impossível que uma mulher aprendesse as artes dos números, que só importavam no “mercado”, coisa que não era para elas.
E a primeira frase que Beremiz lhe diz é: “Medir, senhora, é comparar”.
Pois eu, como Beremiz ensinava, o meço, senhor Cristovam, comparando-o: em que o senhor difere, em seus atos, de um Magno Malta ou de um Jair Agripino Maia, seus parceiros de golpismo e de sabujismo a Temer?
Mas me penitencio, também, não apenas por um dia lhe ter dado o meu voto, como por não o chamar mais de professor.
Afinal, o senhor ainda ensina. Ensina, pelo exemplo negativo,  como um homem não deve apodrecer com o tempo.

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