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9.22.2016

Sérgio Moro manda soltar ex-ministro Guido Mantega

Para Lula, operação da PF que prendeu Mantega deveria se chamar 'boca de urna'

Ex-presidente saiu em defesa do ex-ministro da Fazenda e lembrou proximidade com as eleições: 'Outra vez eles vêm para cima do PT'

Fortaleza (CE) - O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou a prisão temporária de seu ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como um trabalho contra o Partido dos Trabalhadores na proximidade das eleições municipais. Em entrevista nesta quinta-feira, à Rádio Povo, em Fortaleza (CE), o petista criticou a forma como a Polícia Federal abordou Mantega no Hospital Albert Einstein e disse que a operação poderia se chamar "boca de urna".
"O que me preocupa na operação de hoje, eu não sei qual é o fundamento, é a notícia de que o ex-ministro Guido Mantega foi preso dentro da sala de cirurgia que a mulher dele estava se preparando para fazer", disse Lula, em entrevista dada às 11 horas, depois de Mantega ser levado à Polícia Federal em São Paulo e antes do juiz Sérgio Moro mandar soltar o ex-ministro.
Lula afirmou que Mantega "é um homem que foi ministro da Fazenda, que tem residência fixa, e portanto poderia ser tratado como todo ser humano tem que ser tratado". O ex-presidente da República também destacou que não é de acreditar em delações premiadas feitas por presos e pessoas ameaçadas pela Justiça.
Ao comentar que a investigação que prendeu Mantega se trata de uma ação contra o PT, Lula disse que a operação acontece perto das eleições assim como ocorreu em 2012, quando o partido atravessou um período de pleito municipal em meio ao julgamento do processo do Mensalão. "Está chegando perto das eleições e outra vez eles vêm para cima do PT", falou.

Ele havia sido preso na 34ª fase da Operação Lava Jato nesta quinta-feira, em SP. Ex-presidente da OSX, ligada a Eike Batista, foi preso no Rio

Rio - O juiz Sérgio Moro revogou a prisão temporária do ex-ministro Guido Mantega cerca de cinco horas depois de ser levado pela Polícia Federal na 34ª  fase da Operação Lava Jato, chamada de "Arquivo X". Em um despacho nesta quinta-feira, o juiz afirmou que não sabia que a mulher de Mantega sofria problemas de saúde, um câncer.
“Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-Ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, Ministério Público Federal e deste Juízo”, afirmou o juiz. 
Segundo o magistrado, não há riscos de Mantega interferir em qualquer prova e sua decisão não trará prejuízo para medidas ou avaliações futuras.

Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega Arquivo / Agência Brasil

Mantega foi detido no hospital Albert Eistein, no Morumbi, em São Paulo, onde acompanhava a mulher, submetida à cirurgia. A ação provocou polêmica por ocorrer na frente de um hospital e o procurado não oferecer perigo. O juiz afirmou que soube que o ato foi "praticado com toda a discrição, sem ingresso interno no Hospital."
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Ele  chegou às 9h30 à sede da Polícia Federal, em São Paulo. 
Segundo o Ministério Público, o Consórcio Integra Ofshore, formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX, empresa petroleira ligada ao empresário Eike Batista, firmou contrato com a Petrobras no valor de US$ 922 milhões, para a construção das plataformas P-67 e P-70 para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPO´s (Floating Storage Offloanding).
Em depoimento ao Ministério Público, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse que, em novembro de 2012, Guido Mantega, que à época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).
Para operacionalizar o repasse, Eike firmou contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em abril de 2013 constatou-se a transferência de US$ 2,350 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.
Prisão
A Polícia Federal esteve às 6h no apartamento onde mora o ex-ministro, mas encontrou apenas o seu filho adolescente e uma empregada no local. Os policiais foram, então, ao Hospital Albert Einstein, onde Mantega acompanhava a esposa, que está internada.
Em nota, a polícia informou que fez contato telefônico com o investigado, “que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício”. Segundo a PF, Mantega, seu advogado e a equipe de policiais foram até o  apartamento do ex-ministro, na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
“Tanto no local da busca como no hospital todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado”, diz a nota da PF.
A operação conta com 180 policiais federais e 30 auditores fiscais. No total, são cumpridos 49 mandados, sendo 33 mandados de busca e apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução coercitiva, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.
Arquivo X
O nome “Arquivo X” é "uma referência a um dos grupos empresarias investigados e que tem como marca a colocação e repetição do “X” nos nomes das pessoas jurídicas integrantes do seu conglomerado empresarial", segundo da polícia.
No Rio, a Polícia Federal e a Receita Federal cumprem, desde a madrugada desta quinta, mandados de busca e apreensão na sede da OSX, que fica no Centro da cidade. Estão previstos 13 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão temporária e cinco mandados de condução coercitiva. Em Niterói estão previstos três mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão temporária e um mandado de condução coercitiva.
Segundo as investigações, no ano de 2012, o ex-Ministro da Fazenda teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político.
Os valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do mesmo partido.
Prisões
Até o momento foram presos na operação Arquivo X: Luis Eduardo Neto Pachard, Ruben Maciel da Costa Val, Danilo Souza Baptista, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, Luiz Claudio Machado Ribeiro, Francisco Corrales Kindelan e Guido Mantega que teve prisão revogada.
Julio Cesar de Oliveira Silva, que também teve o pedido de prisão expedido, está na Espanha e é considerado foragido, segundo a equipe. A força-tarefa afirma que não conseguiu contato com ele. Até as 21h desta quinta, todos os presos estarão na sede da Polícia Federal em Curitiba.

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