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10.16.2016

Alternativa para vencer obesidade chega ao mercado


Medicamento que promete causar menos efeitos colaterais que os dois únicos liberados no Brasil começou a ser vendido em setembro

Rio - A obesidade, um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, faz parte do cotidiano de um quinto dos brasileiros. Segundo pesquisa publicada na revista científica ‘Lancet’, são 30 milhões de pessoas, que podem desenvolver hipertensão, diabetes e até câncer. Para combater a doença, é possível recorrer a cirurgias, mas elas são invasivas e têm mais risco de mortalidade.
Apenas em setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou um novo medicamento que, aliado à alimentação saudável e exercícios físicos, ajuda a emagrecer. É a liraglutida, primeira nova opção em 16 anos. Até então, os únicos medicamentos que ajudavam na luta contra a obesidade eram a sibutramina e o orlistate. 
'Já tentei de tudo. Só não fiz cirurgia de redução do estômago porque o médico não autorizou. Tenho vontade de emagrecer para melhorar minha qualidade de vida', diz Maria Divulgação
O novo medicamento é uma alternativa para pessoas como a vendedora de livros Maria Rodrigues, de 59 anos, que lida com a obesidade há 25 anos. Com índice de massa corporal (IMC) 42,2, ela adquiriu várias condições relacionadas ao excesso de peso, como diabetes tipo 2, cirrose hepática e artrose. Maria já tentou remédios e dietas diversas, e a frustração só fez piorar sua ansiedade. “Já tentei de tudo. Só não fiz a bariátrica (cirurgia de redução do estômago) porque o médico não autorizou. Tenho vontade de emagrecer para melhorar minha qualidade de vida”, disse.
Enquanto a sibutramina aumenta o risco de doenças cardiovasculares, e o orlistate tem como efeito colateral a eliminação de gordura nas fezes, a nova substância pode ajudar a reduzir a pressão arterial e tem menos efeitos colaterais. “Por atuar em regiões específicas do cérebro que controlam a fome e saciedade, a liraglutida não atua em outros circuitos cerebrais que possam levar a distúrbios de comportamento ou alterações psiquiátricas”, explica Priscilla Olim de Andrade Mattar, endocrinologista e gerente do grupo médico da Novo Nordisk, empresa que lançou a liraglutida comercialmente em setembro com o nome de Saxenda.
O novo medicamento é indicado para pessoas que, como Maria, têm IMC acima de 27 (sobrepeso) ou de 30 (obesidade), associados a fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia ou apneia obstrutiva do sono. Segundo o laboratório, a liraglutida funciona de modo similar ao hormônio GLP-1, que é produzido no intestino e atua no cérebro controlando a fome e a saciedade. O uso deve ser feito sob orientação médica, coordenado com reeducação alimentar e exercício físico.
Remédio é mais seguro que cirurgia
Para Pedro Assed, mestre em Endocrinologia pela UFRJ e pesquisador do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (Gota-PUC-Rio-Iede), o uso de remédios para auxiliar na redução de peso é uma opção mais segura que as cirurgias.
“O tratamento clínico feito com medicação pode ser reversível, é menos agressivo, pode ser feito juntamente com programa de reeducação alimentar e sem prazo pré-determinado, desde que a pessoa esteja sendo acompanhada por um médico”, afirma. E ainda lembra: o remédio não deve ser utilizado sem orientação médica. O uso irregular pode causar náuseas, dor de cabeça, vômitos e diarreia.
A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica que necessita de tratamento de longo prazo.Nos últimos 30 anos, cresceu e atingiu proporções de epidemia: já são mais de 1.9 bilhão de adultos com sobrepeso.
Com objetivo de chamar atenção para as questões relacionadas à obesidade e aos impactos na saúde causados pelo excesso de peso, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e a Novo Nordisk lançaram a campanha ‘Obesidade é o que você não vê’ (www.saudenaosepesa.com.br). “É preciso que as pessoas passem a enxergar a obesidade como uma doença e não como uma escolha individual”, afirma Cintia Cercato, endocrinologista e presidente da Abeso.

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