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10.13.2016

Violência no grande Rio

Tráfico fecha ruas em São Gonçalo e leva terror à população

Rua transversal à Albino Imparato, a principal do bairro, foi bloqueada com terra
Rua transversal à Albino Imparato, a principal do bairro, foi bloqueada com terra Foto: Thiago Freitas / Extra
Ricardo Rigel
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O comerciante X. vive em Jardim Catarina desde que nasceu, há 39 anos. Mas, há dez meses, mudou completamente os seus hábitos. Aquela conversa com os vizinhos no portão e as brincadeiras com os filhos nas ruas do bairro foram cortadas, desde que um grupo de traficantes passou a dominar uma área até então tranquila. A presença dos criminosos é nítida. Várias ruas estão fechadas por barricadas, para dificultar a ação policial. Além disso, o número de assaltos na região explodiu.
Quem passa pela Avenida Dr. Albino Imparato, se assusta com a quantidade de ruas dominadas pelo poder paralelo. E a nova lei que impera na localidade é a do completo silêncio:
— Passamos a viver em uma rotina de medo e impunidade. Ligamos para a polícia, mas as coisas só pioram. Estamos voltando a viver o mesmo caos da década de 90 — desabafou o comerciante.
A ausência de policiais pelas ruas do bairro também tem provocado uma explosão no número de assaltos. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP - RJ), o número de assaltos na área da 74ª DP (Alcântara) saltou 42% no mês de agosto em relação ao mesmo período do ano passado.

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- Foto: Thiago Freitas / Agência O Globo
Uma moradora da Av. Santa Catarina, que também preferiu não se identificar por medo de represálias, disse que tem vivido aterrorizada, depois que passou a ver traficantes fortemente armados andando em frente à sua casa:
— Já levaram a minha carteira duas vezes.
De acordo com o comando do 7º BPM (São Gonçalo), operações são realizadas constantemente no bairro. “O planejamento é voltado para a redução do crime de roubo de rua, com prisões de marginais envolvidos na prática de roubo”, respondeu, por meio de nota.
Com relação às barreiras em vias públicas, o comando afirmou que tem buscado parcerias com outros órgãos para remoção das barricadas.
Ameaças gravadas nos muros do bairro

Ameaças no muro na Rua Trinta e Nove
Ameaças no muro na Rua Trinta e Nove Foto: Thiago Freitas/30.09.2014 / Extra
Há dois anos, o EXTRA já havia denunciado a atuação do tráfico de drogas no bairro. A reportagem mostrou diversas pichações com ameaças aos moradores. As frases traziam mensagens do tipo: “Bem-vindo ao inferno”; “Liga o alerta. O fuzil tá no óleo”; “Se vim apaizando (sic), vai ser logo enquadrado”.
Na ocasião, os moradores da Rua Cristiano Figueiras, trajeto por onde passam várias linhas de ônibus, também reclamaram das inúmeras ruas tomadas por barricadas para impedir a atuação da polícia. Depois da publicação, uma equipe do 7º BPM esteve na comunidade e retirou as barricadas e apagou as pichações.

Inscrição em muro direcionada a moradores e policiais
Inscrição em muro direcionada a moradores e policiais Foto: Thiago Freitas/30.09.2014 / Extra
Depoimento: ‘A insegurança aqui é um sentimento comum’
Um morador que pede anonimato conta como é a rotina de viver numa área sitiada pelo crime organizado:
“A minha impressão é de completo abandono pelas autoridades. Não se vê policiamento, nem blitz isolada ocorre mais. Os assaltos são constantes, com pequenos furtos de celular, praticados por motoqueiros e assaltos nos pontos de ônibus. Eu mesmo já tive meu celular roubado por dois motoqueiros, há uns cinco meses. Estava voltando do trabalho e desci do ônibus na Av. Albino Imparato. Quando entrei em uma rua paralela, fui abordado por dois sujeitos em uma moto. Eles estavam armados com uma pistola. Pediram apenas meu celular. Entreguei, e eles foram embora. Eram 19h, e a rua estava movimentada. Fiquei muito revoltado e com uma sensação gigantesca de impotência. Tenho vários conhecidos que também sofreram o mesmo tipo de violência. Mulheres e crianças também não são poupadas por esses marginais. A insegurança no Jardim Catarina é um sentimento comum. A gente grita por socorro, mas as autoridades estão surdas!”

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