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11.21.2016

Dilma fala do golpe do PSDB e avalia pedir suspeição de Gilmar Mendes


A presidente Dilmar Rousseff (PT) afirmou nesta segunda-feira, 21, que o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo se comportou como um agente político no processo de julgamento das contas da chapa que a reelegeu em 2014. Em entrevista ao portal Brasil 247, Dilma disse que sua defesa tem indicações que Azevedo é tucano e fazia parte de uma armação para separar as contas dela das do então candidato a vice-presidente, Michel Temer (PMDB), no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Nós temos indicações que ele é um tucano, não temos como ter certeza, estou falando uma coisa (...) pela convicção que ele causou e deu dados, ele queria primeiro criminalizar minha campanha e a segunda questão, ele fazia parte de toda armação para separar minha conta do Temer", disse Dilma.

Em um primeiro depoimento, o executivo da empreiteira afirmou que repassou à campanha de Dilma Rousseff em 2014 o valor de R$ 1 milhão que seria fruto de propina. Após denúncia apresentada pela defesa da presidente Dilma  de que a quantidade teria sido repassada através de um cheque para o vice Michel Temer, Otávio Azevedo mudou sua versão e negou que tenha pago propina à campanha.

Na entrevista, Dilma classificou como estranho o depoimento do executivo. "No meu caso é propina, no do Temer não é propina?", questionou. "Eu acho que ele se comportou como um agente político utilizando essa investigação como arma política". A presidente falou ainda o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, que é responsável por colocar o processo em julgamento. No sábado, Mendes disse em São Paulo que o impeachment o deixou com um duplo sentimento de felicidade e frustração, pelo Brasil ter superado uma grade situação de desordem institucional e porque demorou para identificar essas mazelas.

Dilma disse que está avaliando pedir a suspeição de Mendes para participar do julgamento de sua chapa no TSE por causa das declarações do ministro. "Ele perdeu todas as condições de me julgar, não pode ter essas manifestações", falou Dilma. "O que ele já me julgou fora dos autos não tem explicações, ele tem se expressado de uma forma que não é compatível com as atitudes de um juiz."

Dilma declarou ainda que o País não teria uma boa saída se Temer fosse cassado no TSE, resultado que a partir de 2017 colocaria o Congresso para eleger um presidente. "Eu não defendo o golpe dentro do golpe, eu não defendo a política do quanto pior, melhor, feita pelo senhor Aécio Neves", afirmou. Ela disse que a única forma de resolver a situação é com eleições diretas - o que só seria possível nas eleições presidenciais de 2018.

Ministro Geddel

A ex-presidente afirmou na entrevista que as denúncias contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que teria pressionado o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para liberar a construção de um edifício em Salvador, demonstram a desvalorização do governo Temer com a Cultura. "Se ocorre em qualquer governo, ele teria de ser afastado", disse.

Golpismo está entranhado e o maior representante disso é Aécio

 Dilma  comentou sobre o ambiente criado no país para favorecer o processo de impeachment contra ela, fez críticas à imprensa brasileira e ao governo ilegítimo de Michel Temer.

Dilma apontou para o cenário em que "pessoas se sentem autorizadas a invadir o Congresso por esse clima criado pelo senador Aécio Neves". "O golpismo está entranhado na sociedade brasileira. E o maior representante disso é Aécio Neves", completou a ex-presidente.

Dilma ressaltou ainda que, apesar da promessa, com o golpe, de uma realidade cor de rosa, a crise só tem se acentuado, Ela criticou os discursos de Michel Temer sobre a herança maldita que ele teria recebido ao assumir o comando do país. "Esse discurso não se sustentará."

"Eu não vou defender a prisão do Eduardo Cunha, se eles não prenderam antes... tem que explicar por que estão prendendo agora", acrescentou Dilma Rousseff. "E mais: se a pessoa não tem meios para prejudicar a investigação, tem que responder em liberdade."

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