Gisele Federicce, 247 – No encontro da bancada do PT
na Câmara, que reuniu 47 deputados em São Paulo nesta segunda-feira 7, a
defesa de uma reestruturação partidária foi unânime, segundo relatos do
deputado José Guimarães (PT-CE), em entrevista ao 247 nesta terça.
"Todos sinalizaram que é preciso fazer a reconstrução partidária Nós
temos que reconstruir, repensar o país, revisitar os nossos programa e
oferecer alternativas ao Brasil, em função da restrição de direitos",
afirmou, em referência às ações do governo de Michel Temer.
Segundo ele, foram discutidas duas linhas principais, a de que o
Brasil de hoje não é o Brasil de Lula em 2003, e que por isso os
programas petistas exigem mudanças substanciais, e a reforma profunda no
funcionamento do partido. A eleição da diretoria da sigla deve ficar
mesmo para o congresso nacional da legenda, em março do ano que vem.
Ele descreve algumas mudanças necessárias: "Desburocratizar o
partido, reaproximar dos movimentos sociais, mudar as direções,
antecipar o Congresso Nacional e eleger uma nova direção que seja capaz
de fazer a 'consertação' da unidade partidária". Ele evita, porém, citar
nomes de quem seria um presidente ideal. "Primeiro temos que definir o
conteúdo das mudanças".
Segundo ele, a necessidade de mudanças não é exclusivamente por conta
do resultado das eleições municipais, que tirou boa parte do poder do
PT. "Nossa derrota faz parte de um processo. A necessidade de mudança
não é só por causa das eleições, mas para atualizar o PT para o Brasil
de hoje. Temos que revisitar a nossa carta de princípios, se queremos
transformar o País, mais necessário ainda é mudarmos o tipo de
organização no partido", ressalta.
Para Guimarães, dois grandes desafios do partido são vencer a
direita, "que quer inviabilizar o PT", e "parte da esquerda, que torce
pelo nosso insucesso". Por isso, ele defende que as esquerdas "pensem
juntas" um projeto de país para 2018, em um projeto de frente ampla que
voltou a ser defendido recentemente pelo ex-presidente Lula, e que não
serve para enfraquecer os partidos, conforme o deputado.
Questionado se nessa frente ampla o PT estaria disposto a abrir mão
de uma candidatura, ele defende que haja uma "frente ampla sem vetos",
que não impeça nenhuma candidatura, inclusive de Lula. A frente, segundo
ele, deve ser criada para combater a "onda conservadora" no País.
Na avaliação do deputado, a reunião da bancada com Lula "debelou essa
ideia de debandada" do PT, que "a mídia adora" e foi "decisiva para o
nosso futuro". "O legado social construído pelo PT está sendo
desconstituído pelo governo Temer. Precisamos fazer uma oposição forte,
com o lema 'nenhum direito a menos'", acrescentou, citando mais um
desafio para o partido
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