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11.20.2016

O caos e o ódio corroem o país




 Foto: Marcos Corrêa/PR
Apesar do esforço da mídia em tentar salvar a imagem do governo Temer, fazendo verdadeiro malabarismo para divulgar notícias positivas e minimizando ou escondendo as notícias negativas, só um cego não vê que os golpistas mergulharam o Brasil num caos. Além do aprofundamento da recessão, do crescimento do desemprego, da violência da repressão aos movimentos populares e das medidas destinadas a engessar o país, o governo instalado pelo golpe parlamentar-jurídico-midiático está desmontando, de forma acelerada, a maior estatal brasileira – a Petrobrás – ao mesmo tempo em que entrega o nosso petróleo para o capital estrangeiro. Será que não existe um meio de impedir Pedro Parente de continuar leiloando a Petrobrás? Será que vamos todos assistir de braços cruzados à prática de mais esse crime contra a soberania nacional? Já não basta os prejuízos causados pela Lava-Jato e a dilapidação do patrimônio nacional realizada pelo governo de FHC que, entre outras empresas até de importância estratégica para o Brasil, vendeu a Vale? Como não se pode contar com o Legislativo ou o Judiciário para defender os interesses da Nação, quem poderá fazê-lo?
Também não se pode contar com a grande imprensa que, lamentavelmente, afora um ou outro jornalista independente, tem dado apoio a todas as ações do governo Temer, que ajudou a instalar. O povo já percebeu que tem sido enganado pela mídia e, por isso, vem reagindo agressivamente contra repórteres que cobrem manifestações de rua. Infelizmente, porém, os manifestantes estão direcionando sua revolta para as pessoas erradas, pois os profissionais em atividade são meros empregados, sem nenhuma influência na linha editorial do veículo e, portanto, sem nenhuma culpa quanto à posição dos jornais e TVs. Por isso, não se justifica a agressão ao jornalista Caco Barcelos nas manifestações de quarta-feira no Rio. Um erro que não pode se repetir. O fato, no entanto, embora condenável, deve servir de alerta para os donos dos veículos de comunicação de massa, que devem ser responsabilizados pelos danos aos repórteres. Não adianta, portanto, mobilizar entidades da classe que, nessas ocasiões, sempre invocam a liberdade de imprensa, esquecendo que essa liberdade não pode servir para respaldar a publicação de mentiras e muito menos a destruição de reputações. A liberdade de imprensa é fundamental para a democacia, mas deve ser exercida com responsabilidade.
O fato é que essa mídia, em especial a Globo, que tem apoiado todos os golpes contra a Constituição, é uma das principais responsáveis pelo caos que se instalou no país. E, por isso, embora ainda exerça forte influência sobre aquela parcela do povo que, por comodismo ou preguiça mental, aceita sem questionar tudo o que dizem os jornais, está perdendo credibilidade e, como consequência, leitores. Com a internet, que ofereceu às pessoas novas opções para a obtenção de informações, os jornalões e revistas estão perdendo o seu público leitor, já que são desmascarados na manipulação das notícias. A tendência, portanto, já detectada até em pesquisas, é o seu desaparecimento em futuro não muito distante, sobretudo porque a internet permitiu que as pessoas se conectem com o mundo, ficando melhor informadas sobre tudo o que acontece em toda parte. O poder da mídia impressa sem dúvida ainda é muito grande, mas está perdendo força por conta não apenas das redes sociais mas, também, do noticiário capenga. Quanto às emissoras de televisão, estas são concessão do governo e podem, também em futuro próximo, ser enquadradas por uma legislação específica, obrigando-se a andar na linha para não perder a benesse governamental.
É preciso registrar-se, ainda, que a frequente agressividade de manifestantes contra repórteres, particularmente das organizações Globo, decorre do ódio que a própria mídia disseminou no país, sobretudo contra o petismo, o que tem se refletido nas hostilidades contra políticos de modo geral mas, mais especificamente, contra ex-integrantes dos governos petistas. O feitiço, pelo visto, está virando contra o feiticeiro e ninguém pode prever o que poderá acontecer numa manifestação em que os ânimos estiveram muito exaltados. Sabe-se que muitos profissionais já temem a designação para a cobertura de eventos populares, preocupados com a reação do povo. E as próprias empresas, que estimularam esse ódio – que se espalhou pelas redes sociais – já não escondem a sua apreensão quanto a integridade dos seus repórteres. Os patrões, que são os responsáveis por esse clima, bem que poderiam eles próprios substituírem os repórteres nessa atividade hoje de risco. E sentir na pele o resultado do ódio que plantaram. A título de ilustração, vale lembrar o que disse o Cristo há pouco mais de dois mil anos: "A semeadura é livre, mas a colheita obrigatória".

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