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12.17.2016

Diretas, indiretas ou o pesadelo do golpistaTemer até 2018?

REUTERS/Ueslei Marcelino
O ano de 2016 vai chegando ao fim, mas as peças da política continuam se movendo num ritmo frenético, sem que seja possível prever um desfecho para a maior crise política e econômica da história do País.
Numa das semanas mais difíceis para o governo de Michel Temer, em que ele próprio foi citado nas delações da Odebrecht e aceitou a demissão de seu melhor amigo, o agora ex-assessor especial José Yunes, a esquerda passou a acreditar na possibilidade real de queda do presidente e de eleições diretas ainda no primeiro semestre de 2017 – tese que ganhou a adesão até do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que integra a base governista.
Paralelamente, um dos peemedebistas mais influentes, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) subiu à tribuna para denunciar uma suposta conspiração, desta vez entre parte do PSDB e dos grupos de comunicação, para derrubar Temer em 2017 e promover eleições indiretas – o candidato mais forte, neste caso, seria o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em meio ao fogo cruzado, Temer também se mexeu. Orientou seus aliados no Congresso a implodir a tramitação de duas emendas constitucionais que propõem diretas em caso de vacância da presidência, uma apresentada pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), outra por Miro Teixeira (PDT-RJ). A diferença entre as duas é que, na de Fontana, em qualquer hipótese a saída seria pelas diretas. Na de Miro, haveria indiretas se a presidência ficar vaga a seis meses do fim do mandato ou num prazo menor do que esse. 
Como 63% dos brasileiros, de acordo com o Datafolha, querem diretas, mas 91%, segundo o instituto Paraná Pesquisas, são radicalmente contra a eleição indireta, Temer pretende transformar a primeira hipótese numa impossibilidade, para se beneficiar da segunda. Não havendo espaço para diretas, o resultado da equação seria “ruim com Temer, pior sem Temer”. Ou seja: entre a escolha de um novo presidente por um Congresso com mais de 200 parlamentares investigados e a continuidade de Temer até 2018, prevaleceria a segunda hipótese – ao menos é essa a aposta do Planalto.
O que joga contra essa alternativa é o aprofundamento da recessão econômica, que o governo tenta enfrentar com um pacote que, segundo especialistas, não trará qualquer efeito relevante no curto prazo. Além disso, ainda há muitas delações da Odebrecht pela frente e o fogo agora se dirige às forças que estão no poder. A única certeza é que o Brasil ainda não estabilizou – e enquanto não houver estabilidade política, não haverá confiança nem perspectiva de crescimento econômico.

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