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2.13.2016

Censura na Globo


Ali Kamel, diretor de jornalismo e esporte da rede Globo de televisão, fez questão de enaltecer o jornalista Sidney Rezende pela sua qualidade profissional e o excelente desempenho dele nos muitos anos que trabalhou para a TV Globo, mas demitiu o jornalista por dar a sua opinião sobre política e censura  da emissora que apoiou a ditadura.  Infelizmente,  a emissora de maior audiência, pratica métodos anti-democráticos com seus funcionários, obrigando-os a falar aquilo que é determinado pelo seus dirigentes. 

Veja a reportagem da Carta Capital:

Antes de ser demitido, Sidney Rezende criticou demonização do governo

"O Governo acumula trapalhadas e elas precisam ser noticiadas na dimensão precisa. Assim como os acertos também devem ser publicados", disse Rezende
por Revista Fórum — publicado 16/11/2015 15h25
Facebook/Reprodução
Um dia antes de ser demitido da GloboNews, onde atuava desde 1997, o jornalista Sidney Rezende, âncora do Jornal GloboNews, divulgou em seu perfil no Facebook texto no qual critica a “má vontade dos colegas que se especializaram em política e economia” com a gestão de Dilma Rousseff.
“A obsessão em ver no Governo o demônio, a materialização do mal, ou o porto da incompetência, está sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo”, afirmou Rezende. As informações são do blog do Mauricio Stycer.
“Uma trupe de jornalistas parece tão certa de que o impedimento da presidente Dilma Rousseff é o único caminho possível para a redenção nacional que se esquece do nosso dever principal, que é noticiar o fato, perseguir a verdade, ser fiel ao ocorrido e refletir sobre o real e não sobre o que pode vir a ser o nosso desejo interior. Essa turma tem suas neuroses loucas e querem nos enlouquecer também”, argumentou Rezende no artigo, publicado na última quinta-feira 12 e intitulado “Chega de notícias ruins”.
“Se pesquisarmos a quantidade de boçalidades escritas por jornalistas e ‘soluções’ que quando adotadas deram errado daria para construir um monumento maior do que as pirâmides do Egito. Nós erramos. E não é pouco. Erramos muito.”
Rezende continuou: “O Governo acumula trapalhadas e elas precisam ser noticiadas na dimensão precisa. Da mesma forma que os acertos também devem ser publicados. E não são. Eles são escondidos. Para nós, jornalistas, não nos cabe juízo de valor do que seria o certo no cumprimento do dever”.
De acordo com ele, é “hora de mudar” da imprensa mudar sua postura. “O povo já percebeu que esta “nossa vibe” é só nossa e das forças que ganham dinheiro e querem mais poder no Brasil. Não temos compromisso com o governo anterior, com este e nem com o próximo. Temos responsabilidade diante da nação.”
Após demitir o jornalista na sexta-feira 13, a Globo disse, em nota, que “só tem elogios à conduta profissional de Sidney, um jornalista completo”.
* Publicado originalmente na Revista Fórum
Leia o texto de Sidney Rezende na íntegra:
Chega de notícias ruinsEm todos os lugares que compareço para realizar minhas palestras, eu sou questionado: "Por que...
Posted by Sidney Rezende on Quinta, 12 de novembro de 2015
  

A luta de Moro continua

 

Pela exterminação do PT e deixar o Lula inelegível

"É estarrecedor que jornalistas obtenham diuturnamente informações detalhadas acerca da investigação – inclusive sobre 'compartilhamento de provas na Suíça' –, enquanto os advogados devidamente habilitados estejam sendo tolhidos de sua prerrogativa profissional de ter acesso ao conteúdo do inquérito", diz texto preparado pelos advogados Fábio Tofic e Débora Perez.



Paraná 247 – A defesa do jornalista João Santana, que fez as últimas campanhas presidenciais do PT, protocolou petição judicial nesta sexta-feira para ter acesso integral à investigação secreta que vem sendo conduzida pela força-tarefa da Operação Lava Jato contra ele.
Nesta sexta-feira, em sua manchete principal, a Folha de S. Paulo informou que o juiz Sergio Moro investiga pagamentos feitos pela Odebrecht a João Santana no exterior (leia mais aqui).
Na petição, os advogados de Santana afirmam que é crime de "abuso de autoridade" negar aos advogados acesso a um inquérito que já vem sendo vazado para a imprensa.
Leia nota dos advogados de João Santana:
A respeito da matéria publicada na edição de hoje do jornal Folha de S. Paulo com o título: “Suposto repasse da Odebrecht a publicitário do PT é Investigado”, o advogado do publicitário João Santana,  Fábio Tofic, esclarece que:
“João Santana nunca negou que possui empresas no exterior, até porque é público e notório tratar-se do profissional de marketing político brasileiro com maior destaque no mercado internacional.  
Certo, porém, de que o vazamento de informações privadas e sigilosas é prática que configura crime, prefere aguardar para apresentar os detalhes de sua vida financeira às autoridades competentes.
Enquanto isto, aguarda pacientemente que, depois de vasculhar atentamente seus escaninhos, a polícia federal responda a consulta feita há dias pelos advogados sobre se há ou não inquérito policial instaurado para investigá-lo”.

Confira, abaixo, a íntegra da petição:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL SERGIO MORO, DA 13ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA (PR) 
JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO, vem, por seus advogados (Evento 01, proc2), respeitosamente à presença de Vossa Excelência, para, diante da nova matéria veiculada, na data de hoje, pela FOLHA DE SÃO PAULO, reiterando a existência de investigação em curso em desfavor do peticionário (doc. 02), expor e requerer o quanto segue:
1. Com base nas informações veiculadas pela revista “VEJA”, de que estaria em curso procedimento investigatório em desfavor do peticionário, os subscritores da presente apresentaram petição, assim como o fizeram perante este r. Juízo, à Policia Federal curitibana, pleiteando o acesso à referida investigação (doc. 03).
1.1. NOVE DIAS se passaram desde o protocolo da petição e, até hoje, não há notícias de que o i. Delegado Regional, Dr. IGOR ROMÁRIO DE PAULA, tenha apreciado o pedido formulado.
1.2. Ora, não estamos tratando aqui de caso anônimo, mantido em sigilo absoluto pelas autoridades. Muito pelo contrário, já que hoje, mais uma vez, foi veiculada na imprensa a existência da suposta investigação em desfavor dos peticionários, agora na capa da FOLHA DE SÃO PAULO (doc. 02).
1.3. É estarrecedor que jornalistas obtenham diuturnamente informações detalhadas acerca da investigação – inclusive sobre “compartilhamento de provas na Suíça” (doc. 02) –, enquanto os advogados devidamente habilitados estejam sendo tolhidos de sua prerrogativa profissional de ter acesso ao conteúdo do inquérito (Súmula 24 do STF1, como também pelos artigos 7º, incisos XIV e §102, da Lei 8906/94).
3. Com efeito, a recentíssima alteração legal trazida pela Lei 13.245/2016 estabelece que a autoridade policial que nega aos advogados acesso à investigação em curso será responsabilizada criminalmente por abuso de autoridade. Confira-se:
Art. 7º São direitos do advogado: (...)
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente(Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)”.
5. Pelo exposto, ante o eloquente silêncio da Polícia Federal curitibana, requer-se que este r. juízo adote as medidas necessárias para que a defesa possa ter imediato acesso aos autos do inquérito que envolve o peticionário, além de outras providências que entender cabíveis.
Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 12 de fevereiro de 2016.
Fábio Tofic Simantob Débora Gonçalves Perez
OAB/SP – 220.540 OAB/SP – 273.795
1 É direito do defensor, no interesse do representado,ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa
2 Art. 7º: São direitos do advogado: (...) XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;(Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016) (...)
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.(Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)”.

Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo: Lula se comporta com “absoluta lisura”.


Brasil 247 - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, voltou a defender o ex-presidente Lula nesta sexta-feira 12, ao afirmar que ele se comporta com "absoluta lisura" e que a oposição promove uma briga política visando incriminá-lo.
Lula virou alvo na Operações Lava Jato, que investiga o sítio em Atibaia (SP) frequentado por ele e sua família, e foi convocado a depor como investigado pelo Ministério Público de São Paulo, no caso do apartamento no Guarujá. Nesta quinta-feira, Cardozo fez outra defesa enfática a Lula. "Acho que setores da oposição, visivelmente, querem isso. Já há algum tempo em que procuram, a cada passo, atingir o presidente Lula porque reconhecem nele o grande líder que desafia os projetos políticos da oposição", disse.
"Como pessoa que conhece o presidente Lula há muito tempo, eu sempre o tive como um grande líder, eu sempre o tive como uma pessoa que se comporta com absoluta lisura. Isso como testemunha de vida, e não de ministro. Eu atribuí sim, não no âmbito da investigação, mas no âmbito da política, em que há muitos setores da oposição em criar situações que atinjam a imagem de uma pessoa que foi um presidente indiscutivelmente aplaudido durante todo o período da sua gestão pelas substantivas melhoras e mudanças que empreendeu no país", disse o ministro nesta sexta.
"Portanto há sem sombra de dúvida uma luta política em torno disso, em que setores oposicionistas tentam obviamente maximizar situações que evidentemente não podem ensejar pré-julgamentos, condenações", acrescentou Cardozo. O ministro evitou comentar a nota do presidente nacional do PT, Rui Falcão, em que denunciou o que chamou de "consórcio entre a oposição reacionária, a mídia monopolizada e setores do aparelho de Estado capturados pela direita" visando incriminar o ex-presidente Lula de algum modo.
"O dia em que o ministro da Justiça fizer algum juízo de valor sobre situação em investigação, ele descumpre dois preceitos. O primeiro em que não pode interferir dando opiniões em investigação. Ele deve agir quando há ilegalidade ou abuso. E segundo, é justamente criar situações do ponto de vista da imagem das pessoas que eu acho pouco desejável", disse. "Pessoas investigadas não são condenadas, não podem ser execradas. Fatos é que são investigados, não pessoas", completou.

Destruir o último líder popular a qualquer preço. Por Roberto Amaral. No Brasil 247.




Destruir o último líder popular a qualquer preço



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A característica certamente mais exemplar de nossa história é a conciliação. De cúpula sempre (ou seja, conciliação em nome da preservação dos interesses da classe dominante), impedindo a revolução (como tal entenda-se também a simples ameaça de emergência das massas) e retardando as reformas das mais simples às mais essenciais – todas, como meras reformas, pleiteadas conforme as regras do regime que não visavam a alterar.
Em todos os momentos graves, a ruptura – ainda quando uma exigência histórica – cedeu espaço à concordata pois o essencial foi sempre a conservação dos donos do poder no poder. Da Colônia ao Império, do Império à República, e até aqui.
Mas a opção pela conciliação não impediu que nossa história fosse, desde o Primeiro Reinado, juncada de irrupções militares, às vezes quase só motins, como aqueles que precederam (preparando-a) a Independência e a sucederam (consolidando-a), até a resignação do Imperador, de malas prontas para o cerco do Porto e a revolução liberal que, depondo d. Miguel, faria D. Maria, a rainha brasileira dos portugueses, subir ao trono.
No Segundo Império a preeminência militar senta praça após a infeliz guerra ao Paraguai, quando nossas forças de terra e mar alcançam algum grau de organização e profissionalismo/profissionalização e, animadas pelas penosas vitórias nos campos de batalha, decidem exercer presença na política imperial.
Era propício o momento, com as seguidas crises dos seguidos gabinetes, as campanhas abolicionista e republicana e, no plano ideológico, o positivismo grassando na caserna e conquistando a jovem oficialidade. Assim, na formação histórica brasileira, temos duas linhas convergentes sob o fundo autoritário: a conciliação e a insurgência militar.
Mas na altura do II Reinado nada que sugerisse, nem de leve, o que seria a presença desestabilizadora dos militares na República. Se o marco inaugural foi a ‘parada militar’ do 15 de novembro, que derrubou o Império e viu a República consolidar-se com o golpe de Floriano, o ciclo se fecha com a conjuração do golpe de 1º de abril de 1964, que se afirmaria como uma ditadura de 20 anos.
Entre um polo e outro, de intentonas e sublevações seria rico o primeiro terço do século: o levante do Forte de Copacabana (1922), a insurgência paulista de Miguel Costa (1924) e a coluna Prestes (1924-1927) caracterizaram a República Velha, que morreria em 1930 com a irrupção civil-militar que passaria à história como Revolução de 30, hegemonizada pelos tenentes de 22 e 24, que comandariam as forças militares e permaneceriam no proscênio da política até a ditadura de 1964: Eduardo Gomes, Juarez Távora, Cordeiro de Farias, Ernesto Geisel...
A revolução de 1930 – que empossa Getúlio Vargas –, transforma-se na ditadura do Estado Novo em 1937, após sufocar um putsch integralista (1932) e um levante de militares comunistas comandados por Luís Carlos Prestes (1935). Os mesmos generais responsáveis pelo golpe de 1937 (à frente de todos os generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra) agora se levantam contra Vargas, e abrem caminho (1945) para a restauração democrática.
Inicia-se com um general, o ex-ministro da Guerra da ditadura, o general Dutra, o ciclo de presidentes eleitos pelo voto popular e de regimes democráticos que os mesmos militares sufocariam 18 anos passados.
Após uma sequência de golpes militares e tentativas de golpe – deposição e renúncia de Vargas (1954); tentativa de impedimento da posse de JK-Jango e contragolpe militar de Lott-Denis (1955), tentativa de impedir a posse de Jango (crise da renúncia de Jânio Quadros) e golpe parlamentarista (1961) – a estratégia da preeminência militar abandona as intentonas e as irrupções, para exercer um efetivo superpoder, pairando acima dos três poderes constitucionais, regendo a República sem depender da soberania popular ou submeter-se a qualquer regramento.
Foi o largo período dos pronunciamentos militares manifestando-se sobre a vida civil e interferindo na política. Naquele então o Clube Militar era uma instância suprema, na qual os destinos do País eram decididos. Naquele então, os militares se pronunciavam sobre tudo, até sobre os índices do salário-mínimo, e podiam exigir e obter a demissão do ministro do Trabalho que ousava favorecer os interesses dos trabalhadores.
Momento dos mais significativos dessa preeminência – ou do exercício desse poder para-constitucional –, seria observado, no regime democrático, em 1954, com a ‘República do Galeão’, anunciando o que seriam os tempos da ditadura de 1964-1984.
Os fatos estão no registro da história. Em agosto de 1954, uma desastrada tentativa de assassinato de um jornalista (Carlos Lacerda) termina com a morte de seu guarda-costas, um major da aeronáutica (Rubens Vaz), da ativa, o que enseja a brigadeiros e coronéis da FAB instalarem um IPM – à revelia da Polícia Civil – e, sob o pretexto das investigações desse crime, instaurarem o que ficou batizado como a ‘República do Galeão’, em homenagem ao aeroporto carioca em cujas instalações militares os coronéis operavam, à margem da ordem legal.
E assim sem leis a observar, desconhecendo limites a obedecer, o comandante do inquérito, ou presidente dessa República auto-constituída dentro da República constitucional, tornou-se um reizinho absoluto, porque tudo podia, todas as diligências, todas as prisões, senhor que era de todas as jurisdições. Porque tinha o respaldo de seus superiores – fortalecidos em face da fragilidade crescente do governo e de seu chefe – e o aplauso da grande imprensa, que o incentivava.
Tudo queria, tudo podia e tudo alcançava porque seu objetivo, o objetivo do IPM e da ‘República’, não era apurar a morte do major guarda-costas, mas atingir, como afinal atingiria mortalmente, a honra do presidente Getúlio Vargas, alvo da mais injuriosa, da mais violenta campanha de imprensa jamais movida no Brasil contra um chefe de Estado.
A infâmia, a injúria e a difamação não conheciam limites, invadindo mesmo sua privacidade e a intimidade de sua família. Vargas, o homem, o presidente, o líder de massas era o objetivo da imprensa unanimemente hostil, a serviço da direita derrotada com sua eleição em 1950.
Destruí-lo era o desejo de uma oposição desvairada, era o projeto de militares sublevados e de setores ponderáveis da classe-média, conquistados para a razzia antivarguista pelas denúncias, jamais comprovadas, de um ‘mar de lama’ que correria pelos inexistentes porões do discreto e quase ascético Palácio do Catete.
Enterrado Vargas, empossados Café Filho (presidente), Eduardo Gomes (ministro da Aeronáutica) e Juarez Távora (ministro chefe da Casa Militar), encerraram-se os inquéritos e nem os militares, nem a imprensa, nem a antiga oposição voltam a falar em corrupção.
Em 1964, retornam os IPMs, os inquéritos comandados por coronéis, e a caça às bruxas, primeiro indiscriminadamente, em seguida de forma metódica, com alvo preciso, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Mas aí era um regime de exceção, uma ditadura.
Os inimigos do novo regime foram transformados, uns (pessoas e entidades, como os sindicatos) em subversivos, outros em corruptos, e porque eram inimigos do regime eram, necessariamente, aos olhos deste, subversivos ou corruptos. Antes de acusados eram condenados, pois a acusação era a justificativa da condenação prévia, e os acusados eram presos para que seus crimes fossem apurados, apurados para justificarem a condenação e a pena, já imputadas.
Juscelino era, nos primeiros anos do golpe militar, o único líder civil do regime anterior politicamente sobrevivente. Jango, Brizola e Arraes amargavam o exílio. Torna-se, assim, JK, o inimigo a ser abatido. Como não poderia ser acusado de subversivo, foi condenado como corrupto, pela imprensa e pelos militares, a imprensa repetindo o ditado dos militares, embora nada tivesse sido ou fosse apurado contra ele.
Condenado, foi chamado a depor duas ou mais vezes em inquéritos militares (pois a pena decretada era sua desmoralização pública) até que, ameaçado, temendo maiores humilhações e mesmo temendo por sua integridade física, optou pelo exílio. Os militares não falaram mais nos inquéritos abertos e a imprensa o ignorou até ser obrigada a registrar o pranto nacional em sua trágica morte.
A história não se repete, mas saltam aos olhos as semelhanças entre o ódio vítreo que se construiu contra Vargas e JK e este que a imprensa brasileira, quase em uníssono, destila, alimenta e propaga contra o ex-presidente Lula, açulando, não mais as Forças Armadas como antes, mas agora agentes policiais sem comando, procuradores sem limites e juiz na presidência de inédita jurisdição nacional.
A história não se repete. Mas o ex-presidente Lula já foi chamado a depor, na Polícia Federal, umas duas ou três vezes, e agora é intimado, com a mulher, a depor em inquérito aberto pelo Ministério Público paulista. Precisa explicar porque desistiu da compra de um tríplex em Guarujá e porque visitava um sítio em Atibaia, e porque incentivou a indústria automobilística quando o País precisava criar empregos.
Condenado sem sursis como corrupto pela imprensa – como Vargas e JK –, exposto à execração pública, decaído em seu prestígio, como agora, Lula – e eis o que se pretende – estará afastado das eleições de 2018, seja como candidato, seja como grande eleitor.
Condenação decretada, pena anunciada, procura-se uma narrativa: eis o propósito, a finalidade dos inquéritos abertos e a serem abertos. Trata-se de destruir o último grande líder popular brasileiro. E isso vale, aos olhos de seus algozes, todo e qualquer preço.
A burguesia regurgita o sapo barbudo que as massas a fizeram engolir nas últimas eleições.

"Se o ambiente não estivesse tão enevoado como está, saturado de contrainformações, conturbado por noticiário sinistro, que mais confunde do que explica, impedindo a visão mais clara e sensata dos acontecimentos, os brasileiros poderiam ter percebido a seguinte coisa estranha: a pessoa que mais ardentemente deseja e age pela queda da presidente é uma das mais acusadas de atos de corrupção e as acusações são as mais robustas possíveis, para dizer o mínimo, suficientes para provocarem haraquiri em outras sociedades mundo afora", escreve o colunista Alex Solnik, em uma referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que aceitou o pedido de abertura do processo de impeachment; "Dilma é aliada dos que combatem a corrupção, e não inimiga. Só falta aos que combatem a corrupção perceber. Querem derrubar Dilma não por ser corrupta. Mas por não ser", completa o jornalista. No Brasil 247.

MP virou ameaça à democracia


Sindjorce: Luiz Nassif "À medida em que o Procurador Geral da República Rodrigo Janot sancionou a parceria midiática da Lava Jato com a imprensa, abriu uma verdadeira Caixa de Pandora. Hoje em dia, qualquer jovem procurador, atrás de notoriedade, monta uma parceria com um jovem repórter, também atrás de notoriedade, e provoca um fato jurídico", diz o jornalista Luis Nassif, que critica iniciativa de um procurador de Goiás que conseguiu impedir a veiculação de propagandas sobre os Jogos Olímpicos, alegando que os comerciais poderiam criar clima favorável à Rio 2016
13 de Fevereiro de 2016 às 07:28

2.12.2016

Componente químico Pyriproxyfen é apontado como causa da microcefalia

Nem o Zika vírus e nem vacinas, para a Organização dos Médicos Argentinos o grande surto de microcefalia que se abateu sobre o Brasil é causado por um químico larvicida chamado Pyriproxyfen colocado na água ou pulverizado nas cidades afetadas pelo surto de microcefalia.
Reportagem Especial
O relatório da entidade é enfático ao dizer que não é coincidência os casos de microcefalia surgirem na áreas onde o governo brasileiro fez a aplicação do Pyriproxyfen diretamente no sistema de abastecimento de água da população, mais especificamente em Pernambuco.
“O Pyroproxyfen é aplicado diretamente pelo Ministério da Saúde nos reservatório de água potável utilizados pelo povo de Pernambuco, onde a proliferação do mosquito Aedes é muito elevado ( uma situação semelhante à das ilhas do Pacífico ). (…) Malformações detectadas em milhares de crianças de mulheres grávidas que vivem em áreas onde o Estado brasileiro acrescentou Pyriproxyfen à água potável não é uma coincidência, apesar do Ministério da Saúde colocar a culpa direta sobre o Zika vírus para os danos causados (microcefalia).”, revela o relatório na página 3.
O relatório também observou que o Zika tem sido tradicionalmente considerado uma doença relativamente benigna, que nunca foi associada com defeitos congênitos, mesmo em áreas onde infectou 75% da população.
Posição da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
O  relatório argentino, que também aborda a epidemia de dengue no Brasil, concorda com as conclusões de um relatório separado sobre o surto Zika feito por médicos brasileiros e pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco.
A Abrasco também aponta o Pyriproxyfen como causa provável da microcefalia. A associação condena a estratégia de controle químico para frear o crescimento dos mosquitos portadores do Zika vírus. A Abrasco alega que tal medida está contaminando o meio ambiente, bem como pessoas e não está diminuindo o número de mosquitos. Para a Abrasco esta estratégia é, de fato, impulsionada por interesses comerciais da indústria química, a qual diz que está profundamente integrada com os ministérios latino-americanos de saúde, bem como a Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde.
Abrasco nomeou a empresa britânica Oxitec que produz insetos geneticamente modificados como parte do lobby empresarial que está a distorcer os fatos sobre o Zika vírus para atender a sua própria agenda com fins lucrativos.
A Oxitec vende mosquitos transgênicos modificados para esterilidade e os comercializa como um produto de combate à doença – uma estratégia condenada pelos médicos argentinos, tida como “um fracasso total, exceto para a empresa fornecedora de mosquitos”.
Vale lembrar também que o Zika vírus é propriedade da família/Fundação Rockefeller, conforme relatado pelo Panorama Livre no dia 31 de janeiro. Além, claro, da ONU já ter declarado que países com casos de microcefalia deveriam liberar o aborto – deixando claro a todos o enorme número de entidades envolvidas no lobby do controle/diminuição populacional.
Quem fabrica o Pyriproxyfen?
Os médicos acrescentaram que o Pyriproxyfen é fabricado pela Sumitomo Chemical, empresa japonesa e um “parceiro estratégico” da Monsanto. O Pyriproxyfen é um inibidor do crescimento de larvas de mosquitos, que altera o processo de desenvolvimento da larva, a pupa (estágio intermediário entre a larva e o adulto, no desenvolvimento de certos insetos), para adulto, gerando, assim, malformações no desenvolvimento dos mosquitos e matando ou desativando seu desenvolvimento. O composto químico atua como um hormônio juvenil de inseto e tem o efeito de inibir o desenvolvimento de características de insetos adultos (por exemplo – as asas e genitais externos maduros) e o desenvolvimento reprodutivo. É um disruptivo endócrino e é teratogênico (causa defeitos de nascimento), de acordo com os médicos.
Em dezembro de 2014 a Sumitomo Chemical anunciou que, juntamente com a Monsanto, expandiria seus trabalhos de controle de pragas para a América Latina, mais especificamente para Brasil e Argentina.
Referências:

Vamos ver qual será a desculpa do juiz Moro aliado ao PSDB


Por Blog da Cidadania
Na última quinta-feira (19/3), confirmou-se informação divulgada neste Blog em 7 de fevereiro último, que antecipou que o PT denunciaria os tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia à Procuradoria Geral da República por corrupção.
Entre outras denúncias nos governos tucanos do Estado de Minas entre 2003 e 2014, um grupo de deputados do PT mineiro denunciou (novamente) ao PGR, Rodrigo Janot, a menção ao senador Aécio Neves na famosa lista de Furnas. Agora, o partido afirma ter fatos novos.
Aécio rebateu essa denúncia dizendo que "A lista de Furnas é uma das mais conhecidas fraudes da política brasileira".
Confira, abaixo, matéria do jornal Folha de São Paulo sobre o assunto, publicada nesta sexta-feira (20).

  Diante disso, o Blog foi ouvir o deputado estadual do PT mineiro Rogério Correia, que encabeça os esforços do partido naquele Estado para responsabilizar o grupo político aecista por corrupção em Minas Gerais ao longo dos últimos 12 anos.
Correia rebate a afirmação de Aécio de que a lista de Furnas seria falsa. Segundo o deputado petista, a Polícia Federal periciou a lista de Furnas e a considerou autêntica, conforme a imagem da conclusão dessa perícia, abaixo. Para ler a denúncia completa clique na imagem.

  Leia, abaixo, a entrevista que o deputado Rogério Correia concedeu ao Blog nesta sexta-feira 20.
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Blog da Cidadania – Nesta semana, o senhor e o seu grupo fizeram nova denúncia contra o senador Aécio Neves na Procuradoria Geral da República. Pode nos dar mais detalhes?
Rogério Correia – Nós, na verdade, estamos juntando, agora, o fio da meada. A denúncia que nós fizemos ao doutor Rodrigo Janot é no sentido de que o senador Aécio Neves se utilizou de Furnas para fazer sua campanha ao governo de Minas em 2002. Isso já tinha sido feito em 1998 pelo PSDB e foi chamado de mensalão tucano.
Nós temos, aí, três vertentes de investigação. Uma é a própria lista de Furnas, que, apesar de o PSDB dizer que não tem veracidade, foi periciada, oficialmente, pela Polícia Federal e foi tida como autêntica e sem montagem.
Então essa é a primeira prova, além de parlamentares que confessaram ter recebido os recursos dessa lista, no valor que está lá, como é o caso do ex-deputado Roberto Jeferson.
O segundo ponto, é a análise da procuradora da República Andrea Bayão, do Rio de Janeiro, onde, examinando as empresas que fazem parte da distribuição de recursos ilegais para o PSDB, concluiu pela denúncia contra diretor de Furnas indicado por Aécio Neves, Dimas Toledo. Ela fez a análise através de empresas como a Bauruense.
Agora entra o terceiro fator, Eduardo: o doleiro Yousseff relata que repassou ao PT, através do deputado Janene, uma outra parte de recursos que iria para uma diretoria de Furnas ligada ao PSDB, que é justamente a do Dimas e a empresa que concretizaria o repasse é justamente a Bauruense.
Diante do trabalho e das conclusões da doutora Andrea Bayão, não há como o procurador-geral não abrir a investigação contra Aécio.
Blog da Cidadania – Mas o doutor Janot considerou "vagas" as denúncias contra Aécio. Está sendo apresentado algum fato novo ao PGR ou é aquilo que ele já recusou?
Rogério Correia – O fato novo é justamente, agora, em novo procedimento investigativo da doutora Andrea Bayão que dá conta de fala de Yousseff acusando Aécio. Não há como separar esses fatos, apesar de que o trabalho da procuradora está parado lá no Rio de Janeiro.
Então, o que nós pedimos é que essa investigação se junte às outras que estão tramitando em Brasília e nas quais Aécio deveria estar incluído devido à fala de Yousseff e à lista de Furnas, considerada verdadeira pela conclusão da perícia da Polícia Federal que eu lhe citei.
A junção de todos esses fatos torna impossível que o doutor Janot não investigue Aécio Neves. As provas que ele tem agora são muito mais contundentes do que as que ele tinha em relação a outros que denunciou recentemente ao STF. Essas novas provas são extremamente robustas.
Blog da Cidadania – Eu conversei com o deputado Durval Ângelo, recentemente, e ele me falou de outras denúncias que seriam feitas contra as gestões tucanas em Minas no âmbito de uma devassa que está sendo feita pelo "xerife" do prefeito Fernando Haddad, Mario Spinelli, que desbaratou uma quadrilha de fiscais que atuou livremente nas gestões José Serra e Gilberto Kassab e que foi "importado" pelo governador Fernando Pimentel. Como está isso?
Rogério Correia – Nós enviamos vários documentos, como sobre a rádio Arco Íris, do senador Aécio Neves, que recebeu dinheiro público repassado pela própria irmã dele, que controlava os recursos de publicidade do governo mineiro. Repassamos documentos sobre o aeroporto da cidade de Cláudio e sobre o helicóptero que levava cocaína e sobre o qual, até agora, nem o piloto foi responsabilizado. É um deboche, pois o helicóptero levava 500 quilos de droga e até aqui ninguém foi acusado.

Verdadeiro tríplex ... o dos Marinho

Pobre não chega nem perto!

publicado 11/02/2016
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Paraíso particular: mansão triplex encravada no melhor point da Mata Atlântica
O Conversa Afiada reproduz admirável reportagem de Renan Antunes de Oliveira, do Diário do Centro do Mundo, que o amigo navegante jamais veria no PiG.

(Muito menos a denuncia do The Guardian sobre a discriminação de que a Globeleza foi vítima).

EXCLUSIVO: nosso repórter foi ao verdadeiro triplex – o dos Marinhos

Por Renan Antunes de Oliveira, de Paraty (RJ)

A mansão de veraneio dos herdeiros do magnata da Globo Roberto Marinho também é um triplex e também está sendo investigada pelo Ministério Público Federal, mas num processo em ritmo bem mais light e sem publicidade.

Os arquitetos que a projetaram e os engenheiros que a ergueram zombaram das leis ambientais: ela está totalmente irregular.

Das fundações ao teto, localiza-se em área desmatada de um parque federal. E parte sobre terra pública, grilada logo por quem não precisa – a família mais rica do Brasil.

A mansão tem um andar quase subterrâneo e outros dois empilhados de forma engenhosa, parece que não se tocam. Fica na baía de Paraty, na costa do Rio.

Ela foi alvo de fiscais do Ministério de Meio Ambiente (MMA) desde o início da construção, em 2008.

A batalha parecia terminada quando a Vara Federal de Angra dos Reis mandou demolir a mansão, em 2010, poucos meses depois de concluída.

Mas, os Marinhos não se curvaram à Justiça.

Seus advogados recorreram e fugiram das intimações. Eles a mantiveram em pé por seis anos e vão lutar para que fique assim até o último juiz.

Como um caso tão pequeno se arrasta no Judiciário por mais tempo do que o da Lava Jato só pode ser explicado pela nova teoria do “abuso do direito de defesa”.

A sentença da primeira instância não tem previsão pra sair, mas os desembargadores do TRF já devem estar se acotovelando pra ver quem terá a sorte de pegar o caso na segunda.

É surpreendente que o MPF não tenha deixado escapar vazamentos. Partes do processo ainda estão sob segredo de justiça. Para vê-lo, use o código 201051110009517, no site.

MAMUTE DE CONCRETO

O terreno onde está a mansão é duas vezes maior do que o daquele sitio de Atibaia que tem aparecido no noticiário da Globo nos últimos dias.

Seu tamanho original era menor, apenas 50 mil m². Corretores da cidade disseram que os Marinhos compraram mais áreas lindeiras, para evitar que gente comum quebre a privacidade da mansão acessando por morros e costões.

A mansão é tão pesadona e forte que parece ter sido feita para durar mil anos. Tem 1.300m² de concreto, capaz de resistir a um tsunami.

Caberiam dentro dela três daqueles triplex do Guarujá – veja detalhes no site dos arquitetos.

Aviso: quem não gosta de luxo e ostentação deve evitar as fotos.

Além de estar sobre natureza morta, a mansão se projeta das pedras para o mar. Se arquitetura quer dizer alguma coisa, ela parece um navio de conquistadores, senão uma frota inteira.
Apesar de localizada na praia de Santa Rita, na costa do Rio de Janeiro, é mais conhecida no circuito dos ricos e famosos por seu nome em inglês: “Paraty House”.

A mansão é tida como jóia da arquitetura moderna tupiniquim desde a prancheta. Assim que abriu as portas para os primeiros convivas foi premiada por uma revistinha inglesa de design, a Wallpaper.

A Paraty House oferece aos seus ocupantes uma espetacular imersão na natureza intocada – quer dizer, está intocado o que eles deixaram depois de desmatar uma parte, dar uma raspada nas pedras e cortar o cocuruto do morro para ela ser erguida.

Mesmo assim, o terreno ainda é um naco magnífico da Mata Atlântica, dentro da área de preservação de Cairuçu – puro verde, como no tempo das caravelas. Só se vê a casa quando se chega perto, por mar ou voando. Veja no site do MMA.

Por estes dias quem mais está usando a mansão são netos e bisnetos do magnata.

Uma faxineira, casada com o irmão de um jardineiro, contou ao DCM que os três filhos de Marinho, donos do Grupo Globo, se afastaram dela – da mansão, não da faxineira – devido à publicidade negativa provocada pelo processo do MPF.

Os procuradores investigam tão rigorosamente quanto possível o crime ambiental de desmatamento para erguer mansão, piscina, parquinho, aquashow e heliponto.

Ao centro, a mansão. Direita, trapiche para iates. À esquerda, heliponto na mata.

O encarregado do inquérito trocou várias vezes porque o caso não tem força-tarefa, nem procuradores exclusivos, atrasando as coisas.Foi no andar do processo que se descobriu a grilagem de uma área pública: os donos da mansão privatizaram na marra a pequena praia de Santa Rita, reservada para uso exclusivo de seus pimpolhos.

A piscina foi erguida direto na areia da praia – é show de bola, mas ilegal, sem falar na idéia de jerico de ter uma piscina salgada a 30 passos do mar.

Os Marinhos ergueram na Santa Rita também aquashow tubular, ancoradouro para jetski, mansãozinha de árvore, combo balanço-gangorra-escorregador e um depósito para as pranchas de surf e bananaboats – assim a criançada e papais se poupam do complicado leva e traz dos brinquedos. Tudo ilegal.

Para manter os brinquedos na praia sem que ninguém se sinta tentado a usá-los, os Marinhos contrataram seguranças armados. São dois homens em turnos de 12 horas, 7x30x365. Eles intimidam quem desembarca na areia, mas não há registro de violência. Só botam o povão para correr, coisa que ninguém ousaria fazer no Leblon.

Guindaste para jetski e escorregador tubular, no costão norte

Se a luta pela praia tem alguma justificativa deve ser pela qualidade da água. Este repórter esteve lá na semana do Carnaval e ela estava simplesmente deliciosa.

Morninha, limpa, transparente, calma. O fundo tem areia igual de limpa – dá vontade de juntar alguns punhados e levar para aquários, afinal, a areia é do povo.

A prainha é pequena, 83 passos largos de costão a costão, entre o trapiche de jetski e o ancoradouro dos iates. Tem brisa permanente, garante quem conhece a região. Ela está de frente para o noroeste, pega todo sol da manhã e sombra ao entardecer, com o fresquinho de graça, oferta da Mata Atlântica.

Os ricaços que a desfrutam não precisam passar aquele abafamento e sol quente que o povão enfrenta em locais apinhados, nem arrastar guarda-sol: amendoeiras frondosas e palmeiras garantem sombra eterna.

A praia é farofeiros free – uma lancha cobra até 350 reais pelo percurso de 15 minutos entre o cais histórico de Paraty e a House. De vez em quando algum desavisado salta nela, só para ser corrido pelos guardinhas.

As crianças dos Marinhos e seus amiguinhos não sentem falta dos vendedores ambulantes. Elas podem beber água de coco colhido no pé. Claro que não tem o agito de Copacabana, mas pelo menos a areia está sempre varrida e sem papel de picolé.

Parquinho privado na praia grilada: proibido para turistas

Como se não bastasse desfrutar deste pedaço do paraíso, a vida intramuros é de um conforto que a gente comum pode apenas sonhar – preste atenção nas suítes feitas com lascas de árvores e fotos completas da cozinha naquele site dos arquitetos.

Óbvio que tal cozinha não é para alguém fritar um ovo com arroz. Sempre que a family vai veranear provoca azáfama – correria com atrapalhação – entre os empregados, para abastecer freezers e prateleiras. Em geral, um chef escolhido entre os melhores do país acompanha a comitiva.

A House dispõe de várias embarcações de serviço e recreio. O Indiana X que estava atracado lá no dia da reportagem era apenas para os seguranças e domésticos. Vale 200 mil reais, na avaliação do comandante da lancha deste repórter.

A família, quando não voa direto para seu heliponto, usa um tremendo iatezinho compacto Ferretti 40 – os modelos antigos à venda no Mercado Livre valem um triplex.Os iates mais novos, bem equipados, podem valer até 10 cotas daquela cooperativa imobiliária. O Ferretti dos Marinhos não estava no porto e não pode ser avaliado.

O Ferretão, como foi apelidado pelo comandante Bradock, que já prestou serviços à família, é usado quando a prainha privatizada está sob ataque de farofeiros ou sofrendo das raras fiscalizações federais – aí ele navega para outros points privados.
Não se sabe pra onde porque a prefeitura de Paraty, ao imprimir mapas para turistas e escuneiros, fez a cortesia de omitir a (as) praia (s) dos Marinhos. O repórter marcou a Santa Rita com uma seta, na foto abaixo.

Cortesia da prefeitura: praia Santa Rita fora do mapa dos farofeiros

MOTOSSERRA

O problema da Paraty House na Justiça é que para ser construída, premiada e desfrutada pelos pimpolhos dos bilionários, alguns operários tiveram que derrubar árvores protegidas por lei federal – todo verde hoje esmagado pelo concreto da mansão era original até eles desembarcarem no pedaço.

Não foi possível apurar o nome dos carinhas que passaram a motosserra nas árvores.

Assim, eles não poderão ser responsabilizados.

Mas, na outra ponta, nenhum Marinho jamais será punido ou multado – eles usaram uma empresa de fachada para erguer a House.

A empresa aparece como ré no processo do MPF. Chama-se Agropecuária Veine. O responsável é um tal de Celso Campos – ele conseguiu a proeza de ficar de outubro de 2011 a abril de 2014 sem ser localizado por um oficial de justiça.

Alguém no infalível MPF errou o endereço dele da Avenida Copacabana XXX para XYY, apenas 30 metros, o suficiente para Campos nunca ser encontrado. O truque funcionou bem até uma recente troca de procuradores, que descobriram a patacoada.

Os procuradores que se debruçaram sobre o caso disseram à revista americana Bloomberg que “os ricos brasileiros usam as praias públicas como se fossem sua propriedade” – só não deram entrevista pra Globo.

Nos bastidores, eles dizem horrores dos Marinhos, mas sem jamais citá-los oficialmente, já que o réu de fachada é o tal Celso Campos. Este, procurado em Copa, não falou ao DCM.

O que talvez tenha faltado para andar rápido uma ação tão simples – casa erguida irregularmente, praia ocupada na marra, tudo documentado pelo MMA – tenha sido um juiz como aquele paranaense, com seu apetite por enfrentar poderosos.

Na Vara de Angra dos Reis, o processo da Veine se arrasta porque é uma batata quente que ninguém quer segurar. Até o porteiro sabe quem está por trás dela – e não é o Celsinho.

UMA AVÓ COMBATIVA

Quem levantou a lebre foi uma servidora pública federal, concursada, Graziela de Moraes Barros, fiscal do Instituto Chico Mendes (ICMBio), órgão do MMA.

Ela tem apenas 39 anos e já é avó. Mora num sítio escondido numas quebradas e implora pra que o repórter não diga onde é, porque teme represálias.De quem? “Quando fiz a denúncia da casa dos Marinhos, alguém atacou a minha e incendiou meu carro”, conta, sem acusar ninguém.

A Polícia Federal investigou o caso, óbvio que sem sucesso. Hoje, ela anda sempre em carro oficial e acompanhada de uma colega.

Graziela não é mais fiscal. Deu entrevista, na semana do carnaval, em seu escritório na APA Tamoios, no alto de um morro do qual se vê Angra dos Reis e Paraty – a House agora está fora de sua jurisdição.

“Desisti porque passei cinco anos dando murro em ponta de faca. O Estado e a Justiça não enfrentam e nem punem os poderosos. Minha função acaba sendo fazer o papel de polícia contra pescadores e pequenos posseiros”, resmunga, amargurada.

Ela aponta o processo contra os Marinhos como um exemplo de desrespeito: “Eles poderiam ter erguido uma casa menor, de até 200m², o que seria permitido pela lei. Mas fizeram aquele monstrengo de concreto derrubando mata. Foi uma afronta à lei e à natureza”.

Graziela é a estrela da acusação. Ela inspecionou a praia Santa Rita uma vez durante a construção e outra depois que a mansão ficou pronta: “Heliponto e casa devem ser derrubados. A piscina está na praia…” e ela despeja os argumentos que estão no processo iniciado pelo procurador Fernando Lavieri, tim tim por tim tim.

Ela quer os Marinhos fora do pedaço: “Eles entram com recursos e vão rolando. Pagam multas e continuam ocupando a área, esperando tudo cair no esquecimento. Calculo que gastem mais de um milhão em multas e advogados, mas vão continuar lá, porque podem tudo”.

Graziela enumera uma lista de milionários que cometeram crimes ambientais na mesma região. Está desiludida: “Nada vai mudar”.

Na hora da fotografia, Graziela entra em pânico: “Tenho medo de ser exposta”, diz preocupada com sua segurança como se vivesse no meio de uma guerra de gangues. Pede que a foto seja tirada pelas costas, solicitação atendida.

Graziela Moraes Barros: fiscal do ICMBio que primeiro denunciou crime ambiental na obra da Paraty House

A Paraty House foi desenhada pelo arquiteto paulista Márcio Kogan e sua equipe. Não foi possível localizá-lo para saber se ele nunca ouviu falar da proibição de derrubar Mata Atlântica. Se não ensinaram na faculdade dele, consola saber que já existe preservação ambiental até no currículo da escola fundamental.

O projeto original sempre esteve em desacordo com a lei de máximo 200m² porque saiu da prancheta com 840. Aí foram mexendo e subiram para os 1.300.

Como a construção daquele bruto bloco de concreto foi premiada, as opiniões variam de maravilha arquitetônica a monstrengo – no prêmio Wallpaper 2010 os jurados analisaram apenas a arquitetura, sem avaliar o prejú ambiental que ela causou.

Um arquiteto de Paraty, ligado à Organização Caiçara e defensor de quanto mais verde melhor, acha que “a mansão é até bonitinha, mas está totalmente deslocada do entorno. Na mata é um horror. Ficaria bem na Avenida Paulista. Por que tanto concreto no meio da mata”?

O arquiteto diz que “caberiam ali vários chalés de madeira, rústicos, bem mais leves, com o mesmo grau de conforto. Seria de bom gosto e estaria dando sinal de respeito à sociedade”. O homem não quer ver seu nome citado, temendo represálias.

De quem? O arquiteto fica de bico calado – deve temer a mesma gangue que aterroriza Graziela.
O dono de uma pousada – nome omitido porque teme represálias – contou que sua ex namorada, a bióloga Xis, fez um plano de manejo de pesca em cativeiro nas águas da Santa Rita: “Na verdade, o objetivo deles não era pescar, e sim lançar o emaranhado de bóias para demarcar o cativeiro, impedindo atracação de barcos”.


Bóias amarelas para impedir navegação na praia de Santa Rita

Ele disse que moça ficou seis meses só assinando papéis, até que se fartou do negócio e foi morar na Bélgica: “Por favor, não bote o nome dela na reportagem”.

VIAGEM AO PARAÍSO PRIVADO

Depois de realizar várias entrevistas em terra firme, decidi ir à praia dos Marinhos, sem ser convidado, para conferir alguns dados do processo – no final do ano passado um juiz determinou diligências para saber se os parquinhos ainda estavam de pé.

Contratei uma lancha. O simpático comandante não quis ver seu nome aqui, temendo represálias: “Eu vivo do turismo e eles…sabe como é”, disse, parecendo assustado.

Minha lancha zarpou e por alguns minutos da viagem me senti inebriado com toda aquela beleza da baía de Paraty – mas logo veio o medo de enfrentar os tais seguranças armados.

Torci para que um Marinho, com quem troquei cumprimentos anos atrás quando era repórter de O Eco, estivesse tomando café na beira da piscina.

Quase 10 da manhã e eu estava na lancha, com o mar às costas e a mata na frente, temperatura de 22 graus, céu azul – até aquele ponto tudo ia bem.

Pedi para o comandante apagar o motor para gozar o silêncio, mas a barulheira de outros navegantes quebrou o encanto.

Dez e pouco começamos a nos aproximar da mítica Paraty House.

Fui fazendo fotos à distância. Ninguém à vista. Fiquei com aquela sensação de filmes quando vai surgir um dinossauro na praia deserta e só o mocinho não sabe.

Desviamos das bóias fajutas da bióloga da Bélgica e pulei na água – morninha, como contei antes.

Já estava na areia quando, do meio das amendoeiras, surge um guardinha.

Ele veio falando qualquer coisa, de longe, com a mão escondendo o logotipo da empresa e o nome na farda, assim como fazem os PMs quando batem em jornalistas.

Aí, parou na minha frente e me intimou: “Vá embora, você não pode tirar fotos da casa”.

Não vi o segundo guarda e avaliei o perigo: apenas alerta amarelo.

Então, dei um patético carteiraço nele: “Sou jornalista e posso tirar fotos porque esta praia é pública” – e estendi minha carteira da Federação dos Jornalistas.

Na mesma hora contive o riso pela ironia de invocar este direito num solo supostamente sagrado à liberdade de imprensa. Ele nem deu bola pro documento.

O guardinha me mandou embora outra vez, desta vez com a mão na coronha da arma.

Mas, ele não sacou. Ponto para mim. Senti a fraquejada e blefei: “Tá vendo aquela lancha? Tem uma câmera filmando nós dois. Você não manda aqui e só pode ficar dentro da propriedade, não pode nem andar armado na praia” – aí apontei minha Nikon pra ele.

Vapt vupt e o guardinha se esfumaçou. Entendeu que eu não era turista, virou pra esquerda e saiu dando pulinhos na areia – sinal que ele sabia que ali os guardas privados podem ser presos em flagrante por porte ilegal de arma, se não estiverem no perímetro da mansão.

Minutos depois, ele voltou, mais gentil, apelando: “Por favor, é meu trabalho”. Concordamos que eu poderia fotografar tudo, menos entrar na casa – uma banalidade, já que estava vazia.

O guardinha contou que “faz pouco avisaram que o helicóptero vai chegar com a patroa”. Ele não disse o nome, talvez temendo represálias. Trata-se de uma neta de Roberto Marinho. Meu único conhecido não estava na lista de passageiros, ia ser mais difícil me aproximar dela.

Outro problema: quem chega pelo heliponto, atrás da linha da praia e acima da mansão, pode entrar nela por um caminho de espelhos de cristal sobre um lago artificial. Eu não teria acesso àquela área.

Decidi não esperar um improvável convite para o almoço.

Mandei o guardinha sumir da minha frente, ele obedeceu.

E como meu nome não é trabalho, me joguei naquela pintura de água.

Repórter do DCM na praia Santa Rita

Mal voltei do primeiro mergulho e o dono da lancha me lembrou que o taxímetro estava correndo.
Zarpei, com a certeza de que aquela não é minha praia.

Ultrassom israelense destroi tumores


O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) inaugurou nesta quinta-feira (14) um serviço de ultrassom – ondas sonoras de alta frequência que o ouvido humano é incapaz de escutar – para destruir células cancerígenas, sem a necessidade de cirurgia e anestesia. O novo equipamento estará disponível à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar do efeito do ultrassom em tumores já ser conhecido, o novo equipamento consegue focar até mil feixes em um único ponto – com a ajuda de um aparelho de ressonância magnética. Com o calor, as células cancerígenas são queimadas, sem que o aumento de temperatura afete os tecidos saudáveis vizinhos.
Único na América Latina, o aparelho é de tecnologia israelense e custou R$ 1,5 milhão. Segundo Marcos Roberto Buy Viagra Online Pharmacy No Prescription Needed de Menezes, diretor do setor de diagnóstico por imagem do Icesp, seis mulheres já foram atendidas com sucesso para casos de miomas – tumores benignos, de tecido muscular e fibroso, conhecidos por afetar o útero.
O Icesp já solicitou protocolos de pesquisa para testar a eficiência da técnica em metástases – câncer que se espalharam pelo corpo – ósseas.
“Essa tecnologia ainda é experimental, não só no Brasil, como em outros centros do mundo”, afirma Marcos. “No caso das metástases, a aplicação seria um paliativo, mais indicada para reduzir as dores causadas pelo tumor e aumentar a qualidade de vida do paciente.”
Como funciona
O tratamento, no entanto, não serve para qualquer paciente. Um estudo anterior precisa ser feito para saber quem pode passar pelo ultrassom.
“Dois fatores que são levados em conta na escolha das pacientes são o local do tumores e o tamanho deles”, explica o médico do Icesp.
A técnica dispensa o uso de anestésicos. “As pacientes ficam conscientes durante toda a operação, recebem apenas sedativos”, explica Marcos. Segundo o médico, o procedimento não causa dor intensa. “As pacientes costumam reclamar de dores parecidas com cólicas menstruais, mas isso somente durante o exame.”
ultrassom-destroi-miomas.jpgNo caso do uso da terapia contra miomas, as pacientes deitam, de bruços, em uma esteira usada comumente em exames de ressonância magnética. O aparelho de ultrassom fica logo abaixo da cintura.
A grande vantagem é que as áreas ao redor do tumor não são afetadas, a técnica é muito precisa, só ataca onde é necessário”Marcos Roberto de Menezes, diretor dosetor de diagnóstico por imagem do IcespO diagnóstico por imagem permite conhecer as áreas onde estão os miomas.
Após definir os pontos que serão destruídos pelo calor, os médicos começam a disparar as ondas sonoras em pequenos pontos dos tumores. Cada pulso demora apenas alguns segundos. Vários são necessários para queimar uma área inteira. Toda a operação pode levar até, no máximo, 2 horas.
O ultrassom eleva a temperatura das células cancerígenas até 80º C.
“Esse calor destrói qualquer tipo de célula”, diz Marcos. “A grande vantagem é que as áreas ao redor do tumor não são afetadas, a técnica é muito precisa, só ataca o que é necessário.”
Novo laboratório
sala-centro-deinvestigacao.jpgO Icesp também inaugurou o Centro de Investigação Translacional em Oncologia – uma rede com 20 grupos de pesquisa em câncer. O espaço foi aberto em cerimônia que contou com a presença do governador Geraldo Alckmin e de Paulo Hoff, diretor do instituto.
Com uma área de 2 mil metros quadrados, o andar no Icesp vai permitir o avanço em estudos sobre o câncer que reúnam conhecimentos de áreas diversas como a biologia molecular, epidemiologia e a engenharia genética. O custo do investimento foi de R$ 2 milhões.
O objetivo, segundo Roger Chammas, professor de oncologia do Icesp e responsável pelo espaço, é reunir todo o conhecimento que se encontra espalhado nas frentes de pesquisa de órgãos como a USP, o Hospital A.C. Camargo e Instituto do Coração.
Entre os equipamentos disponíveis para receber os grupos de pesquisa estão microscópios a laser, sequenciadores de DNA e centrífugas. Haverá também um banco de amostras de tumores, que serão congelados para conservação.
Essa troca de informações é o que classifica o laboratório como “translacional”.
“Essa palavra quer dizer que os conhecimentos de uma área em medicina são traduzidos para outra, com o objetivo de fazer o progesso das pesquisas ser integrado”, explica Chammas.
Segundo Giovanni Guido Cerri, secretário estadual de Saúde, a importância do espaço está na busca futura de novos tratamentos contra o câncer. “Este novo laboratório e o serviço de ultrassom de alta frequência colocam São Paulo em uma posição privilegiada na rede nacional de atenção ao câncer”, afirma o secretário.
Informa Imprensa Sim Israel