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9.24.2016

Petroleiros a Parente: crime de lesa-pátria


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Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) acusa o presidente da Petrobras, Pedro Parente, de cometer crime de lesa-pátria por ter vendido a canadenses 90% da unidade de gasodutos Nova Transportadora Sudeste (NTS) da estatal, em um negócio de US$ 5,2 bilhões; "A estatal, assim como qualquer outra operadora, será obrigada a pagar o preço que a Brookfield e seus parceiros exigirem, pois não existem outros gasodutos na região", alerta a entidade; "Da mesma forma que aconteceu nas privatizações das distribuidoras do Sistema Elétrico, vai sobrar para a população pagar essa conta", continua o texto; petroleiros acreditam que "a venda da NTS, assim como a da BR Distribuidora e da Liquigás, acelera o desmonte da Petrobras como uma empresa integrada de energia"
  A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou nota em dura crítica à venda de 90% da unidade de gasodutos Nova Transportadora Sudeste (NTS) da Petrobras para um grupo de investidores estrangeiros, liderados pela canadense Brookfield Infrastructure Partners (BIP), confirmada nesta sexta-feira 23. A negociação foi fechada em torno de US$ 5,2 bilhões.
Os petroleiros acusam Pedro Parente, presidente da estatal, de crime de lesa-pátria. A venda, diz a nota, é "mais um crime da gestão Pedro Parente contra o patrimônio público". "A estatal, assim como qualquer outra operadora, será obrigada a pagar o preço que a Brookfield e seus parceiros exigirem, pois não existem outros gasodutos na região", alerta a entidade.
"Da mesma forma que aconteceu nas privatizações das distribuidoras do Sistema Elétrico, vai sobrar para a população pagar essa conta", continua o texto. Os petroleiros acreditam que "a venda da NTS, assim como a da BR Distribuidora e da Liquigás, acelera o desmonte da Petrobras como uma empresa integrada de energia". Leia a íntegra do comunicado:
Entregar gasodutos do país a investidores estrangeiros é crime de lesa-pátria
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou mais um crime da gestão Pedro Parente contra o patrimônio público. A Nova Transportadora do Sudeste (NTS), subsidiária responsável pelo escoamento de 70% do gás natural do país, foi vendida para um grupo de investidores estrangeiros, liderados pela canadense Brookfield Infrastructure Partners (BIP).
A maior e mais lucrativa malha de gasodutos da Petrobrás terá 90% de seu controle nas mãos de um fundo de investimento multinacional, que monopolizará o transporte do gás natural no sudeste brasileiro. A estatal, assim como qualquer outra operadora, será obrigada a pagar o preço que a Brookfield e seus parceiros exigirem, pois não existem outros gasodutos na região. Soma-se a isso o crescimento cada vez maior da produção nos campos do Pré-Sal, cujas jazidas estão justamente no Sudeste.
Da mesma forma que aconteceu nas privatizações das distribuidoras do Sistema Elétrico, vai sobrar para a população pagar essa conta. Além do consumo doméstico, o gás natural é utilizado pela indústria e cada vez mais presente na matriz energética, através das termelétricas. Perde o país, perde a indústria nacional e perde o consumidor.
Além disso, a venda da NTS, assim como a da BR Distribuidora e da Liquigás, acelera o desmonte da Petrobrás como uma empresa integrada de energia. No rastro, virão outros ativos estratégicos, como já aconteceu com Carcará. Pedro Parente anunciou, inclusive, a intenção de privatizar também a Transpetro e as refinarias. Podemos perder muito mais ainda se a Câmara dos Deputados Federais aprovar o PL 4567/16, que tira da Petrobrás a operação do Pré-Sal, bem como a participação mínima de 30% em cada campo que vier a ser licitado.
Estamos, portanto, diante da liquidação do maior patrimônio nacional. O desmonte da Petrobrás será o desmonte do país. Os petroleiros têm travado imensas batalhas para impedir que esse crime se consolide. Essa, no entanto, é uma luta que não venceremos sozinhos. Ou a sociedade se levanta contra a entrega da Petrobrás e do Pré-Sal ou o Brasil perderá de vez o seu futuro.
Informação já havia "vazado" para a mídia
A venda da NTS para o grupo Brookfield já havia sido noticiado pela mídia há mais de 15 dias. O jornal Valor chegou a revelar que a informação privilegiada foi obtida através de "uma fonte com conhecimento da transação". Em nota divulgada no dia 09 de setembro, a FUP questionou a relação promíscua que a atual direção da Petrobrás vem mantendo com a mídia:
"Desde que assumiu a presidência da Petrobrás, Pedro Parente vem recorrendo à imprensa para anunciar propostas e ventilar intenções em relação à empresa e até mesmo aos trabalhadores. Não foi à toa que escolheu a dedo para assessora-lo uma jornalista da área econômica que já passou por veículos como Veja, Folha, Estadão, O Globo e Valor, jornal onde assinava uma coluna até pouco tempo atrás", destacou a FUP.
"Usar a mídia como canal de apoio ao projeto de desmonte da Petrobrás, apesar de questionável, é uma estratégia da gestão da empresa. O que é inadmissível é a imprensa ter acesso a decisões internas da companhia, inclusive, aquelas que são relevantes para o mercado e que deveriam obedecer às regras de confidencialidade. É ainda mais preocupante o fato da mídia divulgar como certa uma transação comercial que sequer foi submetida à decisão do Conselho de Administração", declarou a Federação na época.


Começa a temporada de caça a Michel Temer


Depois de derrubar a presidente Dilma Rousseff e instalar Michel Temer no Palácio do Planalto, a Globo agora descobre que o chamado "petrolão" seria um consórcio entre PT e PMDB; portanto, é chegada a hora de voltar todas as baterias contra os coronéis do partido, presidido por Temer, que fizeram o impeachment para "estancar essa sangria"; reportagem de Época deste fim de semana denuncia o "operador do PMDB", no mesmo momento em que o Supremo Tribunal Federal autoriza a abertura de um procedimento investigativo contra Temer; se ele vier a ser derrubado em 2016, eleições diretas; se isso acontecer em 2017, eleições indiretas comandadas pelo atual Congresso 
  Consumada a primeira etapa do golpe de 2016, com a derrubada da presidente Dilma Rousseff, é a vez de apontar os canhões para Michel Temer.
É isso o que faz a revista Época, da Globo, em sua capa deste fim de semana, que descobre que o chamado "petrolão" não é obra do PT, mas de um consórcio integrado também pelo PMDB, que era presidido por Temer.
Ao noticiar a Operação Arquivo X, que prendeu Guido Mantega em razão da transferência de R$ 5 milhões, por parte do grupo EBX, à empresa Pólis, de João Santana, Época lembra que outros R$ 7,5 milhões teriam sido transferidos pela Mendes Júnior, ao lobista João Augusto Henriques, que seria ligado a Michel Temer e outros dirigentes do PMDB.
Em outra reportagem na mesma edição, Época aponta para Milton Lyra, que seria o operador do PMDB no Senado.
Tudo isso acontece no mesmo momento em que o Supremo Tribunal Federal autoriza a abertura de um procedimento investigativo contra Temer (saiba mais aqui).
Se ele vier a ser derrubado em 2016, haverá eleições diretas no País.
Se isso acontecer em 2017, eleições indiretas comandadas pelo atual Congresso.
Em delação premiada, Delcídio Amaral afirma que Henriques é apadrinhado de Temer. Leia mais abaixo:
Delcídio afirma que Temer chancelou a indicação de ex-diretores da Petrobras
André Richter - Repórter da Agência Brasil
O senador Delcídio do Amaral (MS) disse em depoimento de delação premiada que o vice-presidente da  República, Michel Temer, chancelou a indicação de dois ex-diretores da Petrobras que foram condenados na Operação Lava Jato. Segundo o senador, Temer era “padrinho” de João Augusto Henriques, ex-diretor da BR Distribuidora, subsidiária da estatal, e de Jorge Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras.
Em nota, a Vice-Presidência da República rebateu as declarações de Delcídio, que pediu hoje desfiliação do PT. "Michel Temer nunca foi padrinho de João Augusto Henriques. A indicação do nome dele para ocupar cargo na Petrobras foi feita pela bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, assim como a de Jorge Zelada, posteriormente".
De acordo com depoimento de Delcídio, tomado no dia 11 de fevereiro pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Henriques foi o principal operador de “um dos maiores escândalos envolvendo a BR Distribuidora”, envolvendo uma suposta aquisição ilícita de etanol, entre 1997 e 2000, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Delcídio do Amaral sabe que um dos maiores escândalos envolvendo a BR Distribuidora foi a aquisição ilícita de etanol no período de 1997 a 2000. O principal operador desse esquema foi João Augusto Henriques (ex-diretor da BR Distribuidora), e atualmente preso por ordem judicial da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciaria de Curitiba. A ilicitude ocorreu durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O “padrinho” de João Henriques no esquema do etanol foi Michel Temer, atual vice-presidente da República. A relação entre João Henriques e Michel é antiga e explica a sucessão de Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras. João Augusto foi o primeiro indicado para essa diretoria para substituir Cerveró, entretanto foi vetado pessoalmente por Dilma Rousseff, substituído por Jorge Zelada, indicação do próprio João Augusto”, diz um dos documentos anexados à delação.
Sobre Jorge Zelada, o senador declarou que Temer teve “grande influência” na substituição de Nestor Cerveró, outro ex-diretor investigado e preso na Lava Jato, por Zelada.
O trecho da delação de Delcídio que menciona Temer é o seguinte:
“Que tais diretores ajudavam as empresas e os partidos recebiam "doações" das empresas em troca; Que, por volta de 2007, era necessário votar no Congresso a CPMF; Que a CPMF havia sido aprovada na Câmara e rejeitada no Senado; Que o PMDB da Câmara condicionou a aprovação da CMPF a eles indicarem o diretor da Diretoria Internacional; Que o PMDB do Senado aceitou passar a Diretoria Internacional para o PMDB da Câmara; Que o nome do PMDB era João augusto Rezende Henriques, que era muito ligado a Michel Temer; Que o nome de Henriques foi avalizado por Michel Temer;  Que, no entanto, o nome de João Augusto Rezende foi vetado por Dilma Rousseff (então ministra Chefe da Casa Civil), em razão de ele ter problema no Tribunal de Contas; Que João Augusto Rezende Henriques indicou Jorge Zelada; Que Jorge Zelada foi chancelado por Michel Temer e a bancada do PMDB na Câmara”.

As imagens dispença comentários.


247 – Lula está morto e acabado? Será preso? Será condenado e excluído da disputa presidencial de 2018? Muitas dessas questões têm sido colocadas desde que ele teve sua denúncia aceita pelo juiz Sergio Moro, que poderá fechar a Lava Jato com a condenação àquele que o Ministério Público considera "o chefe do esquema".
No entanto, a uma denúncia que Lula considera de natureza política, e não técnica, ele deu uma resposta também política. Caiu nos braços do povo e foi tratado com idolatria, como uma espécie de Padre Cícero, agarrado e cultuado pela população.
Por mais que as oligarquias políticas sonhem com a sua exclusão do processo sucessório em 2018, uma questão ficará pendente: o que dizer a tantos brasileiros que o consideram o melhor presidente da história?
Leia, abaixo, balanço da assessoria do ex-presidente Lula:
Lula encerrou nesta sexta-feira (23) mais uma visita ao Nordeste. Participou de atividades de campanha eleitoral em sete cidades – BarbalhaCratoIguatu,FortalezaNatalRecife e Ipojuca -, em três estados – Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Deu duas entrevistas para emissoras de rádio, tirou milhares de fotos, conversou com dezenas de candidatos a vereador, autoridades, militantes e populares.
Em todos os lugares denunciou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a ilegitimidade do governo Temer. Defendeu-se da verdadeira caçada judicial e midíatica que vem sofrendo. Apontou os desmandos da Operação Lava Jato, em especial a violência da ação policial contra o ex-ministro Guido Mantega e sua esposa. Fez campanha aberta para os candidatos a prefeito e a vereador do PT e de outros partidos, quando arrastou dezenas de milhares de pessoas para comícios e passeatas.
Mas, principalmente, provou, mais uma vez, do carinho e da emoção que lhe dedicam os nordestinos. Em todos os lugares por onde passou, Lula foi alvo de manifestações de apoio, de solidariedade e de gratidão pelo que fez no Nordeste em seus oito anos de governo.
Evidentemente, nada disso apareceu na grande imprensa. Mas as imagens correram diariamente na internet através de transmissões ao vivo via Facebook - tiveram milhões de pessoas alcançadas e centenas de milhares de visualizações  e das dezenas de fotografias distribuídas na rede.
Tudo isso na semana em que Lula era alvo de mais um ataque da Operação Lava Jato e a dias das eleições municipais. Mas também ao mesmo tempo em que sindicalistas de todo o mundo lançavam a campanha#EstamosComLula.
A força do alcance que a campanha pode obter acaba de ser demonstrada pelos nordestinos. “Lula, seu maior escudo é o povo”, estava escrito em um cartaz levantado por um popular no comício de Barbalha, Ceará. Para quem não cessa de declarar que Lula está acabado, uma imagem fala mais que mil palavras.
Como as que aparecem abaixo e nos vídeos que estão à disposição para quem não viu na página de Lula no Facebook:
Lula abraçado pelo povo, em Barbalha (CE).
Lula sendo recebido pelo povo, em Barbalha (CE). Foto: Ricardo Stuckert Foto: Ricardo Stuckert
O abraço carinhoso em Fortaleza (CE). Foto: Ricardo Stuckert 
Na cidade de Iguatu (CE), Lula vai ao encontro do povo. Foto: Ricardo Stuckert. 

Lula visita a cidade de Iguatu (CE). Foto: Ricardo Stuckert.

O carinho ao ex-presidente Lula veio também do povo de Natal (RN). Foto: Ricardo Stuckert.  

Em Recife (PE), o povo quer chegar perto para expressar o carinho ao ex-presidente. Foto: Ricardo Stuckert. 
Lula é abraçado pela multidão em Recife (PE). 

Lula com a multidão em Recife (CE). Foto: Ricardo Stuckert. 
"Lula, seu maior escudo é o povo". Barbalha (CE). Foto: Ricardo Stuckert.

STF investiga Temer e mensalão de Aécio

Ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, determinou a abertura de uma investigação preliminar sobre a citação a Michel Temer na delação de Sérgio Machado; o ex-presidente da Transpetro diz ter recebido o pedido do então vice-presidente da República de repasse de propina para a campanha de Gabriel Chalita em São Paulo; sobre Aécio Neves, será apurado o recebimento de R$ 1 milhão pelo tucano para financiar deputados que o elegeram presidente da Câmara; o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é quem deve opinar sobre abertura de inquérito; outros políticos alvos de petição são FHC, Agripino Maia, Henrique Alves e Ideli Salvatti; alguns trechos foram enviados para o juiz Sérgio Moro
23 de Setembro de 2016 às 21:03 // Receba o 247 no Telegram Telegram

9.23.2016

Moro autoriza e STF vai receber informações dos arquivos do celular de Odebrecht



O celular de Marcelo Odebrecht não é interessante, por não ter informações do presidente Lula e do PT.


  • Alan Marques/Folhapress
    Sergio Moro é o juiz responsável pela Operação Lava Jato
    Sergio Moro é o juiz responsável pela Operação Lava Jato
O juiz Sergio Moro autorizou o compartilhamento com o grupo de trabalho da Polícia Federal responsável pelos inquéritos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal das informações presentes nos celulares do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht - preso desde 19 de junho de 2015.
A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, ao se manifestar para o juiz Sérgio Moro sobre o compartilhamento material, apontou que "não há como negar a relação entre os fatos apurados perante este juízo e perante o Supremo Tribunal Federal".
Atualmente, existem no Supremo 81 inquéritos contra 364 investigados na Lava Jato, incluindo pessoas físicas e jurídicas e até pessoas sem foro mas que devido ao envolvimento com os parlamentares deverão ser julgados pela Corte máxima.
O aparelho do maior empreiteiro do país foi apreendido na 14ª fase da Operação, deflagrada em 19 de junho de 2015 e que levou à prisão Odebrecht e o empresário Otávio Marques, da Andrade Gutierrez.

No celular de Odebrecht, que está em vias de fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, foi encontrado um conjunto de siglas com referência a políticos, frases cifradas e codinomes que revelaram a proximidade do empreiteiro com o mundo político.
Quando o material veio à tona, a Polícia Federal utilizou tarjas para preservar os nomes dos políticos com foro privilegiado, principalmente os politicos do PSDB, justamente pelo fato de as investigações estarem no âmbito da primeira instância judicial naquela época.
Muitas mensagens já foram decifradas pelos investigadores em Curitiba. Eles descobriram a existência de um "departamento de propinas" que funcionava na empresa e envolvia não apenas obras na Petrobras.
Desde que o funcionamento do departamento foi revelado, em março deste ano, a cúpula da empreiteira, incluindo Marcelo Odebrecht, decidiu colaborar com as investigações.
Agora, além da força-tarefa em primeira instância, os investigadores da Diretoria de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal em Brasília também vão poder aprofundar nas investigações, mirando em políticos que detêm foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal e cujos nomes e contatos estão armazenados no aparelho do empreiteiro.
A Lava Jato já conseguiu cruzar os conteúdos das mensagens de celular e anotações na agenda eletrônica do Marcelo e descobriu pouca coisa da missão de incriminar o PT e o Lula. Como diria o FHC "isso não vem ao caso"


Jandira Feghali: Não há como proibir o Uber, mas não pode haver competição desleal com o táxi




A candidata do PCdoB à Prefeitura do Rio de Janeiro, a deputada Jandira Feghali, começa a série de entrevistas com pleiteantes ao cargo de prefeito ou prefeita da capital fluminense pelos próximos quatro anos. Saúde, educação, mobilidade urbana, segurança pública e legado dos Jogos Olímpicos de 2016 são os temas comentados por todos os candidatos.
Jandira Feghali é médica, tem 59 anos, filiou-se ao PCdoB no início dos anos 80. Elegeu-se deputada estadual pelo Rio de Janeiro em 1986 e está em seu sexto mandato como deputada federal. A candidata integra a coligação "Rio em Comum", composta pelo PCdoB e pelo PT, e cujo vice é o ex-vereador Edson Santos (PT), que já exerceu dois mandatos na Câmara dos Deputados e foi ex-ministro-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do governo Lula.
Confira a entrevista com a candidata Jandira Feghali:
Jornal do Brasil - Há legado dos Jogos Olímpicos para a cidade? Se sim, que tipo de benefício eles podem trazer à população? Se não, quais foram as falhas na execução da Olimpíada e na forma como esses legados foram construídos?
Jandira Feghali - O legado real não existiu. A mobilidade ainda continua péssima em pontos da Zona Oeste e Norte, a Prefeitura se virou apenas para os interesses dos empresários e esqueceu por completo o resto da cidade. A Linha 4 do metrô, por exemplo, gastou bilhões para levar de Ipanema à Barra, enquanto podia-se com a mesma verba termina a linha 2 até Santa Cruz. Os equipamentos olímpicos, que são estruturas obrigatórias, devem ser incorporadas ao uso da população, com acesso das escolas, formação de atletas e capacitação de profissionais. São da cidade e, é claro, de nosso povo.


Jandira: "A gestão do município foi sequestrada pelas empresas há muito tempo"
Jandira: "A gestão do município foi sequestrada pelas empresas há muito tempo"
Jornal do Brasil - Muito embora se argumente que hospitais estaduais foram municipalizados e que houve investimentos, a população se queixa muito da saúde na cidade. De onde vem essa percepção da população, que é a real usuária do serviço?
Jandira Feghali - Primeiro porque o Sisreg, na prática, não funciona. O Município não regula de forma eficaz as consultas e leitos, nem tem sua rede integrada em todas as unidades. Para se ter uma ideia, a Clínica da Família atende os moradores de uma rua e, dependendo de for, os moradores da rua ao lado não são atendidos. Ou seja, a percepção é clara que não funciona nada e não há gestão competente. Além de integrar o Sisreg na cidade, vamos ampliar as clínicas da família e criar o horário noturno, para fazer a Atenção Básica alcançar mais pessoas, principalmente os trabalhadores. Também vamos completar as equipes de profissionais de saúde com médicos, enfermagem, psicólogo, fisioterapeuta e pediatra, além de revisar o modelo das OS's.  
Jornal do Brasil - Diante de históricas reivindicações de professores por melhores condições de trabalho e valorização da carreira, como a senhora pretende melhorar a educação pública na capital fluminense?
Jandira Feghali - O plano de cargos e salários da Prefeitura só favorece 7% da categoria, que são 40 horas. É preciso reconhecer outras formas de contrato e rever o PCCS com a participação dos trabalhadores em educação. O plano também não valoriza a formação específica do professor, o que é errado. A gente foi beber na fonte de sabedoria de Brizola e Darcy Ribeiro, por isso queremos escola em tempo integral, com comida de qualidade, turno estendido com cultura e esporte. Dar a tranquilidade à mãe de que o filho está sendo capacitado para o futuro com um ensino moderno.
Jornal do Brasil - As propostas de mobilidade urbana sofreram muitas críticas, desde a descaracterização até a extinção de linhas que ligavam a zona norte à zona sul da cidade, no caso dos ônibus. Como se resolve essa questão?
Jandira Feghali - Quando se fala em transporte no Rio eu ressalto logo que é preciso auditar profundamente as contas da Prefeitura no que tange também as empresas de ônibus. Abrir as planilhas, expor a realidade. A gestão do município foi sequestrada pelas empresas há muito tempo, o que fez com que os interesses da população fossem escanteados. O VLT, por exemplo, já nasce saturado na Zona Oeste e obrigou o morador a pegar mais conduções para chegar até ele. Em alguns casos, anda-se muito e perde-se tempo até ir às estações do VLT. Temos que investir em trilhos e não rodas, além de integrar os modais. Uma de nossas propostas nesta área é o Passe Livre Social, que dará gratuidade aos três níveis de estudantes da rede pública, cotistas universitários, beneficiários do FIES, Prouni, cadastrados no bolsa-família, desempregados e trabalhadores informais.  
Jornal do Brasil - Há uma polêmica muito grande em torno da regularização do Uber. Alguns candidatos dizem que vão extinguir o serviço, enquanto outros sinalizam para a taxação. Há, ainda, os conflitos de taxistas com motoristas do Uber. Como resolver essa questão sem demagogias?
Jandira Feghali - No táxi, é preciso garantir a autonomia diretamente para o taxista, vedando a entrega às empresas. Sobre o Uber, regulação, cadastramento e fiscalização. Não há como proibir serviços inseridos na "economia do compartilhamento", mas não pode haver competição desleal entre as duas modalidades.
Jornal do Brasil - No primeiro debate na televisão houve divergências quanto à maneira da Prefeitura lidar com a questão da segurança pública. Ela é sobretudo de responsabilidade do Governo do Estado? Desmilitarizar, armar a Guarda Municipal ou há um meio termo para evoluir nesse tema?
Jandira Feghali - Entendo que o trabalho de garantia da ordem urbana deva ser com orientação de evitar delitos e proteção ao cidadão e cidadã. Queremos ampliar o efetivo da guarda ao invés de contratar empresas privadas de segurança. A Guarda Municipal deve funcionar como mediadora de conflitos. Queremos implementar a política de prevenção de delitos e crime contra as pessoas, principalmente próximos às escolas. Não terá armas e nem fará repressão aos camelôs, que deverão ser cadastrados, licenciados e alocados de forma organizada no espaço urbano. Deverá ser comandada por um profissional da carreira e não pela PM.

O sentido da reforma apressada do 2º grau


Valter Campanato/Agência Brasil: <p>Brasília - Presidente Michel Temer e o ministro da Educação, Mendonça Filho, durante cerimônia de assinatura da MP para reestruturação do ensino médio (Valter Campanato/Agência Brasil)</p>
"A MP do ensino médio, que Temer assinou nesta quinta-feira, é um primeiro passo para a adoção do projeto 'escola sem partido', expressão que na verdade significa escola insípida e técnica, que não forma cidadãos críticos diante do mundo mas jovens preocupados com o 'sucesso' imediato", diz a colunista Tereza Cruvinel, ao comentar a medida provisória apresentada pelo ministro Mendonça Filho, que flexibiliza as disciplinas do segundo grau; "Lamentavelmente, mudança tão importante foi adotada unilateralmente, sem qualquer debate prévio com a sociedade, com os especialistas em educação, com as entidades que congregam os estudantes e  também com os pais"

Por que Cristovam Buarque(golpista) não merece mais ser chamado de professor


Geraldo Magela/Agência Senado:
Jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, questiona em que o senador "difere, em seus atos, de um Magno Malta ou de um Jair Agripino Maia, seus parceiros de golpismo e de sabujismo a Temer?"; "Li uma breve manifestação do senhor Cristovam Buarque sobre a reforma educacional proposta pelo Governo Temer. Ele elogia a volta da divisão escolar, lembrando do 'clássico' e do 'científico' que existiram até os anos 60. Só um energúmeno pode fazer algo assim, sobretudo quando viveu aqueles tempos", 
Não gosto de dirigir ofensas pessoais a ninguém, mas há horas em que a dignidade nos obriga a dizer verdades que, na consciência plena de culpas de um traidor ou de um fariseu, soam como ofensivas.
Li uma breve manifestação do senhor Cristovam Buarque sobre a reforma educacional proposta pelo Governo Temer.
Ele elogia a volta da divisão escolar, lembrando do “clássico’ e do “científico”  que existiram até os anos 60.
Só um energúmeno pode fazer algo assim, sobretudo quando viveu aqueles tempos.
Para quem não os viveu, eu conto.
O curso “Normal” (que não se perca pelo nome) era para as “moças”, que ou seriam professoras primárias ou, tendo outras aspirações deveriam fazer o clássico, para seguir carreiras “recatadas”, das artes e do espírito,  bem como os homens que visassem a formação superior em Ciências Humanas.
Já os rapazes “pragmáticos” faziam o científico, como fez Cristovam para ser engenheiro.
As disciplinas pouco diferiam, mas a ênfase, sim.
A alternativa era o curso técnico, onde também imperava o sexismo. Na minha turma – a de 74 – da Escola Técnica Federal, hoje Cefet, havia apenas uma mulher, porque o curso não era para “meninas” que, afinal, não se prestavam a estas coisas mecânicas e não era bom que conhecessem tornos, fresas, forjas ou fundições, em lugar de panelas, caçarolas, frigideiras ou travessas.
É óbvio que o ensino médio precisa de cursos técnicos. Orgulho-me do meu.
Mas o que se está fazendo não é colocar mais áreas de conhecimento à disposição dos que as desejem, mas tirar algumas que são necessárias à construção de seres humanos plenos.
Para que artes, se não é necessário expressar sentimentos, impressões, sensações, se não é necessário compreender que é por ela e com ela que o homem, desde as cavernas, começou a escrever e contar e transmitir conhecimento?
Não sei se o senhor leu Nossa Senhora de Paris – talvez só tenha assistido a sua versão Disney, “O corcunda de Notre Dame”. Mas se acaso o leu, talvez se lembre da cena em que Cláudio, o arcediago da Catedral, aponta um dedo para as torres da igreja, com seus gárgulas e pousa a mão sobre um livro, dizendo “isto substituirá aquilo”.
Porque, até então, sem letramento, só a monumentalidade da arquitetura era capaz de levar a todos ideias, sentimentos, símbolos.
O conhecimento, se o senhor ainda fosse um professor saberia, não é um castelo onde seja dispensável conhecer alguns compartimentos que “não vêm ao caso”.
Para que é que um jornalista deveria saber matemática, não é mesmo, ex-professor? Ou para que um engenheiro mecânico como o senhor deveria saber algo sobre filosofia?
Pois eu não sei se o senhor, depois de ser apresentado como “intelectual” ainda precisa saber como se decompõem os vetores de força numa das belas estruturas que o Niemeyer fez aí em Brasília, para entender porque aquilo para de pé e não cai.
Mas eu, jornalista, sou imensamente ajudado pela capacidade que adquiri ao entender o que é “limite”, o que é “função”. E, talvez, para dizer ao senhor que matemática vem do grego que, livremente traduzido, quer dizer “o que se relaciona ao aprendizado”.
Já que não tenho certeza que o senhor tenha lido Victor Hugo, espero que, como muitos de nós, aí pelos 60, tenha lido “O Homem que Calculava”, de Julio César de Mello e Souza, o Malba tahan.
O senhor há de recordar que Beremiz Samir, o tal homem, foi desafiado a ensinar matemática à princesa Telassim, pois que era impossível que uma mulher aprendesse as artes dos números, que só importavam no “mercado”, coisa que não era para elas.
E a primeira frase que Beremiz lhe diz é: “Medir, senhora, é comparar”.
Pois eu, como Beremiz ensinava, o meço, senhor Cristovam, comparando-o: em que o senhor difere, em seus atos, de um Magno Malta ou de um Jair Agripino Maia, seus parceiros de golpismo e de sabujismo a Temer?
Mas me penitencio, também, não apenas por um dia lhe ter dado o meu voto, como por não o chamar mais de professor.
Afinal, o senhor ainda ensina. Ensina, pelo exemplo negativo,  como um homem não deve apodrecer com o tempo.

Líder nas pesquisas em Curitiba, Greca confessa ter nojo de pobres

Paraná 247 - Ao participar de uma sabatina na PUC nesta quinta-feira 22, intermediada por alunos e professores da instituição, o candidato à prefeitura de Curitiba, Rafael Greca (PMN), admitiu que tem nojo de pobres.
"Eu nunca cuidei dos pobres, a primeira vez que eu carreguei um pobre no meu carro eu vomitei por causa do cheiro", declarou o ex-prefeito, que lidera as pesquisas de intenção de voto na capital.
O vídeo está tendo grande repercussão nas redes sociais nesta sexta-feira 23. Pelo Facebook, ele disse que "descontextualizaram" sua declaração, que na verdade queria comentar "sobre o quão difícil é o trabalho de resgate social", e que admira esses profissionais.
A explicação, porém, em nada muda sua fala. Assista ao vídeo e em seguida confira o post de Greca:

Lula: Moro se aliou à Globo e condena pela imprensa


Em entrevista à Rádio Jornal, do Recife, ex-presidente afirma que o juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, "tem uma teoria equivocada"; "Ele construiu com a Globo a tese de que não é possível condenar ninguém se não for pela imprensa. Toda quinta-feira tem uma manchete. Vaza e ninguém sabe quem vazou. Antes de provar se é verdade ou não, vai sair cinco manchetes de jornal. Você já está condenado", critica; Lula defende a regulamentação da mídia e diz que "uma parte da imprensa virou partido político"; sobre a Lava Jato, declarou: "Não sei aonde essa gente quer chegar. Você pode fazer investigação sem quebrar as empresas"

Dignidade não pode ser esquartejada



REUTERS/Nacho Doce

    Seria preciso regredir a primeira metade do século XVIII e aos tempos do absolutismo para compreender o grau de barbárie a que o economista Guido Mantega foi submetido na manhã de quinta-feira. Você provavelmente já sabe: acompanhando a mulher que era submetida a uma cirurgia para operar um câncer, no Albert Einstein, em São Paulo, Mantega foi retirado do local pela Polícia Federal, que cumpria um mandato de prisão assinado pelo juiz Sérgio Moro, revogado após cinco horas.
         Naquela longa fase da história da humanidade anterior ao nascimento dos direitos humanos como um valor universal, o suplício de pessoas condenadas – não é o caso de Mantega, diga-se – ocorria em praça pública. Antes de serem executadas, eram torturadas e, em alguns casos esquartejadas. A multidão aplaudia numa espécie de transe, e até pedia mais. Profissionais da morte e do sofrimento, os carrascos chegavam a ser personagens populares nas grandes cidades. Minutos antes de perder a cabeça na guilhotina de Paris, o revolucionário Danton pediu ao matador que a mostrasse ao povo reunido na praça da Revolução -- hoje da Concordia -- pois queria que a  multidão visse “como é bela”.  
         Tentando explicar essa imensa evolução no direito e na sensibilidade humana, a historiadora Lynn Hunt lembra, num livrinho particularmente instrutivo, (“A Invenção dos Direitos Humanos”) que a noção de que todos são iguais perante a lei e assim devem ser tratados, é uma novidade recente da civilização, embora seja uma ideia tão repetida que parece ter vigorado já na idade das cavernas.
         Na realidade, não chega a ter 300 anos de existência no passado deste bípede que anda pela Terra sabe-se lá quantos milhares de anos. Para Hunt, homens e mulheres precisaram superar vários degraus de cultura primitiva, baseada na desigualdade entre os homens e na tirania mais bruta do Estado sobre os indivíduos, para compreender que era necessário desenvolver uma relação de empatia de cada pessoa com toda a humanidade, única forma de garantir que não se faça com o próximo  daquilo que não se deseja para si mesmo.
        Hunt localiza o nascimento dessa ideia nos debates que deram origem à Constituição dos Estados Unidos, de 1776, confirmada pela Declaração dos Direitos do Homem da Revolução Francesa, de 1789. Foram decisões que representaram um imenso progresso, lembra, ainda que tenham ocorridos recuos graves, mais tarde, pois além da luta política, também havia uma disputa cultural. Hunt está convencida de que, criando epopeias românticas que envolviam heróis e heroínas de terras distantes, em sociedades da Ásia ou da África, que cultivavam costumes vistos como exóticos em Londres ou Paris, os noveleiros daquele tempo, que escreviam folhetins publicados em sequência pelos jornais, cumpriram um papel positivo no esforço para criar uma cultura de uma sociedade onde a igualdade é um valor fundamental.
       A experiência futura ensinou que, como a luta global pela democracia, a defesa dos direitos humanos é um esforço que nunca termina. A opressão da mulher prosseguiu pelos séculos seguintes, a escravidão permaneceu como uma vergonha duradoura. A dominação de povos frágeis, do ponto de vista econômico, é uma realidade até hoje. A tortura jamais foi inteiramente abolida. Chegou a ser sistematizada pelo Exército francês na guerra da Argélia, nos anos 1950. Empregada em interrogatórios de prisioneiros na guerra do Vietnã, foi  admitida por decreto de George W Bush após o 11 de setembro, numa regressão cujo maior exemplo é a prisão de homens sem direitos de Guantânamo. Há outros exemplos, mas este é o espírito da coisa.    
        No Brasil, a igualdade está presente em todas as Constituições escritas desde a independência. Mas foi na última, em 1988, que os constituintes providenciaram um longo e detalhado artigo, número 5, onde os direitos individuais são definidos de forma ampla e detalhada. Entre várias providências essenciais, como a proteção absoluta a liberdade de expressão e a proibição da censura, a Carta chamada “cidadã” pune a tortura como crime imprescritível, inafiançável. A partir deste artigo, que acertava contas com a ditadura de 1964, define-se, a começar pela defesa da integridade do corpo humano, a supremacia dos direitos do indivíduo frente ao Estado, que dá base para a noção de que todos são inocentes até que se prove contrário.
       Um dos pontos essenciais dessa visão universal foi estabelecida por Voltaire, o mestre do iluminismo, para quem “é preferível um culpado solto do que um inocente preso”.
        Em setembro de 2016, o repúdio a uma medida truculenta e desnecessária levou Moro a revogar o mandato contra Mantega, que, nos governos Lula e Dilma, somou a mais longa permanência continua no posto de Ministro da Fazenda em nossa história republicana.
        Arrancar uma pessoa com endereço conhecido, que jamais se negou a prestar esclarecimentos solicitados, da companhia de uma mulher que desde 2011 luta de forma corajosa contra um câncer, não é apenas uma medida desnecessária.
       É um ataque a sua dignidade, que não pode ser esquartejada em praça publica.
       Isso interessa a quem promove o espetáculo da honra ferida, da cidadania diminuída, quem sabe atemorizada. 
       É uma forma de colocar o interesse do Estado por cima dos direitos do cidadão, quando seria perfeitamente compatibilizar uma coisa e outra.
       A menos, claro, quando o show para a TV é a prioridade sobre todas as coisas.  
       Mesmo correta, a decisão de Moro não foi capaz de evitar um escândalo numa Operação marcada por outras denúncias que envolvem a violação de garantias constitucionais.
       A primeira investigação, na pré-história da Lava Jato, envolveu um grampo telefônico que violava o sigilo das conversas entre um cliente -- assessor do falecido deputado José Janene – e seu advogado, garantido pela Constituição.
       Quebrado por uma longa prisão preventiva, que incluía feriados sem banho de sol e sem visitas familiares, previstos em lei, o diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa fez uma delação premiada que mudou o curso de toda investigação.
       Um ano mais tarde, o senador Delcidio do Amaral foi preso de forma ilegal, pois um parlamentar só pode ser levado para a cadeia em caso de flagrante, o que não era seu caso. Delcídio afirma que só decidiu falar depois de ser mantido incomunicável numa cela sem luz da Polícia Federal em Brasília, onde chegou a bater na porta pedindo por socorro mas não foi atendido.
       Muitas pessoas costumam assumir uma postura tolerante diante de atos dessa natureza, com o argumento nocivo de que finalidades nobres podem justificar o emprego métodos condenáveis.
      A verdade é que, justamente porque vivemos numa sociedade onde os homens têm direitos iguais, uma postura flexível diante dos ataques aos direitos de determinados indivíduos cedo ou tarde cobra um preço muito mais alto sobre o conjunto das instituições de governo. As prisões preventivas sem motivação justificável, empregadas com a finalidade óbvia de obter delações premiadas, são definidas como uma forma de tortura por juristas à prova de qualquer suspeita pelas preferências políticas dos acusados – e parece difícil encontrar, ao menos entre pessoas capazes de empatia pelo sofrimento alheio, este traço peculiar do aprendizado democrático segundo Lynn Hunt, quem conteste essa noção.
       “Morra, terrorista” gritavam na rua para a guerrilheira Cida Costa, no momento em que era conduzida à prisão, na década de 1970. A própria Cida não foi executada, embora isso não fosse incomum, na época.
        Da mesma forma que o choque elétrico e o pau de arara se tornaram peça essencial na ditadura militar, num circo de horrores onde chefes de tortura eram glorificados pelos jornais, promovidos e recebiam medalhas em datas cívicas, é difícil negar que a tolerância e mesmo aplauso diante de abusos e medidas de exceção da Lava Jato seja responsável pela criação de um ambiente político de conivência que permitiu o golpe de 31 de agosto, numa trama que produziu o impeachment sem prova de Dilma Rousseff, para dar posse a um sucessor envolvido nos mesmo crimes pelos quais ela foi afastada – sem falar em práticas pelas quais a presidente jamais foi acusada, inclusive uma condenação pela Justiça Eleitoral.

Está claro para quem, cara pálida?


O Psol não é antipetista, está à esquerda do PT

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por Gilberto Maringoni
A Folha publicou nesta quarta (21) o artigo "PSOL deveria mirar o exemplo europeu ao tentar fragilizar o PT", de Mathias de Alencastro.
O mote é aparentemente nobre: como unificar as candidaturas progressistas e evitar uma vitória da direita na eleição paulistana?
Segundo o articulista, "a duas semanas do primeiro turno, está claro que para o PSOL as eleições municipais são uma oportunidade histórica de tomar o lugar do PT como líder da esquerda".
Claro para quem, cara pálida?
O objetivo do PSOL é engrossar o movimento social que cresce de norte a sul contra o golpe de direita, perpetrado por PMDB, PSDB e DEM, impulsionado pela mídia e sob os auspícios do grande capital.
O objetivo do PSOL é combater a onda reacionária que se materializa no tripé congelamento dos gastos públicos, retirada dos direitos dos trabalhadores e avanço das privatizações.
É impedir o rompimento dos pactos democráticos de 1988 (Constituição Cidadã) e de 1943 (CLT).
Apesar de os governos petistas terem propiciado avanços sociais em tempos de demanda externa aquecida, quando os ventos mudaram, logo capitularam ao ajuste fiscal radical, que marcou o segundo mandato de Dilma Rousseff.
O PSOL não almeja ser um partido antipetista, mas um partido à esquerda do PT.
Até porque o PT não se resume à sua direção e há incontáveis petistas de valor. É algo vital em uma sociedade que enfrenta a mais grave recessão desde 1933.
Por força de sua pequena e aguerrida bancada e de sua militância, o PSOL saiu com grande autoridade política do processo de golpe, denunciando e iniciando o processo que resultou na cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Por isso, o partido foi brindado com a chamada Lei da Mordaça —13.165/2015—, que o condena à invisibilidade de dez segundos nas inserções de TV e rádio. Obra de Eduardo Cunha, sancionada por Dilma.
Este espaço não me permite examinar as rasas apreciações de Alencastro sobre partidos de outros países.
Vou me ater ao Syriza. Em um cenário complexo, a agremiação de Alexis Tsipras sofreu pesado ataque da troika —Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI— e conheceu forte isolamento internacional.
O país de 11 milhões de habitantes e com um PIB quase 1/14 o da Alemanha foi derrotado por uma correlação de forças adversa.
Mathias de Alencastro não vê isso, assim como passa por cima de situações intrincadas aqui no Brasil.
Apenas quero lembrá-lo que unidade se faz a partir de um programa comum e não por negociações de tempo de TV ou acertos pouco claros.
O resto é briga de torcida.







Moro mentiu para prender Mantega

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(Na foto, Sergio Moro em palestra recente no Instituto Lide, ligado ao PSDB, e controlado por João Dória, candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo. Quanto ganhou de cachê? Ou será que doou o cachê para a campanha de Dória?)
O jornalista Fernando Molica denuncia em seu blog, com provas, não com convicção, que o depoimento de Eike Batista, usado por Sergio Moro como principal - na verdade, única - base legal no pedido de prisão de Guido Mantega, não trazia nenhuma acusação contra o ex-ministro.
Sergio Moro mentiu.
Sergio Moro distorceu o depoimento de Eike Batista, de maneira a tirar dele uma interpretação completamente desconectada do que o empresário de fato disse aos procuradores.
Batista, em seu depoimento, fez questão de inocentar Guido Mantega, e não acusá-lo. E ainda enfatiza que fazia doações para todos os partidos, inclusive para Cristovam Buarque, o hipócrita que se tornou golpista sabe-se lá com que interesses.
Sergio Moro mentiu para poder tirar a liberdade de um cidadão brasileiro.
Sergio Moro mentiu para poder interferir no processo eleitoral de uma das maiores democracias do planeta.
Sergio Moro mentiu para dar continuidade a uma farsa que já transformou nossa democracia numa miserável republiqueta de bananas.
Sergio Moro mentiu para ajudar o golpe.
Sergio Moro acaba de voltar dos Estados Unidos, onde deu palestras, por um cachê que não precisa revelar ao público, porque um STF acovardado e cúmplice do golpe, acaba de mudar a regra que obrigava os juízes - que são, afinal, simples servidores públicos - a informarem o cachê pago por participação em eventos e estabelecia alguns limites.
Agora não. Agora o cachê pago a juízes é sigiloso e não tem mais limites. E isso apesar dos juízes brasileiros - junto com promotores - receberem os maiores salários pagos no planeta para funções similares.
Na série Billions, o procurador da região sul de Nova York, revela seu salário: 185 mil dólares por ano, ou 15 mil dólares por mês - nos EUA, não tem 13º salário. Isso num país com um custo de vida bem superior ao nosso.
Aqui no Brasil, Sergio Moro recebeu, apenas num mês, R$ 77 mil.
Pesquisa recente revela que o Judiciário brasileiro é, proporcionalmente ao PIB, seis vezes mais caro que o Judiciário dos Estados Unidos.
Bem vindos à ditadura do judiciário mais corrupto, mais caro e mais golpista do mundo!
O Cafezinho pede licença a Fernando Molica para reproduzir o seu post.
***
Ao MPF, Eike negou motivo alegado por Moro para prender Mantega
Por Fernando Molica, em seu blog
em 22 de setembro de 2016
Eike Batista, em seu depoimento a procuradores da Lava Jato, não fez qualquer relação entre contratos do Consórcio Integra com a Petrobras e o pedido de contribuição de R$ 5 milhões para o pagamento de dívidas do PT que, segundo ele, foi feito por Guido Mantega. A OSX Construção Naval, de Eike, fazia parte do consórcio.
No despacho/decisão em que determinou a soltura do ex-ministro, Sérgio Moro afirma que as decisões relacionadas à nova fase da Lava Jato, entre elas a prisão de Mantega, estavam ligadas "a propinas em contrato da Petrobrás com o Consórcio Integra".
Moro cita a entrega da quantia que teria sido pedida por Mantega:
"O pagamento estaria vinculado ao esquema criminoso que vitimou a Petrobrás e a propinas também pagas a agentes da Petrobrás no âmbito do contrato da Petrobrás com o Consórcio Integra", escreveu o juiz.
A ausência de ligação entre o pedido do ex-ministro e a Petrobras foi reafirmada em nota divulgada, nesta quinta-feira, pelos advogados de Eike. A relação entre a suposta solicitação de Mantega e a estatal é que justifica o fato de a investigação sobre o suposto ato do ex-ministro ser conduzida pela Força-Tarefa da Lava Jato. Mantega foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
No despacho/decisão anterior, que determinara a prisão de Mantega e de outros suspeitos, Moro cita outros depoimentos que indicariam fraudes em contrato da Petrobras com o Consórcio Integra. O nome de Mantega, porém, não é mencionado nesses relatos.
Formado pela Mendes Junior e pela OSX, o consórcio, em julho de 2012, assinou com a Petrobras um contrato de US$ 922 milhões para a construção de duas plataformas de construção de petróleo. A conversa com Mantega, segundo Eike, ocorreu em novembro, cinco meses depois.
No depoimento, Eike nega que tenha feito qualquer pagamento ilícito relacionado ao contrato. A transcrição oficial da conversa mostra que um dos procuradores perguntou se empresas de Eike tinham algum contrato "relacionado a plataforma". O empresário disse que sim, com a Integra, e citou a Mendes Junior - disse que havia cedido um espaço para a empreiteira, que era responsável pelos contatos com a Petrobras. Frisou que não era bem visto na estatal: "Eu era o diabo lá dentro", disse.
Um dos procuradores perguntou:
"E nesse relacionamento, esse contrato com a Petrobras, considerando o contexto da Lava-Jato, o senhor teve ciência ou participou de algum ato ilícito?"
Eike respondeu:
"A estrutura nunca... Olha, de novo, a gente entrou nessa operação com a área, o espaço, acho que tem o contrato né, que rege, qual é o contrato que existe com a Mendes Junior?"
O representante do Ministério Público Federal foi mais direto:
"Mas só voltando objetivamente, a pergunta que eu fiz ao senhor: o senhor tem conhecimento ou teve participação em algum ato ilícito ligado a esse contrato?"
Resposta do empresário:
"Absolutamente não."
O procurador insistiu:
"Certo. O senhor teve algum relacionamento... "
Eike:
"Até porque não faz parte da cultura nossa, por favor, eu não...".
O representante do MPF continuou, mas Eike ressaltou que não participara de nada ilegal e ressaltou que, por estar envolvido na exploração de petróleo, não tinha boa relação com a Petrobras e que estava de fora do "clube", uma suposta citação a esquemas irregulares de empreiteiras na estatal:
"MPF: Perguntamos isso, senhor Eike, porque vendo a lava-jato, isso aconteceu diversas de outras vezes. Então nunca foi solicitado ao senhor, digamos, comissionamento para a Petrobras?
DEPOENTE: Olha, eu era como um jogo fora do baralho. É só vocês verem o que aconteceu. Por que que o Eike Batista não está na Lava-Jato? Não está envolvido com Petrobras? Por que? Eu com os empreiteiros, eu era um bicho que as pessoas nem sabiam me interpretar. O que eles faziam era o seguinte: vamos sugerir para a Petrobras construir um novo porto. Essa era a cultura. Um cartel e o Eike Batista que trazia empresas estrangeiras e capital próprio, não encaixava. Esse clube... eu não fazia parte desse clube. E sempre fui expulso do clube."
Depois, o procurador perguntou se ele conhecia operadores financeiras denunciados na Lava Jato. Eike negou conhecer, entre outros, Alberto Youssef, Mario Goes e Milton Pascowitch. O empresário disse que chegou a ser procurado por Fernando Soares, o Fernando Baiano, mas disse que a conversa não estava relacionada à Petrobras.
No depoimento, Eike diz que Mantega pediu os R$ 5 milhões para pagamento de despesas de campanha:
"Então numa dessas visitas aconteceu precisamente no dia 1º de novembro de 2012, no Gabinete do Ministro MANTEGA, houve um pedido para que eu contribuísse para campanha, para é (...), despesas, porque a campanha já tinha passado, despesas para campanha."
Os procuradores também quiseram saber se o dinheiro iria para o PT e se Mantega fizera alguma ameaça caso a contribuição, que acabaria sendo paga à publicitária Mônica Moura, não fosse entregue.
O empresário negou qualquer ameaça, mas deu a entender que, por conta do volume de seus investimentos, não iria contrariar o ministro:
"MPF: Me permita que... um outro questionamento, senhor Eike. Isso tinha por objetivo de certa forma repassar valores para o Partido dos Trabalhadores?
DEPOENTE: Claro. No fundo, no fundo sim. O Ministro de Estado me pediu, que que você faz? Eu tenho 40 bilhões investidos no país, como é que você faz?
MPF: Ele fez algum tipo de ameaça ao senhor? Fez assim, olha, se não acontecer isso, vai acontecer aquilo?
DEPOENTE: Não, não. Não. Isso nunca existiu. Até porque o capital era meu. Não tinha o que me dar."
Na conversa com os procuradores, Eike entregou uma lista de contribuições de campanhas a partidos políticos, revelou que também fez doações para outros partidos, entre eles, o PSDB:
"Depoente: Eu devo ter. Então, como eu fazia, eu fazia muito no espírito - está aqui, eu tenho aqui - assim democrático, como meus projetos eram muito grandes, estavam em todos os Estados, se nos, quer dizer, achamos que temos uma democracia, eu participei de praticamente em 2006 com o mesmo volume de recursos R$ 1 milhão para o PT, PSDB, é (...) tudo isso daqui a gente pode deixar aqui né."
Citou também doação para o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) - seu nome foi transcrito como "Cristovom":
"Pelo menos, olha, eu acho quem agradeceu foi quem eu não conheço, o CRISTOVOM BUARQUE, esse é educado, o resto não dava para as presidências de partido, comitê de partido, e (...)."