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3.18.2017

A espera por Lula e Dilma na cidade da transposição do Rio São Francisco

Por Otávio Antunes, de Monteiro (PB), na Revista Fórum - "Posso mandar um recado pra Lula? Vem Titio, vem Mamãe – referindo-se a Dilma – pra gente encher vocês de abraços". É desse jeito que "Doutor" – apelido de Alfredo Alves Pontiero – dirige-se à nossa equipe, na cidade de Monteiro, que recebeu o trecho da transposição do Rio São Francisco, ao perceber a presença de câmeras. E ele não é o único a falar de forma carinhosa dos ex-presidentes. Percorremos o trajeto entre João Pessoa e Monteiro, 311 km, devagar, ouvindo as pessoas sobre o País, o estado, e principalmente a região.
Existe um sentimento genuíno e comovente de gratidão aos dois chefes de Estado, Lula e Dilma. A pouco mais 55 km de João Pessoa, paramos na cidade de Sobrado, em uma barraca na beira da estrada tomamos água de coco e ouvimos a história do Senhor Marcos Vinicius Trigueiro Barbosa e Silva. "Criei, ali mesmo – aponta para uma casa de teto vermelhinho e cercado por um lindo pomar – toda minha família. Meus irmãos são daqui também. Só não está conosco meu filho, que mora em João Pessoa onde faz o curso de Engenharia na federal, quem ia imaginar que ficaria mais fácil fazer uma faculdade né? Meu filho vai ser engenheiro", relata orgulhoso. E não é nem preciso perguntar o que mudou nos últimos anos para que ele diga: "Lula meu filho, foi Lula o nosso presidente. Nunca ninguém tinha cuidado da gente desse jeito. Foi tanta coisa. Educação, Bolsa Família, emprego melhorou muito, agora piorou de novo né? E essa maravilha da água que ninguém acreditou nele quando disse que ia trazer. Daqui vai sair muita caravana pra Monteiro. O povo vai tudo lá agradecer o Lula"."Nunca ninguém tinha cuidado da gente desse jeito. Foi tanta coisa. Educação, Bolsa Família, emprego melhorou muito, agora piorou de novo né?", afirma Marcos Silva
A cada quilometro distante de João Pessoa a paisagem vai ficando um pouco mais árida. Não demora até começarmos a cruzar com rios completamente secos no trajeto, como o Riacho caboclo. Em mais algumas paradas descobrimos que o povo sertanejo não reclama da seca e da natureza, aceita resignado o clima da região. "Não se luta contra a falta de chuva, a natureza tem o tempo dela, a gente tem é que ter inteligência para viver bem entre as chuvas. É difícil, muito difícil, mas agora a gente tem cisterna, caixa, poço, antes era ainda mais difícil. Faz sete anos que não chove direito aqui. Sete anos. E nós estamos firmes, porque ainda tem o seguro safra, foi a melhor coisa que Lula fez. Porque a gente planta e lida na terra com muito carinho, mas às vezes não chove. E antes a gente perdia tudo quando isso acontecia. Agora estamos protegidos", conta Roberto Gomes.
Chegando em Monteiro a primeira coisa que avistamos é o Rio Paraíba. Mas um rio diferente. Uma estrutura de concreto contrasta com as margens verdinhas do leito. Crianças e adolescentes mergulham e fazem piruetas em um ritmo frenético, para depois subirem rapidamente uma rampa improvisada e mergulharem novamente. Tudo sob o olhar atento de curiosos que aplaudem e sorriem a cada mergulho. A cada salto alguém mais velho alerta: "Cuidado menino, do lado de lá é pedra e aqui tem muito ferro", referindo-se aos limites do poço artificial que se formou no ponto de encontro entre o Rio e a estrutura da transposição.
Ligamos as câmeras e novamente as pessoas se aproximam para falar. "Nem dormi direito esses dias. Fiz bandeira, camiseta e tô preparado pra receber Lula e Dilma. Vem que vou te abraçar com minhas mãos e meus pés Lula", diz um sorridente Lucivanio Sousa Santos, ou o Vaninho, como seus amigos o chamam
O personagem inicial de nossa matéria, o "Doutor" Alfredo, ainda emenda um convite simbólico e cheio de significados a Lula. "Titio! venha titio comer bode mais nós e toma uma mais nós, com limão e um bodinho. Pirão de peixe! Estamos esperando titio com os braços abertos, venha morar em Monteiro mais a gente! Quem matou a fome dos pobres foi titio Lula, não foi outro não. Primeiro Deus, depois titio. Matou a fome dos pobres a sede dos pobres, foi titio. Se não fosse titio os pobres estavam lascados, não tinha mais pobre vivo não."
A cidade respira a visita. É o grande assunto em todas as rodas de conversa. Lula e Dilma terão, certamente, uma calorosa e acolhedora recepção.

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