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4.14.2017

O golpista Temer: presidente 5%



REUTERS/Ueslei Marcelino
O golpista Michel Temer virou “Mordomo de filme de terror” no dia 15/06/1999 por obra e graça do então sarcástico presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães, cujo apelido, por sua vez, era ACM.
   Colocar apelidos nos outros é um dos esportes nacionais em que os brasileiros são campeões.
   Então presidente da Câmara dos Deputados, Temer assumiu, naquele dia, a cadeira de presidente da República por algumas horas devido a viagens do presidente Fernando Henrique ao Paraguai e do vice Marco Maciel à África do Sul. E criticou a interferência de ACM na reforma do Judiciário que se discutia na Câmara:
   "Reforma do Judiciário não é matéria para curioso. É para quem tem autoridade no tema".
   ACM respondeu na hora e atirando pedras:
   "As coisas morais nunca foram o forte do senhor Temer, e a prova disso é a luta que ele faz pelo Porto de Santos. Temer tem escritório de advocacia, e por isto não andam na Câmara matérias importantes, como o Código Civil e a emenda constitucional que cria o efeito vinculante, para não irritar os juízes de primeira instância que ele precisa agradar como advogado. Este não é um problema do governo. É problema de um presidente da Câmara despeitado com o presidente do Senado, até porque lhe falta estatura".
   Temer rebateu: “O senador deveria cuidar do banqueiro Ângelo Calmon de Sá em vez de tentar levantar um debate sobre moral. O senador tem a mania de avacalhar as pessoas. Comigo ele não vai fazer isso. Não vou tolerar insinuações sobre moral. Em matéria de moral dou de 10 a zero nele. Ele não tem moral para falar de mim. Sou advogado com muito prazer e por isso posso falar sobre a reforma do Judiciário. O que não sei é se um médico pode fazer isso."  
   Médico por formação, ACM subiu ainda mais o tom: “Temer não ganha de 10 a zero em moral de ninguém, muito menos de mim, que sou um homem honrado. Eu não poderia avacalhar Temer porque avacalhado ele já é. Ele não me assusta com a sua pose de mordomo de filme de terror".
   Dezoito anos depois, vemos que ACM tinha razão. A moral do golpista  Temer nunca foi tão questionada quanto agora e não por um desafeto, nem por insinuações, mas em razão de fatos ilícitos narrados pelo ex-presidente e por ex-diretores da mais corrupta empresa brasileira.
   Quanto ao apelido brilhante, mais engraçado do que qualquer um dos criados sob encomenda pelo Departamento de Propina da Odebrecht, uma atualização se faz necessária.
   O número 2 da Odebrecht, Marcio Faria, disse que Temer recebeu 126 milhões de reais, ou 5% de um contrato com a Petrobras; uma pesquisa CUT/Vox Populi apontou que apenas 5% dos brasileiros aprova o governo golpista do Temer.
   Se estivesse vivo, ACM mudaria o apelido de golpista Temer para “Presidente 5%”.

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