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5.04.2017

247 – Assim que a presidente Dilma Rousseff se reelegeu, na quarta vitória seguida do PT sobre o PSDB, sinalizando a possível volta de Lula em 2018, os principais líderes tucanos decidiram romper com a democracia e aposta na aventura golpista capitaneada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Em seus artigos mensais, publicados no Globo e no Estado de S. Paulo, sempre no primeiro domingo de cada mês, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rapidamente avalizou a tese do golpe parlamentar, num impeachment sem crime de responsabilidade.
Porta-voz da plutocracia e guia de boa parte da elite brasileira, FHC construiu a teoria de que Michel Temer, que ele chamava de "pinguela", poderia ser uma espécie de laranja para o PSDB. Faria o trabalho sujo com suas reformas trabalhista e previdenciária, realizando o sonho tucano de "enterrar a era Vargas", abrindo espaço para a eleição de Aécio Neves, José Serra ou Geraldo Alckmin em 2018.
Como se vê, foi o pior movimento da carreira política de FHC. O governo Temer foi um fiasco absoluto. Segundo o Datafolha, 85% dos brasileiros desejam sua saída imediata e a convocação imediata de eleições diretas.
Além disso, como Temer só existe porque tem o apoio do PSDB, o que o povo percebe, essa adesão arruinou com as pretensões tucanas. Os três candidatos tradicionais do partido, Aécio, Serra e Alckmin, viraram traço nas pesquisas. Se não bastasse, também ficaram conhecidos como Mineirinho, Careca e Santo nas delações da Odebrecht.
Como escreveu o colunista Elio Gaspari, o PSDB caiu no colo do prefeito João Doria, uma espécie de neo-Jânio Quadros novo-rico, por quem FHC nutre um misto de ojeriza e desprezo intelectual.
FHC, portanto, vive um dilema. No momento em que escreve seu artigo mensal, ele poderá abraçar a tese das diretas-já, reconciliando-se com a democracia e com a vontade do povo brasileiro, ou insistir no abraço de afogados com o golpe de Michel Temer, personagem aprovado por apenas 4% dos brasileiros.
O que fará FHC?

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