Vara de Execuções Penais do Rio (VEP) frustra transferência de Cabral para uma carceragem mais mais confortável
Em audiência, ex-governador só respondeu às perguntas da defesa e tentou aliviar acusações contra esposa
O Dia
Rio
- Apesar do tentativa da Secretaria de Administração Penitenciária
(Seap), a transferência do ex-governador Sérgio Cabral para uma
carceragem mais confortável não deve acontecer tão cedo. O juiz
Guilherme Schilling Pollo Duarte, da
(VEP), determinou a instalação de uma nova câmera na entrada do Presídio
de Benfica, Zona Norte carioca, antes da remoção. Instalação de câmera no presídio de Benfica adia a transferência de Sérgio Cabral de Bangu para lá
Fabio Motta / Estadão Conteúdo
A medida foi tomada após a equipe de fiscalização
da VEP constatar, durante visita, a necessidade de se instalar uma
câmera de ângulo frontal no controle de acesso à unidade. Cabral está,
desde novembro, no presídio Bangu 8, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste
do Rio.
A Seap, em apenas três meses e ao custo de R$26 mil,
reformou o antigo Batalhão Especial Prisional BEP) para acolher o
ex-governador e os presos da Lava-Jato que tem curso superior. As novas
celas têm capacidade para seis presos, em 16m².
Em cada uma, três beliches, um banheiro com vaso
sanitário, pia e um chuveiro com água fria. Cada detento tem direito a
uma tomada e pode levar um ventilador. Também tem lugar para instalação
de uma TV de 14 polegadas. As camas são as usadas por atletas durante as
Olimpíadas Rio 2016.
No entanto, na entrada do presídio não há
detector de metais e nem bloqueadores de celulares. O juiz da VEP
aguarda a instalação do equipamento para autorizar a transferência dos
presos. Cabral evita falar Mesmo diante da
advertência do juiz Marcelo Bretas de que havia provas e que a audiência
era o momento ideal para se defender, o ex-governador do Rio Sérgio
Cabral recusou-se a responder às perguntas do magistrado e de
procuradores, durante audiência, ontem na Justiça Federal. Cabral
decidiu exercer o direito de permanecer parcialmente em silêncio,
respondendo apenas perguntas da sua defesa e dos advogados da sua
mulher, Adriana Ancelmo. Assim como o ex-governador, ela é ré no
processo relativo à Operação Calicute. Por conta disso, o
interrogatório durou menos de 20 minutos. Aos questionamentos dos
advogados de defesa, Cabral negou o recebimento de propinas e procurou
aliviar a esposa das acusações. O peemedebista disse que sua mulher
‘jamais’ soube sobre como se davam os pagamentos das joias. Afirmou que
ela não tinha conhecimento do uso de caixa dois e nega ter recebido
valores pelo escritório da ex-primeira-dama, o Ancelmo Advogados.
“Sempre respeitamos nossas individualidades. Jamais interferi no dia a
dia do escritório dela e ela não interferiu no meu (trabalho)”. Sobras de campanha Ele
alegou que utilizou “sobras de campanha eleitoral” para comprar joias
para a sua mulher, Adriana Ancelmo. Disse ainda que adquiria as peças em
dinheiro nas lojas H. Stern e Antonio Bernardo, em datas festivas.
Somente na H. Stern, o ex-governador e Adriana Ancelmo, compraram 20
joias por R$6 milhões, entre 2012 e 2015, segundo depoimento, da
diretora comercial da joalheria, Maria Luiza Trotta. O
ex-governador negou ter recebido vantagens indevidas das construtoras
Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, conforme relatado em delação
premiada por ex-executivos da construtora. Negou, ainda, ter lavado ou
ocultado esses recursos. “(Essa acusação) não é verdadeira”. Segundo
Cabral, as reuniões com a Andrade Gutierrez eram “sempre sobre assuntos
relacionados à prestação de serviços ao Estado”. O
ex-governador também disse que não recebia 5% sobre os valores dos
contratos fechados com as construtoras e que não tinha conhecimento da
cobrança de 1% dos valores das obras, a chamada “taxa de oxigênio”. Cabral
responde a crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
pertinência a organização criminosa no processo da Operação Calicute.
Foi o último interrogatório relacionado ao processo, que pode ter
sentença até julho, segundo Bretas. Cabral é réu em mais oito processos.
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