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6.25.2017




O País em busca de uma saída






Beto Barata

O Brasil viverá, já no início desta semana, uma situação inédita. Pela primeira vez, um presidente da República, em pleno exercício do mandato, será denunciado por corrupção passiva, quando o procurador-geral Rodrigo Janot vier a apresentar sua peça acusatória contra Michel Temer. Janot deve alegar que a mala de R$ 500 mil em propinas da JBS, que levou à prisão o ex-assessor palaciano Rodrigo Rocha Loures, tinha Temer como destino final. Além disso, deve apresentar duas outras denúncias – uma por obstrução judicial, relativa à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, e uma por organização criminosa.

Acossado por todos os lados, Temer viu sua aprovação cair a míseros 2% na última semana, o nível mais baixo já registrado na história do País. Ou seja: sua situação deplorável amplia os custos políticos para todos os que decidirem se manter no barco. Coincidência ou não, o PSB, que apoiou o impeachment sem crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Rousseff, não só desembarcou como, em pleno horário eleitoral, pediu renúncia e diretas-já. Aguarda-se agora, com certa ansiedade, a posição do PSDB, cujo presidente de honra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dizia aguardar um documento jurídico, para decidir que rumo tomar em relação à sua "pinguela".
A tendência, portanto, é o desembarque também dos tucanos. Um de seus nomes em ascensão, o prefeito João Doria, afirmou, claramente, na última semana, que o apoio do PSDB a Temer não é infinito. Por isso mesmo, já há uma percepção clara, entre os agentes econômicos, de que Temer será incapaz de entregar as reformas prometidas. Não apenas porque lhe falte legitimidade, mas sobretudo porque a agenda central de sua administração passou a ser a própria sobrevivência, com a busca de votos para barrar as três denúncias de Janot.
Em meio a esse espetáculo deplorável, o Brasil sangra em todos os campos. Na economia, depois de quedas recordes do PIB em 2015 e 2016, as estimativas para este ano já foram revistas para baixo e andam perto de zero. Na diplomacia, o Brasil, até recentemente a "bola da vez", foi retratado pelo jornal francês Le Monde como uma "estrela pálida". Na Noruega, as autoridades não se constrangeram em cortar pela metade repasses de um fundo de combate ao desmatamento, no momento em que Temer visitava o País.
O resumo da ópera é que o Brasil nunca viveu uma situação tão melancólica e deprimente em toda a sua história. Como espectadora desse espetáculo, a sociedade já deixou claro o que deseja em diversas pesquisas: um reencontro com a democracia, por meio de eleições diretas imediatas – um tema que divide a direita brasileira. Enquanto tucanos temem a volta de Lula, que aparece em primeiro nas pesquisas, e não ficaria inabilitado, mesmo sendo condenado pelo juiz Sergio Moro, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) argumenta que Temer, rejeitado por quase todos os brasileiros, é hoje o maior cabo eleitoral do PT

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