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6.05.2017

Tijolaço: a pergunta que não se fez: se há áudios anti-Temer, o que dizem?


Por Fernando Brito, do Tijolaço - Gustavo  Guedes, advogado do sr. Michel Temer disse ontem, a quantos jornalistas quisessem ouvir, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tinha feito um “armazenamento tático” de gravações, para soltá-las hoje com o objetivo de influir no julgamento, a partir de amanhã à noite, sobre a sua cassação no TSE.
Não é de duvidar que, em se tratando do advogado presidencial, esteja falando a verdade, embora tenha vindo a público dizê-la para criar o obstáculo possível ao ímpeto “vazador” da PGR e frustrar um propósito que é, convenhamos, sórdido para o chefe de uma instituição que deveria ser a primeira a ter compromisso com o curso normal de investigações.
Mas todos os jornalistas que ouviram o Dr. Gustavo dizê-lo não registram a sua resposta às óbvias perguntas que viriam diante de tal revelação: gravações de quem, dizendo o quê?
Certamente não seriam gravações irrelevantes e é de duvidar que a defesa presidencial fosse partir para acusações desta gravidade simplesmente por que alguém lhe soprou que “tem um áudio pesado lá com o Janot” que vai ser usado.
Consequência evidente seria registrar que, instado a dizer de quem ou do que tratavam estas gravações, o advogado do presidente ao menos tivesse de dizer um “não sei”, o que enfraqueceria, por falsa a declaração ou falsa a informação, o peso de suas palavras.
Temer fez vários pronunciamentos e deu ao menos duas entrevistas, onde os repórteres poderiam ter perguntado o que bem quisesse. Em ambas, disse que Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala de R$ 500 mil da JBS, “é um homem de boa índole”, não se sabendo o que faça alguém de boa índole ir apanhar um “paco” destes num canto escuro.
Não houve reação digna de nota dos jornalistas que o ouviram dizer isso.
Igualmente, se a defesa de Temer acha que há gravações do “homem de boa índole” dizendo algo que poderia ser usado contra o presidente, isso deveria ter sido lancetado e, no mínimo, Loures ser acusado de usar a confiança presidencial para algo em nada semelhante aos atos de alguém de “boa índole”.
Estamos assistindo a um jogo sujo, onde o comportamento da Procuradoria Geral da República mal consegue esconder seu apetite de poder e a premeditação de seus atos  e, de outro lado,  o de Temer, que não disfarça sequer sua culpa.
Em meio a este jogo, o país se dana.

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