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7.07.2017

Transferência do doleiro Funaro para a carceragem da PF reforça tese de que delação está adiantada

Colaboração de doleiro pode acelerar delação de Eduardo Cunha

A transferência do doleiro Lúcio Funaro na tarde de quarta-feira (5), do Complexo Penitenciário da Papuda para a carceragem da Polícia Federal, em Brasília, reforça a tese de que o suposto operador do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está em fase adiantada de sua delação premiada com a Procuradoria.
A transferência foi solicitada pelo Ministério Público Federal e autorizada pelo juiz da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, Vallisney de Oliveira, responsável pela investigação de um suposto esquema de pagamento de propina para liberação de recursos do FI-FGTS, da Caixa Econômica Federal.
Preso desde junho de 2016, Funaro é apontado como operador de Cunha no esquema de corrupção envolvendo a Caixa. 
A iminente delação de Funaro também estaria fazendo com que Cunha acelerasse o processo de sua colaboração premiada, já que se mantiver o silêncio, não teria mais "moeda de troca" para negociar com a investigação e conseguir benefícios. As especulações dão conta de que Cunha deve, em sua delação, envolver o presidente Michel Temer.
Temer durante encontro com Cunha, então presidente da Câmara, em março de 2015
Temer durante encontro com Cunha, então presidente da Câmara, em março de 2015
Eduardo Cunha pergunta a Temer sobre esquema no FGTS da Caixa
A Justiça Federal encaminhou a Michel Temer as 22 perguntas feitas pela defesa de Cunha no processo sobre suspeitas de corrupção envolvendo o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Cunha é réu no processo sob acusação de recebimento de propina de empresas interessadas em recursos do fundo. 
Nas perguntas, os advogados de Cunha perguntam se Temer teve conhecimento de vantagens indevidas para liberação de financiamento do FI-FGTS. O presidente também é questionado se indicou o sucessor de Moreira Franco, Joaquim Lima, em uma vice-presidência da Caixa; e se participou de alguma reunião para tratar de doação de campanha das eleições de 2010, 2012 ou 2014.
>> Temer tenta evitar delação de Cunha
A defesa do ex-deputado perguntou ainda se Temer conhece os executivos Léo Pinheiro (ex-presidente da construtora OAS) e Benedicto Júnior (ex-presidente da Construtora Odebrecht). O ofício com as perguntas saiu da Justiça Federal no Distrito Federal ontem, nas mãos de um oficial de Justiça.
Temer foi arrolado como testemunha de Cunha no processo, assim como o ex-presidente Lula. O petista depôs terça-feira, por meio de videoconferência, na sede da Justiça Federal em São Bernardo do Campo (SP), e disse desconhecer influência do ex-deputado no fundo.
Cunha já estaria finalizando, também, textos com informações para o acordo de delação premiada que pretende fechar com a Operação Lava-Jato. Ele teria rascunhado mais de cem anexos para a colaboração, segundo a colunista Mônica Bergamo.
Confira as 22 perguntas enviadas por Cunha a Temer:
1 - Vossa Excelência foi presidente do PMDB em que período?
2 - Vossa Excelência foi apontado como o responsável pela nomeação do Sr. Moreira Franco para a vice-presidência da Caixa de Fundos e Loterias. O senhor era o presidente do PMDB à época? Quando foi isso?
3 – Em 2010, Moreira Franco teve que deixar a Caixa, para ocupar a representação do PMDB na coordenação da campanha presidencial. Vossa Excelência indicou o então gerente de Moreira, Joaquim Lima, como seu substituto?
4 - Vossa Excelência conheceu o Sr. André de Souza, representante até 2012, no conselho FI-FGTS, dos trabalhadores, do PT?
5 - Vossa Excelência fez alguma reunião para tratar de pedidos para financiamento com FI-FGTS, junto de Moreira Franco e André de Souza? Se sim, quando? Com quem?
6 - Vossa Excelência conhece Benedicto Júnior e Léo Pinheiro?
7 - Vossa Excelência participou de alguma reunião com eles e Moreira Franco para doação de campanha para os pleitos eleitorais de 2010, 2012 ou 2014?
8 – Se a resposta for positiva, estava vinculada a alguma liberação do FI-FGTS?
9 – André de Souza participou de alguma dessas reuniões?
10 – Onde se deram essas reuniões?
11 – Joaquim Lima continuou como vice-presidente da Caixa, em outra área, a partir de 2011. Quem foi o responsável pela sua manutenção?
12 - Vossa Excelência conheceu Fábio Cleto?
13 – Teve alguma participação na sua nomeação?
14 – Houve interferência do então prefeito Eduardo Paes visando à aceleração do projeto Porto Maravilha para as Olimpíadas?
15 - Vossa Excelência teve conhecimento de alguma vantagem indevida, seja na época de Moreira Franco, seja posteriormente, para liberação de financiamento do FI-FGTS?
16 - Vossa Excelência conhece Henrique Constantino? Esteve alguma vez com ele? Qual foi o tema? Tinha a ver com algum assunto ligado ao financiamento do FI-FGTS?
17 – A denúncia trata da suspeita do recebimento de vantagens indevidas do consórcio Porto Maravilha (OAS, Carioca e Odebrecht), da Haztec, da Aquapolo e Odebrecht Ambiental, Saneatins, Eldorado Participações (Grupo JBS), Lamsa (Linha Amarela S.A.), Brado, Moura Debeux, BR Vias. Vossa Excelência tem conhecimento, como presidente do PMDB até 2016, se essas empresas fizeram doações a campanhas do PMDB? Se sim, de que forma?
18 – Alguma delas fez doação para campanha de Gabriel Chalita em 2012?
19 – Se positiva a resposta, houve a sua participação? Estava vinculada à liberação desses recursos da Caixa no FI-FGTS?
21 - Vossa Excelência tem conhecimento de algum pagamento de vantagem indevida pelo Sr. Benedicto Júnior a Moreira Franco para liberação de financiamento do FI-FGTS à Odebrecht Transportes para associação no Porto de Santos?
22 - Vossa Excelência tem conhecimento de qualquer vantagem indevida solicitada ou recebida pelo Sr. Moreira Franco para liberação, no âmbito do FI-FGTS, em qualquer projeto, incluindo o Porto Maravilha?

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