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8.04.2017

"Foi a decisão mais difícil da minha vida", diz Neymar no PSG

 

Brasileiro negou interesse financeiro e rebateu críticas

Após grande expectativa, o craque brasileiro Neymar foi apresentado oficialmente nesta sexta-feira (4) pelo Paris Saint-Germain (PSG) e admitiu que a transferência do Barcelona para a capital francesa foi "a decisão mais difícil" da sua vida. Neymar também negou que tenha aceitado a oferta do PSG apenas por dinheiro ou em busca de protagonismo.
"Foi uma das decisões mais difíceis que tomei na minha vida, por estar bem adaptado na cidade de Barcelona, por ter amigos e jogadores fantásticos lá. Foi um momento de muita tensão, de pensar no que fazer da minha vida", contou Neymar, em uma coletiva de imprensa no Parque dos Príncipes e sentado ao lado do presidente do PSG, Nasser Al-Khelaïfi.   

"Foi a decisão mais difícil da minha vida", diz Neymar no PSG
"Claro que ali deixei amigos, mas eu fico muito feliz, porque o futebol e a nossa vida passam muito rápido. Criar amizade por onde você passa é mais importante que qualquer coisa", confessou o brasileiro.   PSG e Barcelona confirmaram ontem a transferência de Neymar, que é a mais cara da história do futebol, de 222 milhões de euros. O brasileiro receberá um salário de 500 mil euros semanais (cerca de R$ 2 milhões), com contrato até 2022.
Questionado sobre os fatores que o levaram a aceitar a proposta do PSG, já que o clube tentara no ano passado contratar Neymar, o craque contou que "sentiu que agora era o momento certo".   
"A ambição que o clube tem, de sempre querer vencer, de buscar um novo desafio, é bem parecida com a minha. Meu coração me disse que estava na hora de assinar com o PSG e, então, eu fiz isso"", disse Neymar. "É muito diferente se falar de protagonismo, não é isso que eu quero nem vim buscar. Eu vim buscar novos títulos e novos desafios".   
Nasser Al-Khelaïfi, porém, demonstrou irritação ao ser indagado pelos jornalistas pelo valor de 222 milhões de euros da contratação e se a compra de Neymar teria sido uma "vingança" contra o Barcelona.
"Hoje vocês se perguntam se a transferência foi cara demais. Daqui três anos, vocês vão questionar isso? Eu tenho certeza que a gente vai arrecadar mais dinheiro do que gastou. Vamos arrecadar do primeiro ao último dia. Não teremos problema com a Uefa na questão financeira. Somos muito fortes financeiramente e respeitamos as regras do setor financeiro", defendeu-se.
Já Neymar garantiu que nunca "foi movido a dinheiro". "Nunca fui movido a dinheiro, não foi a primeira coisa que eu pensei. Eu sempre penso na minha felicidade e na da minha família. Só tenho que lamentar as pessoas que pensam dessa forma e agradeço o PSG por acreditar no meu potencial", disse.
"Eu não fiz nada de errado e fico triste com os torcedores, maioria ou minoria, não sei, que pensam dessa forma. Todo jogador tem o direito de querer ficar ou querer embora. Não somos robôs que têm que ficar ali obrigados", afirmou Neymar sobre as críticas que recebeu por ter deixado o Barcelona.(ANSA)

Entenda o fair play financeiro, questão final da chegada de Neymar ao PSG

Medidas introduzidas pela Uefa há sete anos são colocadas em xeque após contratação recorde

Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, abraça Neymar durante a apresentação do atacante brasileiro no Parque dos Príncipes Foto: LIONEL BONAVENTURE / AFP
Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, abraça Neymar durante a apresentação do atacante brasileiro no Parque dos Príncipes - LIONEL BONAVENTURE / AFP
A apresentação oficial de Neymar no Paris Saint-Germain (FRA), nesta sexta-feira, encerra uma novela que custou 222 milhões de euros - este era o valor da multa para romper o contrato do craque brasileiro com o Barcelona. Uma questão, no entanto, permanece em aberto: o clube francês se colocou em posição passível de punição pelas regras do fair play financeiro?
Fair play ("jogo limpo") financeiro é o nome de um conjunto de medidas introduzidas em 2010 pela Uefa, entidade que governa o futebol europeu. O objetivo era frear o volume de gastos dos clubes no Velho Continente, diante de evidências de que o dinheiro investido em contratações vinha ficando muito acima do valor arrecadado pelas equipes nas principais ligas da Europa.
O QUE EXIGE O FAIR PLAY FINANCEIRO?
O princípio é simples: não gastar mais do que arrecada. O pacote da Uefa estabeleceu que os gastos dos clubes não poderiam superar suas receitas em mais de 5 milhões de euros dentro do chamado "período de avaliação", que dura três anos.
No entanto, a Uefa atualizou as normas em 2015 e passou a permitir um déficit de até 30 milhões de euros no "período de avaliação", caso este valor fosse coberto por investimentos diretos de proprietários dos clubes ou de terceiros em geral. Na prática, a Uefa deu aval para que os mecenas no comando de clubes como PSG e Manchester City dessem socorro financeiro em caso de déficit iminente, de modo a evitar que esses clubes fossem punidos.
No seu último balanço, da temporada 2015-2016, o PSG apresentou um superávit de 105 milhões de euros. Embora a contratação de Neymar, por si só, tenha custado mais do que o dobro desta margem de investimento, o sheik qatari Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, disse que o clube está tranquilo em relação ao cumprimento das normas da Uefa
- Para aqueles que estão falando sobre fair play financeiro: peguem um café e não se preocupem conosco. Estamos em boas mãos - disse Al-Khelaifi na apresentação de Neymar.
'DOPING' FINANCEIRO
Os críticos do PSG, no entanto, alegam que o clube vem usando artifícios que vão além da regulamentação da Uefa para não descumprir o fair play financeiro. O faturamento do clube francês com fontes usuais de receita na última temporada - venda de produtos oficiais, comercialização de ingressos, e direitos de imagem - foi de 317 milhões de euros. Como as despesas totalizam 437 milhões de euros, o resultado em uma temporada seria um prejuízo quatro vezes maior do que o permitido pela Uefa.
A solução para ficar no "verde" foi receber a injeção de 225 milhões de euros como "outras receitas", o que inclui o dinheiro investido diretamente pelo fundo Qatar Sports Investment (QSI). O fundo, do qual Al-Khelaifi faz parte, é responsável pela administração do PSG e se mantém com receitas do governo do Qatar.
Neymar cumprimenta o presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi: qatari descarta problemas com fair play financeiro - LIONEL BONAVENTURE / AFP
Não se sabe ao certo, a partir dos balanços, qual é o percentual destas "outras receitas" que fica a cargo do QSI. A acusação feita ao PSG é de que o dinheiro injetado pelo fundo vai muito além dos 30 milhões de euros que a Uefa permite de déficit a ser coberto por investidores.
O PSG PODE SER PUNIDO?
A Uefa prevê sanções para clubes que descumpram as regras do fair play financeiro, que vão desde multas até a exclusão de competições como a Liga Europa e a Liga dos Campeões.
No entanto, a detecção de irregularidades não é tão simples. A Uefa primeiro deve abrir um procedimento de investigação, recebendo as explicações do Paris Saint-Germain para os gastos supostamente excessivos. O clube pode apresentar evidências, por exemplo, de que o valores como os 222 milhões de euros investidos em Neymar envolvem operações financeiras de forma parcelada, o que minimiza o impacto no orçamento anual.
Por enquanto, sabe-se apenas que o Barcelona recebeu 222 milhões de euros de representantes legais de Neymar. A fonte do dinheiro permanece desconhecida. Caso o atacante tenha recebido o valor diretamente do governo do Qatar, e depois repassado ao Barcelona, o PSG não se compromete financeiramente na operação - na prática, é como se o clube francês tivesse assinado com um atleta sem contrato. Logo, o impacto da contratação de Neymar se limitaria aos salários, que ficam justamente na casa de 30 milhões de euros anuais.
Mesmo em caso de punição, o PSG não "perde" Neymar automaticamente. Caso seja necessário se readequar às regras do fair play financeiro, o clube pode vender outros jogadores ou simplesmente eliminar despesas de outras áreas.

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