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12.17.2017

Ex-advogado da Odebrecht e da UTC causou um alvoroço ao fazer sérias denúncias dos bastidores da Operação Lava Jato

Brasília - Acusado de lavar mais de R$ 50 milhões, o ex-advogado da Odebrecht e da UTC Rodrigo Tacla Durán causou um alvoroço ao fazer sérias denúncias dos bastidores da Operação Lava Jato.
Em depoimento no fim de novembro à CPI da JBS, Durán incrimina o advogado Carlos Zucolotto Jr, ex-sócio da esposa do juiz federal Sergio Moro e padrinho de casamento do casal, de oferecer delação premiada com pagamento de caixa 2. O acordo reduziria a multa de US$ 15 milhões para US$ 5 milhões, com a condição de Durán pagar US$ 5 milhões "por fora", a título de honorários, porque "havia o pessoal que ajudaria nessa tarefa". Nesse pacote constaria ainda a prisão domiciliar em lugar do regime fechado

No fim de novembro, o traço de Aroeira, chargista do DIA, trouxe à página 2 do jornal o embaraço das declarações de Durán, que virou uma pedra no sapato do juiz federal Sergio Moro, da Lava Jato em Curitiba Aroeira

Os procuradores Júlio Noronha e Roberson Pozzobon teriam lhe enviado o esboço da colaboração, conforme os termos propostos por Zucolotto. O réu apresentou à CPI imagens periciadas da conversa com o advogado.
Por considerar que estava sendo extorquido, além do risco de ser preso preventivamente, Durán decidiu não aceitar o negócio e se mudou para a Espanha, onde tem dupla cidadania, com a família.

Aroeira para 05-11-17 Aroeira

Força-tarefa responde
Moro declarou, por meio de nota, ser "lamentável que a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas".
Tacla Durán também acusa o ex-procurador Marcello Miller de oferecer colaboração "à la carte": uma lista de políticos que poderia incriminar. A cooperação não pode ser induzida.
As denunciações serão averiguadas pelo Ministério Público.
Documentos da Odebrecht postos à prova
Tacla Durán também denuncia que os extratos entregues pela Odebrecht ao MP como prova foram "adulterados" e "falsificados".
Ele afirma ter identificado as modificações após ter seu nome apontado em irregularidades da empresa. Os documentos estariam fora do padrão do banco, com incongruência de nomes e datas. Apontado como doleiro, Durán afirma ter atuado somente como advogado e nega que tenha cometido crimes.
Entre os dados que ele coloca sob suspeita estão extratos anexados pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot na segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. O réu entregou cópia da documentação à CPI, mas pediu que fosse mantido sob sigilo.
"Se tem uma prova de adulteração, todas as provas que saem daquele sistema são viciadas", relatou o ex-defensor do grupo. Atualmente refugiado na Espanha por conta de sua dupla nacionalidade, Rodrigo Tacla Durán já chegou a ser preso em Madri, mas foi liberado e conseguiu decisão para não ser extraditado.
'São diversas ações para estancar a sangria' - 5 minutos com Walter Maierovicth, advogado
Como entusiasta da Lava-Jato de que forma o senhor avalia as denúncias de Tacla Durán e as críticas de exagero?
Acredito que toda acusação deve ser investigada. Os juízes e policiais federais são passíveis de erros, assim como o Ministério Público. Ninguém está acima da lei.
E o senhor considera algum erro em julgamentos da operação?
Não classifico erros. O aperfeiçoamento é necessário, aumentar o espectro das  investigações para não deixar nenhum crime impune. Mas sempre dentro dos princípios legais, com o direito da ampla defesa.
Em 2018, ano de eleições, como o senhor avalia o futuro da Lava Jato?
Eu vejo com muita preocupação. São diversas ações para “estancar a sangria”, deter a Lava Jato, como disse o senador Romero Jucá, em benefício ao poder de ladrões. É inaceitável a vitória do crime, é concordar que ele sempre compensa.
A troca de comando da Polícia Federal seria uma das medidas para barrar as investigações?
Na minha concepção, sim. Pelo próprio discurso de posse do novo diretor, Fernando Segovia, em que ele mais agradeceu ao Temer do que assumiu um compromisso de combate à corrupção. Isso me espanta. Precisamos de uma verdadeira reforma política, uma nova Constituição, nova República, em que o povo seja realmente representado. Como colocou o sociólogo Max Weber, política é serviço, não é profissão.
Reportagem da estagiária Luana Dandara, sob supervisão de Eduardo Pierre
Nota: Com esta reportagem do Jornal "O Dia" aguardaremos qual vai ser a atitude dos outros jonalões (O Globo, Globo News, JN,Folha e Estadão). 

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