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12.21.2017

Lula tentará terceiro mandato ousado, com solidez democrática



Por Leonardo Attuch, editor do 247 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera todas as pesquisas sobre sucessão presidencial, concedeu, na manhã desta quarta-feira 20, uma entrevista coletiva de duas horas e meia a jornalistas de sites progressistas, dos jornais Folha, Estado e Valor e também a alguns correspondentes internacionais. Participei deste encontro e faço aqui meu relato particular sobre o que vi e ouvi. Começo pela percepção particular sobre o estado de espírito de Lula. Senti estar diante de um líder político ciente do que representa para o povo brasileiro e de seu papel na história. Quando afirma "não entrarei para a história como um inocente condenado", Lula demonstra ter a exata noção de que a resistência, no seu caso, não é uma escolha – mas uma imposição histórica. Embora grupos de comunicação, liderados pela Globo, alinhados a interesses internacionais, tenham instrumentalizado o Poder Judiciário e planejado a sua destruição, para que um projeto de Brasil-nação fosse substituído por um projeto neocolonial, Lula se levanta se levanta como um pilar em defesa do estado nacional e dos direitos da população mais carente.
Em vários trechos da entrevista, Lula também expressou seu desejo de realizar um terceiro mandado mais ousado do que os dois anteriores – e mais à esquerda. "Já não basta distribuir renda. É preciso distribuir riqueza", afirmou Lula, ao lado de Fernando Haddad, seu coordenador de campanha. Por riqueza, Lula citou melhores oportunidades na educação, mas também mencionou uma política tributária mais progressiva. "Por que não podemos taxar grandes heranças?", questionou. "E vamos mostrar ao povo brasileiro que não são coisas de Cuba, nem da Venezuela, mas da Inglaterra, da França e dos países desenvolvidos."
Lula também deixou claro, pela primeira vez, que enxerga uma ação imperial no atual processo de dominação do Brasil por interesses internacionais. Ele lembrou que, para se apossar das riquezas energéticas do Iraque, os ex-presidentes dos Estados Unidos e da Inglaterra, George W. Bush e Tony Blair, inventaram uma mentira – a das "armas de destruição em massa". Para que o Brasil fosse também invadido por interesses das petroleiras internacionais, que conseguiram até matar a política de conteúdo nacional, o discurso foi o do combate à corrupção.
O ex-presidente se mostrou disposto a rever muitos dos retrocessos de Michel Temer, mas revelou uma concepção profundamente democrática. "Eu poderia aqui dizer que vou desfazer tudo na base da canetada. Mas prefiro construir as mudanças com apoio da sociedade e dentro do Congresso", disse Lula. Ele enfatizou, no entanto, a necessidade de que os brasileiros escolham também deputados e senadores alinhados com seu programa. "Quem vota num presidente progressista tem o dever de eleger um parlamento progressista", afirmou.

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