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2.01.2018

Prendam Lula. Preferivelmente na Bastilha.



            Depois a gente vê o que se deve fazer. Afinal, teremos 12 anos para refletir e decidir entre arrancar Lula da prisão à força, trazendo-o de volta à Presidência, ou nos sujeitar humildemente às ordens da turma de Temer e de seus sucessores carimbados pela corrupção, gente como Geddel,  Moreira Franco, Jucá, Imbassay, Loures, toda a turma do Palácio do Planalto que divide seu tempo e suas preocupações entre cuidar do próprio prontuário e planejar  assaltos ao patrimônio público.
                Doze anos é muito tempo. Até esgotar-se esse tempo teremos visto as conseqüências objetivas do congelamento orçamentário por vinte anos, a liquidação da CLT com a desinformalização total do mercado de trabalho, a tolerância do Executivo com o trabalho escravo, a doação às petroleiras de um trilhão de dólares de impostos na exploração do pré-sal, a financeirização das dívidas públicas estaduais com fabulosos ganhos para financeiras, a entrega dos campos de pré-sal a empresas como Shell - que comemoraria tudo isso  numa festa na companhia da  presidente do Supremo, Carmen Lúcia, e de jornalistas amigos.
                 Pouca gente sabe que a Bastilha foi um símbolo de opressão, mais que uma prisão. No 14 de julho que marca o início da revolução francesa, só tinha lá um prisioneiro, assim mesmo  um prisioneiro comum. Entretanto, a turma estava enfurecida com a degradação geral das relações sociais e políticas no reino. Os camponeses estavam contra os donos de terra, os operários contra os burguesas, a aristocracia contra o Rei, o Rei contra a aristocracia e todos contra a Igreja. Descontadas certas proporções, igualzinho ao Brasil de hoje.
                O trabalho persistente da Fiesp de defesa da exploração máxima do trabalho, contrariando o jeito conciliador de Lula em seu tempo na Presidência, fez com que trabalhadores passassem a odiar os grandes capitalistas e o capital financeiro, os camponeses os donos de terra, e a esmagadora maioria da população, o Presidente e os políticos. Isso tudo é uma espécie de preparação da Bastilha pelas classes dominantes, de forma imbecil, talvez confiando em que, se houver estouro da boiada, não a polícia, mas o Exército os protegerá.
                Por razões diversas, o Brasil não chegou a experimentar processos de luta de classes de uma forma radical. O operário que chegou à Presidência não era comunista nem sequer socialista. Parte da esquerda em verdade decepcionou-se com Lula porque teria tido uma política de contemporização com as classes dominantes. Daí a estupidez das classes dominantes de tentar apropriar-se do poder absoluto do Estado em confronto direto com as aspirações moderadas dos trabalhadores quando seus próprios interesses eram atendidos.
                É nesse contexto que devemos evocar a Bastilha. O golpe contra a Dilma não só dividiu o país em dois como colocou os trabalhadores, radicalmente, contra os capitalistas que o urdiram. Não é uma boa prática política tentar liquidar o adversário de forma definitiva. Na iminência de ser esmagado ele em algum momento reagirá. A Fiesp – principalmente a Fiesp, porque São Paulo é o centro tradicional da regressão no país – recriou a luta de classes radicalizada no Brasil. É muito provável que ela a terá.
P.S. A cobertura que a Globo está fazendo do desemprego no país é repugnante. Como não pode inventar números bons, cerca os números maus de presságios positivos sem qualquer base científica. Sua equipe de reportagem deve estar envergonhada por ser obrigada a participar desse processo ode manipulação da opinião pública

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