BRF segue normas de qualidade e contribui com investigação
A empresa de alimentos BRF disse nesta segunda-feira que“está se inteirando dos detalhes” da nova fase da operação Carne Fraca deflagrada nesta segunda-feira pela Polícia Federal e que colabora com as investigações para esclarecer os fatos; em comunicado, a empresa ainda ressaltou que segue as normas e regulamentos internacionais relativos à produção e comercialização de seus produtos no Brasil e no exterior; ex-presidente-executivo global da empresa Pedro de Andrade Faria foi preso
Em decorrência da deflagração da Operação Trapaça - nova fase da Carne Fraca, da Polícia Federal - o Ministério da Agricultura paralisou, de forma preventiva, as exportações de carne de frango das três frigoríficos da BRF envolvidas: Mineiros (GO), Rio Verde (GO) e Carambeí (PR); desembarques foram interrompidos para 12 destinos; as ações da BRF, dona da Sadia e Perdigão, despencavam 18% nesta segunda-feira 5 na Bovespa; a ação prendeu o ex-presidente da BRF Pedro Faria e mais 10 pessoas
5 DE MARÇO DE 2018 ÀS 18:10 h
247 - Em decorrência da deflagração da Operação Trapaça - nova fase da Carne Fraca, da Polícia Federal - o Ministério da Agricultura paralisou, de forma preventiva, as exportações de carne de frango das três frigoríficos da BRF envolvidas: Mineiros (GO), Rio Verde (GO) e Carambeí (PR).
Os embarques foram interrompidos para 12 destinos, incluindo União Europeia, Vietnã, Coreia do Sul e Israel. China e Rússia não estão na lista, provavelmente, porque as plantas afetadas já não estavam exportando para esses mercados, informa reportagem da Folha.
A ação também fez cair as ações da BRF (BRFS3), dona da Sadia e Perdigão, na Bovespa. Os papéis despencavam 18% nesta segunda-feira 5, após a deflagração da nova fase da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que envolve a empresa.
Ações de outras empresas do setor frigorífico também foram afetadas. A JBS (JBSS3), dona da Friboi, caía 4,9% e a Marfrig (MRFG3) perdia 1,27%, enquanto o Ibovespa subia 0,43%. A Minerva (BEEF3), que não faz parte do índice da Bolsa, caía 2,36%.
Leia mais sobre a operação na reportagem da Reuters:
PF mira BRF em nova fase da operação Carne Fraca e prende ex-presidente Pedro Faria e mais 10
Por Pedro Fonseca e Gabriela Mello - A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira o ex-presidente da BRF Pedro Faria e mais 10 pessoas em nova fase da operação Carne Fraca, que investiga irregularidades na análise sanitária de produtos alimentícios e que contou ainda com mandados de condução coercitiva de outras 27 pessoas.
Faria foi presidente da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, entre 2015 até o final do ano passado, em uma reformulação da administração da empresa que teve o presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, como um dos principais promotores.
Os mandados envolvem prisões temporárias. Além de Faria, foi preso Hélio dos Santos Júnior, que na semana passada renunciou do posto de vice-presidente de operações globais.
A BRF é a maior exportadora de carne de frango do mundo e desde o início da operação Carne Fraca, no começo de 2017, os resultados da companhia têm sido atingidos pelo escândalo, que impactou as exportações do Brasil já que vários países, incluindo a China, suspenderam temporariamente importações de produtos de proteína animal do Brasil.
As ações da BRF despencavam quase 19 por cento às 15h56, enquanto o Ibovespa tinha alta de 0,32 por cento. A rival JBS recuava cerca de 5 por cento.
Segundo o delegado da PF encarregado das investigações, Maurício Moscardi Grillo, a BRF não tomava todos os cuidados sanitários necessários, e executivos da companhia tinham conhecimento dos fatos.
O delegado disse em entrevista que provas e emails coletados indicam que as fraudes foram cometidas entre 2012 e 2015, com intervenção de gerente da BRF no cadastramento de laboratório que fraudaria as análises da qualidade dos alimentos para a empresa.
"O controle de qualidade da empresa, bem como executivos ligados à empresa em todas as áreas hierárquicas, do seu presidente até o gerente de controle de qualidade, tinham conhecimento dos fatos que aconteciam", afirmou o delegado.
Os emails incluem troca de mensagens de uma ex-funcionária do grupo que afirma ter sido pressionada por superiores para alterar resultados de análises laboratoriais, disse o juiz André Wasilewski Duszczak em despacho que autorizou a operação desta segunda-feira.
Além de trocas de resultados de análises, o coordenador-geral de inspeção de produtos de origem animal do Ministério de Agricultura, Alexandre Campos da Silva, acrescentou que houve omissão da presença da bactéria salmonela em produtos da companhia e que as fraudes cometidas colocam em risco a exportação de carnes do Brasil.
Na ação desta segunda-feira, chamada Operação Trapaça, agentes da PF cumprem um total de 91 mandados judiciais nos Estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo.
"Todos (os mandados) foram de pessoas em caráter de testemunha nos autos da investigação, não desrespeitando a decisão do Supremo (Tribunal Federal) de não desrespeitar o suspeito. Mas temos que considerar o poderio econômico da empresa que é muito grande", afirmou Grillo.
"A investigação policial deve repercutir negativamente, tanto no mercado local, quanto no mercado externo. O grande risco para a BRF é a volta (e aumento) das restrições sobre seus produtos no Brasil e exterior", afirmaram analistas da Guide Investimentos em relatório.
A BRF disse, em nota enviado ao mercado, que está se inteirando dos detalhes da nova fase da operação da PF e que está colaborando com as investigações para esclarecer os fatos. Além disso, a empresa reiterou que segue as normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos.
MUDANÇAS NA GESTÃO
A BRF também informou que o seu conselho de administração, reunido nesta segunda-feira, marcou uma assembleia geral extraordinária de acionistas no dia 26 de abril para discutir a proposta de troca de todo o colegiado da companhia. Os fundos de pensão Previ, do Banco do Brasil, e Petros, da Petrobras, entre os principais investidores da BRF defendem a troca dos executivos do conselho, incluindo Diniz.
No ano passado, ao anunciar no final de agosto decisão de troca da presidência-executiva da BRF, Diniz afirmou que não havia nenhuma chance do substituto de Faria vir de dentro da própria companhia, sem dar muitos detalhes o motivo desta preferência. Na ocasião, Diniz afirmou a analistas da BRF que o momento do anúncio da saída de Faria, em um momento em que a empresa vinha apresentando resultados abaixo do esperado, era adequado e que"não houve pressão de ninguém" para a troca do comando.
Na semana passada, Diniz afirmou aos analistas da BRF que a empresa precisava"recuperar a credibilidade para a administração da companhia". A empresa teve em 2017 prejuízo líquido de 1,1 bilhão de reais e passou a ser presidida por José Aurélio Drummond Jr. no final do ano passado.
Procurada nesta segunda-feira, a Península, empresa que representa os investimentos da família Diniz, não se manifestou sobre a operação da PF.
Segundo a Polícia Federal, as investigações demonstraram que a prática das fraudes contava com a anuência de executivos do grupo empresarial, e também foram constatadas manobras extrajudiciais operadas por executivos do grupo com o fim de acobertar a prática dos atos ilícitos ao longo das investigações.
"As fraudes operadas tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal (SIF/MAPA) e, com isso, não permitir que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da empresa investigada", afirmou a PF.
Por Gabriela Mello e Pedro Fonseca, com reportagem adicional de Flavia Bohone, em São Paulo, e Ricardo Brito, em Brasília, texto de Alberto Alerigi Jr, edição de Maria Pia Palermo e Raquel Stenzel
Que eu saiba a Policia Federal não é vigilância sanitária e portanto não pode e não sabe avaliar a qualidade dos produtos comercializados pelos frigoríficos da BRF. Portanto interditar os frigoríferos é uma medida arbitrária e errada.
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