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5.08.2018

Prós e contras de bloquear a menstruação

Marina Mantovanini
Em 1996, o ginecologista brasileiro Elsimar Coutinho lançou o polêmico livro Menstruação, a Sangria Inútil . Na obra, o médico indicava os benefícios de se interromper o ciclo menstrual especialmente para mulheres que sofriam de TPM intensa, cólicas, endometriose, entre outros problemas. A partir daí, surgiram muitas discussões entre médicos partidários das ideias de Elsimar e aqueles que não concordavam com a proposta.
Menstruar ou não menstruar, eis a questão
Mesmo com estudos que afirmam não haver nenhum problema em cortar o ciclo, a dúvida ainda paira na cabeça da ala feminina. Segundo o Dr. Rogério Bonassi, ginecologista e presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), não há nenhum estudo que comprove os benefícios de se menstruar. Já as vantagens de interromper o sangramento são muitas. "Se a mulher tem sintomas negativos relacionados à menstruação, o aconselhamento é que ela use métodos para parar o sangramento, mas se ela convive bem com o ciclo, não há o porquê interromper", explica.
Bonassi conta que a pílula surgiu nos anos 1960 na Espanha com a intenção de ser um contraceptivo e que já tinha a função de interromper o sangramento. "Na época, foi uma estratégia de marketing lançar o medicamento com uma pausa de sete dias. Imagina a desconfiança que seria um remédio que evita a gravidez e ainda interrompe a menstruação? No entanto, o que as pessoas acham ser o período menstrual quando há a pausa do contraceptivo, é apenas uma indução ao sangramento."
Como interromper
Quem se interessa em bloquear o sangramento mensal pode escolher entre algumas opções ¿ todas hormonais. O Dr. Rogério Leão, do corpo clínico do IPGO e médico-assistente da Unicamp, explica que há diferentes opções, mas que nenhuma garante a diminuição do fluxo sanguíneo em 100%. "Há as pílulas contínuas, mais comuns, que combinam progesterona e estrogênio, o DIU com hormônio, as pílulas apenas com progesterona e a injeção, mas em todos os métodos pode ocorrer o spotting", explica.
Spotting é como os médicos chamam o sangramento de escape, que varia entre 30% a 70% de chance de acordo com o medicamento.
Mitos da pausa
Há quem acredite que pausar a menstruação pode trazer consequências a saúde. Mas os dois médicos afirmam que não existe nenhuma doença relacionada ao rompimento do ciclo, pelo contrário, há estudos que comprovam que as chances de se ter um câncer de ovário ou de endométrio são reduzidas quando o sangramento cessa.
Outro mito desmascarado pelo Dr. Bonassi é em relação à diminuição das chances de engravidar: "Quando se para de tomar o contraceptivo que bloqueia a menstruação, as chances dela engravidar são as mesmas. Essa taxa só muda de acordo com a idade". Se você acha que não menstruar pode atrasar a menopausa, esqueça. "A menopausa é genética e há um número exato de folículos (óvulos) para cada mulher. Mesmo que ela não menstrue, eles estão 'morrendo'".
O único alerta que ambos os especialistas dão é para as mulheres não serem radicais e acharem que a melhor saída é sempre interromper o ciclo menstrual. Se você convive bem com ele, não há motivos para tomar essa decisão, caso tenha problemas como os citados acima, converse com o seu ginecologista veja o que é melhor para você.


Para quem sofre de cólicas fortes, interromper a menstruação pode ser uma saída
Foto: Getty Images

Descubra as vantagens e riscos de interromper a menstruação

Ginecologista revela os métodos mais utilizados pelas mulheres para suspender o ciclo


Dores pelo corpo, inchaço, desconfortos, cólicas e alteração no humor são apenas alguns dos indesejados sintomas que a menstruação pode proporcionar mensalmente as mulheres. Por causa desses incômodos, cada vez mais delas estão optando por adotar métodos para interromper o ciclo.
A ideia de cessar é um assunto que rende debates, seja com as amigas ou entre os médicos. Isso porque a menstruação exerce a importante função de preparar o corpo da mulher para engravidar, além de ser um sinal de que o organismo está saudável. De acordo com a ginecologista e obstetra Dra. Erica Mantelli (CRM-124.315), o primeiro passo para quem deseja parar de menstruar é procurar o ginecologista. A maioria dos métodos para interromper o ciclo pode provocar algum efeito colateral, já que a falta dos hormônios femininos altera as funções do organismo, podendo gerar danos à saúde como aumento de peso e retenção de líquido. Por isso, a especialista recomenda que a mulher passe por uma avaliação, a fim de verificar se apresenta sintomas intensos de TPM (Tensão Pré-menstrual) que prejudiquem seu dia a dia. Existem algumas doenças que também se beneficiam com a suspensão da menstruação, porém essa decisão deve ser feita juntamente com o médico.

- Infelizmente muitas mulheres emendam uma cartela na outra ou tomam remédios sem orientação médica, o que pode acarretar graves problemas de saúde - explica.

Qual método posso usar?

Erica revela quais são os métodos mais utilizados pelas mulheres para suspender a menstruação.

Injeção de progesterona

Após três meses utilizando o método, 60% das mulheres têm a menstruação suspensa. A ginecologista explica que a injeção contém uma  grande quantidade de progesterona, que fica depositada no organismo e é liberada em pequenas doses diárias.

Vantagens: Diminui a irritabilidade e agressividade. São muito úteis no tratamento de doenças crônicas que pioram durante a menstruação.
Desvantagens: Aumento de peso significativo e diminuição da libido.
Implante subcutâneo
É um pequeno bastão semi-rígido contendo hormônio que é liberado diariamente em pequenas doses. Sua inserção é feita no braço e a validade é de três anos.

Vantagens: O implante consegue interromper a menstruação e também melhora os sintomas da TPM e endometriose.
Desvantagens: Pode causar sangramentos indesejados e irregulares.
Diu hormonal
O dispositivo intrauterino libera diariamente uma pequena dose de hormônio, durante cinco anos.

Vantagens: Pode provocar amenorréia (interrupção da menstruação), diminuindo as dores da endometriose e das cólicas menstruais.
Desvantagens: Pode provocar sangramentos irregulares.
Pílula de uso contínuo

São pílulas que contém a mesma dose de hormônio e são tomadas sem pausa. Entretanto, Erica alerta que se a mulher tomar a pílula de três a cinco meses sem pausa, pode vir a sofrer sangramentos irregulares, além de outros sintomas como dor de cabeça, retenção hídrica e, em alguns casos, hipertensão.

Vantagens: Podem ser usadas por mulheres que estão amamentando, pois não interrompe a lactação.
Desvantagens: Pode prejudicar a eficácia como anticoncepcional em mulheres que não estão amamentando já que, algumas vezes, não bloqueia totalmente a ovulação.
Análogo Hormonal

É uma substância injetada por especialista, mensalmente, por via intramuscular ou subcutânea. Atua inibindo a produção dos hormônios pelos ovários. Segundo a ginecologista, o método é utilizado nos casos em que é aconselhável o bloqueio do ciclo menstrual, como na endometriose e na puberdade precoce ou em mulheres com miomas ou doenças crônicas.

Vantagens: Consegue interromper a menstruação na maioria dos casos.
Desvantagens: A queda dos níveis hormonais pode desencadear os sintomas da menopausa, como calor, aumento de peso, redução da libido e da massa óssea. Não deve ser utilizado por mais de seis meses.
Menstruar ou não?

Interromper os ciclos menstruais mensais pode reduzir o risco de surgimento de endometriose, miomas uterinos, cistos de ovário, infertilidade causada por obstrução das tubas uterinas, câncer de mama, útero e ovário, além de amenizar as cólicas e auxiliar no combate à anemia e à tensão pré-menstrual.

Entretanto, para muitas mulheres a menstruação mensal é sinal de perfeito funcionamento do seu organismo, e muitas ficam preocupadas com a possibilidade do uso constante de medicamentos causar infertilidade. Erica afirma que geralmente esses métodos não causam infertilidade permamenente. Alerta, porém, para que as mulheres que optam pelo uso deles para suspender a menstruação façam um acompanhamento criterioso com seu ginecologista, para verificar as alterações indesejadas e controlar as taxas hormonais.

Vale lembrar que esses tratamentos não são aconselhados para as mulheres fumantes, que têm problemas na tireóide ou que já tiveram trombose. Independente do tipo de medicamento escolhido para suspender a menstruação, todos contém hormônios que só devem ser utilizados com indicação médica, pois podem aumentar o risco de infarto, trombose, derrame e alguns tipos de câncer.
Jean Mulligan / Morguefile
 

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