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6.09.2018

A insustentável leveza de Gleisi Hoffmann

por Gustavo Conde

Ricardo Stuckert

A direita fascista não se irrita com a senadora Gleisi Hoffmann apenas por sua incansável luta pela redemocratização do país. O que mais dói na direita fascista brasileira é sua insustentável leveza do ser. Eu poderia dizer que a "leveza" de Gleisi tem a ver com o fato de ela ser magra, esbelta e extremamente bonita, mas isso soaria antiquado e diversionista. 
Gleisi é magra. Esbelta. Linda. Sua elegância incomoda. Mas sua luta intransigente pela redemocratização do país e sua garra diante da situação inédita de terra arrasada, liderando o maior partido popular do Brasil e sendo a transmutação da voz do maior líder político da história a elevam a uma nova categoria. 
Gleisi foi eleita presidente do PT com o apoio maciço do partido. A bênção de Lula, no entanto, deixou-a em uma posição de liderança pouco comum para um partido com tantos quadros e correntes. Gleisi é uma quase unanimidade porque ela aceitou o desafio de conduzir o partido nessa travessia dolorosa do golpe. Gleisi exerce talvez o papel mais importante que jamais um líder do PT exerceu.
Hoje, ela traduz e encarna o partido, a luta das mulheres, a luta pela democracia, a luta pela liberdade de Lula. Gleisi inspira, Gleisi encanta, Gleisi grita para todo o país todos os dias que a democracia vai voltar e vai voltar com as cifras da felicidade que habitam todo o espectro da esquerda nesse momento histórico. 

O país, não se enganem, corre um risco absolutamente inédito de perder o que lhe resta de identidade, a identidade de seu povo, não os mitos criados pela elite e que, estes sim, foram sendo perdidos após quatro governos extremamente democráticos. 

O país corre o risco de fragmentar sua soberania de maneira irrecuperável. O tombo institucional foi muito grande. Moro, FHC e poder judiciário como artífices de um ataque estrangeiro sem precedentes não representam o exotismo de um país carnavalesco e avacalhado apenas. É um parasitismo sério e com DNA subscrito: o DNA do mercado e dos EUA, no bojo da política imperialista sem limites e no limite de seu enfraquecimento (sabemos da China e do esfacelamento da sociedade americana diante de sua contradições e da saturação histórica de seu poder). 

De sorte - ou falta de - que estamos diante da mais dramática situação política e social da história do país. As riquezas naturais - depois do povo, o nosso maior patrimônio - estão sendo entregues de maneira torpe e ilegítima. A própria população está sendo jogada contra si através da Rede Globo e os gritos de separatismo ecoam perigosos nos centros financeiros e até acadêmicos.

O Brasil não derrete como sempre derreteu, com suas instituições periodicamente falimentares e sua elite constantemente pusilânime e golpista. O Brasil derrete em sua soberania básica e em sua auto compreensão residual de país. 
É por isso que Gleisi Hoffmann encarna uma das mais emblemáticas líderes políticas da nossa história, já, neste momento em que ela surge como catalisador político e núcleo irradiador de decisões, sendo a voz em liberdade que Lula encontrou para exercer sua crescente e eterna ascendência sobre o povo brasileiro. 

Gleisi não é um "instrumento" de Lula, embora isso fosse também digno de honraria histórica. Até porque Lula, assim como a esquerda legítima, não entende as pessoas como vetores instrumentais, visão dominante no espectro da direita darwinista brasileira. Gleisi é persona, é dicção, é inteligência, é transparência, é coragem, é articulação, é o espírito incansável que não se intimida com o assédio misógino do pode judiciário nem com o jogo baixo da contra informação fake do jornalismo de guerra. 

Gleisi é, neste momento, o norte do país, seu destino e suas circunstâncias. O Brasil do futuro passa por Gleisi Hoffmann. Não foi à toa que Lula a escolheu e nela depositou toda a sua verve e inteligência política. Lula, mais uma vez, sabe com o que está lidando em termos de estatura espiritual e em termos de lealdade visceral. É bonito ver a relação profunda e intensa que Lula e Gleisi construíram juntos. 
Gleisi, portanto, passou a incomodar muito, quase tanto quanto Lula. Senadores tucanos e políticos golpistas em geral a temem, porque sabem da dimensão de sua palavra, investida de legitimidade e investida do discurso e do ethos de Lula. 

Gleisi não nega a origem nem o gênero. Lutou por Dilma como uma guerreira da mesma estatura da presidente legítima. Foram dois ícones na luta contra o impeachment sem crime. É evidente e admirável o quanto Gleisi e a própria Dilma cresceram após o impeachment. Hoje, ambas mal conseguem disfarçar o sorriso pleno da imensa vitória moral que lhes abastece a alma. Sorriso acompanhado de luta. 
Na noite de ontem em Contagem, enquanto sites fascistas espalhavam memes sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal, de pautar seu julgamento, Gleisi sorria. Sorria e empunhava sua força política e sua beleza insuportável para o horrendo golpe e seus machos velhos e feios. 
Sorria livre, leve e solta.
Leve.

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