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9.06.2018

Refluxo pode ser associado à apnéia obstrutiva do sono





Você já ouviu falar em refluxo? 

Esse problema é constantemente associado a bebês, mas pode 
atingir, também, crianças e adultos

Estimativas apontam que a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) 
acomete aproximadamente 35 milhões de brasileiros. “Este distúrbio é
 provocado pelo funcionamento incorreto da válvula que separa 
o esôfago do estômago. Por causa do ambiente ácido causado pelo
 refluxo no esôfago, faringe e boca, há malefícios para os dentes e
 as outras estruturas bucais e faríngeas”, explica Gerson Köhler, 
especialista em ortodontia e ortopedia facial que atua na equipe 
interdisciplinar da Köhler Ortofacial.
É comum confundir a DRGE com azia, gastrite ou úlcera, já que 
o distúrbio causa queimação e até retorno da comida e de suco
 gástrico pelo esôfago. Segundo Gerson, nos bebês a válvula 
é frouxa, pois o organismo está em processo de desenvolvimento
 e amadurecimento: “O alimento volta do estômago para o esôfago, 
provocando o refluxo. O bebê sente dor, desconforto, fica irritado
 e pode vomitar. O suco gástrico causa queimação no esôfago e se
 atingir a traqueia há chances da criança sofrer com pneumonia”,
 esclarece o ortodontista,

Nos adultos o funcionamento inadequado da válvula é 
relacionado a questões genéticas e fatores ambientais
 – como o estresse, consumo de tabaco e álcool e 
alimentação incorreta. Além da azia, queimação, dores,
 enjoos e retorno do conteúdo presente no estômago,
 sintomas como tosse crônica, pigarro, rouquidão, sensação
 de catarro na garganta, gosto amargo na boca e dores no 
peito podem ser sinal de refluxo. “A DRGE pode evoluir
 para esofagite, inflamação na parede do esôfago.
 A esofagite aumenta as chances do paciente desenvolver
 câncer de esôfago, mas a incidência é rara”, observa o especialista.
As consequências para a boca são maléficas.
 Quando o refluxo atinge a cavidade bucal surgem lesões
 nos tecidos moles, as famosas aftas, erosões, cáries e
 desgastes por atrito nos dentes. “Quanto mais erosões nos dentes
 pior é a situação da face dos mesmos que fica em contato 
com a língua. Os pacientes reclamam também de sensibilidade dentária,
 gosto azedo e ardência bucal. Os dentes são acometidos 
ainda pelo processo de descalcificação e ficam fragilizados.
 A intensidade e diversidade dos sintomas e as complicações
 comprometem o bem-estar e a qualidade de vida dos indivíduos
 que tem o problema”, ressalta.
Refluxo e bruxismo podem ser associados à apneia obstrutiva do sono:
Um estudo apresentado em 2009 em um congresso nos 
Estados Unidos apontou que 35% dos pacientes com apneia
 obstrutiva do sono têm refluxo gastroesofágico. Os dados
 também revelaram que um em cada quatro pessoas com 
apneia apresentam bruxismo. “A apneia é uma condição que
 pode causar quadros de saúde secundários. Ao diagnosticar o
 distúrbio do sono é essencial avaliar a saúde do indivíduo por
 completo para garantir que o organismo seja tratado por inteiro”,
 acrescenta Juarez Köhler, ortodontista e ortopedista facial que 
compõe a equipe clínica da Köhler Ortofacial e que atua de 
maneira interdisciplinar em distúrbios do sono.
A associação do bruxismo e do refluxo à apneia está ligada 
a ansiedade, ao consumo de cafeína e a necessidade do corpo
 de responder a estímulos. “Este distúrbio do sono caracterizado
 pela interrupção temporária da respiração vem acompanhado 
de ronco e dificuldades para respirar. Os pacientes diagnosticados
 com refluxo e apnéia têm mais um agravante, já que o sistema
 respiratório é afetado por ambos os males. Se a comida e o 
ácido presentes no estômago penetrar - indevidamente
 - nas vias aéreas, em direção aos pulmões, há o risco do
 surgimento de problemas respiratórios como asma e pneumonia”.
Para prevenir a doença é preciso seguir orientações fundamentais 
para uma vida saudável: praticar exercícios físicos, manter uma 
dieta equilibrada, controlar o peso corporal e ficar longe de vícios 
como o cigarro e o álcool. Abusar da cafeína também é um hábito
 condenado para quem não quer sofrer com o distúrbio.
 “O diagnóstico é feito com endoscopia e, se necessário, 
o médico pode solicitar a realização de um exame que mede o
 nível de acidez do esôfago. Mesmo com tratamento os sintomas
 podem surgir novamente, já que o refluxo parece não 
ter - ainda - uma cura definitiva”, destaca o professor Gerson, 
que também exerce atuação interdisciplinar, com médicos 
especializados, nas questões de distúrbios do sono, sendo 
associado à Associação Brasileira do Sono.

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