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12.10.2018

NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO AOS ASSASSINATOS DOS TRABALHADORES SEM TERRA NA PARAÍBA

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Comunicado nº 135/2018
 São Paulo, 10 de dezembro de 2018
 


Nota da Direção do MST Paraíba sobre o assassinato de dois militantes no Acampamento Dom José Maria Pires, município de Alhandra. 

“O que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos?.
(Ex-presidente Uruguaio, Pepe Mujica)

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PB) perde nesta noite de sábado (08) por volta das 19:30 dois militantes: José Bernardo da Silva, conhecido por Orlando e Rodrigo Celestino. Foram brutalmente assassinados por capangas encapuzados e fortemente armados. Isso demonstra a atual repressão contra os movimentos populares e suas lideranças. O ataque aconteceu no Acampamento Dom José Maria Pires, no município de Alhandra na Paraíba. Área da Fazenda Garapu, pertencente ao Grupo Santa Tereza, ocupada pelas famílias em julho de 2017.

Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é CRIME. Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detém o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.

Justamente dois dia antes das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, são assassinados de forma brutal dois trabalhadores Sem Terra. Neste sentido, convocamos a militância, amigos e amigas, aos que defendem os trabalhadores e trabalhadoras, denunciar a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo.

Solidariedade à família de Orlando e Rodrigo.

Direção do MST – PB
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!


NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO

A Procuradoria Geral da República (PGR), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba (PRDC/PB), órgãos do Ministério Público Federal, vêm a público manifestar solidariedade às famílias de José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando Bernardo, e Rodrigo Celestino, brutalmente assassinados na noite do sábado, 8 de dezembro de 2018. As duas vítimas eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba e foram mortos no Acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, na região sul do estado. 

Orlando era irmão do coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), Osvaldo Bernardo, que também integra a coordenação nacional do MAB. Desde o início da década, o Ministério Público Federal, através da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, atua em defesa dos direitos humanos das pessoas atingidas pela construção da barragem de Acauã, construída no final dos anos 90, no Agreste paraibano.
Orlando é o segundo irmão de Osvaldo Bernardo a ser morto por execução. O primeiro, Odilon Bernardo da Silva Filho, que também integrava a coordenação do MAB de Acauã, foi assassinado em 2009, aos 33 anos, numa emboscada, à noite, quando voltava para sua residência, depois de um encontro com amigos e militantes do MAB.  

Após a morte de Odilon, Osvaldo entrou para o programa de proteção aos defensores dos direitos humanos. Agora, a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), mais um irmão de Osvaldo é assassinado, fato que preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração.

Diante desse quadro, a PGR, a PFDC e a PRDC/PB reiteram o compromisso com a proteção dos direitos humanos dos assentados e envidarão todos os esforços perante os órgãos de investigação para que a autoria do duplo assassinato seja esclarecida e os responsáveis punidos conforme a lei. 

Raquel Dodge
Procuradora-Geral da República 

Deborah Duprat
Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão 

José Godoy
Procurador Regional dos Direitos do Cidadão


Velório dos militantes do MST foi carregado de emoção na Paraíba

Os dois militantes foram mortos por homens encapuzados em acampamento


O velório de José Bernardo da Silva (conhecido como Orlando) aconteceu na capela do assentamento Zumbi dos Palmares na cidade de Mari (PB). Após as 14h, entre cânticos de luta, poesias e palavras de ordem, várias autoridades e militantes fizeram uso da palavra. O velório de Rodrigo Celestino aconteceu em João Pessoa e também recebeu centenas de pessoas para a sua despedida.

José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino foram assassinados na noite deste sábado (08) por volta das 19h. Os dois eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da Paraíba e estavam no acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, quando um grupo de 4 homens armados entraram na área e atiraram neles enquanto jantavam.

O acampamento Dom José Maria Pires, antiga Fazenda Garapu, pertence ao Grupo Santa Tereza e completou um ano de resistência em julho deste ano. “Vamos comparecer ao velório e fazer um ato político”, disse a deputada estadual eleita, Cida Ramos, por meio de nota.

Abaixo, alguns trechos de falas de autoridades e militantes na despedida dos companheiros assassinados:

Jackson Macedo - Presidente estadual  do PT-PB

"A preocupação é grande, não só pelo que aconteceu mas o que pode acontecer na nova conjuntura da politica nacional. Nós temos uma preocupação muito grande com o governo Bolsonaro. A polícia em João Pessoa bateu na juventude do hip hop gritando agora é Bolsonaro, então a luta da esquerda é muito grande, nós temos que criar uma grande frente de mobilização de defesa dos trabalhadores pois temos um futuro muito incerto para os militantes."


Paulo Marcelo – presidente da CUT-PB

"É um momento de extrema tristeza para um dos importantes movimentos do Brasil e para todos os movimentos; o movimento sindical está de luto, o MST está de luto e daqui a um pouco mais de vinte dias se aproxima um novo brasil muito preocupante. O que nós vimos com esses dois bárbaros assassinatos é apenas o reflexo daquilo que se aproxima dos brasileiros que lutam por reforma agrária, por direitos. E o Brasil e o mundo já sabem que esse governo vem para tratorar os movimentos e fica aqui o nosso repúdio, em nome de todos os trabalhadores. E temos que reagir não ter medo, temos que continuar a luta e colocar todos os meios possíveis para defender a classe trabalhadora."

Gleisi Hoffman – senadora e presidenta do PT nacional

"Como dói que seja assim, saber que não serão os primeiros nem serão os últimos? por que que tem que ser assim? Por que tem que morrer pra poder ter um pedaço de terra pra produzir, pra poder sustentar sua família. Como é triste ver uma criança com fome. E os companheiros que enfrentam essa situação pagam com a vida. Um pais de exclusão onde a maioria luta para sobreviver, literalmente. Um país de 500 anos, que começou dizimando os índios, explorou os negros, colocando-os pra fazer serviços sem remuneração, excluindo os pobres? como um país como esse pode falar em desenvolvimento? Não tem desenvolvimento enquanto alguns tiverem que morrer para ter acesso a comida. E então a elite vem falar de paz social, dentro de carpetes e ar-condicionado. Paz social se discute aqui na lida, tendo que lutar pela comida e lutar para não ser assassinado. Na história desse país o único momento, um soluço de justiça social foi quando Lula assumiu. Pode ver na história. Queremos justiça, mas a maior justiça que podemos fazer é continuar na luta!"

Ricardo Coutinho – governador da PB

"Há nove anos atrás o José Bernardo teve um irmão executado da mesma forma. Eu fico me perguntando qual será o futuro desse país. Temos aqui uma perda afetiva, familiar, mas temos também a perda de algo que demora dez anos para se formar, que é a perda de um quadro, uma liderança. Não se forma liderança a três por quatro. Uma liderança, para se constituir, leva tempo, provações, legitimidade. Estamos passando pelo pior momento que é o da criminalização da sociedade que quer se organizar. Precisamos estar atentos porque a serpente saiu do ovo, já está espalhada na cabeça de muita gente que sonha em poder resolver tudo na base da bala. O brasil involuiu, está andando pra trás e vai andar cada vez mais para trás à medida que a gente aceita esse jogo e não se organiza. E enquanto governador iremos às ultimas consequências: desde ontem estamos buscando todo tipo de informação. Para que a gente possa punir, não apenas o executor, mas quem manda matar. Porque, do contrário, isso voltará a ser uma rotina no estado."

José Godoy - Procurador da República - PB

"É uma tristeza muito grande presenciar e ver isso acontecer na véspera dos 50 anos da declaração dos direitos humanos, 30 anos da constituição de 88 que colocou como direito básico o acesso à reforma agrária. Meus sentimentos a todos da família. Como disse o governador, será necessário muita luta para mudar isso, e nos últimos anos tem sido muito forte essa questão contra quem luta. Eu costumo dizer que não existe democracia sem eleições livres, e não existe eleições livres sem partidos e movimentos sociais. Então vocês são o cerne da democracia e quando acontece isso é a democracia que está sendo atacada."


Cida Ramos - professora e recém eleita deputada estadual pelo PSB

"Muito difícil ver Orlando nesta situação. E com ele e com Rodrigo vai um pedacinho da gente. Vai um pedaço daquilo que nós acreditamos de valores, do sentimento, da necessidade desse país ser democrático, e não tratar as diferenças com esta truculência, o que morre hoje aqui é a tentativa de nos tornar mais fracos. A tentativa de dizer que a luta por justiça e igualdade não vale a pena. Estive no assentamento logo cedo. E vi o brilho no olhar que existia em Orlando. E agora, mais do que nunca, estaremos na linha de frente com vocês para mostrar que a bandidagem e a truculência não representam o Brasil."


Sandra Marrocos, vereadora de João Pessoa pelo PSB

"Super difícil, encontrei companheiros de longas datas, da luta pela terra, do urbano e o rural. Tempos difíceis. O estado democrático de direito sendo atacado traz uma memoria antiga que a gente não queria que acontecesse mais que é a de companheiros lutando pelo direito a terra, o direito a vida. E teve o assassinato desse tipo na minha família. E a gente precisa estar muito atentos e fortes, resistindo, e esse é o momento que precisamos fazer enfrentamento muito forte."

Marcos Henriques – vereador de João Pessoa pelo PT

"O sentimento é de revolta porque a luta de Orlando era por dignidade, por terra para o seu povo e um momento tão triste para o Brasil prestes a entrar um governo contrário à classe trabalhadora, ao MST, conforme ele mesmo relatou. Estive muito com Orlando e aprendi muito com ele: um militante que tem o amor e o orgulho daqueles que ele representa. Eu acho que essa morte tem que ser punida. O que ele deixou para a gente muitos ensinamentos. E isso vai se tornar em muita luta."


Wilton Maia do STIUPB - Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Urbanas da Paraíba

"Essa morte não sera em vão, vamos permanecer na luta, empunhando a bandeira da luta de classe pela reforma agrária. Sabemos que são tempos difíceis que iremos enfrentar, mas não iremos nos acovardar e vamos permanecer firmes em defesa da democracia. E orlando e Marielle são exemplos de luta."

Dilei Schiochet - direção nacional do MST

"A luta pela terra no Brasil sempre foi muito tensa, porque a concentração da terra é histórica, não vem de agora, e a terra e um bem da natureza e não poderia ser comprada nem vendida, como o sole o ar que respiramos, e o Brasil é o pais que mais concentra terra no mundo, e as elites não permitem que democratize a terra:  elas sempre vão tentar nos parar."

Nota da Direção do MST Paraíba sobre o assassinato de dois militantes no Acampamento Dom José Maria Pires, município de Alhandra. 

“O que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos?.
(Ex-presidente Uruguaio, Pepe Mujica)

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PB) perde nesta noite de sábado (08) por volta das 19:30 dois militantes: José Bernardo da Silva, conhecido por Orlando e Rodrigo Celestino. Foram brutalmente assassinados por capangas encapuzados e fortemente armados. Isso demonstra a atual repressão contra os movimentos populares e suas lideranças. O ataque aconteceu no Acampamento Dom José Maria Pires, no município de Alhandra na Paraíba. Área da Fazenda Garapu, pertencente ao Grupo Santa Tereza, ocupada pelas famílias em julho de 2017.

Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é CRIME. Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detém o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.

Justamente dois dia antes das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, são assassinados de forma brutal dois trabalhadores Sem Terra. Neste sentido, convocamos a militância, amigos e amigas, aos que defendem os trabalhadores e trabalhadoras, denunciar a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo.

Solidariedade à família de Orlando e Rodrigo.

Direção do MST – PB
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!


NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO

A Procuradoria Geral da República (PGR), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba (PRDC/PB), órgãos do Ministério Público Federal, vêm a público manifestar solidariedade às famílias de José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando Bernardo, e Rodrigo Celestino, brutalmente assassinados na noite do sábado, 8 de dezembro de 2018. As duas vítimas eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba e foram mortos no Acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, na região sul do estado. 

Orlando era irmão do coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), Osvaldo Bernardo, que também integra a coordenação nacional do MAB. Desde o início da década, o Ministério Público Federal, através da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, atua em defesa dos direitos humanos das pessoas atingidas pela construção da barragem de Acauã, construída no final dos anos 90, no Agreste paraibano.
Orlando é o segundo irmão de Osvaldo Bernardo a ser morto por execução. O primeiro, Odilon Bernardo da Silva Filho, que também integrava a coordenação do MAB de Acauã, foi assassinado em 2009, aos 33 anos, numa emboscada, à noite, quando voltava para sua residência, depois de um encontro com amigos e militantes do MAB.  

Após a morte de Odilon, Osvaldo entrou para o programa de proteção aos defensores dos direitos humanos. Agora, a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), mais um irmão de Osvaldo é assassinado, fato que preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração.

Diante desse quadro, a PGR, a PFDC e a PRDC/PB reiteram o compromisso com a proteção dos direitos humanos dos assentados e envidarão todos os esforços perante os órgãos de investigação para que a autoria do duplo assassinato seja esclarecida e os responsáveis punidos conforme a lei. 

Raquel Dodge
Procuradora-Geral da República 

Deborah Duprat
Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão 

José Godoy
Procurador Regional dos Direitos do Cidadão


Velório dos militantes do MST foi carregado de emoção na Paraíba

Os dois militantes foram mortos por homens encapuzados em acampamento


O velório de José Bernardo da Silva (conhecido como Orlando) aconteceu na capela do assentamento Zumbi dos Palmares na cidade de Mari (PB). Após as 14h, entre cânticos de luta, poesias e palavras de ordem, várias autoridades e militantes fizeram uso da palavra. O velório de Rodrigo Celestino aconteceu em João Pessoa e também recebeu centenas de pessoas para a sua despedida.

José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino foram assassinados na noite deste sábado (08) por volta das 19h. Os dois eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da Paraíba e estavam no acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, quando um grupo de 4 homens armados entraram na área e atiraram neles enquanto jantavam.

O acampamento Dom José Maria Pires, antiga Fazenda Garapu, pertence ao Grupo Santa Tereza e completou um ano de resistência em julho deste ano. “Vamos comparecer ao velório e fazer um ato político”, disse a deputada estadual eleita, Cida Ramos, por meio de nota.

Abaixo, alguns trechos de falas de autoridades e militantes na despedida dos companheiros assassinados:

Jackson Macedo - Presidente estadual  do PT-PB

"A preocupação é grande, não só pelo que aconteceu mas o que pode acontecer na nova conjuntura da politica nacional. Nós temos uma preocupação muito grande com o governo Bolsonaro. A polícia em João Pessoa bateu na juventude do hip hop gritando agora é Bolsonaro, então a luta da esquerda é muito grande, nós temos que criar uma grande frente de mobilização de defesa dos trabalhadores pois temos um futuro muito incerto para os militantes."


Paulo Marcelo – presidente da CUT-PB

"É um momento de extrema tristeza para um dos importantes movimentos do Brasil e para todos os movimentos; o movimento sindical está de luto, o MST está de luto e daqui a um pouco mais de vinte dias se aproxima um novo brasil muito preocupante. O que nós vimos com esses dois bárbaros assassinatos é apenas o reflexo daquilo que se aproxima dos brasileiros que lutam por reforma agrária, por direitos. E o Brasil e o mundo já sabem que esse governo vem para tratorar os movimentos e fica aqui o nosso repúdio, em nome de todos os trabalhadores. E temos que reagir não ter medo, temos que continuar a luta e colocar todos os meios possíveis para defender a classe trabalhadora."

Gleisi Hoffman – senadora e presidenta do PT nacional

"Como dói que seja assim, saber que não serão os primeiros nem serão os últimos? por que que tem que ser assim? Por que tem que morrer pra poder ter um pedaço de terra pra produzir, pra poder sustentar sua família. Como é triste ver uma criança com fome. E os companheiros que enfrentam essa situação pagam com a vida. Um pais de exclusão onde a maioria luta para sobreviver, literalmente. Um país de 500 anos, que começou dizimando os índios, explorou os negros, colocando-os pra fazer serviços sem remuneração, excluindo os pobres? como um país como esse pode falar em desenvolvimento? Não tem desenvolvimento enquanto alguns tiverem que morrer para ter acesso a comida. E então a elite vem falar de paz social, dentro de carpetes e ar-condicionado. Paz social se discute aqui na lida, tendo que lutar pela comida e lutar para não ser assassinado. Na história desse país o único momento, um soluço de justiça social foi quando Lula assumiu. Pode ver na história. Queremos justiça, mas a maior justiça que podemos fazer é continuar na luta!"

Ricardo Coutinho – governador da PB

"Há nove anos atrás o José Bernardo teve um irmão executado da mesma forma. Eu fico me perguntando qual será o futuro desse país. Temos aqui uma perda afetiva, familiar, mas temos também a perda de algo que demora dez anos para se formar, que é a perda de um quadro, uma liderança. Não se forma liderança a três por quatro. Uma liderança, para se constituir, leva tempo, provações, legitimidade. Estamos passando pelo pior momento que é o da criminalização da sociedade que quer se organizar. Precisamos estar atentos porque a serpente saiu do ovo, já está espalhada na cabeça de muita gente que sonha em poder resolver tudo na base da bala. O brasil involuiu, está andando pra trás e vai andar cada vez mais para trás à medida que a gente aceita esse jogo e não se organiza. E enquanto governador iremos às ultimas consequências: desde ontem estamos buscando todo tipo de informação. Para que a gente possa punir, não apenas o executor, mas quem manda matar. Porque, do contrário, isso voltará a ser uma rotina no estado."

José Godoy - Procurador da República - PB

"É uma tristeza muito grande presenciar e ver isso acontecer na véspera dos 50 anos da declaração dos direitos humanos, 30 anos da constituição de 88 que colocou como direito básico o acesso à reforma agrária. Meus sentimentos a todos da família. Como disse o governador, será necessário muita luta para mudar isso, e nos últimos anos tem sido muito forte essa questão contra quem luta. Eu costumo dizer que não existe democracia sem eleições livres, e não existe eleições livres sem partidos e movimentos sociais. Então vocês são o cerne da democracia e quando acontece isso é a democracia que está sendo atacada."


Cida Ramos - professora e recém eleita deputada estadual pelo PSB

"Muito difícil ver Orlando nesta situação. E com ele e com Rodrigo vai um pedacinho da gente. Vai um pedaço daquilo que nós acreditamos de valores, do sentimento, da necessidade desse país ser democrático, e não tratar as diferenças com esta truculência, o que morre hoje aqui é a tentativa de nos tornar mais fracos. A tentativa de dizer que a luta por justiça e igualdade não vale a pena. Estive no assentamento logo cedo. E vi o brilho no olhar que existia em Orlando. E agora, mais do que nunca, estaremos na linha de frente com vocês para mostrar que a bandidagem e a truculência não representam o Brasil."


Sandra Marrocos, vereadora de João Pessoa pelo PSB

"Super difícil, encontrei companheiros de longas datas, da luta pela terra, do urbano e o rural. Tempos difíceis. O estado democrático de direito sendo atacado traz uma memoria antiga que a gente não queria que acontecesse mais que é a de companheiros lutando pelo direito a terra, o direito a vida. E teve o assassinato desse tipo na minha família. E a gente precisa estar muito atentos e fortes, resistindo, e esse é o momento que precisamos fazer enfrentamento muito forte."

Marcos Henriques – vereador de João Pessoa pelo PT

"O sentimento é de revolta porque a luta de Orlando era por dignidade, por terra para o seu povo e um momento tão triste para o Brasil prestes a entrar um governo contrário à classe trabalhadora, ao MST, conforme ele mesmo relatou. Estive muito com Orlando e aprendi muito com ele: um militante que tem o amor e o orgulho daqueles que ele representa. Eu acho que essa morte tem que ser punida. O que ele deixou para a gente muitos ensinamentos. E isso vai se tornar em muita luta."


Wilton Maia do STIUPB - Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Urbanas da Paraíba

"Essa morte não sera em vão, vamos permanecer na luta, empunhando a bandeira da luta de classe pela reforma agrária. Sabemos que são tempos difíceis que iremos enfrentar, mas não iremos nos acovardar e vamos permanecer firmes em defesa da democracia. E orlando e Marielle são exemplos de luta."

Dilei Schiochet - direção nacional do MST

"A luta pela terra no Brasil sempre foi muito tensa, porque a concentração da terra é histórica, não vem de agora, e a terra e um bem da natureza e não poderia ser comprada nem vendida, como o sole o ar que respiramos, e o Brasil é o pais que mais concentra terra no mundo, e as elites não permitem que democratize a terra:  elas sempre vão tentar nos parar."

Trecho de poesia lida por um militante no velório:

Se a guerra está declarada, nós temos um lado. Não serão as armas e a violência que irá parar a nossa luta., seguimos o exemplo de Margarida Maria Alves: decidimos temer mais a fome do que a morte! Queremos e faremos justiça, ocuparemos a terra, plantaremos comida e daremos vida aos sonhos do companheiro. Alertamos: também sabemos atirar, a foice e o facão são ferramentas de trabalho mas não exitaremos em nos defender a terra repartida, se a morte for o preço da transformação desse país, não haverá munição capaz de nos parar. Nosso luto é verbo conjugado no presente, na primeira pessoa do plural: nós lutamos, nós lutaremos!

Link da matéria:

 

Trecho de poesia lida por um militante no velório:

Se a guerra está declarada, nós temos um lado. Não serão as armas e a violência que irá parar a nossa luta., seguimos o exemplo de Margarida Maria Alves: decidimos temer mais a fome do que a morte! Queremos e faremos justiça, ocuparemos a terra, plantaremos comida e daremos vida aos sonhos do companheiro. Alertamos: também sabemos atirar, a foice e o facão são ferramentas de trabalho mas não exitaremos em nos defender a terra repartida, se a morte for o preço da transformação desse país, não haverá munição capaz de nos parar. Nosso luto é verbo conjugado no presente, na primeira pessoa do plural: nós lutamos, nós lutaremos!

Link da matéria:

 
ota da Direção do MST Paraíba sobre o assassinato de dois militantes no Acampamento Dom José Maria Pires, município de Alhandra. 

“O que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos?.
(Ex-presidente Uruguaio, Pepe Mujica)

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PB) perde nesta noite de sábado (08) por volta das 19:30 dois militantes: José Bernardo da Silva, conhecido por Orlando e Rodrigo Celestino. Foram brutalmente assassinados por capangas encapuzados e fortemente armados. Isso demonstra a atual repressão contra os movimentos populares e suas lideranças. O ataque aconteceu no Acampamento Dom José Maria Pires, no município de Alhandra na Paraíba. Área da Fazenda Garapu, pertencente ao Grupo Santa Tereza, ocupada pelas famílias em julho de 2017.

Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é CRIME. Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detém o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.

Justamente dois dia antes das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, são assassinados de forma brutal dois trabalhadores Sem Terra. Neste sentido, convocamos a militância, amigos e amigas, aos que defendem os trabalhadores e trabalhadoras, denunciar a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo.

Solidariedade à família de Orlando e Rodrigo.

Direção do MST – PB
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!


NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO

A Procuradoria Geral da República (PGR), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba (PRDC/PB), órgãos do Ministério Público Federal, vêm a público manifestar solidariedade às famílias de José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando Bernardo, e Rodrigo Celestino, brutalmente assassinados na noite do sábado, 8 de dezembro de 2018. As duas vítimas eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba e foram mortos no Acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, na região sul do estado. 

Orlando era irmão do coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), Osvaldo Bernardo, que também integra a coordenação nacional do MAB. Desde o início da década, o Ministério Público Federal, através da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, atua em defesa dos direitos humanos das pessoas atingidas pela construção da barragem de Acauã, construída no final dos anos 90, no Agreste paraibano.
Orlando é o segundo irmão de Osvaldo Bernardo a ser morto por execução. O primeiro, Odilon Bernardo da Silva Filho, que também integrava a coordenação do MAB de Acauã, foi assassinado em 2009, aos 33 anos, numa emboscada, à noite, quando voltava para sua residência, depois de um encontro com amigos e militantes do MAB.  

Após a morte de Odilon, Osvaldo entrou para o programa de proteção aos defensores dos direitos humanos. Agora, a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), mais um irmão de Osvaldo é assassinado, fato que preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração.

Diante desse quadro, a PGR, a PFDC e a PRDC/PB reiteram o compromisso com a proteção dos direitos humanos dos assentados e envidarão todos os esforços perante os órgãos de investigação para que a autoria do duplo assassinato seja esclarecida e os responsáveis punidos conforme a lei. 

Raquel Dodge
Procuradora-Geral da República 

Deborah Duprat
Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão 

José Godoy
Procurador Regional dos Direitos do Cidadão


Velório dos militantes do MST foi carregado de emoção na Paraíba

Os dois militantes foram mortos por homens encapuzados em acampamento


O velório de José Bernardo da Silva (conhecido como Orlando) aconteceu na capela do assentamento Zumbi dos Palmares na cidade de Mari (PB). Após as 14h, entre cânticos de luta, poesias e palavras de ordem, várias autoridades e militantes fizeram uso da palavra. O velório de Rodrigo Celestino aconteceu em João Pessoa e também recebeu centenas de pessoas para a sua despedida.

José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino foram assassinados na noite deste sábado (08) por volta das 19h. Os dois eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da Paraíba e estavam no acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, quando um grupo de 4 homens armados entraram na área e atiraram neles enquanto jantavam.

O acampamento Dom José Maria Pires, antiga Fazenda Garapu, pertence ao Grupo Santa Tereza e completou um ano de resistência em julho deste ano. “Vamos comparecer ao velório e fazer um ato político”, disse a deputada estadual eleita, Cida Ramos, por meio de nota.

Abaixo, alguns trechos de falas de autoridades e militantes na despedida dos companheiros assassinados:

Jackson Macedo - Presidente estadual  do PT-PB

"A preocupação é grande, não só pelo que aconteceu mas o que pode acontecer na nova conjuntura da politica nacional. Nós temos uma preocupação muito grande com o governo Bolsonaro. A polícia em João Pessoa bateu na juventude do hip hop gritando agora é Bolsonaro, então a luta da esquerda é muito grande, nós temos que criar uma grande frente de mobilização de defesa dos trabalhadores pois temos um futuro muito incerto para os militantes."


Paulo Marcelo – presidente da CUT-PB

"É um momento de extrema tristeza para um dos importantes movimentos do Brasil e para todos os movimentos; o movimento sindical está de luto, o MST está de luto e daqui a um pouco mais de vinte dias se aproxima um novo brasil muito preocupante. O que nós vimos com esses dois bárbaros assassinatos é apenas o reflexo daquilo que se aproxima dos brasileiros que lutam por reforma agrária, por direitos. E o Brasil e o mundo já sabem que esse governo vem para tratorar os movimentos e fica aqui o nosso repúdio, em nome de todos os trabalhadores. E temos que reagir não ter medo, temos que continuar a luta e colocar todos os meios possíveis para defender a classe trabalhadora."

Gleisi Hoffman – senadora e presidenta do PT nacional

"Como dói que seja assim, saber que não serão os primeiros nem serão os últimos? por que que tem que ser assim? Por que tem que morrer pra poder ter um pedaço de terra pra produzir, pra poder sustentar sua família. Como é triste ver uma criança com fome. E os companheiros que enfrentam essa situação pagam com a vida. Um pais de exclusão onde a maioria luta para sobreviver, literalmente. Um país de 500 anos, que começou dizimando os índios, explorou os negros, colocando-os pra fazer serviços sem remuneração, excluindo os pobres? como um país como esse pode falar em desenvolvimento? Não tem desenvolvimento enquanto alguns tiverem que morrer para ter acesso a comida. E então a elite vem falar de paz social, dentro de carpetes e ar-condicionado. Paz social se discute aqui na lida, tendo que lutar pela comida e lutar para não ser assassinado. Na história desse país o único momento, um soluço de justiça social foi quando Lula assumiu. Pode ver na história. Queremos justiça, mas a maior justiça que podemos fazer é continuar na luta!"

Ricardo Coutinho – governador da PB

"Há nove anos atrás o José Bernardo teve um irmão executado da mesma forma. Eu fico me perguntando qual será o futuro desse país. Temos aqui uma perda afetiva, familiar, mas temos também a perda de algo que demora dez anos para se formar, que é a perda de um quadro, uma liderança. Não se forma liderança a três por quatro. Uma liderança, para se constituir, leva tempo, provações, legitimidade. Estamos passando pelo pior momento que é o da criminalização da sociedade que quer se organizar. Precisamos estar atentos porque a serpente saiu do ovo, já está espalhada na cabeça de muita gente que sonha em poder resolver tudo na base da bala. O brasil involuiu, está andando pra trás e vai andar cada vez mais para trás à medida que a gente aceita esse jogo e não se organiza. E enquanto governador iremos às ultimas consequências: desde ontem estamos buscando todo tipo de informação. Para que a gente possa punir, não apenas o executor, mas quem manda matar. Porque, do contrário, isso voltará a ser uma rotina no estado."

José Godoy - Procurador da República - PB

"É uma tristeza muito grande presenciar e ver isso acontecer na véspera dos 50 anos da declaração dos direitos humanos, 30 anos da constituição de 88 que colocou como direito básico o acesso à reforma agrária. Meus sentimentos a todos da família. Como disse o governador, será necessário muita luta para mudar isso, e nos últimos anos tem sido muito forte essa questão contra quem luta. Eu costumo dizer que não existe democracia sem eleições livres, e não existe eleições livres sem partidos e movimentos sociais. Então vocês são o cerne da democracia e quando acontece isso é a democracia que está sendo atacada."


Cida Ramos - professora e recém eleita deputada estadual pelo PSB

"Muito difícil ver Orlando nesta situação. E com ele e com Rodrigo vai um pedacinho da gente. Vai um pedaço daquilo que nós acreditamos de valores, do sentimento, da necessidade desse país ser democrático, e não tratar as diferenças com esta truculência, o que morre hoje aqui é a tentativa de nos tornar mais fracos. A tentativa de dizer que a luta por justiça e igualdade não vale a pena. Estive no assentamento logo cedo. E vi o brilho no olhar que existia em Orlando. E agora, mais do que nunca, estaremos na linha de frente com vocês para mostrar que a bandidagem e a truculência não representam o Brasil."


Sandra Marrocos, vereadora de João Pessoa pelo PSB

"Super difícil, encontrei companheiros de longas datas, da luta pela terra, do urbano e o rural. Tempos difíceis. O estado democrático de direito sendo atacado traz uma memoria antiga que a gente não queria que acontecesse mais que é a de companheiros lutando pelo direito a terra, o direito a vida. E teve o assassinato desse tipo na minha família. E a gente precisa estar muito atentos e fortes, resistindo, e esse é o momento que precisamos fazer enfrentamento muito forte."

Marcos Henriques – vereador de João Pessoa pelo PT

"O sentimento é de revolta porque a luta de Orlando era por dignidade, por terra para o seu povo e um momento tão triste para o Brasil prestes a entrar um governo contrário à classe trabalhadora, ao MST, conforme ele mesmo relatou. Estive muito com Orlando e aprendi muito com ele: um militante que tem o amor e o orgulho daqueles que ele representa. Eu acho que essa morte tem que ser punida. O que ele deixou para a gente muitos ensinamentos. E isso vai se tornar em muita luta."


Wilton Maia do STIUPB - Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Urbanas da Paraíba

"Essa morte não sera em vão, vamos permanecer na luta, empunhando a bandeira da luta de classe pela reforma agrária. Sabemos que são tempos difíceis que iremos enfrentar, mas não iremos nos acovardar e vamos permanecer firmes em defesa da democracia. E orlando e Marielle são exemplos de luta."

Dilei Schiochet - direção nacional do MST

"A luta pela terra no Brasil sempre foi muito tensa, porque a concentração da terra é histórica, não vem de agora, e a terra e um bem da natureza e não poderia ser comprada nem vendida, como o sole o ar que respiramos, e o Brasil é o pais que mais concentra terra no mundo, e as elites não permitem que democratize a terra:  elas sempre vão tentar nos parar."

Nota da Direção do MST Paraíba sobre o assassinato de dois militantes no Acampamento Dom José Maria Pires, município de Alhandra. 

“O que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos?.
(Ex-presidente Uruguaio, Pepe Mujica)

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PB) perde nesta noite de sábado (08) por volta das 19:30 dois militantes: José Bernardo da Silva, conhecido por Orlando e Rodrigo Celestino. Foram brutalmente assassinados por capangas encapuzados e fortemente armados. Isso demonstra a atual repressão contra os movimentos populares e suas lideranças. O ataque aconteceu no Acampamento Dom José Maria Pires, no município de Alhandra na Paraíba. Área da Fazenda Garapu, pertencente ao Grupo Santa Tereza, ocupada pelas famílias em julho de 2017.

Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é CRIME. Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detém o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.

Justamente dois dia antes das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, são assassinados de forma brutal dois trabalhadores Sem Terra. Neste sentido, convocamos a militância, amigos e amigas, aos que defendem os trabalhadores e trabalhadoras, denunciar a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo.

Solidariedade à família de Orlando e Rodrigo.

Direção do MST – PB
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!


NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO

A Procuradoria Geral da República (PGR), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba (PRDC/PB), órgãos do Ministério Público Federal, vêm a público manifestar solidariedade às famílias de José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando Bernardo, e Rodrigo Celestino, brutalmente assassinados na noite do sábado, 8 de dezembro de 2018. As duas vítimas eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba e foram mortos no Acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, na região sul do estado. 

Orlando era irmão do coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), Osvaldo Bernardo, que também integra a coordenação nacional do MAB. Desde o início da década, o Ministério Público Federal, através da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, atua em defesa dos direitos humanos das pessoas atingidas pela construção da barragem de Acauã, construída no final dos anos 90, no Agreste paraibano.
Orlando é o segundo irmão de Osvaldo Bernardo a ser morto por execução. O primeiro, Odilon Bernardo da Silva Filho, que também integrava a coordenação do MAB de Acauã, foi assassinado em 2009, aos 33 anos, numa emboscada, à noite, quando voltava para sua residência, depois de um encontro com amigos e militantes do MAB.  

Após a morte de Odilon, Osvaldo entrou para o programa de proteção aos defensores dos direitos humanos. Agora, a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), mais um irmão de Osvaldo é assassinado, fato que preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração.

Diante desse quadro, a PGR, a PFDC e a PRDC/PB reiteram o compromisso com a proteção dos direitos humanos dos assentados e envidarão todos os esforços perante os órgãos de investigação para que a autoria do duplo assassinato seja esclarecida e os responsáveis punidos conforme a lei. 

Raquel Dodge
Procuradora-Geral da República 

Deborah Duprat
Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão 

José Godoy
Procurador Regional dos Direitos do Cidadão


Velório dos militantes do MST foi carregado de emoção na Paraíba

Os dois militantes foram mortos por homens encapuzados em acampamento


O velório de José Bernardo da Silva (conhecido como Orlando) aconteceu na capela do assentamento Zumbi dos Palmares na cidade de Mari (PB). Após as 14h, entre cânticos de luta, poesias e palavras de ordem, várias autoridades e militantes fizeram uso da palavra. O velório de Rodrigo Celestino aconteceu em João Pessoa e também recebeu centenas de pessoas para a sua despedida.

José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino foram assassinados na noite deste sábado (08) por volta das 19h. Os dois eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da Paraíba e estavam no acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, quando um grupo de 4 homens armados entraram na área e atiraram neles enquanto jantavam.

O acampamento Dom José Maria Pires, antiga Fazenda Garapu, pertence ao Grupo Santa Tereza e completou um ano de resistência em julho deste ano. “Vamos comparecer ao velório e fazer um ato político”, disse a deputada estadual eleita, Cida Ramos, por meio de nota.

Abaixo, alguns trechos de falas de autoridades e militantes na despedida dos companheiros assassinados:

Jackson Macedo - Presidente estadual  do PT-PB

"A preocupação é grande, não só pelo que aconteceu mas o que pode acontecer na nova conjuntura da politica nacional. Nós temos uma preocupação muito grande com o governo Bolsonaro. A polícia em João Pessoa bateu na juventude do hip hop gritando agora é Bolsonaro, então a luta da esquerda é muito grande, nós temos que criar uma grande frente de mobilização de defesa dos trabalhadores pois temos um futuro muito incerto para os militantes."


Paulo Marcelo – presidente da CUT-PB

"É um momento de extrema tristeza para um dos importantes movimentos do Brasil e para todos os movimentos; o movimento sindical está de luto, o MST está de luto e daqui a um pouco mais de vinte dias se aproxima um novo brasil muito preocupante. O que nós vimos com esses dois bárbaros assassinatos é apenas o reflexo daquilo que se aproxima dos brasileiros que lutam por reforma agrária, por direitos. E o Brasil e o mundo já sabem que esse governo vem para tratorar os movimentos e fica aqui o nosso repúdio, em nome de todos os trabalhadores. E temos que reagir não ter medo, temos que continuar a luta e colocar todos os meios possíveis para defender a classe trabalhadora."

Gleisi Hoffman – senadora e presidenta do PT nacional

"Como dói que seja assim, saber que não serão os primeiros nem serão os últimos? por que que tem que ser assim? Por que tem que morrer pra poder ter um pedaço de terra pra produzir, pra poder sustentar sua família. Como é triste ver uma criança com fome. E os companheiros que enfrentam essa situação pagam com a vida. Um pais de exclusão onde a maioria luta para sobreviver, literalmente. Um país de 500 anos, que começou dizimando os índios, explorou os negros, colocando-os pra fazer serviços sem remuneração, excluindo os pobres? como um país como esse pode falar em desenvolvimento? Não tem desenvolvimento enquanto alguns tiverem que morrer para ter acesso a comida. E então a elite vem falar de paz social, dentro de carpetes e ar-condicionado. Paz social se discute aqui na lida, tendo que lutar pela comida e lutar para não ser assassinado. Na história desse país o único momento, um soluço de justiça social foi quando Lula assumiu. Pode ver na história. Queremos justiça, mas a maior justiça que podemos fazer é continuar na luta!"

Ricardo Coutinho – governador da PB

"Há nove anos atrás o José Bernardo teve um irmão executado da mesma forma. Eu fico me perguntando qual será o futuro desse país. Temos aqui uma perda afetiva, familiar, mas temos também a perda de algo que demora dez anos para se formar, que é a perda de um quadro, uma liderança. Não se forma liderança a três por quatro. Uma liderança, para se constituir, leva tempo, provações, legitimidade. Estamos passando pelo pior momento que é o da criminalização da sociedade que quer se organizar. Precisamos estar atentos porque a serpente saiu do ovo, já está espalhada na cabeça de muita gente que sonha em poder resolver tudo na base da bala. O brasil involuiu, está andando pra trás e vai andar cada vez mais para trás à medida que a gente aceita esse jogo e não se organiza. E enquanto governador iremos às ultimas consequências: desde ontem estamos buscando todo tipo de informação. Para que a gente possa punir, não apenas o executor, mas quem manda matar. Porque, do contrário, isso voltará a ser uma rotina no estado."

José Godoy - Procurador da República - PB

"É uma tristeza muito grande presenciar e ver isso acontecer na véspera dos 50 anos da declaração dos direitos humanos, 30 anos da constituição de 88 que colocou como direito básico o acesso à reforma agrária. Meus sentimentos a todos da família. Como disse o governador, será necessário muita luta para mudar isso, e nos últimos anos tem sido muito forte essa questão contra quem luta. Eu costumo dizer que não existe democracia sem eleições livres, e não existe eleições livres sem partidos e movimentos sociais. Então vocês são o cerne da democracia e quando acontece isso é a democracia que está sendo atacada."


Cida Ramos - professora e recém eleita deputada estadual pelo PSB

"Muito difícil ver Orlando nesta situação. E com ele e com Rodrigo vai um pedacinho da gente. Vai um pedaço daquilo que nós acreditamos de valores, do sentimento, da necessidade desse país ser democrático, e não tratar as diferenças com esta truculência, o que morre hoje aqui é a tentativa de nos tornar mais fracos. A tentativa de dizer que a luta por justiça e igualdade não vale a pena. Estive no assentamento logo cedo. E vi o brilho no olhar que existia em Orlando. E agora, mais do que nunca, estaremos na linha de frente com vocês para mostrar que a bandidagem e a truculência não representam o Brasil."


Sandra Marrocos, vereadora de João Pessoa pelo PSB

"Super difícil, encontrei companheiros de longas datas, da luta pela terra, do urbano e o rural. Tempos difíceis. O estado democrático de direito sendo atacado traz uma memoria antiga que a gente não queria que acontecesse mais que é a de companheiros lutando pelo direito a terra, o direito a vida. E teve o assassinato desse tipo na minha família. E a gente precisa estar muito atentos e fortes, resistindo, e esse é o momento que precisamos fazer enfrentamento muito forte."

Marcos Henriques – vereador de João Pessoa pelo PT

"O sentimento é de revolta porque a luta de Orlando era por dignidade, por terra para o seu povo e um momento tão triste para o Brasil prestes a entrar um governo contrário à classe trabalhadora, ao MST, conforme ele mesmo relatou. Estive muito com Orlando e aprendi muito com ele: um militante que tem o amor e o orgulho daqueles que ele representa. Eu acho que essa morte tem que ser punida. O que ele deixou para a gente muitos ensinamentos. E isso vai se tornar em muita luta."


Wilton Maia do STIUPB - Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Urbanas da Paraíba

"Essa morte não sera em vão, vamos permanecer na luta, empunhando a bandeira da luta de classe pela reforma agrária. Sabemos que são tempos difíceis que iremos enfrentar, mas não iremos nos acovardar e vamos permanecer firmes em defesa da democracia. E orlando e Marielle são exemplos de luta."

Dilei Schiochet - direção nacional do MST

"A luta pela terra no Brasil sempre foi muito tensa, porque a concentração da terra é histórica, não vem de agora, e a terra e um bem da natureza e não poderia ser comprada nem vendida, como o sole o ar que respiramos, e o Brasil é o pais que mais concentra terra no mundo, e as elites não permitem que democratize a terra:  elas sempre vão tentar nos parar."

Trecho de poesia lida por um militante no velório:

Se a guerra está declarada, nós temos um lado. Não serão as armas e a violência que irá parar a nossa luta., seguimos o exemplo de Margarida Maria Alves: decidimos temer mais a fome do que a morte! Queremos e faremos justiça, ocuparemos a terra, plantaremos comida e daremos vida aos sonhos do companheiro. Alertamos: também sabemos atirar, a foice e o facão são ferramentas de trabalho mas não exitaremos em nos defender a terra repartida, se a morte for o preço da transformação desse país, não haverá munição capaz de nos parar. Nosso luto é verbo conjugado no presente, na primeira pessoa do plural: nós lutamos, nós lutaremos!

Link da matéria:

 

Trecho de poesia lida por um militante no velório:

Se a guerra está declarada, nós temos um lado. Não serão as armas e a violência que irá parar a nossa luta., seguimos o exemplo de Margarida Maria Alves: decidimos temer mais a fome do que a morte! Queremos e faremos justiça, ocuparemos a terra, plantaremos comida e daremos vida aos sonhos do companheiro. Alertamos: também sabemos atirar, a foice e o facão são ferramentas de trabalho mas não exitaremos em nos defender a terra repartida, se a morte for o preço da transformação desse país, não haverá munição capaz de nos parar. Nosso luto é verbo conjugado no presente, na primeira pessoa do plural: nós lutamos, nós lutaremos!

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