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5.20.2019

Moradores de SP defendem isenção de IPTU em ruas onde há prostituição

Uma associação argumenta que "a degradação no entorno de alguns bairros têm levado à má fama, à depauperação dos valores dos imóveis e afastado negócios de compra e venda imobiliária

Moradores de SP defendem isenção de IPTU em ruas onde há prostituição
Vocês acham que esse pessoal que pediu essa barbaridade, vota em quem?
Faz seis anos que uma moradora do bairro do Butantã, na zona oeste de São Paulo,
tenta vender a casa em que vive. O filhos já não moram mais com ela e o lugar
ficou grande demais para um casal. Durante esse período, ela perdeu a conta de quanta
 gente já foi visitar o imóvel, apaixonou-se por ele, porém desistiu de comprá-lo
em cima da hora. "As pessoas têm interesse, mas, quando percebem que
existe prostituição na minha porta, desistem imediatamente", conta a moradora,
 que pediu para não ser identificada. "Pago R$ 1.450 por mês de IPTU.
É um absurdo que eu tenha que passar por isso."
Ela foi uma das moradoras do Butantã que apoiaram a iniciativa da Associação
 dos Condomínios Residenciais e Comerciais de São Paulo (Acresce), que,
 por meio de uma ação civil pública, solicitou à Prefeitura uma isenção
temporária do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para os
proprietários de imóveis que convivem com pontos de prostituição em
 áreas consideradas estritamente residenciais. A mesma ação pedia que o
município regularizasse a atividade em até 90 dias, definindo locais, horários
e áreas onde ela pudesse ser exercida.
A associação argumenta que "a degradação no entorno de alguns bairros têm
levado à má fama, à depauperação dos valores dos imóveis e afastado
negócios de compra e venda imobiliária, inclusive locação". Os bairros mais
atingidos em São Paulo, de acordo com a própria Acresce, são Moema, Planalto
 Paulista e Butantã.
No Planalto Paulista, uma moradora que pediu para ser identificada apenas
 como Dora conta que a calçada de sua casa está sempre repleta de preservativos,
 papel higiênico e até fezes humanas. "Se não for possível uma isenção de
IPTU, que pelo menos a Prefeitura se atente à limpeza do meu bairro",
 disse. Em outro caso, uma artista plástica afirma não conseguir abrir um
centro cultural no bairro do Butantã porque "as pessoas evitam a região"
e são "constantemente constrangidas".
Em Moema, o síndico Paulo Marcos Fontes, de um edifício de alto padrão,
 diz que o condomínio vive essa realidade, mas para ele o debate não
deve girar em torno de isenção do IPTU. "É uma questão de saúde pública.
 É assim que ela deve ser tratada. As próprias profissionais estariam
mais seguras em um espaço específico e não no meio da rua", comentou Fontes.
Procurada, a Prefeitura não quis se manifestar sobre o tema, mas listou
as situações em que a isenção de IPTU já é prevista, como nos casos de
aposentados, pensionistas e beneficiários de renda mensal vitalícia (que não
 ultrapasse uma renda mensal de 3 salários mínimos e se encaixe em outras regras);
entidades culturais; Sociedades Amigos de Bairros e agremiações desportivas.
Na tentativa de convencer a Câmara dos Vereadores, a associação enviou um
 ofício para todos os parlamentares da cidade. "Queremos reunir mais apoio
político e público. Ainda não tivemos respostas, mas acredito que esse
 é um tema de interesse dos vereadores", disse o presidente da Acresce,
 Adenilson Franco.
A ideia de isenção de IPTU parece não empolgar nem a oposição na Câmara Municipal.
 O vereador Alfredinho, líder do PT na Casa, não enxerga uma relação entre isenção
 de IPTU e a prostituição de rua. "Esse é uma problema de saúde e de segurança pública.
 Os moradores precisam pressionar e se organizar para que esses problemas sejam
resolvidos. Isenção de IPTU não me parece a resposta para essa questão", afirma.
Para a travesti Amara Moira, o debate não leva em conta a situação das
profissionais do sexo. "Elas estão mais sujeitas à violência em casas e locais
 fechados do que na própria rua."
Trâmite na Justiça
Protocolada no início do mês, a ação foi derrubada na quinta-feira da semana
 passada pelo juiz da 14ª Vara de Fazenda Pública do Estado de São Paulo,
José Eduardo Cordeira Rocha, por causa do pedido de "tutela de urgência"
 na análise. O magistrado avaliou que não há condições para essa urgência,
 que obrigaria o Município a solucionar o problema em apenas três meses.
Como não houve julgamento do mérito, a Acresce se prepara para recorrer
 da decisão. "Vamos continuar reunindo elementos para mostrar à Justiça
e aos políticos a necessidade de regulamentar a prostituição, levando-a para
 um local adequado e longe das áreas residenciais", afirmou Franco.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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