Sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Corrêa, o Suel, é apontado como responsável por ajudar a jogar armas do policial reformado Ronnie Lessa no mar.
Por Bárbara Carvalho, Bette Lucchese, Erick Rianelli, Leslie Leitão, Márcia Brasil e Marco Antônio Martins, G1 Rio
Bombeiro suspeito de colaborar com Ronie Lessa é preso no Rio
Um sargento do Corpo de Bombeiros suspeito de ajudar a sumir com as armas usadas para matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foi preso na manhã desta quarta-feira (10) no Rio de Janeiro.
Maxwell Simões Corrêa, de 44 anos, conhecido como Suel, foi preso em casa, uma mansão de três andares num condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Na porta da residência, avaliada em R$ 1,9 milhão, foi apreendida uma BMW X6 de pelo menos R$ 170 mil.
O Ministério Público do RJ afirma que Suel "atrapalhou de maneira deliberada" as investigações sobre o atentado contra Marielle.
Ainda segundo a força-tarefa, Suel é braço direito de Ronnie Lessa, apontado como o autor dos disparos no atentado.
"São pessoas extremamente ligadas, tanto na vida do crime quanto na vida social", afirmou o delegado Daniel Rosa.
Ronnie e Elcio de Queiroz -- suspeito de dirigir o carro que perseguiu Marielle -- estão presos desde março de 2019.
Suel (de camisa branca e chinelos) é conduzido para um carro da polícia
ao ser preso em casa, no Recreio — Foto: Reprodução/TV Globo
"O papel de Maxwell para obstruir as investigações foi ceder o veículo utilizado para guardar o vasto arsenal bélico pertencente a Ronnie, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse, posteriormente, descartado em alto-mar", afirmou o MP.
Além do mandado de prisão, a operação cumpre mandados de busca e
apreensão em dez endereços na cidade do Rio ligados a Maxwell e a outros
quatro investigados.
A ação foi desencadeada por policiais da Delegacia de Homicídios e por
promotores do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado
(Gaeco). Participaram a Corregedoria da PM e o Serviço Reservado dos
Bombeiros.
A decisão foi proferida pelo Juízo da 19ª Vara Criminal da Comarca da Capital.
Maxwell Corrêa, o Suel, sargento do Corpo de Bombeiros do RJ e amigo do policial reformado Ronnie Lessa — Foto: Reprodução
BMW apreendida na casa de Suel — Foto: Reprodução/TV Globo
A primeira fase da Operação Submersus
A Operação Submersus foi deflagrada em outubro de 2019 para tentar esclarecer o descarte da arma usada no atentado. A suspeita é que o material foi jogado no mar da Barra da Tijuca.
Quatro pessoas foram presas na ocasião:
- Elaine Lessa, mulher de Ronnie, que também é dona do apartamento onde as armas estavam;
- Márcio Montavano, o Márcio Gordo, teria tirado as caxias de armas de dentro do apartamento de Ronnie e Elaine Lessa;
- Bruno Figueiredo, irmão de Elaine, suspeito de ajudar Márcio na execução do plano;
- Josinaldo Freitas, o Djaca, teria jogado as armas no mar.
De acordo com investigações, esses quatro aliados de Ronnie Lessa realizaram uma complexa operação para retirar armas do policial reformado de um imóvel no Pechincha, na Zona Oeste do Rio.
Coube a Suel, segundo a força-tarefa, emprestar seu Dodge Journey para transportar as armas rumo ao descarte.
O entendimento era, segundo a polícia e promotores, que o armamento
comprometeria ainda mais o suspeito no crime. No local havia alguns
fuzis e uma caixa.
Bombeiro suspeito de participação na morte de Marielle é levado preso pela Polícia Civil
Suel já tinha prestado depoimento
De acordo com um depoimento do bombeiro na Delegacia de Homicídios, nas investigações das mortes de Marielle e Anderson, Suel conhece Lessa há sete anos.
No dia do assassinato da vereadora e do motorista, em 14 de março de
2018, Suel disse que levou a mulher em um médico em Botafogo, na Zona
Sul do Rio. Segundo ele, só chegou à Barra da Tijuca, na Zona Oeste do
Rio, entre 20h30 e 21h.
Mesmo assim, ele foi investigado pela morte de Marielle e de Anderson. A
DH chegou a comparar as suas digitais com os fragmentos encontrados
numa munição no local do crime.
Policiais cumprem mandado na casa do bombeiro Maxwell Simões — Foto: Reprodução/TV Globo
Maxwell Corrêa, o Suel, sargento do Corpo de Bombeiros do RJ e amigo do policial reformado Ronnie Lessa — Foto: Reprodução
O nome de Suel constava junto com o de Lessa na denúncia anônima feita
em 15 de outubro de 2018. Foi a partir dessa ligação que as
investigações passaram a ter o sargento reformado da PM como alvo.
Na noite do crime, dia 14 de março de 2018, Suel tinha um álibi. A
antena do seu celular indicava que ele estava em Botafogo no início
daquela noite, enquanto os suspeitos já começavam a seguir da Barra da
Tijuca para o Centro a bordo do Cobalt usado na ação.
Contradições
Em dois depoimentos à DH, Suel contou ter levado sua mulher, Aline
Siqueira de Oliveira, ao Real Medical Center, em Botafogo, no fim
daquela tarde.
Segundo relatos dele e da mulher, eles só retornaram da consulta entre
20h30 e 21h, quando chegaram ao Bar Resenha Grill, na Avenida Olegário
Maciel, na Barra da Tijuca.
Marielle e Anderson foram mortos por volta das 21h10, no Estácio.
Ainda em seus depoimentos, Suel e a mulher caíram em contradição ao
menos num ponto. Ambos disseram ter acompanhado todo o jogo entre
Flamengo x Emelec no Bar Resenha. Ambos negaram ter encontrado Lessa ou
Elcio.
Aline, no entanto, disse que após o jogo o casal foi para casa, à época
um apartamento na Avenida Lucio Costa, e não saíram mais. Maxwell
informou que deixou a mulher em casa e voltou para o bar, a fim de
terminar uma garrafa de uísque que estava bebendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário