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12.26.2008

Apnéia do sono. O que é uma Polissonografia?


Apnéia do sono

Somos obrigados a hibernar algumas horas por dia e não podemos deixar de respirar por mais de alguns minutos desde o instante em que viemos ao mundo. Sem um sono revigorante, a vida se torna um fardo insuportável.
Nos últimos 25 anos ficou claro que a apnéia do sono, uma condição que desorganiza os movimentos respiratórios, é um dos principais distúrbios do sono. Essa síndrome é caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono, causando apnéia ou hipopnéia (entende-se por apnéia a interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca por um período de pelo menos 10 segundos e, por hipopnéia, uma redução de 30% a 50% desse fluxo).
O número de episódios de apnéia-hipopnéia por hora de sono é chamado de índice de distúrbio respiratório. Pessoas com índices maiores do que 5 já são consideradas portadoras de apnéia do sono, embora pacientes com índices de até 20 sejam raramente sintomáticos.
Mais de 10% da população acima de 65 anos apresentam apnéia obstrutiva do sono. Num estudo publicado em 1993, entre americanos de 30 a 60 anos, 9% das mulheres e 24% dos homens apresentavam índices de distúrbio iguais ou maiores do que 5. Cerca de 2% das mulheres e 4% dos homens queixavam-se também de sonolência durante o dia.
Até as crianças podem apresentar apnéia do sono em 1% a 3% dos casos.
Os sintomas mais comuns são ronco, episódios visíveis de interrupção da respiração e sono excessivo durante o dia. O ronco pode ser excessivamente alto e interferir com o sono dos outros. Portadores de sintomas mais graves costumam acordar com sensação de sufocamento, refluxo esofágico, boca seca, espasmo da laringe e vontade de urinar.
A fragmentação da arquitetura do sono provoca cansaço, dificuldade de permanecer acordado durante atividades sedentárias, como conversas telefônicas ou dirigir automóvel, irritabilidade, depressão, redução da libido, impotência sexual e cefaléia pela manhã (uma das manifestações mais freqüentes da síndrome).
Qualquer fenômeno que provoque estreitamento ou oclusão da passagem de ar pelas vias aéreas superiores pode causar apnéia-hipopnéia do sono: obesidade, crescimento das amígdalas, malformações da mandíbula ou da faringe, hipertrofia da língua (como ocorre na síndrome de Down), tumores, hipotonia dos músculos da faringe ou falta de coordenação dos músculos respiratórios.

O diagnóstico de certeza só pode ser estabelecido através da polissonografia, um exame que permite testar durante o sono os potenciais elétricos da atividade cerebral, dos batimentos cardíacos, os movimentos dos olhos, a atividade muscular, o esforço respiratório, a saturação de oxigênio no sangue, o movimento das pernas e outros parâmetros.
As conseqüências da apnéia do sono vão além das noites mal dormidas e inconveniências com os parceiros de quarto. A mortalidade entre os portadores da síndrome é significativamente mais alta entre os que não recebem tratamento adequado ou entre aqueles que apenas roncam sem experimentar momentos de apnéia. Diversos estudos mostraram que a síndrome está associada a aumento na incidência de infartos do miocárdio, derrames cerebrais e arritmias cardíacas.
Hipertensão arterial é encontrada em 70% a 90% dos que sofrem de apnéia do sono. Ao contrário, 30% a 35% dos pacientes que apresentam hipertensão essencial são também portadores de apnéia do sono.
O objetivo do tratamento é manter as vias aéreas permeáveis ao fluxo de ar durante a noite. O tratamento de escolha é o uso de máscara (CPAP) conectada a um compressor de ar que provoca pressão positiva para forçar sua passagem através das vias aéreas superiores, durante a noite. Os níveis de pressão da máscara devem ser ajustados individualmente depois de um estudo polissonográfico cuidadoso; pressões inadequadas podem aliviar os sintomas sem diminuir os riscos cardíacos.
Tratamento cirúrgico está sempre indicado para a remoção de obstáculos e correção de distúrbios anatômicos que dificultem a passagem de ar. Perda de peso, no caso de pacientes obesos, e evitar dormir na posição supina (de barriga para cima) são outras medidas úteis.
Um grupo de pesquisadores franceses publicou um estudo demonstrando que pacientes portadores da síndrome que usam marca-passo cardíaco, se tiverem seus marca-passos ajustados para obrigar o coração a bater 15 batidas a mais do que o ritmo medido à noite sem o uso de marca-passo, apresentarão redução significativa dos episódios noturnos de apnéia.

Fonte: Drauzio Varella

O que é uma Polissonografia?

O Laboratório
O laboratório do sono localiza-se geralmente em hospital ou clínica. Pode estar ligado a uma clínica de distúrbios do sono ou a serviços com interesses específicos, como pneumologia, neurologia, psiquiatria e otorrinolaringologia. O ambiente e os quartos são mobiliados de modo a manter a aparência e o conforto de uma residência normal ou um hotel.

Equipamentos e Técnicas
Os equipamentos e as técnicas da polissonografia variam entre os serviços. Configura-se o número de canais e as variáveis medidas de acordo com a suspeita diagnóstica de cada paciente Como regra, registram-se dois canais do eletroencefalograma de uma área central do cérebro. Registra-se o eletrooculograma em dois canais para confirmar os movimentos dos olhos. Em outro canal, registra-se o eletromiograma para saber o tono muscular, o grau de relaxamento ou tensão. Elétrodos colocados nas pernas detectam movimentos periódicos dos membros.

Registro da Respiração
O pneumotacógrafo seria o instrumento ideal não fosse pela necessidade de o paciente usar uma máscara facial. Uma cânula nasal descartável de uso hospitalar - também conhecida como "óculos nasal" -, ligada a um transdutor de pressão, substitui o pneumotacógrafo. O sistema fornece uma medida semiquantitativa de fluxo, o que permite reconhecer apnéias e padrões de limitação do fluxo aéreo. A correlação com a medida de um pneumotacógrafo é 0,74. O pletismógrafo respiratório de indutância, também conhecido por seu nome comercial de Respitrace ou RIP, é o método mais usado em trabalhos de fisiologia respiratória durante o sono. Consiste de uma bobina de fios presos a uma faixa de tecido elástico que envolve a circunferência do tórax e do abdome. Os oxímetros são indispensáveis para medir a saturação de oxigênio arterial.

O laudo da polissonografia
Informações sobre o sono que devem estar no laudo da polissonografia
• horário de início;
• horário de término;
• tempo total no leito;
• tempo total dormindo
• tempo total acordado
• eficiência do sono
• latência ao estágio 1
• latência ao estágio 2
• latência ao sono REM.
• trocas de estágio
• movimentos corpóreos.
• despertares de mais de cinco minutos
• tempo de sono
• duração e percentagem de estágio vigília;
• duração e percentagem de estágio 1;
• duração e percentagem de estágio 2;
• duração e percentagem de estágio de sono de ondas lentas;
• duração e percentagem de estágio REM.

Análise da respiração
o número e duração das apnéias centrais; o número e
• duração das apnéias obstrutivas;
• número e duração das apnéias mistas;
• número e duração das apnéias e hipopnéias;
• número total das apnéias e hipopnéias;
• índice de apnéias;
• índice de apnéias e hipopnéias (número de eventos dividido pelo tempo em horas);
• tempo total em apnéia;
• saturação máxima, média e mínima do oxigênio no sangue arterial.

Métodos simplificados para diagnóstico de apnéis do sono
Oximetria
Alguns oxímetros armazenam em sua memória, durante a noite, medidas que podem ser posteriormente analisadas em um computador e servir como um exame de triagem para detectar pacientes com síndrome das apnéias obstrutivas do sono.

Polissonografia portátil Monitores especiais miniaturizados são capazes de detectar múltiplas variáveis respiratórias durante uma noite e armazená-las em sua memória. Além de oximetria e freqüência de pulso podem medir: fluxo aéreo por termistor, som respiratório e ronco captados por microfone, posição do corpo, movimentos do corpo e respiratórios. Algumas indústrias oferecem polígrafos portáteis que incluem EEG, EOG, EMG e ECG. A polissonografia portátil é realizada na residência do paciente.

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