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12.10.2008

SUPERBACTÉRIA

SUPERBACTÉRIA
01/12/2008
Estudos alertam para o aumento da resistência de um agente responsável por casos graves de infecção hospitalar. Duas pesquisas divulgadas na última semana revelam que algumas bactérias que afetam a saúde humana começam a apresentar comportamentos que pedem maior vigilância. Um dos estudos, conduzido pela Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, e pelo Instituto de Pesquisa do Hospital Sick Children, no Canadá, informa a existência de um pico de infecções durante os verões. Assim como os agentes da gripe e dos resfriados se espalham com mais facilidade no inverno, os diversos microorganismos pertencentes à família das bactérias gram-negativas parecem preferir os dias de calor. Fazem parte desse time micróbios como a Pseudomonas aeruginosa, a Escherichia coli e a Acinetobacter baumannii. "Eles são causa freqüente de infecções na corrente sanguínea, urinárias, gastrointestinais, pneumonias, em ferimentos, queimaduras e cortes cirúrgicos", explica o infectologista Jacyr Pasternak, da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A conclusão de que as bactérias gram-negativas se disseminam mais no calor está fundamentada em um estudo que durou sete anos no Hospital Baltimore. Os dados obtidos indicam que o número de pacientes afetados por essas bactérias pode subir até 17% a cada dez graus de elevação da temperatura. Embora as razões do aumento sejam diferentes para cada microorganismo e não estejam bem estudadas, a variação sazonal passa a ser um dado importante na hora do diagnóstico. O reconhecimento do vínculo entre as infecções e o calor deve ser alvo de mais estudos para avaliar seu impacto diante das transformações climáticas globais. Disso espera-se que surjam estratégias de prevenção. Vigilância ainda mais intensa parece ser necessária sobre a Acinetobacter baumannii. Um trabalho veiculado pela revista médica The Lancet Infectious Diseases, na edição que acaba de sair, registrou um crescimento nos casos de infecção provocados por essa bactéria em hospitais americanos. Ela produz contaminações graves e pode levar à morte pacientes com sistema imunológico comprometido. Ataca especialmente pessoas com suporte ventilatório (entubadas). "O simples ato de lavar as mãos é uma forma de combater o micróbio" Apesar de ser velha conhecida dos cientistas, a A.baumannii configura uma ameaça emergente. "Este micróbio está 30% mais resistente do que era em relação aos antibióticos conhecidos", afirmou à ISTOÉ Matthew Falagas, do Alfa Instituto de Ciências Biomédicas de Atenas, na Grécia. Um dos autores do trabalho, ele costuma ser contratado por laboratórios farmacêuticos para falar em congressos sobre o tema. A bactéria também é mais difícil de ser erradicada com os desinfetantes usados nas enfermarias e UTIs. Pode ser transportada na pele de pessoas saudáveis e transmitida aos enfermos por causa da má higienização das mãos dos profissionais da saúde. O relatório de Falagas recomenda aos médicos e enfermeiros higiene rigorosa e muito cuidado com os antibióticos. "Deve-se dar esses medicamentos pelo menor tempo possível para obter o efeito pretendido, em vez de prolongar o uso. Outra boa medida é lavar as mãos entre o atendimento de um paciente e outro, uma prática que apenas 60% dos médicos e enfermeiros adotam", diz Pasternak. Conter o avanço das bactérias multirresistentes é um grande desafi o. Na semana passada, um estudo publicado na revista americana Science deu mais fôlego àqueles que procuram caminhos diferentes para vencer essa guerra. Pesquisadores ingleses conseguiram descrever como o organismo do besouro Tenebrio molitor, o popular bicho-da-farinha, destrói esses microorganismos com facilidade impressionante. Em menos de uma hora, o sistema imunológico desse inseto devorou milhões de Estafilococos aureus usados na pesquisa. Depois, trocou as armas e fez um novo ataque usando proteínas que mostraram efeito bactericida. Com a estratégia, eliminou os Estafi lococos que sobreviveram ao primeiro embate, os chamados mais resistentes. Em vários países já se estuda o desenvolvimento de medicamentos a partir dessa proteína do besouro.
Fonte :Isto é

Um comentário:

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    [voltar]BACTÉRIAS PROLIFERAM MAIS NO VERÃO, CONCLUI PESQUISA
    08/12/2008
    Trata-se do primeiro trabalho científico relevante a estabelecer essa relação. Microrganismos estudados vivem na terra, na água e na areia e são considerados um dos principais fatores que causam infecção hospitalar. Assim como os vírus da gripe e dos resfriados se espalham mais facilmente no inverno, um novo estudo norte-americano sugere que o verão pode ser a estação preferida de bactérias que causam infecções hospitalares. É o primeiro trabalho científico relevante que estabelece essa relação, segundo os infectologistas. Pesquisadores da Universidade do Oregon (EUA) e do Instituto de Pesquisa do Hospital Sick Children (Canadá) descobriram que uma série de infecções provocadas pelas bactérias gram-negativas -que são as principais envolvidas em infecções urinárias e gastrointestinais, por exemplo- apresentam picos durante o verão. A pesquisa, publicada no periódico "Infection Control and Hospital Epidemiology", foi baseada em sete anos de investigações em um hospital de Baltimore. Os resultados indicam que o número de pacientes afetados por bactérias como a Pseudomonas aeruginosa, a Escherichia coli, a Enterobacter cloacae, e a Acinetobacter baumannii pode subir até 17% a cada dez graus de elevação da temperatura. Em conseqüência disso, a incidência de doenças causadas por esses microrganismos pode ser 46% maior no verão do que no inverno, apontaram os pesquisadores. Embora as razões do aumento sejam diferentes para cada microrganismo e não estejam ainda bem estudadas, a variação sazonal passa a ser um dado importante no diagnóstico e na adoção de medidas preventivas contra infecções hospitalares, avalia Jessina McGregor, professora-assistente na Universidade de Oregon e uma das autoras do estudo. "Todo mundo sabe que existe uma sazonalidade para certas infecções virais, como as provocadas pelo influenza, mas agora nós descobrimos que algumas das infecções bacterianas têm seu pico no verão." Para a infectologista Maria Claudia Stockler, do hospital São Luiz, o estudo é ainda preliminar, mas, se outros trabalhos vierem a comprovar essa relação, novas atitudes poderão ser acrescentadas ao rol de medidas já adotadas para a prevenção da infecção hospitalar, como uma diminuição da temperatura da UTI. Stockler explica que as bactérias gram-negativas estão na natureza (na terra, na areia e na água, por exemplo), mas só acometem o homem dentro do ambiente hospitalar. "Em geral, quando o indivíduo está com baixa imunidade, é idoso, está com um tubo, com uma úlcera de pressão [escarras]", exemplifica a médica. Segundo o infectologista Max Igor Banks Ferreira Lopes, do Hospital das Clínicas de São Paulo, outros trabalhos menores já tentaram associar o clima a uma maior ou menor incidência de bactérias. "Mas só se conseguia estabelecer relações entre as infecções virais, principalmente gripe, e algumas pneumonias durante o inverno. Por isso, esse novo trabalho é bem interessante." As hipóteses -nenhuma pode ser comprovada- apontadas pelos pesquisadores para explicar o aumento dessas bactérias no verão são as mais variadas. No caso da Pseudomonas, por exemplo, micróbio que costuma estar presente na água, a razão seria o fato de as pessoas freqüentarem mais piscinas no verão, o que poderia aumentar a colonização da bactéria no organismo e facilitar a infecção por ela. Já a Escherichia coli, uma bactéria intestinal muito associada às infecções urinárias, seria mais incidente no verão porque as pessoas teriam mais relações sexuais nessa estação, segundo os pesquisadores. FRASE - "Só se conseguia estabelecer relações entre as infecções virais, principalmente gripe, e algumas pneumonias durante o período do inverno. Por isso, esse novo trabalho [relacionando infecções provocadas por bactérias com o verão] é bem interessante" - Max Igor Banks Ferreira Lopes, médico infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo. - Cláudia Collucci, da Reportagem Local -
    Fonte: Folha de São Paulo

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