webmaster@boaspraticasfarmaceuticas.com.br

3.31.2009

Leucemia / Câncer / Tumores misteriosos

Cura de leucemia abre porta a novo câncer
Outra forma da doença pode surgir até 30 anos depois do tratamento.
Alerta foi feito por médicos dos Estados Unidos.

Da France Presse

Crianças e adolescentes que se curaram de leucemia aguda correm mais risco de desenvolver outra forma de câncer até 30 anos após o tratamento, revela uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (20).

A leucemia mieloblástica aguda é a forma de câncer do sangue mais comum entre os jovens (4.000 casos nos Estados Unidos a cada ano) e a que tem a maior taxa de cura (mais de 80%). Até hoje, porém, eram limitados os conhecimentos sobre os casos de câncer em adultos que tinham se curado desta forma de leucemia mais de 15 anos antes.

O estudo foi realizado por médicos do St. Jude's Children's Research Hospital, em Memphis (Tennessee, sul), com 2.169 crianças e adolescentes tratados por uma leucemia mieloblástica entre 1962 e 1998.

Estes pacientes foram acompanhados, em média, durante 18,7 anos, disseram os médicos, cuja pesquisa aparece no Journal of the American Medical Association (Jama) de 21 de março.

Os pesquisadores descobriram que, entre os 1.290 doentes que se curaram por completo, 123 (9,5%) desenvolveram depois um segundo câncer. Este tumor canceroso apareceu em 4,17% destes doentes 15 anos depois que se curaram da leucemia. O percentual chega a 5,37% passados 20 anos da remissão da doença e 10,85%, após 30 anos.

"O aumento relativamente rápido da incidência de um segundo câncer 20 anos depois de uma remissão completa da leucemia aguda é atribuído em grande medida ao desenvolvimento tardio de um tumor ligado ao cérebro e à medula espinhal", ressaltam os autores do estudo.

Este tipo de tumor, que no geral é localizado, desenvolve-se muito lentamente. Se não se levar este tumor em conta, a incidência de desenvolver um segundo câncer foi de 3,99%, 15 anos depois da cura da leucemia, e de 6,27%, 30 anos mais tarde. Em ambos os casos, representa um risco 13,5 vezes maior do que no restante da população.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Cientistas ressuscitam "herói" anticâncer
Dois grupos diferentes conseguiram regredir tumores ao reativar um gene protetor.
Feito abre grande janela de oportunidade para novos tratamentos contra a doença.

Nature

Cientistas usam RNA para atacar câncer Genes reduzem câncer em camundongo Galinha bota ovos 'anticâncer' no Reino Unido Técnica melhora transplante de medula Câncer mata 90.000 crianças por ano Vitamina D reduz risco de câncer Nova droga ajuda a tratar leucemia infantil Casos de câncer na Europa sobem 10% Grupo acha indicador de tumor maligno Câncer pode ter tratamento individual Detectar câncer mais cedo não reduz mortes Pacientes tomam remédios não-testados

Poderia ser nome de filme: “O Retorno do guardião”. Mas é medicina. Cientistas conseguiram reativar uma das principais defesas do organismo contra o câncer, que é sorrateiramente desligada quando tumores se formam. Com a volta triunfal do defensor, a doença é derrotada. Mas, por pelo menos mais alguns anos, só em camundongos.

Dois estudos publicados nesta semana em uma das mais prestigiadas revistas científicas, a “Nature”, comprovaram, separadamente, que a reativação do gene p53 é capaz de regredir tumores já estabelecidos. O p53 controla uma proteína de mesmo nome que determina a morte de células com defeito. Quando ele é colocado pra fora de combate, as células com problema se multiplicam à vontade, abrindo caminho para a doença.

“Esses estudos abrem uma janela de oportunidade relativamente grande para novos tratamentos contra o câncer”. o líder de um dos estudos, Tyler Jacks, do Centro de Pesquisas do Câncer, do Instituto de Tecnologia de Massachussets afirma que: “Particularmente, estou bastante otimista”.

Poucos genes são tão estudados pela ciência atualmente quanto o p53, devido ao seu papel importante no estabelecimento do câncer. O desligamento do gene é um dos principais passos que levam à doença. A diferença dos estudos apresentados pela "Nature" nesta semana é que eles abordam o papel do gene em tumores já estabelecidos.

A equipe de Jacks estudou sarcomas (tumores que atingem ossos e músculos) e linfomas (que atacam o sistema de defesa). O outro trabalho -- feito por Wen Xue e Lars Zender, e liderado por Scott Lowe, do Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova York –- analisou carcinomas, que atacam células da pele.

Nos dois casos, o gene foi desligado propositadamente pelos cientistas nos camundongos. Depois, com o câncer já estabelecido, ele foi reativado, com a ajuda de um remédio específico. Em todos os tipos de tumores estudados, houve uma considerável regressão da doença.

“Nós mostramos que é possível impedir o crescimento de tumores e até mesmo regredi-los”, diz Xue. “Religar o gene resulta em uma resposta do câncer. O tumor começa a secretar certas substâncias que chamam a atenção das células de defesa do organismo. O próximo passo é o ataque contra o tumor”, explica Zender.

O tratamento, além de mais eficiente, pode trazer ainda outra vantagem: não tem efeitos colaterais. “As células respondem muito bem e muito rapidamente, sem grandes problemas”, afirma Tyler Jacks.

Os dois grupos acreditam que outros tumores podem ter a mesma vulnerabilidade. “Mesmo outros tipos de câncer, como de pulmão e de cérebro, que temos muita dificuldade para tratar hoje em dia, podem responder à reativação do gene”, acredita Jacks.

A notícia é boa, mas ainda vai se passar algum tempo antes que a novidade chegue aos hospitais. Por enquanto, não temos como reativar o gene em seres humanos. “Há remédios para isso sendo testados em laboratório atualmente, em breve eles devem chegar aos testes em seres humanos. São compostos capazes de religar o gene p53, mas não sabemos ainda se eles não são tóxicos para humanos”, explica Norman Sharpless, da Universidade da Carolina do Norte, autor de um artigo que comenta as descobertas dos dois grupos na “Nature”.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Testes genéticos podem revelar a fonte de tumores misteriosos
Médicos às vezes enfrentam cânceres de natureza desconhecida.
Pacientes sofrem com a angústia de não saber o que têm.
Quando foi descoberto que Jo Symons tinha câncer, havia um problema a mais: os médicos não sabiam dizer qual tipo de câncer ela tinha.

Susan Droman, de Akron, Ohio, descobriu que tinha um câncer misterioso após atingir suas vértebras.

Foram encontrados tumores em seu pescoço, peito e gânglios linfáticos. Porém, esses cânceres tinham se espalhado para lá vindos de algum outro lugar, e os médicos não podiam determinar se o local original era o seio, o cólon, o ovário, ou outro órgão. Sem esse conhecimento, eles não poderiam oferecer o melhor tratamento.

Tumores misteriosos como esse, calcula-se, representam de 2 a 5% de todos os casos de câncer, ou pelo menos 30 mil casos registrados nos Estados Unidos por ano. Isso faz desse câncer mais comum que o câncer no cérebro, no fígado e no estômago. Para os pacientes, esse diagnóstico pode trazer agonia em dobro – eles não só têm câncer, mas também os médicos não podem tratá-los adequadamente.

"Você não consegue acreditar que, no século 21, seja possível para a medicina não saber de onde o câncer vem", disse John, marido de Symon.

Entretanto, agora, a medicina do século 21 pode ajudar. Novos exames genéticos podem apontar a origem dos tumores misteriosos. Os testes, que custam mais de US$ 3 mil cada, ainda precisam provar melhor sua validade, afirmam os especialistas, apesar de alguns deles terem esperanças em relação a essas novas técnicas.

"Houve vários pacientes cuja terapia foi alterada" com base nos resultados dos exames, disse F. Anthony Greco, diretor do Sarah Cannon Cancer Center, em Nashville, e reconhecido especialista em câncer de origem desconhecida, como a doença misteriosa é formalmente chamada.

Greco afirmou que, aparentemente, em muitos casos, o tumor original era pequeno demais para ser detectado, e em outras ocasiões ele pode ter desaparecido. "Por que o tumor original não cresceu, não fazemos ideia", disse ele.

Tais tumores são tipicamente encontrados no fígado, nos gânglios linfáticos ou nos ossos, mas aparecem também em outros locais. No entanto, quando amostras do tumor, coletadas através de biópsia ou remoção cirúrgica, são examinadas no microscópico, elas não se parecem com um câncer capaz de se originar onde foram encontradas. As células também não se parecem com células cancerosas dos seios, cólon e outros.

O problema é que o câncer é tratado com base na origem. Se um câncer se originou no seio e é encontrado no fígado, ele ainda é classificado como câncer de mama e tratado com medicamentos para combater os tumores do seio.

Sem essa classificação, os médicos utilizam drogas capazes de agir numa maior variedade de tipos de câncer. Porém, esse tratamento é aparentemente menos eficaz do que aqueles que usam drogas específicas para o tipo de câncer em questão.

Desta forma, a descoberta de um câncer sem classificação geralmente causa uma busca frenética pelo tumor original.

"Fiz todos os exames do mundo – tomografia, ressonância magnética, colonoscopia, mamografia – até engoli uma pílula com uma câmera" para fotografar o trato digestivo, escreveu Lori Young, de Huntsville, Alabama, num site da Internet para pessoas com câncer de origem desconhecida. Nem assim seu tumor original foi encontrado.

Young, 39 anos e mãe de dois filhos, descobriu ter tumores, espalhados pelo fígado, em outubro de 2007. Ela está sendo tratada com drogas tipicamente usadas para câncer de pulmão.

Pacientes afirmam que a incapacidade de encontrar o tumor original só contribui para sua ansiedade.

"Você está sempre no limbo", disse Susan Droman, de Akron, Ohio. Ela descobriu ter esse tipo de câncer depois dele ter se espalhado para sua vértebra, há um ano, causando dores terríveis. "Ficaríamos mais felizes se fosse um tumor real, capaz de ser visto, e você pudesse talvez removê-lo dali".

Mark Kargul, ex-piloto de avião de San Clemente, Califórnia, com tumor misterioso no fígado, comparou a experiência à incapacidade de encontrar o ponto de vazamento dentro de casa. "Você pode enxugar o chão", disse ele, "mas, no dia seguinte, a água vai aparecer de novo".

É ainda mais difícil para pacientes explicar sua situação aos amigos e familiares, ou mesmo receber conselhos deles.

Os novos exames podem resolver alguns mistérios. Já existem quatro testes desse tipo no mercado, e pelo menos mais um está sendo desenvolvido.

Geralmente, os testes analisam quais genes estão ativos ou inativos numa amostra de tumor. Eles comparam essa impressão digital genética com as impressões digitais dos tipos conhecidos de tumores, tentando obter a melhor combinação.

O teste "Tissue of Origin", da empresa Pathwork Diagnostics, da Califórnia, mede a atividade de 1.500 genes. O "CancerType ID", da BioTheranostics, de San Diego, observa 92 genes. O teste "CupPrint", da Agendia, da Holanda, observa cerca de 500 genes. Esse exame ainda não está disponível nos Estados Unidos.

O teste "MiRview Mets", da empresa Rosetta Genomics, baseada em Israel, tem uma abordagem diferente, analisando microRNAs, que são pequenos pedacinhos de material genético capazes de ajudar no controle da atividade dos genes.

Somente o Pathwork foi aprovado pela FDA (Food and Drug Administration), apesar da versão autorizada ter sido atualizada por uma mais prática, ainda não aprovada. Os exames podem ser oferecidos em laboratórios sem a autorização da FDA, mesmo se eles ainda estiverem sendo validados.

Tais análises geralmente têm de 80 a 90% de precisão, segundo estudos publicados.

Isso quando eles são usados em tumores cuja origem é conhecida. Na prática, os testes seriam usados em tumores cuja origem é desconhecida. E esses, por sua própria natureza, podem ser mais difíceis de classificar, disse Dr. Lawrence Weiss, diretor de patologia do centro de câncer City of Hope em Duarte, Califórnia.

Um estudo publicado no último mês de setembro no The Journal of Clinical Oncology relatou que o teste da Agendia classificou corretamente 83% das amostras de tumores conhecidos. Porém, o exame só conseguiu classificar 64% dos tumores de origem desconhecida.

É claro, se a origem do tumor é realmente desconhecida, como saberemos se o teste genético traz a resposta correta?

Uma forma, disse Greco, é que existam casos nos quais o local primário do tumor se torna conhecido meses depois, como quando um paciente de repente começa a sentir dores no local.

Greco coletou biópsias originais de alguns desses pacientes e descobriu que o exame da BioTheranostics tinha 70% de precisão ao classificar os tumores, em comparação a somente 10-20% obtidos com as técnicas mais avançadas de patologia.

Se esses testes têm um grande valor, ainda não está claro. Algumas biópsias não oferecem material genético suficiente para análise. Droman, por exemplo, não poderia obter nenhuma resposta com o teste da Rosetta, e Kargul não poderia obter o seu com o teste da BioTheranostics.

Weiss, da City of Hope, disse que, atualmente, patologistas usam anticorpos capazes de se ligar a proteínas indicativas no tumor. Essa técnica, chamada de "immunostaining", pode classificar cerca de dois terços dos tumores considerados de origem desconhecida há 30 anos, explicou Weiss. Isso faz com que somente um terço, ou cerca de 1% de todos os casos de câncer, possam se beneficiar com os novos testes genéticos.

Ainda assim, para esses pacientes, sejam eles quanto forem, qualquer pista pode ajudar. Dr. Martin A. Martino, oncologista ginecologista da Lehigh Valley Health Network, em Allentown, Pensilvânia, afirmou ter usado recentemente o teste Pathwork para classificar um tumor de uma paciente como ovariano. Isso permitiu a ela iniciar testes clínicos para uma nova droga de câncer de ovário.

A real prova do valor desses testes seria mostrar que os pacientes vivem mais tempo após realizarem os exames, aparentemente porque eles poderiam receber um tratamento mais adequado ao tipo de tumor desenvolvido.

"Esta é a grande questão agora", disse James Abbruzzese, diretor de oncologia gastrointestinal do M.D. Anderson Cancer Center da Universidade do Texas, em Houston. "Será que os pacientes têm melhores resultados quanto se tem um entendimento maior sobre a origem do câncer?"

O M.D. Anderson trata de 250 a 350 pacientes com câncer de origem desconhecida por ano. O centro está usando os testes genéticos em circunstâncias selecionadas. "Tentamos nos perguntar: 'Esta informação vai mudar o tratamento recomendado para o paciente?'", disse Abbruzzese.

Jo Symons fez o teste da Agendia, mas não antes de ser tratada com dois tipos de quimioterapia, ambos sem sucesso. O exame mostrou que ela tinha câncer pancreático. Assim, ela recebeu quimioterapia específica para esse tipo de câncer.

O câncer pancreático não é notoriamente difícil de se tratar, porém ela faleceu em setembro de 2006, somente sete meses após o diagnóstico inicial. Para ajudar outros pacientes, John Symons criou a Fundação do Câncer de Origem Desconhecida, também chamada de Amigos de Jo, em homenagem a sua falecida esposa.

"Pode ter causado uma diferença mais psicológica do que em termos de tempo de vida", disse Symons, que mora em Oxford, Inglaterra, em relação ao teste genético. "Ele nos trouxe o conforto de identificar de onde o câncer vinha. É muito difícil não saber de onde vem um problema que afeta seu corpo".

Globo. com

Nenhum comentário:

Postar um comentário