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3.31.2009
Planta transgênica pode produzir substância contra o HIV,
Planta transgênica pode produzir substância contra o HIV, diz estudo
Pesquisa dos EUA sugere forma de produzir de forma eficaz a proteína.
Com efeito antiviral, ela poderia ser usada em gel para impedir contágio.
Planta da espécie Nicotiana Benthamiana
Quem diria que, para combater o vírus da Aids, os cientistas fossem lançar mão do tabaco?
Claro que não como fumo -- uso que faz sabidamente terrível mal à saúde e não teria meio de combater o patógeno --, mas como maneira de produzir um microbicida suficientemente agressivo para, na forma de gel, "desarmar" o HIV.
Já se sabe há algum tempo que uma substância batizada de griffithsina (mais conhecida pela sigla GRFT), produzida naturalmente por algas vermelhas, age como um eficiente inibidor contra o vírus da Aids. Em contato com o HIV, ele quase imediatamente desativa a capacidade do vírus de contaminar células humanas. Ele é, portanto, uma substância candidata a compor um gel que, aplicado na mucosa vaginal ou anal, poderia prevenir a infecção.
Ocorre que sua produção atualmente é complicadíssima e cara demais -- muito mais cara do que simplesmente adotar a medida convencional mais barata de prevenção contra o HIV, que é o uso de camisinha.
Foi aí que entrou o grupo de Kenneth Palmer, da Universidade Louisville e da companhia Intrucept Biomedicine LLC, ambas dos Estados Unidos. Eles afirmam que, usando um vírus para alterar geneticamente plantas da espécie Nicotiana Benthamiana (vegetal herbáceo originário da Austrália, rico em nicotina e outros alcalóides), elas passaram a produzir a griffithsina em copiosas quantidades -- mais de 1 grama por quilo de folhas da planta.
Os resultados, publicados com um alerta de potencial conflito de interesses (a Intrucept, de Palmer, comercializa essas plantas ricas em GRFT), estão na edição desta semana da revista científica da Academia Nacional de Ciências dos EUA, a "PNAS".
Se forem confirmados, podem ajudar a criar um gel eficaz para combater a epidemia de HIV, que segue galopante na África e aumenta sua agressividade na Ásia, além de afetar seriamente boa parte do Ocidente industrializado.
"Exigências para microbicidas eficazes anti-HIV incluem potência, atividade de espectro amplo contra as cepas mais proeminentes do vírus, seletividade para alvos celulares hospedeiros e virais, prevenção na transmissão do HIV de célula a célula, estabilidade tanto em trânsito como in vivo, biodisponibilidade em mucosas-alvo nenhuma toxicidadade para as superfícies das mucosas, e finalmente a habilidade de ser produzida em grandes quantidades com custo mínimo".
"Vários microbicidas candidatos já foram apresentados e atingem algumas dessas exigências. Aqui, descrevemos a produção agrária de grande escala, com baixo custo, da proteína antiviral GRPF-P, que mostramos cumprir todos os critérios exigidos."
Os pesquisadores agoram planejam fazer uso da substância obtida com as plantas transgênicas para conduzir os primeiros testes clínicos em humanos.
Vacina de planta transgênica combate varíola
Substância foi criada e testada em camundongos por pioneiro da vacina da poliomielite.
Método seria mais seguro e poderia reduzir radicalmente o custo de vacinação global.
Tabaco geneticamente modificado para servir como vacina contra a varíola. (Grupo testa eficácia de droga contra HIV resistente
Um grupo de cientistas dos Estados Unidos conseguiu imunizar camundongos contra o temível vírus da varíola com uma vacina produzida a partir de uma planta transgênica. O resultado é uma boa notícia na luta contra o bioterrorismo, moda que teve uma vida breve com ataques de antraz nos EUA em 2001, mas que pode voltar a qualquer momento.
Hoje, a varíola está erradicada, e as únicas amostras existentes do vírus causador da moléstia mortal estão em laboratórios de segurança máxima americanos e russos. Mas sempre houve o temor de que grupos terroristas pudessem se apoderar de alguma delas e espalhar o patógeno. Como os programas de erradicação deram certo e ninguém mais precisa se preocupar com a doença, o ataque pegaria as autoridades desprevenidas.
Em razão das ameaças, o governo americano chegou a promover vacinações preventivas em parte da população, mas os métodos de fabricação das vacinas conhecidas são muito caros. "O nosso jeito é muito mais barato, eu acho que 50 vezes mais barato", diz, em bom português, Hilary Koprowski, da Universidade Thomas Jefferson, na Filadélfia, líder do estudo que foi publicado on-line pela revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, a "PNAS".
O método para a obtenção da vacina foi inserir no código genético de pés de tabaco um gene que levasse a planta a produzir uma substância que, ingerida, fosse capaz de despertar no organismo uma resposta imunológica. Isso "prepararia" o organismo para um futuro contato com o vírus da varíola -- de forma que ele fosse morto pelo sistema imune com rapidez, sem causar a doença.
Nos experimentos em tubo de ensaio e em camundongos, os resultados foram animadores -- os anticorpos produzidos pelos animais foram capazes de atacar os vírus com sucesso, mesmo quando as criaturas eram submetidas a injeções em dose letal.
Bom e barato
As vantagens sobre as vacinas convencionais são muitas, segundo o pesquisador. "As plantas têm vírus que não são infecciosos para homens, então o risco de contaminação é bem menor do que quando você usa animais para produzir a vacina", diz Koprowski.
"Além disso, a vacina de planta é ministrável por via nasal ou oral, não precisa de agulha, não precisa de injeção, não precisa de enfermeira para aplicar a injeção, é muito mais barata."
Para o cientista, essas qualidades são condições essenciais caso seja preciso promover uma imunização em escala global. "Hoje, a vacina é tão cara que isso não é possível".
Globo.com
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