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5.21.2009

VÍRUS HPV SE DISSEMINA MAIS ENTRE JOVENS DE ATÉ 19 ANOS

VÍRUS HPV SE DISSEMINA MAIS ENTRE JOVENS DE ATÉ 19 ANOS

Estudo se baseia em 1,5 milhão de prontuários médicos do Rio. As adolescentes cariocas estão tendo relações sexuais mais cedo, com mais parceiros e se descuidando do uso de preservativos. Assim, estão cada vez mais expostas a doenças sexualmente transmissíveis, especialmente lesões de colo de útero provocadas pelo vírus HPV. É o que mostra pesquisa realizada na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz. O estudo se baseou num gigantesco banco de dados do Instituto Nacional do Câncer: foram analisados nada menos que 1,5 milhão de prontuários de exames preventivos de colo de útero (ou Papanicolaou) realizados entre 1999 e 2005, entre diversas faixas etárias, na rede pública de saúde. O estudo é assinado pela pesquisadora Micheli Lopes Pedrosa, ginecologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Através da base de dados do Intstituto Nacional de Câncer, ele fez a comparação entre o índice de lesões em dois grupos: um formado por mulheres de 20 anos ou mais, e outro por meninas e adolescentes de 10 a 19 anos. A incidência de lesões precursoras de câncer é três vezes maior entre as adolescentes. Segundo a pesquisadora, esta maior exposição é relacionada a mudanças nos hábitos sexuais da população mais jovem. A média de idade de iniciação sexual apontada pelo estudo foi de 15 anos. E o percentual de jovens que relataram usar preservativos foi de apenas 20%. Segundo Micheli Pedrosa, as jovens têm em média 3 parceiros sexuais até completar 20 anos. - A gente percebe que existe um grande grupo se expondo desde cedo às doenças sexualmente transmissíveis, especialmente as lesões provocadas pelo HPV. E, desta forma, provavelmente, o câncer aparecerá mais cedo - diz ela, acrescentando que tem diagnosticado a doença em mulheres de 25 a 30 anos. VACINA - Existe vacina contra o HPV, mas ela não está disponível na rede pública. E é cara: aplicada em 3 doses, tem preço médio de R$ 350 cada aplicação. Esta vacina, segundo a pesquisadora, imuniza contra 4 subtipos dentre os 100 identificados do vírus. E estes 4 subtipos representam 70% por cento dos casos. Por isso, ela faz um alerta. - Muitas meninas são vacinadas em clínicas particulares. Mas isso não significa que elas estejam 100% protegidas. E nem que elas não precisem fazer o exame preventivo. A gente observa que as meninas e adolescentes não estão usando preservativo. A minha geração, tenho 37 anos, tinha mais preocupação com isso, porque a gente viveu o momento em que a Aids começou a aparecer. A nova geração não viveu isso - comenta. A IMPORTÂNCIA DO EXAME - Luiz Antonio Santini. diretor do Instituto Nacional de Câncer - O câncer do colo do útero é um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. No Brasil, a estimativa é que 19 mil mulheres sejam diagnosticadas com a doença este ano. Para reduzir o número de casos e, consequentemente, as mortes pela doença, a medida mais importante é aumentar o acesso e a adesão das mulheres entre 25 e 59 anos ao exame preventivo. O exame Papanicolaou, criado há mais de 60 anos e disponível em toda a rede pública, é capaz de diagnosticar lesões pré-cancerosas que, com tratamento adequado, também assegurado pelo Sistema Único de Saúde, impedem que o câncer de colo do útero se desenvolva. Apesar de acessível à maioria da população, o percentual de brasileiras que se submete regularmente ao exame é de apenas 67% e com grandes variações regionais. Estima-se que o rastreamento através desse exame reduza em 80% as mortes por câncer do colo do útero, doença associada à infecção persistente por alguns dos tipos de papiloma vírus humano (HPV) com capacidade de induzir ao câncer - que são, pelo menos, 13. Para que a lesão provocada pelo vírus se desenvolva e torne-se um tumor, passam-se entre 15 e 20 anos. A discussão sobre a incorporação da vacina contra HPV parte do conhecimento de que a infecção pelo HPV é muito frequente, uma vez que mais de 75% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas pelo menos uma vez na vida. Estima-se que os efeitos da vacinação sobre a mortalidade por câncer do colo do útero só serão observados após 20 anos, considerando-se que esta alcance cobertura superior a 70% da população e que a vacina confira imunidade duradoura. As duas vacinas aprovadas no Brasil são indicadas para a prevenção da infecção pelos tipos de HPV presentes em 70% dos casos de câncer do colo de útero diagnosticados. Um fabuloso avanço da ciência. Mas antes de ser incorporada em uma política pública, são essenciais conhecimentos complementares. No Brasil, essa discussão foi feita por técnicos de diversos órgãos do Ministério da Saúde e universidades. A recomendação, ratificada pelos países membros do Mercosul, é que a decisão sobre incorporação futura da vacina deve ser consubstanciada em pesquisas que permitam melhor conhecer a distribuição dos tipos de HPV circulantes no Brasil por meio de estudos populacionais robustos. A avaliação de viabilidade de produção da vacina no parque nacional público é recomendável, para que se possa obter redução de preço e garantir a continuidade da vacinação, sem prejuízo para o Programa Nacional de Imunizações. ABAIXO O SEDENTARISMO - Gilberto Ururahy, diretor médico da med-rio check-up - A automação da sociedade trouxe conforto à vida humana. Mas, quando as facilidades da vida moderna são aliadas à preguiça, quem paga é o corpo. O sedentarismo, caracterizado pela progressiva redução do esforço físico, é a porta de entrada para doenças, como o estresse crônico, o ganho de peso corporal, o diabetes, a hipertensão arterial e a maior incidência de doenças coronarianas. Não mover-se causa prejuízos à saúde e distúrbios emocionais que, consequentemente, afetam o desempenho profissional. Análise realizada pela Med-Rio Check-up, ao longo de 19 anos de atuação em clínica especializada no atendimento de executivos, comprovou que cerca de 65% desse público é sedentário. Motivo que explica muitas empresas estarem investindo, cada vez mais, em programas de incentivo às atividades laborais. O ciclo que conduz ao sedentarismo afeta, principalmente, indivíduos que vivem sob estresse crônico. Neste estado, eles dormem mal, se alimentam mal e fazem uso indiscriminado de estimulantes, como cafeína e nicotina. Esse quadro de fadiga estimula o sedentarismo que, por sua vez, colabora para a manutenção do estresse. É um círculo vicioso que atrai diversos males, como o câncer e as doenças cardíacas. Nosso corpo precisa de movimento. Entre outros benefícios, a prática regular de atividade física aumenta a taxa de renovação dos tecidos, retarda o envelhecimento, diminui a taxa de gordura circulante, melhora a coagulação sanguinea e a troca de gases nos pulmões, facilita a mineralização dos ossos e libera endorfina, neurotransmissor que diminui o estresse, aumenta a sensação de bem-estar e combate a ação da adrenalina gerada pelo estresse do cotidiano. Ao aumentar as defesas do organismo e ajudar a controlar o peso corporal, a endorfina também melhora o desempenho do sistema cardio-respiratório e o desejo sexual. Estudos recentes realizados nos EUA com 1.156 homens, entre 40 e 70 anos, demonstram que quem pratica exercícios regularmente têm menos chances de ganhar peso corporal e ser vítima de distúrbios de ereção e câncer. Outras pesquisas comprovam que pessoas fisicamente ativas vivem mais, têm maior disposição, maior capacidade de trabalho e de concentração. Mas é preciso ficar atento: da mesma forma que a regularidade provoca bem-estar, o excesso de atividades físicas pode ser prejudicial à saúde ao provocar aumento de cortisol e adrenalina, que geram traumas importantes não só no físico do indivíduo - lesões musculares, articulares, sobrecarga cardíaca, queda da imunidade e redução das reservas de açúcar - , como também no emocional - depressão e alterações de humor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, no mínimo, 30 minutos de exercícios moderados de quatro a cinco vezes por semana. Para que a prática de exercícios traga apenas benefícios, é imprescindível uma avaliação médica completa que indique os limites cardio-respiratórios e musculoesqueléticos do indivíduo. Um dos exames mais utilizados para este fim é o teste ergométrico - capaz de avaliar a capacidade funcional, a condição física, os batimentos cardíacos e o surgimento de arritmias cardíacas, além do comportamento da pressão arterial e outros sintomas que não ocorrem em repouso, como cansaço exagerado, dor no peito, tonteira e desmaio. Para dar início a um programa de exercícios, a caminhada é uma ótima opção pois, além de trabalhar com eficiência o sistema cardiovascular, não apresenta riscos de traumas e pode ser desenvolvida em qualquer lugar, sem exigir horários nem equipamentos especiais. Mesmo assim, como outros esportes, exige planejamento adequado para se alcançar resultados sem riscos de danos à saúde. Nas duas primeiras semanas, uma caminhada a passo normal durante pelo menos 30 minutos, em dias alternados, é suficiente para que o corpo se adapte ao exercícios. A intensidade na distância ou na velocidade das passadas pode ser aumentada até que se alcance a meta de sete quilômetros em uma hora, considerada uma excelente média. Depois disso, mantenha o ritmo alcançado por quatro a cinco vezes na semana. Um bom alongamento e o monitoramento da frequência cardíaca durante todo o exercício são importantes, assim como manter-se hidratado antes e após os exercícios. O uso de roupas leves e calçados confortáveis também é recomendado. Não seja um atleta de fim de semana, não pare abruptamente as atividades físicas e nem as interrompa por mais de cinco dias, senão os ganhos serão cancelados. Mas a presença de dor, de qualquer natureza, durante o exercício, é razão suficiente para interrompê-lo. Neste caso, procure um médico para avaliar o problema e melhor orientá-lo. Viver com saúde é uma decisão que só depende de você. - Marcelo Gigliotti -
Fonte: Jornal do Brasil - Portal Médico

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