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6.23.2009

Novo exame para câncer de próstata

Estudo propõe novo exame para câncer de próstata

Um marcador oncológico usado em mulheres com câncer de mama pode ser eficiente para detectar tumores malignos na próstata (o câncer mais prevalente entre homens).

A constatação foi feita por pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein e da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) em estudo com 110 pacientes.Trata-se do HER-2, uma proteína ligada à multiplicação celular que está presente em maior quantidade em alguns tipos de célula cancerosa --no caso do câncer de próstata, o resultado positivo indica não só a existência do câncer como a sua agressividade: os que apresentam superexpressão de HER-2 são piores do que os que não têm essa característica.

O principal marcador usado para identificar a doença é o PSA --uma substância produzida pela próstata que aparece de forma mais elevada em pacientes com câncer no órgão.Mas não é só o câncer que afeta o marcador, afirma o urologista Carlos Eduardo Corradi, chefe do departamento de uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia: a hiperplasia benigna da próstata e inflamações no órgão elevam o índice de PSA.

Outra desvantagem do PSA é que ele é muito sensível a intervenções hormonais, afirma o oncologista Auro del Giglio, coordenador do Einstein.Isso pode prejudicar a identificação de câncer em homens que usam finasterida (remédio para queda de cabelo), por exemplo.

Como a substância faz com que o índice de PSA caia pela metade, o resultado do teste não é tão preciso.Essa limitação do marcador pode se tornar ainda mais importante a partir de agora, já que entidades médicas norte-americanas divulgaram, na semana retrasada, uma orientação de que homens saudáveis usem a finasterida como forma de reduzir o risco do câncer de próstata.O problema, afirma Giglio, também aparece no acompanhamento de alguns pacientes que são submetidos a hormonioterapia.

"Quando adotamos esse tratamento, é difícil saber se a queda observada no PSA se deve totalmente a uma diminuição do tumor ou não."O HER-2, de acordo com o oncologista, não apresenta essa variação. Mas ainda é cedo para afirmar que ele possa substituir o PSA."Não podemos trocar algo estabelecido por algo experimental.

É preciso mostrar a vantagem de forma conclusiva e, para isso, são necessários estudos em vários locais", explica.Enquanto isso, o novo marcador pode servir como um terceiro alerta, somado ao PSA e ao toque retal, sugere o urologista Marcelo Wroclawski, também pesquisador do Einstein e do grupo de próstata da FMABC. Em seis meses, ele e Giglio pretendem definir para que tipo de paciente o custo-benefício do exame pode ser mais interessante.Avanço com limitesStênio de Cássio Zequi, cirurgião pélvico do Hospital do Câncer A.C.Camargo, compara o perfil tumoral a uma senha de banco.

Nesse sentido, usar o HER-2 como marcador para o câncer de próstata equivaleria a descobrir um dígito --um avanço que tem limites."É impossível determinar o perfil do tumor só com um ou dois marcadores.

O futuro é reunir essas informações para encontrar a senha de seis dígitos", afirma.No mês passado, uma pesquisa publicada na "Nature" mostrou que a sarcosina, presente na urina, também pode funcionar como indicador de câncer de próstata. A substância aparece em concentração maior em quem tem a doença.

Folha de S.Paulo

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