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11.17.2009

Efeitos da ingestão dos aminoácidos durante exercicios prolongados

A descoberta de alterações na actividade e concentração intracefálica
de alguns neurotransmissores, nomeadamente a serotonina
(5-hidroxitriptamina, 5-HT), durante e após o exercício
intenso de longa duração, colocou a questão da relação entre o
conhecido efeito depressor destes compostos e o controle
metabólico em esforço de dominante aeróbia.
A perturbação do funcionamento dos sistemas monoaminérgicos encefálicos
induzida pelo exercício pode estar na base do impedimento à
continuação da activação central do sistema neuromuscular em
situações próximas do limite, tão habituais no atleta de fundo
quando em competição. Ora, sabe-se que a taxa de síntese da
5-HT é sensível à concentração plasmática do triptofano (TRP)
livre, dos aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) e dos ácidos
gordos, o que permitirá a manipulação da função serotoninérgica
indirectamente através da suplementação de AACR e
de hidratos de carbono. A exploração da intervenção dietética
ganhou importância devido à probabilidade da suplementação
em AACR induzir uma redução da taxa de passagem dos percursores
da 5-HT pela barreira hemato-encefálica. É nosso
objectivo neste trabalho discutir a eficácia da intervenção dietética
sobre os mecanismos subjacentes ao fenómeno da fadiga
central a partir da apreciação do quadro actual de conhecimentos
sobre estes complexos mecanismos de regulação metabólica
e neuro-humoral.
Durante o exercício prolongado poderá haver acréscimo
na síntese cerebral de serotonina devido aoaumento da fracção livre do TRP em circulação no plasma sanguíneo, associado a uma diminuição
eventual na concentração plasmática dos AACR.
A ingestão de AACR poderá corrigir as alterações metabólicas que aumentam a entrada de TRP para o cérebro, daí poder ser útil na prevenção da fadiga
central. Uma grande parte dos estudos realizados, porém, refuta que os AACR possuam uma acção ergogénica. Por outro lado, a ingestão de AACR
aumenta a produção de amónia, o que tem efeitos
potenciais negativos.
Em resumo, parece não haver justificação para introduzir a ingestão de AACR, antes e durante o exercício, como estratégia para melhorar o desempenho.
Contudo, a ingestão de aminoácidos, em particular de AACR, pode trazer benefícios de outra natureza, tais como a redução do catabolismo proteico durante
o esforço, como é sugerido por De Palo et al. [37] ou
durante a recuperação [23] ou, ainda, o abrandamento
do efeito de imunosupressão associado a estados de fadiga pós-esforço elevada.

Autores:
Paulo Armada-da-Silva
Francisco Alves

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