homem azul:Karason
Americano tomou substância sem receita médica para tentar tratar de um problema de pele e acabou ganhando coloração incurável
Um americano inaugurou a luta contra um novo tipo de preconceito com pessoas de cor. De cor azul. Há uma década, Paul Karason, 58 anos, tem o rosto colorido de um tom azul escuro causado, segundo ele, por reação de sua pele a um tipo de substância, o prata coloidal. Tudo começou há 14 anos quando Karason sofreu caso severo de dermatite, que causava coceira, inchaço e vermelhidão. Ele resolveu se automedicar com a substância, usada para tirar prata de metais.
Karason conta que esfregou o prata coloidal na pele e também bebeu. Foto reproduçãoDesobedecendo recomendações do órgão americano que regulamenta medicamentos, ele esfregou a substância na pele e até a bebeu. “A mudança foi tão gradual que nem eu, nem as pessoas que convivem mais tempo comigo perceberam. Uma vez, entretanto, um amigo que me visitava na casa de meus pais, perguntou: ‘O que você fez?’”, lembra. O homem azul mudou de casa — do estado americano do Oregon para a Califórnia — e tenta evitar lugares públicos.
OUTRO CASO
Rosemary Jacobs, 67 anos, também americana, tentou, ao longo da vida, vários tratamentos para voltar à cor normal, mas não conseguiu. Ela afirma que também tomou o prata coloidal quando tinha 11 anos, por sugestão de médico, para curar resfriado persistente. Três anos depois, reparou que estava azulada.
Um dermatologista a diagnosticou com argíria, alteração da cor da pele causada por uso prolongado de sais de prata. O especialista disse que a mudança era permanente.
Jacobs se diz traumatizada. Já Karason parece animado: “Bebi depois de mudar de cor, mas em quantidade menor”. Jackie Northup, sua namorada, diz que ficou impressionada no início, mas agora só se incomoda quando pessoas na rua ficam encarando o amado. A coloração diminuiu depois que Karason se submeteu a tratamento de câncer de próstata. Até 2008, ele afirmava que nunca havia consultado médico por causa da cor azul.
Um alerta contra a automedicação
A médica Annie Levy, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, conta que os únicos casos de paciente azulados aconteceram quando eles tomaram medicamentos para outros tipos de doença, como pressão arterial. Mesmo assim, o fenômeno foi temporário. Ela, no entanto, faz um alerta contra a automedicação: “Pacientes que usam remédios para dermatite indiscriminadamente podem fazer com que os medicamentos percam o efeito com o tempo, ou causem atrofia e afinamento da pele”.
O Dia
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