Internet: um refúgio perigoso para os tímidos
Quase metade da população sofre de timidez e prefere os contatos do mundo virtual.
Especialistas alertam: há risco de desenvolver doença chamada fobia social
Conhecer alguém, falar em público ou ir numa festa pode ser um problema para quase a metade das pessoas no mundo. Segundo estudos, 48% da população se considera tímida. Para um outro grupo, que sofre do transtorno de fobia social, a timidez é exacerbada a ponto de comprometer a vida pessoal e até profissional. Tanto tímidos quanto fóbicos sociais têm encontrado nos sites de relacionamento o território “seguro” longe da principal causa de seus medos: gente.
NAS BANCAS: TESTE SOBRE TIMIDEZ
Um estudo da Universidade de Windson, no Canadá, mostrou que tímidos passam mais tempo no Facebook do que os não tímidos. Especialistas alertam, no entanto, para o risco de a internet facilitar o isolamento social.
A psicóloga Fátima Bittencourt, diretora do Grupo Sanare, afirma que não se deve substituir o contato com os amigos por conversas virtuais. “A internet em exagero pode fazer com que o tímido tenha ainda mais dificuldades de se expor, caso ele comece a limitar seus contatos ao mundo virtual. E nos casos mais sérios pode até mesmo levar ao transtorno de fobia social”, afirma.
RISCO DE ALCOOLISMO
A presidente da Associação Psiquiátrica do Rio, Fátima Vasconcellos, concorda que a internet permite ao tímido maior contato com outras pessoas. “Mas é importante que o tímido procure enfrentar a timidez. O importante é não se isolar na internet, onde o tímido não sofre”, afirma ela.
“A timidez é um traço de personalidade: a pessoa fica inibida em certas situações que envolvem contato com outros. Já o transtorno de fobia social é uma doença. A pessoa tem medo de ser exposta à observação dos outros. A ansiedade é muito intensa e causa sofrimento. A ansiedade é tão grande e incapacitante que muitas vezes os pacientes usam bebidas alcoólicas para relaxar e lidar com a doença”.
Chefe do setor de psiquiatria da Santa Casa, Vasconcellos diz que os que têm o transtorno acham que estão sempre “no centro das atenções”. “Alguns pacientes não conseguem sair de casa para trabalhar. Já tive paciente que não conseguia sair sem beber. Outros têm que levar o cheque assinado para o banco porque não conseguem assinar na frente do caixa”, explica.
Ela diz ainda que pessoas com o transtorno de fobia social — que atinge 3,5% da população — devem buscar tratamento. Já os tímidos podem buscar a psicoterapia caso o problema comece a prejudicar o desempenho na escola, no trabalho e no contato social.
PAIS PODEM INFLUENCIAR
Vasconcellos afirma que a timidez geralmente começa na infância. Os pais podem ajudar os filhos a ser menos tímidos. “Eles devem estimular o contato da criança com outros. É importante levá-la em locais novos, amigáveis, para que se sinta segura com pessoas novas. A ideia é mostrar que elas não devem temer situações novas”.
O DIA
POR PÂMELA OLIVEIRA
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