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5.23.2009
A MAIORIA DOS MÉDICOS NÃO CUMPREM A LEI: RECEITAS MEDICAS DEVEM SER LEGÍVEIS
Receitas médicas devem ser legíveis
No Brasil, a legislação é clara, mas poucos médicos cumprem a lei e atendem ao seu código de ética, entregando aos pacientes receitas legíveis e com informações completas, sejam manuscritas ou eletrônicas.
Difíceis de ler, indecifráveis até para os profissionais de farmácia, os garranchos dos receituários médicos podem tornar a venda e a tomada de remédios uma situação de risco. Cerca de 50 mil pessoas morreram, nos Estados Unidos, em 2005, por ingestão inadequada de medicamento, segundo o secretário de Saúde dos Estados Unidos no primeiro governo de George W. Bush, Tommy Thompson.
“O problema foi a administração de uma dose errada ou a posologia errada de um remédio”, declarou ao jornal Folha de S. Paulo (6/2/2006). “E sabe por que isso acontece? Porque o farmacêutico ou o paciente não entenderam a letra do médico. Porque ele usa praticamente a mesma abreviação para designar miligrama ou micrograma numa receita, o que dá uma brutal diferença”.
No Brasil, a legislação é clara, mas poucos médicos cumprem a lei e atendem ao seu código de ética, entregando aos pacientes receitas legíveis e com informações completas, sejam manuscritas ou eletrônicas. Portanto, caligrafia é assunto mais grave do que sugere a jocosa expressão “letra de médico”.
Rodinei Vieira Veloso faz a sua parte. Professor de Deontologia e Legislação Farmacêutica da Universidade São Francisco, campi Bragança Paulista e Campinas (SP), usa a imaginação para conscientizar os alunos sobre a importância do profissional de farmácia.
No ano passado, por exemplo, pediu que escrevessem a marca Bombril em um pedaço de papel e tentassem comprar “o remédio”. Dos dez estabelecimentos visitados na região de Bragança Paulista, só um recusou o atendimento. “Os nove restantes venderam medicamentos que começavam com a letra B, a única escrita de forma clara”, conta o professor. “Tem de haver uma mudança de postura”.
Mar de Remédios
Vários fatores contribuem para criar o risco – condições de trabalho, inexperiência, rotina, má formação acadêmica dos profissionais de saúde, rótulos mal elaborados. Esse conjunto ainda se agrava com a similaridade de nomes, problema ampliado com o volume de remédios existentes no mercado – 30 mil, informa a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ou 1,6 bilhão de unidades, de acordo com a Febrafarma- Federação Brasileira de Indústria Farmacêutica.
Para a professora Silvia Helena Cassiani, da Faculdade de Enfermagem da Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto, um terço dos erros de medicação deve-se à semelhança entre os nomes de remédios.
“Há mais ou menos oito anos, houve uma troca de medicamento aqui em Bragança”, conta Veloso. “Em vez de Helmiben, um anti-helmíntico usado contra verminose e de uso oral, foi vendido o Hebrin, um antimicótico à base de iodo, de uso tópico. O Hebrin foi ingerido por uma criança de 5 anos, que sofreu sérias complicações gástricas, com seqüelas até hoje”.
Curiosamente, a população quase não reclama sobre esse tipo de problema. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo recebeu, de 2004 até agosto deste ano, doze denúncias sobre “caligrafia ilegível” na prescrição. O Procon-SP, nenhuma, segundo Renata Molina, supervisora de saúde da entidade. “O consumidor não deve se intimidar”, alerta Renata. “É preciso perguntar ao médico que remédio ele está prescrevendo, qual a forma de administração. Não é só pôr a receita no bolso e ir embora”.
Informatização pode ajudar
Prescrições em prontuários eletrônicos podem melhorar os diagnósticos e reduzir riscos para os pacientes. Estudo comparativo de 45 prontuários manuscritos e eletrônicos de pacientes do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostrou diferença significativa: menos de 34% dos prontuários escritos à mão permitiram um diagnóstico correto; já entre os eletrônicos o acerto foi de quase 67%.
A sugestão do fisioterapeuta Maurício Merino Nunes, que realizou o estudo em 2005, é estimular a informatização dos prontuários, dando maior confiabilidade a um documento de importância crítica tanto para o tratamento quanto do ponto de vista legal.
Dificuldades, como transpor para a tela as anotações não-padronizadas e os desenhos muitas vezes encontrados nos prontuários, seriam superadas com a utilização de fotos, filmes, digitalização de exames, etc. Além de resolver o problema, esses recursos multimídias aumentariam a compreensão do quadro clínico documentado.
Outra vantagem apontada é o potencial da documentação eletrônica para melhorar a qualidade e a continuidade do processo assistencial como um todo e, ainda, para contribuir com pesquisas nas mais diversas áreas de saúde.
Responsabilidade Solidária
Ao prescrever medicamento, dosagens e tomadas difíceis de ler, médicos e cirurgiões-dentistas descumprem uma legislação que começou em 1932, com Getúlio Vargas. O então chefe do Governo Provisório assinou decreto que obrigava os médicos a “escreverem as receitas por extenso, legivelmente, em vernáculo, nelas indicando o uso interno ou externo dos medicamentos, o nome e a residência do doente, bem como a própria residência ou consultório”.
Nas décadas seguintes, várias leis e códigos de ética ampliaram essa determinação, de modo que, hoje, a responsabilidade é solidária. No caso de dano à saúde, os órgãos médicos competentes apuram cada caso, verificando se o médico, o farmacêutico e o consumidor podem ser responsabilizados, explica Renata Molina, do Procon-SP. “O primeiro, por ser o prescritor; o farmacêutico, porque tem conhecimento específico para interpretar a prescrição e, não conseguindo, tem amparo legal para recusar o aviamento – a dispensação, na nomenclatura médica; e o consumidor, porque deveria ter tirado a dúvida com o médico”.
Segundo o departamento jurídico do CRF-SP – Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, se a farmácia ou drogaria for responsabilizada, “o farmacêutico será responsável solidário independentemente de quem tenha vendido (o remédio), uma vez que os balconistas trabalham sob sua supervisão”. Quanto à indústria, será responsabilizada se ficar comprovado que o medicamento que produziu era impróprio para uso.
Fonte: Revista Medicina Social
Prescrição inadequada de medicamentos
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (Hardon, Brudon-Jacobowicz, Reeler, 1992), existem vários aspectos que demonstram prescrição inadequada de medicamentos:
• Emprego inapropriado de antibióticos, em situações em que não há necessidade, como resfriados e diarréias simples;
• Utilização excessiva de fármacos injetáveis, ocasionada pela crença, tanto de profissionais de saúde quanto de pacientes, de que injeções são mais efetivas que comprimidos;
• Sobreuso de medicamentos relativamente seguros;
• Uso de combinações de fármacos, nas quais muitas vezes são associados fármacos antagônicos ou de efeito similar, sendo que o grande exemplo são os antigripais, compostos, amiúde, por dois ou mais medicamentos;
Uso desnecessário de medicamentos de alto custo, causado pela preferência de nomes comerciais conhecidos, usualmente mais caros, em detrimento de medicamentos genéricos, usualmente mais acessíveis.
Outro elemento que afeta a prescrição e a utilização adequada dos medicamentos é a forma como estão organizadas as intervenções no processo saúde-doença.
Desde o início do século 20 até os dias de hoje, o Brasil vem passando por mudanças no modelo de assistência à saúde, de acordo com as necessidades e com o entendimento vigente em cada época.
Em 1988, a Constituição Federal definiu que "... a saúde é direito de todos e dever do estado...", sendo que os cuidados à saúde devem ser organizados atendendo aos princípios de universalização, integralidade, descentralização, hierarquização e participação popular.
O modelo assistencial atual prioriza o atendimento básico, transformando-o em porta de entrada para todos os níveis restantes do sistema de saúde.
Uma das iniciativas para o cumprimento dessas diretrizes foi a criação do Programa de Saúde da Família (PSF), em 1994.
A estrutura do PSF estabelece que os habitantes de cada município sejam divididos em grupos com área geográfica e população definidas. Cada grupo deve conter aproximadamente 4.500 pessoas, que serão atendidas por uma equipe de saúde composta por, no mínimo, um médico, um enfermeiro, dois auxiliares de enfermagem e 4 a 5 agentes de saúde.
Ao longo dos anos, com a identificação de medicamentos como uma modalidade terapêutica fundamental, vários esforços têm sido realizados para promover seu uso racional, diminuindo os custos associados com prescrições inadequadas, efeitos adversos e utilização incorreta.
Um conceito introduzido pela OMS nos anos 1970 contempla a adoção de listagens de medicamentos essenciais de acordo com as necessidades locais (Marin, 2003).
Com o objetivo de racionalizar o uso dos medicamentos existentes, o Ministério da Saúde criou uma lista de medicamentos denominada Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) (Brasil, 2002), que visa orientar o uso de produtos seguros, eficazes e com possibilidade de solucionar a maior parte dos problemas de saúde da população brasileira. Baseado na RENAME e levando em conta as particularidades municipais, a cidade de Blumenau criou a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME).
Todos os medicamentos da REMUME são fornecidos gratuitamente, mediante prescrição médica, em todas as unidades de saúde de Blumenau.
Essa pesquisa objetiva descrever quais os medicamentos prescritos no PSF de Blumenau, a quantidade de medicamentos por receita, a percentagem de utilização de antibióticos e fármacos injetáveis e a utilização de fármacos da REMUME e RENAME.
Fonte: Trabalho de pesquisa de Daniela Colombo
Fundação Universidade Regional de Blumenau, Santa Catarina
• Emprego inapropriado de antibióticos, em situações em que não há necessidade, como resfriados e diarréias simples;
• Utilização excessiva de fármacos injetáveis, ocasionada pela crença, tanto de profissionais de saúde quanto de pacientes, de que injeções são mais efetivas que comprimidos;
• Sobreuso de medicamentos relativamente seguros;
• Uso de combinações de fármacos, nas quais muitas vezes são associados fármacos antagônicos ou de efeito similar, sendo que o grande exemplo são os antigripais, compostos, amiúde, por dois ou mais medicamentos;
Uso desnecessário de medicamentos de alto custo, causado pela preferência de nomes comerciais conhecidos, usualmente mais caros, em detrimento de medicamentos genéricos, usualmente mais acessíveis.
Outro elemento que afeta a prescrição e a utilização adequada dos medicamentos é a forma como estão organizadas as intervenções no processo saúde-doença.
Desde o início do século 20 até os dias de hoje, o Brasil vem passando por mudanças no modelo de assistência à saúde, de acordo com as necessidades e com o entendimento vigente em cada época.
Em 1988, a Constituição Federal definiu que "... a saúde é direito de todos e dever do estado...", sendo que os cuidados à saúde devem ser organizados atendendo aos princípios de universalização, integralidade, descentralização, hierarquização e participação popular.
O modelo assistencial atual prioriza o atendimento básico, transformando-o em porta de entrada para todos os níveis restantes do sistema de saúde.
Uma das iniciativas para o cumprimento dessas diretrizes foi a criação do Programa de Saúde da Família (PSF), em 1994.
A estrutura do PSF estabelece que os habitantes de cada município sejam divididos em grupos com área geográfica e população definidas. Cada grupo deve conter aproximadamente 4.500 pessoas, que serão atendidas por uma equipe de saúde composta por, no mínimo, um médico, um enfermeiro, dois auxiliares de enfermagem e 4 a 5 agentes de saúde.
Ao longo dos anos, com a identificação de medicamentos como uma modalidade terapêutica fundamental, vários esforços têm sido realizados para promover seu uso racional, diminuindo os custos associados com prescrições inadequadas, efeitos adversos e utilização incorreta.
Um conceito introduzido pela OMS nos anos 1970 contempla a adoção de listagens de medicamentos essenciais de acordo com as necessidades locais (Marin, 2003).
Com o objetivo de racionalizar o uso dos medicamentos existentes, o Ministério da Saúde criou uma lista de medicamentos denominada Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) (Brasil, 2002), que visa orientar o uso de produtos seguros, eficazes e com possibilidade de solucionar a maior parte dos problemas de saúde da população brasileira. Baseado na RENAME e levando em conta as particularidades municipais, a cidade de Blumenau criou a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME).
Todos os medicamentos da REMUME são fornecidos gratuitamente, mediante prescrição médica, em todas as unidades de saúde de Blumenau.
Essa pesquisa objetiva descrever quais os medicamentos prescritos no PSF de Blumenau, a quantidade de medicamentos por receita, a percentagem de utilização de antibióticos e fármacos injetáveis e a utilização de fármacos da REMUME e RENAME.
Fonte: Trabalho de pesquisa de Daniela Colombo
Fundação Universidade Regional de Blumenau, Santa Catarina
Colesterol: Novas pesquisas sugerem que as pílulas mais receitadas não beneficiam a maioria dos pacientes
O publicitário Fernando Lozano, de 48 anos, infartou em 2003 e não está disposto a arriscar
Colesterol: Novas pesquisas sugerem que as pílulas mais receitadas não beneficiam a maioria dos pacientes
O professor Wanderley Marques Bernardo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), é um sujeito persistente. Não sossega enquanto não prova por A mais B que as vantagens apregoadas pelo fabricante de determinado remédio são excelente peça de marketing baseada em ciência discutível. Nos últimos seis anos, Bernardo se dedica a avaliar o custo–benefício de tratamentos. Cirurgião torácico, trocou o bisturi pelo laptop. Cruza inúmeros dados para responder às secretarias de Saúde se vale a pena comprar as novidades oferecidas pela indústria. Um de seus alvos preferidos são os remédios para reduzir o colesterol. Ele não está sozinho. As drogas mais usadas para esse fim – chamadas estatinas – têm sido motivo de grandes discussões. Uma das mais importantes aconteceu em abril, durante o congresso do American College of Cardiology, realizado em Chicago, Estados Unidos. Análises feitas por diferentes pesquisadores em todo o mundo sugerem que o benefício dos remédios pode ser bem menor que os consumidores imaginam.
O debate foi iniciado por especialistas da chamada medicina baseada em evidências. A área criada nos anos 80 por David Sackett, da Universidade McMaster, no Canadá, é composta de médicos que tentam avaliar se um tratamento faz diferença a partir da análise fria dos estudos publicados. Não estão preocupados com histórias pessoais de sucesso ou insucesso. A ferramenta deles é a estatística. Bernardo aprendeu o novo ofício na Universidade de Oxford. “É importante que a população seja esclarecida sobre os limites da ciência e dos remédios”, diz. “É uma forma de minimizar o marketing malvado que não educa ninguém.”
As estatinas são a maior história de sucesso da indústria farmacêutica. Nenhuma outra categoria rendeu tanto dinheiro. São consumidas por 25 milhões de pessoas no mundo. No ano passado, produziram um faturamento de US$ 27, 8 bilhões. Metade desse valor foi conquistada pelo Lípitor (atorvastatina), da Pfizer. Em faturamento, ele é o primeiro do ranking da indústria. Os brasileiros compram nas farmácias 1 milhão de caixinhas de estatina a cada mês. O mais consumido é o genérico sinvastatina. O número dois é o Lípitor.
As estatinas são a maior história de sucesso da indústria farmacêutica. Nenhuma outra categoria rendeu tanto dinheiro. Em 2007, foram US$ 27,8 bilhões
A forma agressiva como ele é anunciado ajuda a explicar tamanho sucesso. Nos EUA, a propaganda de remédios vendidos com receita médica pode ser feita diretamente ao consumidor. Isso não ocorre no Brasil, onde as empresas procuram convencer os médicos a receitar seus produtos. Pelas regras americanas, os anúncios de remédio podem aparecer em qualquer parte: TV, revistas, jornais, outdoors. Segundo o anúncio do Lípitor, o remédio reduz em 36% o risco de infarto em pacientes com outros fatores de risco além do colesterol alto (hipertensão, por exemplo). Poucos consumidores prestam atenção ao asterisco e às letras pequenas colocadas no pé da página. Elas informam que, num amplo estudo, 3% dos pacientes que tomaram pílulas sem efeito (placebo) tiveram um infarto. No grupo que tomou Lípitor, o índice foi de cerca de 2%.
O que os números significam? A cada cem pessoas, três no grupo placebo e duas no grupo do remédio tiveram um infarto. O benefício creditado à droga é de um infarto a menos a cada cem pessoas. Ou seja: para evitar um infarto, é preciso que cem pacientes tomem o remédio por mais de três anos. É o que os estatísticos chamam de número necessário para tratar (NNT). Os outros 99 pacientes não tiveram nenhum benefício mensurável.
O cirurgião torácico trocou o bisturi pelo laptop. Nos últimos seis anos, se dedica a avaliar o custo–benefício de medicamentos como as estatinas. “A população precisa ser informada sobre os limites dos remédios”
E de onde vieram os 36%? Isso é o que os especialistas chamam de risco relativo, uma artimanha freqüentemente usada pela indústria para tornar mais atraentes os resultados dos estudos. A conta não é mentirosa, mas não expressa com clareza o real benefício dos remédios. O risco de infarto verificado no grupo que tomou Lípitor (1,94%) é dividido pelo risco observado no grupo placebo (3%). O resultado da divisão é 0,64. O passo seguinte é verificar quanto o remédio evitou que os riscos fossem iguais nos dois grupos. Basta subtrair 0,64 de 1. O resultado é 0,36, ou 36%.
Dizer que o remédio reduz o risco em 36% é mais impactante que explicar que apenas um infarto em cem será evitado, certo? “É verdade que a publicidade usa a cifra mais bombástica”, diz Eurico Correia, gerente-médico de grupo de produtos da Pfizer. “Mas a redução de risco de 1% ou 2% no enorme universo de consumidores significa salvar a vida de muita gente.”
Sim, mas, em nome da transparência que os consumidores merecem, eles precisam saber que poucos terão vantagem. “A maioria está tomando um remédio sem ter nenhuma chance de benefício e sofrendo o risco de enfrentar efeitos colaterais”, disse James M. Wright, professor da University of British Columbia, à revista BusinessWeek. Wright concluiu que as estatinas salvam vidas no grupo de pessoas que já tiveram um infarto. Nessa situação, os remédios realmente evitam a ocorrência de novos infartos e reduzem o risco de morte. Para essas pessoas, as estatinas são fundamentais.
No caso de quem nunca infartou, a situação é diferente. Wright verificou uma grande redução nos níveis de colesterol em homens de meia-idade que tomam estatinas. Mas a queda no número de infartos foi pouco significativa. Apesar dessas evidências, o bombardeio da propaganda pró-estatina é fortíssimo nos EUA. Alguns especialistas chegam a dizer – ainda que em tom de brincadeira – que as estatinas são tão importantes para o combate das doenças cardiovasculares que deveriam ser colocadas na água encanada, como o flúor que evita cáries.
É um evidente exagero. No Brasil, não se escuta esse tipo de comentário, mas poucos médicos têm uma visão crítica em relação aos remédios. A maioria dos pacientes que chega ao consultório com colesterol um pouco acima do normal sai com receita de estatina.
Além das principais marcas – Lípitor (atorvastatina) e Crestor (rosuvastatina) –, há vários produtos genéricos (sinvastatina, pravastatina, lovastatina…).
Seu benefício na prevenção do primeiro infarto é semelhante ao do Lípitor.
CÉLIA CARAN
50 anos
A artesã não tinha colesterol extremamente alto, mas o histórico de infarto na família convenceu seu médico a receitar estatina. “Resolvi mudar de vida.” Ela faz alongamento em praças públicas, caminha uma hora por dia e ainda pratica ioga
Um estudo divulgado no congresso do American College of Cardiology gerou mais discussão. Os médicos ouviram os resultados da pesquisa realizada com o remédio Vytorin, fruto da parceria entre as empresas Merck e Schering-Plough. A droga é uma combinação entre uma estatina genérica (sinvastatina) e outro tipo de redutor do colesterol chamado Zetia. O estudo revelou que o Vytorin não é mais eficaz que o produto genérico consumido isoladamente. Segundo os fabricantes, o estudo não é prova de que o Vytorin não funciona. As empresas argumentam que a pesquisa avaliou apenas o efeito do remédio sobre a espessura da artéria carótida – um parâmetro usado para analisar o acúmulo de colesterol e prever o risco de infarto. De fato, o estudo não responde definitivamente se o remédio reduz ou não o risco de infarto ou derrame. Mas as empresas conheciam o resultado do estudo e só o divulgaram quase dois anos depois do término da pesquisa. Enquanto isso, continuaram ganhando muito dinheiro com o Vytorin, que custa três vezes mais que o remédio genérico.
A justificativa dos médicos para tantas prescrições é a necessidade de combater o colesterol ruim (LDL) e aumentar o colesterol bom (HDL). O LDL contribui para a formação de placas de gordura nas artérias (leia a ilustração). Isso prejudica a passagem do sangue e aumenta o risco de infarto e derrame. O HDL age como um detergente nas artérias, ajudando a eliminar o LDL. Os remédios atuam nas duas frentes. Nos últimos anos, as metas de colesterol preconizadas pelas entidades médicas caíram sensivelmente. No início dos anos 90, um LDL de 130 miligramas por decilitro de sangue era considerado normal. Atualmente, é desejável que seja inferior a 100 miligramas por decilitro. Pessoas com outros fatores de risco além do colesterol (tabagismo, hipertensão, diabetes, histórico de infarto na família, obesidade, sedentarismo, nível elevado de triglicérides) devem manter o LDL em 70 miligramas por decilitro. É possível reduzir o colesterol com a adoção de uma vida saudável – atividade física, alimentação baseada em carnes magras, fibras, frutas e cereais integrais. A maioria das pessoas, no entanto, não consegue uma redução tão drástica sem tomar os remédios. Se as metas de colesterol continuarem caindo ano após ano, em breve talvez ninguém escape de tomar as estatinas. E, na maioria dos casos, sem ter benefício.
Quem toma estatina pode até ficar feliz com a queda dos níveis de colesterol. Mas pode infartar do mesmo jeito. Outros fatores de risco precisam ser controlados
Os céticos desconfiam da isenção dos comitês que preparam as diretrizes americanas. Essas diretrizes acabam sendo adotadas em boa parte do mundo – incluindo o Brasil. “É quase impossível encontrar alguém que acredite firmemente nas estatinas e não tenha nenhum vínculo com a indústria farmacêutica”, afirma Rodney A. Hayward, s professor da Universidade de Michigan. Houve uma grande controvérsia quando foram divulgadas as metas de colesterol de 2004. Oito dos nove especialistas tinham vínculos com a indústria.
“Em quase todas as áreas da medicina, uma mesma droga parece ser mais benéfica nos estudos bancados pela indústria que nas pesquisas financiadas pelos governos”, Nortin M. Hadler, professor de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. Hadler é um crítico da indústria farmacêutica e autor do livro The Last Well Person – How to Stay Well Despite the Health-Care System. Em português, algo como A Última Pessoa Saudável – Como Ficar Bem Apesar do Sistema de Saúde.
“É fundamental que a sociedade aprenda o que é o NNT e passe a cobrar essa informação dos médicos e dos fabricantes.”
O NNT de 100 verificado no caso das estatinas é altíssimo quando comparado com o de outros remédios. Para evitar um infarto em hipertensos, é preciso tratar três pacientes com aspirina (NNT de 3). Para evitar uma morte por meningite, é preciso tratar um paciente com dexametasona (NNT de 1). É fundamental considerar o NNT e também o risco de efeitos colaterais. Que vantagem leva o paciente que paga caro por um remédio, não tem benefícios e ainda sofre reações indesejadas?
“Cerca de 30% dos consumidores de estatinas sofrem algum tipo de efeito colateral, mesmo que seja leve”, diz a cardiologista Suzana Alves da Silva, do Departamento de Pesquisa Clínica do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro. Podem ocorrer dores musculares, desconfortos gastrintestinais, náuseas, constipações, insônia. Alguns estudos apontaram dificuldades de memória e até câncer, mas isso não foi confirmado. A pior ameaça é uma grave doença muscular (rabdomiólise), que pode levar à insuficiência renal e à morte. É algo raro: afeta uma pessoa a cada 4 milhões. Em 2001, a estatina Lipobay (cerivastatina), da Bayer, foi retirada do mercado devido ao número de pacientes que apresentaram o problema. Nos Estados Unidos, 31 consumidores do remédio morreram.
Nem sempre os médicos mencionam o risco de efeitos colaterais. A ênfase é colocada nos benefícios do remédio, como se ficar sem eles fosse um atentado contra a vida. A artesã Célia Caram, de 50 anos, recebeu sua primeira receita de estatina há oito anos. “O médico de meu marido disse que eu deveria tomar o remédio porque, na menopausa, ficar sem ele é óbito na certa.” A lógica por trás desse raciocínio é que a redução dos níveis de estrógeno (um protetor das artérias) durante a menopausa aumenta o risco de infarto. O colesterol de Célia não era extremamente alto (LDL de 176), mas ela era ex-fumante e seu pai havia morrido de complicações após uma segunda cirurgia de ponte de safena. Esses fatores pesaram na decisão do médico. Talvez Célia pudesse ter tentado baixar o colesterol com exercícios e mudanças na dieta antes de começar a tomar remédios. Mesmo com as pílulas, ela decidiu melhorar seu estilo de vida. Caminha uma hora por dia e depois faz alongamento em praças públicas. Duas vezes por semana, emenda esse exercício com as aulas de ioga. O colesterol baixou para 109, e Célia pensa em parar de tomar o remédio. “A estatina faz parte de um conjunto. Não faz milagre”, diz.
Quem se beneficia
A dificuldade dos médicos é saber quem vai se beneficiar dos remédios. Mesmo que eles conheçam os dados de NNT, a conclusão pode não se aplicar a um paciente específico. E se aquele indivíduo que o doutor tem diante de si for justamente o único felizardo que será salvo do infarto num grupo de cem consumidores? A diferença entre tomar ou não o remédio pode ser a diferença entre a vida e a morte. Nessa dura tarefa, uma das principais ferramentas usadas pelos cardiologistas é a Escala de Framingham. Ela prevê o risco de infarto dentro de dez anos a partir dos fatores de risco existentes (calcule seu risco). É apenas uma pista do que pode acontecer. A regra seguida pela maioria dos cardiologistas é que pessoas com colesterol acima do ideal e vários fatores de risco devem tomar estatina. Quem já infartou também não deve ficar sem o remédio. Nesse caso, a estatina reduz o risco de um novo infarto e de morte em grande parte dos pacientes.
No grupo de pessoas com colesterol alto e que já infartaram, o NNT das estatinas cai para 20. Ou seja: a cada 20 pessoas que tomam o remédio, uma escapa da morte. “Se eu não desse estatina para os pacientes de alto risco, estaria sendo antiético”, diz Raul Dias dos Santos Filho, diretor da Unidade Clínica de Dislipidemias do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. “Nessas situações, elas realmente evitam mortes.”
O publicitário Fernando Lozano, de 48 anos, infartou em 2003 e não está disposto a arriscar. Tinha colesterol alto e fumava muito. O pai sofreu três infartos, o avô foi morto por um. Lozano toma sinvastatina e está com o colesterol controlado. Faz esteira e diz ter tentado s melhorar a alimentação. É do tipo acelerado, nervoso. “Vivo em estado de alerta permanente”, diz. Acha que o estresse foi a causa do pico de colesterol verificado um mês antes de infartar. Ou a própria razão do infarto. O colesterol pode contribuir para os ataques cardíacos, mas não pode ser encarado como o único inimigo. Muitos pacientes tendem a acreditar que a pílula os libera da necessidade de evitar os outros fatores de risco. A indústria também vende a ilusão de que a simples redução do colesterol livra o consumidor do infarto. Quem toma estatina pode até ficar feliz com a queda dos níveis de colesterol. Mas pode infartar do mesmo jeito. “A indústria não vende uma mentira. É verdade que as estatinas reduzem o colesterol”, diz a cardiologista Suzana. “Mas isso não significa que todos os infartos serão evitados.”
O cirurgião Bernardo concorda. Há dois anos ele não faz exames de colesterol. Acha desproporcional a importância dada ao combate da substância fabricada no fígado e presente em alimentos gordurosos. “Não dosamos colesterol todos os dias. Ele pode estar elevado num dia e não estar em outro. É importante que as pessoas percebam que outros fatores podem ceifar a vida independentemente do controle bioquímico de seu sangue.” O pai de Bernardo morreu de infarto no ano passado. Tinha colesterol normal e ia periodicamente ao cardiologista. Atravessava um período de estresse. Bernardo acredita que isso tenha contribuído para a morte. A descarga constante dos hormônios adrenalina, noradrenalina e cortisol lesa a camada interna dos vasos sanguíneos, chamada endotélio. O desgaste dessa parede costuma gerar aglomerados de gordura e células que entopem as artérias.
Cerca de 20% dos brasileiros têm colesterol alto, segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Ele pode não ter a importância que as pessoas imaginam. Mas em alguns pacientes não deve ser desprezado. “Nos principais congressos, há sempre debates acalorados entre o pessoal da medicina baseada em evidências e os cardiologistas clínicos”, afirma Antonio Carlos Chagas, presidente da SBC. “O pesquisador diz que não há vantagem para a maioria das pessoas, e o clínico vê que para o paciente dele há benefício.” Segundo Chagas, a maioria dos pacientes tem três fatores de risco. Alguns têm colesterol ruim alto e colesterol bom baixo. “Podem morrer só por isso.” Ele acredita que a divulgação do NNT pode fazer o público achar que não vale a pena tomar os remédios. Não é o que pretende esta reportagem. A intenção de ÉPOCA é contribuir para que cada indivíduo possa ter consciência dos benefícios, riscos e custos dos tratamentos. Antes de entrar na farmácia, as pessoas precisam saber que boa parte delas vai pagar R$ 80 por mês, estar sujeita a efeitos colaterais e ter uma chance remota de benefício.
Muitos médicos têm pouco conhecimento sobre NNT, risco relativo e outros indicadores do custo–benefício dos tratamentos. Tornam-se presas fáceis da propaganda incisiva da indústria farmacêutica. Antes de receitar estatinas, deveriam apostar nas mudanças de estilo de vida. Nem todos os pacientes conseguem concretizá-las. Mas precisam ter a chance de escolha. Em geral, quem começa a tomar estatina fica com ela a vida inteira. O custo de R$ 80 por mês multiplicado por anos a fio se torna absurdo quando se considera que poucos são os beneficiados. Por outro lado, o preço de não tomar o remédio pode ser a morte, ainda que isso ocorra com a minoria. A decisão é difícil e envolve uma avaliação minuciosa feita por um cardiologista preparado. E, cada vez mais, com a participação de pacientes menos passivos e bem informados. Esse é o resultado do trabalho de provocadores incansáveis como Wanderley Bernardo.
Colesterol: Novas pesquisas sugerem que as pílulas mais receitadas não beneficiam a maioria dos pacientes
O professor Wanderley Marques Bernardo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), é um sujeito persistente. Não sossega enquanto não prova por A mais B que as vantagens apregoadas pelo fabricante de determinado remédio são excelente peça de marketing baseada em ciência discutível. Nos últimos seis anos, Bernardo se dedica a avaliar o custo–benefício de tratamentos. Cirurgião torácico, trocou o bisturi pelo laptop. Cruza inúmeros dados para responder às secretarias de Saúde se vale a pena comprar as novidades oferecidas pela indústria. Um de seus alvos preferidos são os remédios para reduzir o colesterol. Ele não está sozinho. As drogas mais usadas para esse fim – chamadas estatinas – têm sido motivo de grandes discussões. Uma das mais importantes aconteceu em abril, durante o congresso do American College of Cardiology, realizado em Chicago, Estados Unidos. Análises feitas por diferentes pesquisadores em todo o mundo sugerem que o benefício dos remédios pode ser bem menor que os consumidores imaginam.
O debate foi iniciado por especialistas da chamada medicina baseada em evidências. A área criada nos anos 80 por David Sackett, da Universidade McMaster, no Canadá, é composta de médicos que tentam avaliar se um tratamento faz diferença a partir da análise fria dos estudos publicados. Não estão preocupados com histórias pessoais de sucesso ou insucesso. A ferramenta deles é a estatística. Bernardo aprendeu o novo ofício na Universidade de Oxford. “É importante que a população seja esclarecida sobre os limites da ciência e dos remédios”, diz. “É uma forma de minimizar o marketing malvado que não educa ninguém.”
As estatinas são a maior história de sucesso da indústria farmacêutica. Nenhuma outra categoria rendeu tanto dinheiro. São consumidas por 25 milhões de pessoas no mundo. No ano passado, produziram um faturamento de US$ 27, 8 bilhões. Metade desse valor foi conquistada pelo Lípitor (atorvastatina), da Pfizer. Em faturamento, ele é o primeiro do ranking da indústria. Os brasileiros compram nas farmácias 1 milhão de caixinhas de estatina a cada mês. O mais consumido é o genérico sinvastatina. O número dois é o Lípitor.
As estatinas são a maior história de sucesso da indústria farmacêutica. Nenhuma outra categoria rendeu tanto dinheiro. Em 2007, foram US$ 27,8 bilhões
A forma agressiva como ele é anunciado ajuda a explicar tamanho sucesso. Nos EUA, a propaganda de remédios vendidos com receita médica pode ser feita diretamente ao consumidor. Isso não ocorre no Brasil, onde as empresas procuram convencer os médicos a receitar seus produtos. Pelas regras americanas, os anúncios de remédio podem aparecer em qualquer parte: TV, revistas, jornais, outdoors. Segundo o anúncio do Lípitor, o remédio reduz em 36% o risco de infarto em pacientes com outros fatores de risco além do colesterol alto (hipertensão, por exemplo). Poucos consumidores prestam atenção ao asterisco e às letras pequenas colocadas no pé da página. Elas informam que, num amplo estudo, 3% dos pacientes que tomaram pílulas sem efeito (placebo) tiveram um infarto. No grupo que tomou Lípitor, o índice foi de cerca de 2%.
O que os números significam? A cada cem pessoas, três no grupo placebo e duas no grupo do remédio tiveram um infarto. O benefício creditado à droga é de um infarto a menos a cada cem pessoas. Ou seja: para evitar um infarto, é preciso que cem pacientes tomem o remédio por mais de três anos. É o que os estatísticos chamam de número necessário para tratar (NNT). Os outros 99 pacientes não tiveram nenhum benefício mensurável.
O cirurgião torácico trocou o bisturi pelo laptop. Nos últimos seis anos, se dedica a avaliar o custo–benefício de medicamentos como as estatinas. “A população precisa ser informada sobre os limites dos remédios”
E de onde vieram os 36%? Isso é o que os especialistas chamam de risco relativo, uma artimanha freqüentemente usada pela indústria para tornar mais atraentes os resultados dos estudos. A conta não é mentirosa, mas não expressa com clareza o real benefício dos remédios. O risco de infarto verificado no grupo que tomou Lípitor (1,94%) é dividido pelo risco observado no grupo placebo (3%). O resultado da divisão é 0,64. O passo seguinte é verificar quanto o remédio evitou que os riscos fossem iguais nos dois grupos. Basta subtrair 0,64 de 1. O resultado é 0,36, ou 36%.
Dizer que o remédio reduz o risco em 36% é mais impactante que explicar que apenas um infarto em cem será evitado, certo? “É verdade que a publicidade usa a cifra mais bombástica”, diz Eurico Correia, gerente-médico de grupo de produtos da Pfizer. “Mas a redução de risco de 1% ou 2% no enorme universo de consumidores significa salvar a vida de muita gente.”
Sim, mas, em nome da transparência que os consumidores merecem, eles precisam saber que poucos terão vantagem. “A maioria está tomando um remédio sem ter nenhuma chance de benefício e sofrendo o risco de enfrentar efeitos colaterais”, disse James M. Wright, professor da University of British Columbia, à revista BusinessWeek. Wright concluiu que as estatinas salvam vidas no grupo de pessoas que já tiveram um infarto. Nessa situação, os remédios realmente evitam a ocorrência de novos infartos e reduzem o risco de morte. Para essas pessoas, as estatinas são fundamentais.
No caso de quem nunca infartou, a situação é diferente. Wright verificou uma grande redução nos níveis de colesterol em homens de meia-idade que tomam estatinas. Mas a queda no número de infartos foi pouco significativa. Apesar dessas evidências, o bombardeio da propaganda pró-estatina é fortíssimo nos EUA. Alguns especialistas chegam a dizer – ainda que em tom de brincadeira – que as estatinas são tão importantes para o combate das doenças cardiovasculares que deveriam ser colocadas na água encanada, como o flúor que evita cáries.
É um evidente exagero. No Brasil, não se escuta esse tipo de comentário, mas poucos médicos têm uma visão crítica em relação aos remédios. A maioria dos pacientes que chega ao consultório com colesterol um pouco acima do normal sai com receita de estatina.
Além das principais marcas – Lípitor (atorvastatina) e Crestor (rosuvastatina) –, há vários produtos genéricos (sinvastatina, pravastatina, lovastatina…).
Seu benefício na prevenção do primeiro infarto é semelhante ao do Lípitor.
CÉLIA CARAN
50 anos
A artesã não tinha colesterol extremamente alto, mas o histórico de infarto na família convenceu seu médico a receitar estatina. “Resolvi mudar de vida.” Ela faz alongamento em praças públicas, caminha uma hora por dia e ainda pratica ioga
Um estudo divulgado no congresso do American College of Cardiology gerou mais discussão. Os médicos ouviram os resultados da pesquisa realizada com o remédio Vytorin, fruto da parceria entre as empresas Merck e Schering-Plough. A droga é uma combinação entre uma estatina genérica (sinvastatina) e outro tipo de redutor do colesterol chamado Zetia. O estudo revelou que o Vytorin não é mais eficaz que o produto genérico consumido isoladamente. Segundo os fabricantes, o estudo não é prova de que o Vytorin não funciona. As empresas argumentam que a pesquisa avaliou apenas o efeito do remédio sobre a espessura da artéria carótida – um parâmetro usado para analisar o acúmulo de colesterol e prever o risco de infarto. De fato, o estudo não responde definitivamente se o remédio reduz ou não o risco de infarto ou derrame. Mas as empresas conheciam o resultado do estudo e só o divulgaram quase dois anos depois do término da pesquisa. Enquanto isso, continuaram ganhando muito dinheiro com o Vytorin, que custa três vezes mais que o remédio genérico.
A justificativa dos médicos para tantas prescrições é a necessidade de combater o colesterol ruim (LDL) e aumentar o colesterol bom (HDL). O LDL contribui para a formação de placas de gordura nas artérias (leia a ilustração). Isso prejudica a passagem do sangue e aumenta o risco de infarto e derrame. O HDL age como um detergente nas artérias, ajudando a eliminar o LDL. Os remédios atuam nas duas frentes. Nos últimos anos, as metas de colesterol preconizadas pelas entidades médicas caíram sensivelmente. No início dos anos 90, um LDL de 130 miligramas por decilitro de sangue era considerado normal. Atualmente, é desejável que seja inferior a 100 miligramas por decilitro. Pessoas com outros fatores de risco além do colesterol (tabagismo, hipertensão, diabetes, histórico de infarto na família, obesidade, sedentarismo, nível elevado de triglicérides) devem manter o LDL em 70 miligramas por decilitro. É possível reduzir o colesterol com a adoção de uma vida saudável – atividade física, alimentação baseada em carnes magras, fibras, frutas e cereais integrais. A maioria das pessoas, no entanto, não consegue uma redução tão drástica sem tomar os remédios. Se as metas de colesterol continuarem caindo ano após ano, em breve talvez ninguém escape de tomar as estatinas. E, na maioria dos casos, sem ter benefício.
Quem toma estatina pode até ficar feliz com a queda dos níveis de colesterol. Mas pode infartar do mesmo jeito. Outros fatores de risco precisam ser controlados
Os céticos desconfiam da isenção dos comitês que preparam as diretrizes americanas. Essas diretrizes acabam sendo adotadas em boa parte do mundo – incluindo o Brasil. “É quase impossível encontrar alguém que acredite firmemente nas estatinas e não tenha nenhum vínculo com a indústria farmacêutica”, afirma Rodney A. Hayward, s professor da Universidade de Michigan. Houve uma grande controvérsia quando foram divulgadas as metas de colesterol de 2004. Oito dos nove especialistas tinham vínculos com a indústria.
“Em quase todas as áreas da medicina, uma mesma droga parece ser mais benéfica nos estudos bancados pela indústria que nas pesquisas financiadas pelos governos”, Nortin M. Hadler, professor de Medicina da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. Hadler é um crítico da indústria farmacêutica e autor do livro The Last Well Person – How to Stay Well Despite the Health-Care System. Em português, algo como A Última Pessoa Saudável – Como Ficar Bem Apesar do Sistema de Saúde.
“É fundamental que a sociedade aprenda o que é o NNT e passe a cobrar essa informação dos médicos e dos fabricantes.”
O NNT de 100 verificado no caso das estatinas é altíssimo quando comparado com o de outros remédios. Para evitar um infarto em hipertensos, é preciso tratar três pacientes com aspirina (NNT de 3). Para evitar uma morte por meningite, é preciso tratar um paciente com dexametasona (NNT de 1). É fundamental considerar o NNT e também o risco de efeitos colaterais. Que vantagem leva o paciente que paga caro por um remédio, não tem benefícios e ainda sofre reações indesejadas?
“Cerca de 30% dos consumidores de estatinas sofrem algum tipo de efeito colateral, mesmo que seja leve”, diz a cardiologista Suzana Alves da Silva, do Departamento de Pesquisa Clínica do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro. Podem ocorrer dores musculares, desconfortos gastrintestinais, náuseas, constipações, insônia. Alguns estudos apontaram dificuldades de memória e até câncer, mas isso não foi confirmado. A pior ameaça é uma grave doença muscular (rabdomiólise), que pode levar à insuficiência renal e à morte. É algo raro: afeta uma pessoa a cada 4 milhões. Em 2001, a estatina Lipobay (cerivastatina), da Bayer, foi retirada do mercado devido ao número de pacientes que apresentaram o problema. Nos Estados Unidos, 31 consumidores do remédio morreram.
Nem sempre os médicos mencionam o risco de efeitos colaterais. A ênfase é colocada nos benefícios do remédio, como se ficar sem eles fosse um atentado contra a vida. A artesã Célia Caram, de 50 anos, recebeu sua primeira receita de estatina há oito anos. “O médico de meu marido disse que eu deveria tomar o remédio porque, na menopausa, ficar sem ele é óbito na certa.” A lógica por trás desse raciocínio é que a redução dos níveis de estrógeno (um protetor das artérias) durante a menopausa aumenta o risco de infarto. O colesterol de Célia não era extremamente alto (LDL de 176), mas ela era ex-fumante e seu pai havia morrido de complicações após uma segunda cirurgia de ponte de safena. Esses fatores pesaram na decisão do médico. Talvez Célia pudesse ter tentado baixar o colesterol com exercícios e mudanças na dieta antes de começar a tomar remédios. Mesmo com as pílulas, ela decidiu melhorar seu estilo de vida. Caminha uma hora por dia e depois faz alongamento em praças públicas. Duas vezes por semana, emenda esse exercício com as aulas de ioga. O colesterol baixou para 109, e Célia pensa em parar de tomar o remédio. “A estatina faz parte de um conjunto. Não faz milagre”, diz.
Quem se beneficia
A dificuldade dos médicos é saber quem vai se beneficiar dos remédios. Mesmo que eles conheçam os dados de NNT, a conclusão pode não se aplicar a um paciente específico. E se aquele indivíduo que o doutor tem diante de si for justamente o único felizardo que será salvo do infarto num grupo de cem consumidores? A diferença entre tomar ou não o remédio pode ser a diferença entre a vida e a morte. Nessa dura tarefa, uma das principais ferramentas usadas pelos cardiologistas é a Escala de Framingham. Ela prevê o risco de infarto dentro de dez anos a partir dos fatores de risco existentes (calcule seu risco). É apenas uma pista do que pode acontecer. A regra seguida pela maioria dos cardiologistas é que pessoas com colesterol acima do ideal e vários fatores de risco devem tomar estatina. Quem já infartou também não deve ficar sem o remédio. Nesse caso, a estatina reduz o risco de um novo infarto e de morte em grande parte dos pacientes.
No grupo de pessoas com colesterol alto e que já infartaram, o NNT das estatinas cai para 20. Ou seja: a cada 20 pessoas que tomam o remédio, uma escapa da morte. “Se eu não desse estatina para os pacientes de alto risco, estaria sendo antiético”, diz Raul Dias dos Santos Filho, diretor da Unidade Clínica de Dislipidemias do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. “Nessas situações, elas realmente evitam mortes.”
O publicitário Fernando Lozano, de 48 anos, infartou em 2003 e não está disposto a arriscar. Tinha colesterol alto e fumava muito. O pai sofreu três infartos, o avô foi morto por um. Lozano toma sinvastatina e está com o colesterol controlado. Faz esteira e diz ter tentado s melhorar a alimentação. É do tipo acelerado, nervoso. “Vivo em estado de alerta permanente”, diz. Acha que o estresse foi a causa do pico de colesterol verificado um mês antes de infartar. Ou a própria razão do infarto. O colesterol pode contribuir para os ataques cardíacos, mas não pode ser encarado como o único inimigo. Muitos pacientes tendem a acreditar que a pílula os libera da necessidade de evitar os outros fatores de risco. A indústria também vende a ilusão de que a simples redução do colesterol livra o consumidor do infarto. Quem toma estatina pode até ficar feliz com a queda dos níveis de colesterol. Mas pode infartar do mesmo jeito. “A indústria não vende uma mentira. É verdade que as estatinas reduzem o colesterol”, diz a cardiologista Suzana. “Mas isso não significa que todos os infartos serão evitados.”
O cirurgião Bernardo concorda. Há dois anos ele não faz exames de colesterol. Acha desproporcional a importância dada ao combate da substância fabricada no fígado e presente em alimentos gordurosos. “Não dosamos colesterol todos os dias. Ele pode estar elevado num dia e não estar em outro. É importante que as pessoas percebam que outros fatores podem ceifar a vida independentemente do controle bioquímico de seu sangue.” O pai de Bernardo morreu de infarto no ano passado. Tinha colesterol normal e ia periodicamente ao cardiologista. Atravessava um período de estresse. Bernardo acredita que isso tenha contribuído para a morte. A descarga constante dos hormônios adrenalina, noradrenalina e cortisol lesa a camada interna dos vasos sanguíneos, chamada endotélio. O desgaste dessa parede costuma gerar aglomerados de gordura e células que entopem as artérias.
Cerca de 20% dos brasileiros têm colesterol alto, segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Ele pode não ter a importância que as pessoas imaginam. Mas em alguns pacientes não deve ser desprezado. “Nos principais congressos, há sempre debates acalorados entre o pessoal da medicina baseada em evidências e os cardiologistas clínicos”, afirma Antonio Carlos Chagas, presidente da SBC. “O pesquisador diz que não há vantagem para a maioria das pessoas, e o clínico vê que para o paciente dele há benefício.” Segundo Chagas, a maioria dos pacientes tem três fatores de risco. Alguns têm colesterol ruim alto e colesterol bom baixo. “Podem morrer só por isso.” Ele acredita que a divulgação do NNT pode fazer o público achar que não vale a pena tomar os remédios. Não é o que pretende esta reportagem. A intenção de ÉPOCA é contribuir para que cada indivíduo possa ter consciência dos benefícios, riscos e custos dos tratamentos. Antes de entrar na farmácia, as pessoas precisam saber que boa parte delas vai pagar R$ 80 por mês, estar sujeita a efeitos colaterais e ter uma chance remota de benefício.
Muitos médicos têm pouco conhecimento sobre NNT, risco relativo e outros indicadores do custo–benefício dos tratamentos. Tornam-se presas fáceis da propaganda incisiva da indústria farmacêutica. Antes de receitar estatinas, deveriam apostar nas mudanças de estilo de vida. Nem todos os pacientes conseguem concretizá-las. Mas precisam ter a chance de escolha. Em geral, quem começa a tomar estatina fica com ela a vida inteira. O custo de R$ 80 por mês multiplicado por anos a fio se torna absurdo quando se considera que poucos são os beneficiados. Por outro lado, o preço de não tomar o remédio pode ser a morte, ainda que isso ocorra com a minoria. A decisão é difícil e envolve uma avaliação minuciosa feita por um cardiologista preparado. E, cada vez mais, com a participação de pacientes menos passivos e bem informados. Esse é o resultado do trabalho de provocadores incansáveis como Wanderley Bernardo.
Cirurgia de redução de estômago por hipnose
Britânica perde 25 kg após 'redução de estômago' por hipnose
Marion Corns, de 35 anos, foi convencida de que hipnoterapeuta instalou anel que reduziu tamanho de estômago ao de uma bola de golfe.
Uma britânica afirma ter perdido 25 quilos após passar por cinco sessões de hipnoterapia durante as quais ela teria sido convencida de que seu estômago foi reduzido ao tamanho de uma bola de golfe. Marion Corns, de 35 anos, diz ter passado pelas sessões de hipnose há quatro meses em uma clínica na Espanha e, desde então, diz conseguir comer apenas pequenas porções de comida e reduzido oito medidas.
Durante as sessões, os hipnoterapeutas espalharam pela sala aromas semelhantes aos dos cheiros de um hospital e, em um dado momento, Marion disse ter sentido um aperto em seu estômago, como se um anel estivesse sendo instalado no órgão para reduzir seu tamanho. "Eu tentei todos os tipos de dieta, desde pílulas, vigilantes do peso, Atkins e personal trainer e nada adiantou", conta Marion. "Agora eu emagreço mais de um quilo por semana porque acredito que tenho um anel no meu estômago".
"O incrível é que posso lembrar cada parte do procedimento, desde o momento em que fui levada de maca para a sala, o barulho da faca do cirurgião, e até o cheiro da anestesia."
A clínica Elite, que realizou a operação, disse à BBC Brasil ter tratado cerca de 100 pessoas desde que começou a oferecer o tratamento comercialmente em dezembro passado. "Nossa taxa de sucesso fica em torno de 75%", disse o diretor da clínica, Martin Shirran.
O procedimento custa 800 euros (R$ 2,2 mil) e, quando a meta de redução de peso é atingida, o cliente é convidado a voltar ao local para uma última sessão em que a hipnose é revertida. O diretor da clínica admite que os resultados, no entanto, não foram confirmados por uma fonte independente. "Mas estamos trabalhando para que isso aconteça".
"Até agora, não recebemos críticas de ninguém. Pelo contrário, mesmo médicos têm reconhecido nosso esforço em enfrentar a questão da dieta por meio uma abordagem psicológica", disse.
Riscos
A médica Ursula Arens, da British Dietary Association, disse à BBC Brasil que há um sério risco de que a pessoa possa desenvolver uma fobia por comida a longo prazo, devido aos efeitos que a hipnose pode provocar em sua mente.
"A hipnose elimina todos os riscos inerentes a uma cirurgia convencional, mas ainda é muito cedo para provar que a técnica é uma arma poderosa no combate à obesidade", afirmou a médica.
"Ainda não foram feitos estudos independentes que comprovem a eficácia do tratamento. A técnica pode ajudar durante os primeiros meses, mas não se sabe se, a longo prazo, a pessoa vai voltar a comer uma dieta balanceada, tão essencial para a manutenção de um peso saudável".
Globo.com
Porque o câncer de pâncreas é resistente a medicamentos
Grupo descobre motivo da resistência do câncer de pâncreas a medicamentos.
Pequena irrigação de sangue dificulta chegada de medicamento ao tumor.
Trabalho está na revista científica americana 'Science'.
Os tumores do pâncreas possuem poucos vasos sanguíneos e, por isso, não têm muitas vias para a distribuição de medicamentos contra o câncer, segundo estudo publicado pela revista "Science".
Isso poderia explicar porque o câncer de pâncreas é um dos mais letais, segundo a equipe de cientistas liderada por Kenneth Olive, do Instituto do Câncer de Cambridge, no Reino Unido.
O tratamento padrão da doença é feito através do remédio gemcitabine, que garante mais algumas semanas de vida ao paciente.
Mais sangue, menos tumor
Na pesquisa, um grupo de ratos geneticamente modificados desenvolveu tumores pancreáticos.
A equipe de Olive observou que os tumores dos animais não contavam com muitos vasos sanguíneos, uma característica que também aparecia em amostras de tumor pancreático humano.
Os pesquisadores iniciaram um tratamento nos ratos com gemcitabine e outro composto, IPI-926. A combinação de medicamentos resultou no aumento da quantidade de vasos sanguíneos dentro do tumor, além de uma distribuição maior do gemcitabine, o que retardou o avanço do câncer, segundo o relatório.
O estudo pode gerar novas formas de tratamento do câncer de pâncreas, um mal que afeta 42.500 pessoas por ano e mata 35.000 anualmente nos Estados Unidos.
Globo.com
Pequena irrigação de sangue dificulta chegada de medicamento ao tumor.
Trabalho está na revista científica americana 'Science'.
Os tumores do pâncreas possuem poucos vasos sanguíneos e, por isso, não têm muitas vias para a distribuição de medicamentos contra o câncer, segundo estudo publicado pela revista "Science".
Isso poderia explicar porque o câncer de pâncreas é um dos mais letais, segundo a equipe de cientistas liderada por Kenneth Olive, do Instituto do Câncer de Cambridge, no Reino Unido.
O tratamento padrão da doença é feito através do remédio gemcitabine, que garante mais algumas semanas de vida ao paciente.
Mais sangue, menos tumor
Na pesquisa, um grupo de ratos geneticamente modificados desenvolveu tumores pancreáticos.
A equipe de Olive observou que os tumores dos animais não contavam com muitos vasos sanguíneos, uma característica que também aparecia em amostras de tumor pancreático humano.
Os pesquisadores iniciaram um tratamento nos ratos com gemcitabine e outro composto, IPI-926. A combinação de medicamentos resultou no aumento da quantidade de vasos sanguíneos dentro do tumor, além de uma distribuição maior do gemcitabine, o que retardou o avanço do câncer, segundo o relatório.
O estudo pode gerar novas formas de tratamento do câncer de pâncreas, um mal que afeta 42.500 pessoas por ano e mata 35.000 anualmente nos Estados Unidos.
Globo.com
5.22.2009
Como escolher um psiquiatra?
Como escolher um psiquiatra?
Isso não é fácil e não pretendemos aqui fornecer uma fórmula mágica, mas algumas dicas podem te ajudar bastante.
O psiquiatra ideal
Deve estar pessoalmente interessado na resolução do seu problema.
Tem que ter bons conhecimentos técnicos e estar atualizado.
Atender calmamente como pelo menos 30 minutos na primeira consulta.
Olhar nos olhos do seu paciente.
Estar informado a respeito das condições clínicas e pessoais de seus pacientes asssim como dos acontedimentos relevantes como condições familiares, financeiras, ideais de vida, relações afetivas, problemas das pessoas próximas como uso de drogas na familia.
Ser gentil e educado.
Não atrasar o horário de atendimento.
Preço da consulta entre R$ 100,00 e R$ 200,00. (grandes centros urbanos)
Ser acessível por telefone fora dos horários de atendimento, sem contudo permitir abusos por parte dos pacientes pois isso seria ruim para eles mesmos.
Não é nenhum absurdo exigir tudo isso de seu psiquiatra, mas se não for possível, pelo menos as 5 primeiras não devem faltar.
Como encontrar um psiquiatra assim?
Os principais meios de se chegar a um psiquiatra são:
Através de outro médico.
Através de um psicólogo.
Através do plano de saúde.
Através de um conhecido/parente
Através de propagandas em jornais, internet, listas telefônicas
Esses meios de se encontrar um psiquiatra são confiáveis?
São equivalentes, geralmente existe uma tranquilidade maior quando o psiquiatra é recomendado por alguém de confiança, principalmente um outro profissional, mas isso não necessariamente garante a competência do psiquiatra indicado. Há vários motivos que levam a uma indicação,
Os indicativos abaixo identificam um bom psiquiatra?
Consultório cheio / difícil de marcar hora.
Tílulos como professor universitário, diretor de hospital, presidente de associações, etc.
Badalado nos meios de comunicação.
Trabalhar em Hospitais.
Nenhuma dessas condições garante a competência como psiquiatra para tratar do seu caso, pode aferir competência como diretor, proferssor ou presidente, mas também não é nenhum demérito ter esses títulos. O consultório cheio para um profissional com décadas de carreira mostra que ele se dedica a isso, se não for uma pessoa famosa certamente o retorno é feito através dos próprios paciente que estão retornando o que é bom sinal. Se o consultório está cheio porque ele é badalado nos meios de comunicação então nada se pode afirmar uma vez que a população brasileira acredita que tudo que aparece nos jormais ou TV é verdade. Trabalhar em hospítais é sempre um ponto positivo, mas não trabalhar não é ponto negativo.
Fonte: Psicosite
Isso não é fácil e não pretendemos aqui fornecer uma fórmula mágica, mas algumas dicas podem te ajudar bastante.
O psiquiatra ideal
Deve estar pessoalmente interessado na resolução do seu problema.
Tem que ter bons conhecimentos técnicos e estar atualizado.
Atender calmamente como pelo menos 30 minutos na primeira consulta.
Olhar nos olhos do seu paciente.
Estar informado a respeito das condições clínicas e pessoais de seus pacientes asssim como dos acontedimentos relevantes como condições familiares, financeiras, ideais de vida, relações afetivas, problemas das pessoas próximas como uso de drogas na familia.
Ser gentil e educado.
Não atrasar o horário de atendimento.
Preço da consulta entre R$ 100,00 e R$ 200,00. (grandes centros urbanos)
Ser acessível por telefone fora dos horários de atendimento, sem contudo permitir abusos por parte dos pacientes pois isso seria ruim para eles mesmos.
Não é nenhum absurdo exigir tudo isso de seu psiquiatra, mas se não for possível, pelo menos as 5 primeiras não devem faltar.
Como encontrar um psiquiatra assim?
Os principais meios de se chegar a um psiquiatra são:
Através de outro médico.
Através de um psicólogo.
Através do plano de saúde.
Através de um conhecido/parente
Através de propagandas em jornais, internet, listas telefônicas
Esses meios de se encontrar um psiquiatra são confiáveis?
São equivalentes, geralmente existe uma tranquilidade maior quando o psiquiatra é recomendado por alguém de confiança, principalmente um outro profissional, mas isso não necessariamente garante a competência do psiquiatra indicado. Há vários motivos que levam a uma indicação,
Os indicativos abaixo identificam um bom psiquiatra?
Consultório cheio / difícil de marcar hora.
Tílulos como professor universitário, diretor de hospital, presidente de associações, etc.
Badalado nos meios de comunicação.
Trabalhar em Hospitais.
Nenhuma dessas condições garante a competência como psiquiatra para tratar do seu caso, pode aferir competência como diretor, proferssor ou presidente, mas também não é nenhum demérito ter esses títulos. O consultório cheio para um profissional com décadas de carreira mostra que ele se dedica a isso, se não for uma pessoa famosa certamente o retorno é feito através dos próprios paciente que estão retornando o que é bom sinal. Se o consultório está cheio porque ele é badalado nos meios de comunicação então nada se pode afirmar uma vez que a população brasileira acredita que tudo que aparece nos jormais ou TV é verdade. Trabalhar em hospítais é sempre um ponto positivo, mas não trabalhar não é ponto negativo.
Fonte: Psicosite
INTELIGÊNCIA
O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA
Introdução
Conceituar a inteligência é uma tarefa peculiar porque a inteligência é a função psicológica responsável pela capacidade que temos de compreender o significado das coisas, de conceituar. No processo de conhecimento temos de um lado o objeto a ser conhecido, externo à inteligência, e do outro a inteligência, o instrumento mental que alcança o conceito desse mesmo objeto. Conceituar a inteligência é fazê-la objeto e instrumento simultaneamente, é ter consciência dos instrumento mental que nos permite conhecer o mundo e que está integrado à própria consciência.
A consciência atua conjuntamente à inteligência sendo distinta dela, a inteligência "mostra" para a consciência o significado das coisas percebidas, que elas são diferentes, e mesmo quando fisicamente semelhantes podem ter finalidades diferentes. Por exemplo, uma cadeira é distinta de uma mesa, elas têm funções e aspectos diferentes, duas cadeiras iguais no entanto, podem ter funções diferentes, uma pode servir para o professor sentar-se e a outra para o aluno, o que será percebido a partir da disposição desses móveis numa sala de aula. A inteligência apresenta à consciência a circunstância em que se encontra, permitindo com que ela se situe no contexto em que se encontra, e para a partir disso tomar as decisões mais adequadas, um aluno ao entrar na sala de aula sabe onde pode e onde não pode sentar-se mesmo que ninguém lhe diga. A inteligência é o instrumento que permite a consciência saber que decisão tomar. Para compreender melhor a inteligência precisamos saber também quais são suas fronteiras com as demais funções mentais.
Antes de nos darmos conta do significado de um objeto, necessariamente nos damos conta da existência desse objeto. A tomada de consciência da existência é imediata à percepção. A captação do conceito desse objeto no entanto, seguirá um processo mais demorado, envolvendo experimentação, para que as diferentes faces do novo objeto se apresentem e possam ser compreendidas. Estamos o tempo todo nos dando conta de novos objetos e aprofundando no conhecimento dos objetos já conhecidos através de novas experiências com eles, a inteligência está constantemente atuando, o processo de conceituação está constantemente sendo aprimorado e atualizado.
Para estudar um objeto qualquer precisamos saber o que ele é, mas para sabermos o que ele é, precisamos estudá-lo, então por onde devemos começar? O que vem primeiro, a conceituação ou o estudo do objeto? Junto à informação da existência do objeto geralmente os sentidos nos oferecem informações sobre as características desse objeto, assim vamos completando a idéia, o conceito do objeto com que entramos em contato. Como não há possibilidade de conhecermos os objetos de forma completa e imediata, mas gradualmente, Isto significa que antes de termos conceitos, passamos por preconceitos, pois como não sabemos a extensão do conhecimento que temos dos objetos (se está completo ou não), não sabemos se temos conceitos ou preconceitos a respeito deles. Esta dificuldade nos mostra como somos susceptíveis à erros, ainda que queiramos fazer a coisa certa, estamos sujeitos a cometer equívocos por causa da incompletude do nosso conhecimento e da ignorância que temos sobre essa incompletude. Este pode ser o primeiro benefício da tentativa de conceituar a inteligência: a necessidade de reconhecimento de que pouco sabemos.
O processo de Conceituação
Há objetos simples e outros complexos no que diz respeito à cognição. Simples são aqueles que podem ser compreendidos sem o auxílio de conceitos prévios como a idéia de triângulo ou de rigidez por exemplo. Os conceitos básicos aprendidos desde a infância tornam-se necessários para a compreensão dos conceitos complexos que precisam das idéias básicas para se formarem. Conceitos como vida ou humanidade, por exemplo, são complexos.
A inteligência é um conceito complexo, não sabemos quantos nem exatamente quais são seus conceitos básicos. Conceituar a inteligência significa delimitar suas fronteiras, identificar suas características e diferenciá-las das demais funções mentais envolvidas nos processos cognitivos, como a memória, a atenção (a capacidade de manter ou desviar a atenção), a consciência, a percepção, o juízo, etc.. Além destas, outras funções mentais ainda pouco estudadas também podem estar envolvidas no processo cognitivo, como a auto-eficácia, que na prática influencia o exercício da inteligência, recentemente demonstrado por Ângela Perez (2002). Como ainda não conhecemos todas as fronteiras mentais da inteligência, nem a extensão de cada uma com a inteligência, temos que admitir que o conceito de inteligência na psicologia não está completo.
Para ilustrar o processo de captação do conceito tomemos por exemplo a idéia de cadeira. Perguntar o que envolve o conceito de cadeira é o mesmo que perguntar quais são suas características essenciais. Olhando apenas uma cadeira não há como saber se o que vemos é essencial ou acessório, por isso é indispensável olhar várias cadeiras. Após a inspeção de várias começamos a perceber o que há de comum entre todas elas, a idéia das partes comuns, daquelas que estão sempre presentes, constituem a essência da cadeira. Nossa inteligência é capaz de separar o acessório do essencial, ou seja, é capaz de diferenciar o que é comum a todas do que pode ou não estar presente, é capaz então de abstrair o conceito de cadeira após se deparado com várias delas.
O conceito é algo que não muda com o tempo nem com a localização de onde o objeto se encontra, a idéia que fazemos de um objeto não depende de quando nem onde esse objeto existiu. Os objetos mudam, evoluem, mas quando o fazem transformam-se noutra coisa, passam a constituir outro conceito. Os animais evoluem, deixam de ser uma coisa e passam a ser outra, mas a essência daquilo que eram continua existindo mesmo que o animal se extinga. O conceito pode tornar-se passado mas não evolui junto com o animal, conceitos não se transformam, não evoluem. Na medida em que as coisas antigas se transformam em novas, surgem novos conceitos e os antigos continuam existindo enquanto idéia, enquanto passado, não mais como objeto atual. O conceito que temos de cadeira hoje é o mesmo que havia na antigüidade, embora as formas e materiais empregados fossem outros naquela época.
Qual é então a essência de uma cadeira? Pela observação empírica vemos que precisa ser feita de material rígido e ser proporcional às dimensões humanas na posição sentada e encostada. Precisam ter pelo menos dois planos, um para assentar outro para encostar. A rigidez não exclui acolchoamento, basta obedecer à função de sustentar o peso de uma pessoa. O fato de ser ou não acolchoada muda a essência da cadeira? Não muda, mas muda uma cadeira em particular, muda um acessório, acrescenta uma característica que como não é essencial precisa ser conceituada, por isso ao nos referirmos às cadeiras acolchoadas temos que mencionar o acolchoamento porque senão pensaremos numa cadeira pura. As características acessórias então, por definição são aquelas que não precisam estar presentes, são variáveis. As cores da cadeira são outro aspecto dela, apesar da cor da cadeira ser necessária, não há necessidade de uma cor específica, a cor seria então uma característica essencial ou acessória? O fato de ter uma cor é um aspecto essencial, mas uma determinada cor é um aspecto acessório, porque sabemos de todos os objetos da natureza da mobília possuem cores, algo que as torne visíveis, como não existe cadeira invisível não precisamos citar a característica de visibilidade como um fator essencial pois ele estará presente sempre.
O exemplo da cadeira serve como base para mostrar os processos que envolvem a conceituação dos objetos. O nosso objeto é a inteligência, a característica psicológica responsável pela captação dos conceitos, pela abstração da essência dos objetos. Para conceituar inteligência precisamos realizar o mesmo processo feito com a cadeira, descrever suas características, identificar os aspectos essenciais e diferenciá-los dos acidentais, é necessário portanto estudar várias inteligências buscando o que há de comum (essencial) e o que há de variável (acessório) entre elas.
A dificuldade de conceituar a inteligência
Existem muitas dificuldades no processo de conceituação da inteligência, primeiro porque não podemos tocar nem vê-la, segundo porque é um conceito complexo e ainda nem sabemos seu grau dessa complexidade, terceiro porque enquanto característica psicológica ela interage com outras funções psicológicas confundindo-se com elas. Uma pessoa com uma memória prodigiosa pode ser confundida com uma pessoa inteligente. Se a inteligência é a capacidade de resolver problemas, uma pessoa com boa memória pode se lembrar de como se resolve determinados problemas, e usar a memória para isso, nesse caso não se está criando uma solução, mas recordando-se de uma. É difícil embora possível, isolar o comportamento para obtermos uma resposta pura em psicologia, como é feito em outras ciências. No teste de WISC onde é apresentado nove cubos com cores e formas definidos, pede-se para reproduzir certas imagens com eles. Esse tipo de testagem avalia a inteligência humana dispensando o uso da verbalização, da matemática, ou de assuntos que requeiram aprendizado. Uma pessoa analfabeta ou pertencente a qualquer outra cultura pode ter um bom desempenho nesse teste se for inteligente, ou ainda, podemos determinar padrões de inteligência para faixas etárias utilizando esse teste.
Um dos princípios científicos declara que para se estudar uma determinada grandeza é preciso saber que estamos observando apenas uma e não outras características "contaminantes". As técnicas psicológicas procuram e conseguem com certo grau de sucesso, elaborar testes que obtenham respostas "puras". Acima foi exemplificado o teste dos cubos de WISC, que mede a inteligência pura, isentando-se da contaminação do grau de formação educacional. Neste sentido, construir formas de testagem pura é necessário para se definir as fronteiras da inteligência e podermos defini-la com mais precisão. Os testes de inteligência podem então ser usados para se alcançar o conceito da própria inteligência.
Falamos acima de inteligência pura, isso significa que existe uma inteligência misturada? Em outras palavras, há partes, subtipos, categorias de inteligência? Admitir isso é partir do principio de que a inteligência é divisível, se é divisível suas partes são equivalentes? Existe alguma parte mais importante do que outra? As atuais teorias da inteligência falam a respeito de inteligência geral e específica, em cristalizada e fluida. Fala-se em capacidades intelectivas, em habilidades, em dons. Certamente muitas são as atividades mentais envolvidas com a inteligência, mas considerá-las todas como parte da inteligência seria correto? O homem sempre anda vestido, podemos por isso considerar a roupa como parte essencial do homem só porque as roupas sempre estão presentes? A experiência empírica prova relações entre a inteligência geral e capacidades intelectuais como para a matemática. Mas qual o fundamento para se afirmar que por existir uma relação trata-se de uma parte integrante? Com este princípio de raciocínio acaba-se encontrando tantas inteligências quantas capacidades cognitivas, para a área emocional, social, espacial, matemática, verbal, etc.. Quanto mais objetos tentamos juntar ao conceito de inteligência mais complicado este conceito fica, talvez a dificuldade de conceituar a inteligência seja devido à estratégias de conceituação equivocadas, e não somente devido à complexidade do conceito de inteligência. Por que não admitir então que a inteligência seja indivisível, como um bloco único operando na consciência?
Até o momento muitas pesquisas sobre inteligência forma feitas, muitas características foram identificadas pelos vários modelos, que foram cientificamente validados. Talvez agora seja o momento de rever a forma da definição, não a definição em si, mas a maneira como as informações relativas a ela são articuladas, não precisamos mais descobrir novas peças, precisamos saber como elas se encaixam. Acredito que a partir do momento atual não reste muito por descobrir em relação a definição da inteligência, resta convencionar como a inteligência deve ser definida, resta escolher o que é essencial para sua definição e o que é acessório.
A possibilidade filosófica de definir inteligência
Filosofia e ciência são atividades do conhecimento humano distintas e complementares. A filosofia para definir um objeto baseia-se na busca de sua essência, o que é feito pelo experiência pessoal de distinção de características essenciais e acessórias. O conceito é algo pertencente ao próprio objeto, o filósofo ou o cientista podem disputar quem chegou antes ao conceito, mas este em si já existia desde que o começo da existência desse objeto, antes talvez da existência do filósofo ou do cientista. A ciência não oferece conclusões, oferece dados, os cientistas é que a partir dos dados chegam às conclusões. Portanto cientificamente não teremos uma definição de inteligência, teremos informações a respeito dela, os cientistas é que através dessas informações, manipulam-na de forma a tirarem conclusões plausíveis. Mas se os filósofos já chegaram a um conclusão a respeito do mesmo objeto de estudo dos cientistas porque esses não aproveitam o conhecimento produzido pelos filósofos para juntamente aos dados científicos obtidos, formularem o conceito de inteligência. Em outras palavras, porque os psicólogos não aproveitam a definição de inteligência obtida pelos filósofos para tentarem validá-la dentro dos conhecimentos científicos?
Conclusão
As questões difíceis de serem respondidas muitas vezes são difíceis não por natureza, mas por equívoco. Tentar explicar o que é um círculo quadrado não é difícil, é insensatez porque tal coisa não existe, se não existe não pode ser definida. Querer definir uma cor que é simultaneamente branca e preta é insensato pois o cinza é uma outra cor que não é nem brando nem preto e uma coisa não pode ser duas simultaneamente, uma cor não pode ser ao mesmo tempo branca e preta. Com a inteligência acontece o mesmo, talvez a dificuldade de defini-la não seja por causa de sua natureza complexa mas por causa do modo equivocado como é feito. A inteligência é a aptidão psicológica que permite ao homem abstrair, captar, entender conceitos, a essência das coisas que tomamos consciência. Junto a essa aptidão outras atividades mentais se integram e atuam em conjunto, como as habilidades matemáticas, verbais, emocionais, etc. por exemplo. Tomar a inteligência pelas suas características acessórias talvez seja o erro que impede a realização de uma definição precisa, talvez a tentativa de resumir todas as aptidões relacionadas à inteligência na própria inteligência esteja dificultando o trabalho de explicar a própria inteligência.
Bibliografia
Robert Sternberg. As capacidades intelectuais humanas. Artes Médicas. 1992
Jacques Maritain. Introdução geral à filosofia. Agir. 1981
Flanagan, Genshaft & Harison. Comtemporaru intellectual assessment. Cap.9. Guilford Press. 1997
Propranolol (Bloqueador Beta Adrenérgico)
Propranolol
O que é e para que serve ?
Os nomes comercial e genérico são os mesmos. Esta medicação é um anti-hipertensivo usado em psiquiatria para conter o tremor causado por certos psicotrópicos.
Como é usado ?
Para o uso no controle dos tremores o psiquiatra deve acompanhar a pressão arterial do paciente, evitando que ela diminua mais do que 10% dos níveis basais, nem deixando que a freqüência cardíaca caia para valores abaixo de 60 bpm. Esses devem ser os parâmetros de guia para o escalonamento da dose. A quantidade de medicação usada deve estar de acordo com o peso do paciente.
Principais efeitos colaterais
Para quem não tem pressão alta o principal efeito colateral será a queda da pressão, levando a tonteiras no momento em que se levanta. Outros efeitos comuns são: leve sonolência, aumento da produção de catarro, ressecamento das mucosas, enjôo.
Considerações importantes
Quando usada dentro dos parâmetros citados, dificilmente essa medicação oferece problemas. Recomenda-se evitar durante o primeiro trimestre da gestação, apesar de nunca se ter identificado uma má formação decorrente do seu uso.
Drug Information HandBook 7º Ed 2000
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
PROPRANOL (Cloridrato de propranolol)
Composição
Cada comprimido de 40 mg e 80 mg contém, respectivamente, 40 mg e 80 mg de cloridrato de propranolol. Excipientes (estearato de magnésio, amido de milho, polivinilpirrolidona, lactose, talco, dióxido de titânio, álcool, polietilenoglicol, acetona, água) q.s.p. 1 comprimido.
Indicações
No tratamento da hipertensão arterial, podendo ser usado isoladamente ou associado a outros agentes anti-hipertensivos, especialmente com diurético tiazídico. No tratamento de pacientes com angina pectoris. No tratamento de arritmias cardíacas.
Contra-indicações
No choque cardiogênico, bradicardia sinusial, bloqueio atrioventricular maior que primeiro grau, asma brônquica e na insuficiência cardíaca congestiva.
Precauções
O propranolol deve ser usado com cautela em pacientes com insuficiência hepática ou renal. O bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos pode causar redução da pressão intra-ocular. Os pacientes devem ser avisados que o propranolol pode interferir em teste de triagem de glaucoma. A interrupção da droga pode reconduzir ao aumento da pressão intra-ocular. A estimulação simpática pode ser componente vital, auxiliando a função circulatória em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, e sua inibição pelo bloqueio beta-adrenérgico pode precipitar uma insuficiência cardíaca mais intensa.
Embora os bloqueadores beta-adrenérgicos devam ser evitados na insuficiência cardíaca congestiva, se necessário, podem ser usados com um acompanhamento cuidadoso em pacientes com história de insuficiência cardíaca bem compensada, e estejam recebendo digitálicos e diuréticos.
Os bloqueadores beta-adrenérgicos não anulam a função inotrópica dos digitálicos na musculatura cardíaca. O uso contínuo de bloqueadores beta-adrenérgicos em pacientes sem antecedentes de insuficiência cardíaca, pode, em alguns casos, conduzir à própria insuficiência cardíaca; portanto, ao primeiro sinal ou sintoma de insuficiência cardíaca, o paciente deve ser digitalizado e(ou) tratado com diurético, e a resposta rigorosamente observada, ou o uso do propranolol deve ser interrompido gradualmente, se possível. Há relatos de exacerbação de angina e, em alguns casos, infarto do miocárdio, após a descontinuação abrupta do tratamento com propranolol. Portanto, quando a descontinuidade da droga é desejada, a dosagem deve ser gradualmente reduzida durante, pelo menos, algumas semanas, e o paciente deve ser tratado contra a interrupção ou o término do tratamento, sem a recomendação médica. Caso o tratamento seja interrompido e ocorra a exacerbação da angina, aconselha-se a reiniciar o tratamento e tomar outras medidas apropriadas para o controle da angina pectoris. Pacientes com doença broncoespástica não-alérgica (bronquite crônica, enfisema), não devem receber betabloqueadores adrenérgicos. A diminuição da resposta cardíaca aos reflexos estimulantes adrenérgicos pode aumentar os riscos de anestesia geral e dos procedimentos cirúrgicos. O propranolol deve ser usado com cautela em pacientes diabéticos.
O propranolol, como os demais bloqueadores beta-adrenérgicos, pode mascarar certos sinais clínicos de hipertireoidismo; portanto, a interrupção abrupta da droga pode ser seguida de uma exacerbação dos sintomas de hipertireoidismo, incluindo distúrbios da tireóide.
Gravidez e lactação
O propranolol não deve ser usado durante a gravidez, a menos que, a juízo médico, os benefícios esperados superem os riscos potenciais para o feto. O propranolol é excretado no leite materno; portanto, deve ser usado com cautela em lactantes.
Reações adversas
A maioria das reações adversas são de intensidade leve e transitória, raramente exigindo a interrupção do tratamento. Cardiovasculares: Bradicardia, insuficiência cardíaca congestiva, intensificação do bloqueio atrioventricular, hipotensão, parestesias das mãos, púrpura trombocitopênica e insuficiência arterial geralmente do tipo Raynaud. Sistema nervoso central: Depressão mental manifestada por insônia, lassidão, fadiga, fraqueza, alucinações, distúrbios visuais, desorientação do tempo e espaço, labilidade emocional, leves distúrbios sensoriais e desempenho psicomotor prejudicado. Gastrintestinais: Náuseas, vômitos, dor epigástrica, diarréia, cólica abdominal, constipação, trombose arterial amesentérica e colite isquêmica. Alérgica: Rash eritematoso, faringite, agranulocitose, laringoespasmo, febre associada a dor e inflamação da garganta. Hematológicas: Púrpura não-trombocitopênica. Auto-imunes: Muito raramente o lúpus eritematoso sistêmico. Outras: Alopecia, impotência masculina e olhos secos.
Interações medicamentosas
Pacientes recebendo drogas depletoras das catecolaminas, tais como a reserpina, devem ser rigorosamente observados, uma vez que a ação adicional bloqueadora de catecolamina pode provocar uma redução excessiva da atividade nervosa simpática final. O uso concomitante com drogas bloqueadoras do canal de cálcio (especialmente o verapamil intravenoso), pois ambas as drogas podem deprimir a contratibilidade miocárdica ou a condução atrioventricular. O uso concomitante do propranolol com gel de hidróxido de alumínio, diminui consideravelmente a absorção do propranolol. Álcool etílico: Reduz a absorção do propranolol. Cimetidina e clorpromazina: Aumentam os níveis plasmáticos do propranolol. Fenitoína, fenobarbital e a rifampicina: Aceleram o clearance do propranolol. A administração concomitante de tiroxina pode resultar em concentração de T3 menor do que a esperada.
Interferência em exames laboratoriais
O propranolol pode alterar testes clínicos laboratoriais, provocando níveis elevados de uréia sangüínea em pacientes com severa doença cardíaca, elevação de transaminases séricas, fosfatase alcalina e desidrogenase láctica.
Posologia
Adultos: Hipertensão: Uma dose inicial de 80 mg, duas vezes ao dia, que pode ser aumentada a intervalos semanais, de acordo com a resposta. A dose usual está na faixa de 160-320 mg por dia, e a dose máxima não deve exceder 640 mg diários. Angina, ansiedade, enxaqueca e tremor essencial: Uma dose inicial de 40 mg, duas ou três vezes ao dia, podendo ser aumentada em igual quantidade a intervalos semanais, de acordo com a resposta do paciente. Uma resposta adequada para ansiedade, enxaqueca e tremor essencial é normalmente observada na faixa de 80-160 mg/dia e, para angina, na faixa de 120-240 mg/dia. Arritmia, taquicardia de ansiedade, cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva e tireotoxicose: A faixa de dose de 10 a 40 mg, três ou quatro vezes ao dia, normalmente atinge a resposta objetivada. A dose máxima de 240 mg para arritmias não deve ser excedida. Feocromocitoma: Usado apenas com uma droga alfabloqueadora. Pré-operatório: Recomendam-se 60 mg, diariamente, por três dias. Crianças: A dose deve ser determinada individualmente e o que se segue é apenas um guia.
Arritmias, feocromocitoma, tireotoxicose: 0,25 a 0,5 mg/kg, três ou quatro vezes ao dia, como for necessário. Enxaqueca: Abaixo de 12 anos: 20 mg, duas ou três vezes ao dia. Acima de 12 anos: a dose para adultos. Idosos: A evidência referente à relação entre nível sangüíneo e idade é conflitante. Com relação aos pacientes idosos, a dose ótima deve ser determinada individualmente, de acordo com a resposta clínica.
Superdosagem
Caso ocorra superdosagem ou resposta exagerada, deve-se empregar as seguintes medidas: Geral: Caso a ingestão tenha sido recente, esvaziar o conteúdo gástrico, tomando cuidado para prevenir aspiração pulmonar. Bradicardia: Deve-se administrar atropina (0,25 a 0,1 mg).
Caso não haja resposta ao bloqueio vagal, administrar isoproterenol cautelosamente. Insuficiência cardíaca: Digitalização e diuréticos. Hipotensão: Vasopressoras como norepinefrina ou epinefrina (a epinefrina é a droga de escolha). Broncoespasmo: Administrar isoproterenol e aminofilina. O propranolol é significativamente dialisá
Fonte: Psicosite
O que é e para que serve ?
Os nomes comercial e genérico são os mesmos. Esta medicação é um anti-hipertensivo usado em psiquiatria para conter o tremor causado por certos psicotrópicos.
Como é usado ?
Para o uso no controle dos tremores o psiquiatra deve acompanhar a pressão arterial do paciente, evitando que ela diminua mais do que 10% dos níveis basais, nem deixando que a freqüência cardíaca caia para valores abaixo de 60 bpm. Esses devem ser os parâmetros de guia para o escalonamento da dose. A quantidade de medicação usada deve estar de acordo com o peso do paciente.
Principais efeitos colaterais
Para quem não tem pressão alta o principal efeito colateral será a queda da pressão, levando a tonteiras no momento em que se levanta. Outros efeitos comuns são: leve sonolência, aumento da produção de catarro, ressecamento das mucosas, enjôo.
Considerações importantes
Quando usada dentro dos parâmetros citados, dificilmente essa medicação oferece problemas. Recomenda-se evitar durante o primeiro trimestre da gestação, apesar de nunca se ter identificado uma má formação decorrente do seu uso.
Drug Information HandBook 7º Ed 2000
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PROPRANOL (Cloridrato de propranolol)
Composição
Cada comprimido de 40 mg e 80 mg contém, respectivamente, 40 mg e 80 mg de cloridrato de propranolol. Excipientes (estearato de magnésio, amido de milho, polivinilpirrolidona, lactose, talco, dióxido de titânio, álcool, polietilenoglicol, acetona, água) q.s.p. 1 comprimido.
Indicações
No tratamento da hipertensão arterial, podendo ser usado isoladamente ou associado a outros agentes anti-hipertensivos, especialmente com diurético tiazídico. No tratamento de pacientes com angina pectoris. No tratamento de arritmias cardíacas.
Contra-indicações
No choque cardiogênico, bradicardia sinusial, bloqueio atrioventricular maior que primeiro grau, asma brônquica e na insuficiência cardíaca congestiva.
Precauções
O propranolol deve ser usado com cautela em pacientes com insuficiência hepática ou renal. O bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos pode causar redução da pressão intra-ocular. Os pacientes devem ser avisados que o propranolol pode interferir em teste de triagem de glaucoma. A interrupção da droga pode reconduzir ao aumento da pressão intra-ocular. A estimulação simpática pode ser componente vital, auxiliando a função circulatória em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, e sua inibição pelo bloqueio beta-adrenérgico pode precipitar uma insuficiência cardíaca mais intensa.
Embora os bloqueadores beta-adrenérgicos devam ser evitados na insuficiência cardíaca congestiva, se necessário, podem ser usados com um acompanhamento cuidadoso em pacientes com história de insuficiência cardíaca bem compensada, e estejam recebendo digitálicos e diuréticos.
Os bloqueadores beta-adrenérgicos não anulam a função inotrópica dos digitálicos na musculatura cardíaca. O uso contínuo de bloqueadores beta-adrenérgicos em pacientes sem antecedentes de insuficiência cardíaca, pode, em alguns casos, conduzir à própria insuficiência cardíaca; portanto, ao primeiro sinal ou sintoma de insuficiência cardíaca, o paciente deve ser digitalizado e(ou) tratado com diurético, e a resposta rigorosamente observada, ou o uso do propranolol deve ser interrompido gradualmente, se possível. Há relatos de exacerbação de angina e, em alguns casos, infarto do miocárdio, após a descontinuação abrupta do tratamento com propranolol. Portanto, quando a descontinuidade da droga é desejada, a dosagem deve ser gradualmente reduzida durante, pelo menos, algumas semanas, e o paciente deve ser tratado contra a interrupção ou o término do tratamento, sem a recomendação médica. Caso o tratamento seja interrompido e ocorra a exacerbação da angina, aconselha-se a reiniciar o tratamento e tomar outras medidas apropriadas para o controle da angina pectoris. Pacientes com doença broncoespástica não-alérgica (bronquite crônica, enfisema), não devem receber betabloqueadores adrenérgicos. A diminuição da resposta cardíaca aos reflexos estimulantes adrenérgicos pode aumentar os riscos de anestesia geral e dos procedimentos cirúrgicos. O propranolol deve ser usado com cautela em pacientes diabéticos.
O propranolol, como os demais bloqueadores beta-adrenérgicos, pode mascarar certos sinais clínicos de hipertireoidismo; portanto, a interrupção abrupta da droga pode ser seguida de uma exacerbação dos sintomas de hipertireoidismo, incluindo distúrbios da tireóide.
Gravidez e lactação
O propranolol não deve ser usado durante a gravidez, a menos que, a juízo médico, os benefícios esperados superem os riscos potenciais para o feto. O propranolol é excretado no leite materno; portanto, deve ser usado com cautela em lactantes.
Reações adversas
A maioria das reações adversas são de intensidade leve e transitória, raramente exigindo a interrupção do tratamento. Cardiovasculares: Bradicardia, insuficiência cardíaca congestiva, intensificação do bloqueio atrioventricular, hipotensão, parestesias das mãos, púrpura trombocitopênica e insuficiência arterial geralmente do tipo Raynaud. Sistema nervoso central: Depressão mental manifestada por insônia, lassidão, fadiga, fraqueza, alucinações, distúrbios visuais, desorientação do tempo e espaço, labilidade emocional, leves distúrbios sensoriais e desempenho psicomotor prejudicado. Gastrintestinais: Náuseas, vômitos, dor epigástrica, diarréia, cólica abdominal, constipação, trombose arterial amesentérica e colite isquêmica. Alérgica: Rash eritematoso, faringite, agranulocitose, laringoespasmo, febre associada a dor e inflamação da garganta. Hematológicas: Púrpura não-trombocitopênica. Auto-imunes: Muito raramente o lúpus eritematoso sistêmico. Outras: Alopecia, impotência masculina e olhos secos.
Interações medicamentosas
Pacientes recebendo drogas depletoras das catecolaminas, tais como a reserpina, devem ser rigorosamente observados, uma vez que a ação adicional bloqueadora de catecolamina pode provocar uma redução excessiva da atividade nervosa simpática final. O uso concomitante com drogas bloqueadoras do canal de cálcio (especialmente o verapamil intravenoso), pois ambas as drogas podem deprimir a contratibilidade miocárdica ou a condução atrioventricular. O uso concomitante do propranolol com gel de hidróxido de alumínio, diminui consideravelmente a absorção do propranolol. Álcool etílico: Reduz a absorção do propranolol. Cimetidina e clorpromazina: Aumentam os níveis plasmáticos do propranolol. Fenitoína, fenobarbital e a rifampicina: Aceleram o clearance do propranolol. A administração concomitante de tiroxina pode resultar em concentração de T3 menor do que a esperada.
Interferência em exames laboratoriais
O propranolol pode alterar testes clínicos laboratoriais, provocando níveis elevados de uréia sangüínea em pacientes com severa doença cardíaca, elevação de transaminases séricas, fosfatase alcalina e desidrogenase láctica.
Posologia
Adultos: Hipertensão: Uma dose inicial de 80 mg, duas vezes ao dia, que pode ser aumentada a intervalos semanais, de acordo com a resposta. A dose usual está na faixa de 160-320 mg por dia, e a dose máxima não deve exceder 640 mg diários. Angina, ansiedade, enxaqueca e tremor essencial: Uma dose inicial de 40 mg, duas ou três vezes ao dia, podendo ser aumentada em igual quantidade a intervalos semanais, de acordo com a resposta do paciente. Uma resposta adequada para ansiedade, enxaqueca e tremor essencial é normalmente observada na faixa de 80-160 mg/dia e, para angina, na faixa de 120-240 mg/dia. Arritmia, taquicardia de ansiedade, cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva e tireotoxicose: A faixa de dose de 10 a 40 mg, três ou quatro vezes ao dia, normalmente atinge a resposta objetivada. A dose máxima de 240 mg para arritmias não deve ser excedida. Feocromocitoma: Usado apenas com uma droga alfabloqueadora. Pré-operatório: Recomendam-se 60 mg, diariamente, por três dias. Crianças: A dose deve ser determinada individualmente e o que se segue é apenas um guia.
Arritmias, feocromocitoma, tireotoxicose: 0,25 a 0,5 mg/kg, três ou quatro vezes ao dia, como for necessário. Enxaqueca: Abaixo de 12 anos: 20 mg, duas ou três vezes ao dia. Acima de 12 anos: a dose para adultos. Idosos: A evidência referente à relação entre nível sangüíneo e idade é conflitante. Com relação aos pacientes idosos, a dose ótima deve ser determinada individualmente, de acordo com a resposta clínica.
Superdosagem
Caso ocorra superdosagem ou resposta exagerada, deve-se empregar as seguintes medidas: Geral: Caso a ingestão tenha sido recente, esvaziar o conteúdo gástrico, tomando cuidado para prevenir aspiração pulmonar. Bradicardia: Deve-se administrar atropina (0,25 a 0,1 mg).
Caso não haja resposta ao bloqueio vagal, administrar isoproterenol cautelosamente. Insuficiência cardíaca: Digitalização e diuréticos. Hipotensão: Vasopressoras como norepinefrina ou epinefrina (a epinefrina é a droga de escolha). Broncoespasmo: Administrar isoproterenol e aminofilina. O propranolol é significativamente dialisá
Fonte: Psicosite
5.21.2009
TECNOLOGIA DA COMPRESSÃO
Há mais de cem anos um inglês
desenvolveu um meio de administrar
medicamentos na forma de comprimidos.
Naquele tempo o processo era artesanal, mas
científico, e com facilidade agradou os
pacientes, pois mascarava, ou reduzia de
maneira considerável sabores, quando
comparados aos métodos de elaboração
tradicionais.
Cientistas e pesquisadores se interessaram
e novas vantagens foram sendo identificadas
no desenvolvimento e na produção de
medicamentos na forma de comprimidos. Entre
as novidades estava que fármacos preparados
na forma sólida mantinham por maior tempo
certas características de preservação
(estabilidade) e liberação do fármaco, e
permitiam uma produção em certa escala,
alterando as indicações de prescrição,
reduzindo a necessidade do retorno do paciente
e aumentando os intervalos de administração.
Obviamente estes aspectos assumiram
relevância e de alguma forma contribuíram no
desenvolvimento da sociedade moderna. Hoje a
administração na forma de comprimido é a
mais freqüente e aceita pela população.
Uma das presenças profissionais mais
influentes na minha carreira e que tem larga
experiência na produção de sólidos dizia
humildemente que não sabia fazer um
comprimido, querendo demonstrar, e me
convencer, o quanto complexo seria este
aprendizado.
Este ponto de vista era compartilhado por
muitos estudiosos que, com apoio financeiro de
grandes empresas, passaram a desenvolver
excipientes e princípios ativos modificados, com
características físico-químicas específicas
(granulometria, densidade, fluidez e reatividade,
por exemplo), e de custo adequado para a
fabricação de medicamentos sólidos, criando
vantagens relacionadas à facilidade de mistura,
homogeneidade, estabilidade e reprodutibilidade
de processo. Paralelamente, novas tecnologias
de produção (para os processos de
identificação de materiais, de pesagem, de
granulação, compressão e revestimento) foram
desenvolvidas, resultando em processos de
elevado nível de eficiência e produtividade, o
que exigiu também o aprimoramento e a
qualificação de pessoal.
As normas de Boas Práticas de Fabricação
(BPF) definem os critérios da produção com os
seguintes objetivos:
• Padronização;
• Reprodutibilidade.
Para se obter a
reprodutibilidade de processos,
as tarefas produtivas devem
ser executadas de forma
padronizada.
Dentro do contexto de BPF isto significa
cumprir com os requisitos de
qualidade, garantindo resultados
dentro de especificações.
A padronização das tarefas
define-se por meio da execução da Validação
do Processo, em que se especificam os
parâmetros que serão rigorosamente cumpridos
durante a rotina de produção.
Na produção de sólidos, o processo de
compressão é uma etapa posterior ao processo
de granulação ou mistura de pós; então se pode
dizer que a formulação de comprimidos está
diretamente relacionada ao desenvolvimento
farmacotécnico do granulado (seleção e
concentração dos componentes na fórmula e
da tecnologia aplicada para o processo).
Independente dos processos e equipamentos
utilizados para se promover uma mistura ou
granulação dos pós, o resultado deve ser
avaliado quanto à uniformidade do produto final.
Classificação de processos de produção de
sólidos:
• Mistura simples - por meio de agentes que
permitem a compressão direta;
• Granulação via seca - obtida a partir de
pré-compressão ou compactação;
• Granulação via úmida - obtida a partir de
solução granulante e secagem.
Para se ter melhor compreensão sobre os
processos e tecnologias de granulação, eu
recomendo a leitura da Revista Fármacos e
Medicamentos, número 32, janeiro/fevereiro
2005, artigo elaborado por Nilce Tomokane.
O granulado precisa adquirir certas
características que vamos denominar de
“características compressíveis”.
Obter granulado com características
compressíveis significa apresentar:
• Resistência frente a ações destrutivas. Por
exemplo: processo de tamisação ou
peneiramento, processos de mistura ou
alimentação na compressora;
• Uniformidade no tamanho das partículas,
com os seguintes impactos no processo:
- Menor aderência nos punções;
- Menor tendência de capping ou
“descabeçamento” do comprimido;
- Menor risco para o operador frente à
exposição ao produto.
• Densidade adequada do granulado -
importante quando consideramos o enchimento
das câmaras de compressão que definem o
peso do comprimido;
• Fluidez satisfatória, permitindo a
transferência constante de material durante
todo o processo de compressão;
• Compatibilidade com a tecnologia
empregada: observa-se na prática que um
produto apresenta melhor desempenho em
determinado equipamento, necessitando de
ajustes (granulometria, por exemplo) quando
transferidos para outra;
• Umidade adequada para agregação das
partículas, no cumprimento das especificações
físico-químicas.
A compressão é realizada em máquinas
circulares, geralmente cabinadas, para cumprir
requisitos de qualidade e segurança, e o processo
ocorre com auxílio de punções (inferiores e
superiores), matrizes, guias e rolos compressores.
Equipamentos modernos apresentam a parte
funcional (onde ocorre a alimentação do pó/
granulado e compressão) separada da parte
mecânica (porção inferior da máquina),
permitindo que interferências de manutenção,
quando ocorrerem durante o processo de
compressão, aconteçam mantendo as condições
de boas práticas, com o granulado isolado em
compartimento protegido.
Para a lubrificação das compressoras são
empregados óleos e graxas específicos com
grau alimentício.
As máquinas compressoras podem
apresentar uma estação de trabalho,
identificada visualmente por ter apenas uma
calha de saída ou duas estações de trabalho,
com duas calhas de saída. Estas últimas têm
capacidade produtiva, podemos considerar,
duplicadas quando comparada à de uma única
estação, e os ajustes de processo são
independentes, como se fossem duas
máquinas separadas. A qualificação de mãode-
obra é um dos itens mais importantes para
garantir a boa performance do processo de
fabricação de comprimidos; deve estar
comprometida e qualificada para limpar,
montar, operar e controlar o processo,
corrigindo eventuais falhas para garantir a
qualidade do produto.
Tecnologia de comprimidos –
processo de compressão
No processo de compressão podemos
definir 3 fases:
1. Alimentação;
2. Compressão;
3. Ejeção ou expulsão.
Alimentação
O pó/granulado flui do funil de alimentação
e enche a câmara formada pela matriz e pelo
punção inferior, denominada de câmara de
compressão.
A partir do ajuste do punção inferior se
define o peso do comprimido. A distribuição do
granulado é feita através da grade de
distribuição, que deve ser ajustada de maneira
que seja possível passar um calibre entre ela e
o platô (geralmente se aplica 0,15 mm). Este
espaço é suficiente para evitar que o pó/
granulado passe e para que não haja atrito
entre a grade e o platô.
O processo de transferência de pó/
granulado ao funil de alimentação da
compressora pode ser realizado:
• Manualmente, com auxílio de conchas.
Este processo depende da atenção e
acompanhamento permanente do operador, que
observa o nível de granulado no funil para
promover o abastecimento. Para evitar
variações é importante definir o nível mínimo
de pó/granulado no funil, alimentando-o de
forma que o pó/granulado não fique
compactado, faz-se a transferência lenta e
circular preenchendo toda a superfície ininterna
do funil. Quando adotado deve existir recursos
adequados como escada e plataforma para
aliviar o esforço físico. Devido à dispersão de
pó ocasionada, as normas de segurança devem
ser bem avaliadas (presença de coifa de
exaustão e máscaras apropriadas para
proteção contra pós);
• Por gravidade, com a instalação de
recipientes sobre o funil da máquina. Criam um
sistema fechado com o mínimo de risco para o
operador e para o produto. Exigem que a sala
de compressão tenha pé direito adequado para
elevação do recipiente com auxílio de
empilhadeira ou coluna. É comum a
alimentação por meio de mezaninos, tendo-se
que adotar critérios específicos de conferência
e transferência do material para o piso superior
(evitar erros) e sistema de funil (acoplamentos)
que permita a remoção total para limpeza;
• Sistema a vácuo. Exige uso de mangueiras
e filtros dedicados por produto. Criam um
sistema fechado com o mínimo de risco para o
operador e para o produto. Alguns produtos
sofrem separação física (pós e granulados)
quando transferidos por vácuo; é importante
avaliar o produto antes de adotar este processo.
Compressão
Por meio de rolos compressores, os punções
compactam o granulado formando o
comprimido. A força de compressão define a
dureza e a espessura do comprimido.
Resultados de desintegração e dissolução de
comprimidos também estão associados à força
de compressão aplicada nesta fase.
Máquinas compressoras dispõem de
dispositivo de pré-compressão (rolete auxiliar
no processo de compressão), que realiza o
primeiro impacto de formação do comprimido,
entretanto com força bastante aliviada, com
objetivo de eliminar o ar agregado ao granulado
e assim garantir o cumprimento de requisitos
das variáveis físicas do comprimido; por
exemplo friabilidade.
A zona de compressão (porção da matriz
em que ocorre a compressão) pode ser
alterada por meio do ajuste de penetração dos
punções. Tal dispositivo permite o
reaproveitamento da matriz e é um dos
recursos utilizados na solução de problemas de
variáveis físicas do comprimido.
Ejeção ou expulsão
Através de guias o punção inferior sobe ao
nível da mesa ou platô ejetando/expulsando o
comprimido. Com auxílio de um raspador, o
comprimido se desloca e é lançado para fora
da máquina.
Após expulsos, os comprimidos são
conduzidos através de calhas, para sistemas
desempoeiradores e detectores de metal, daí
para os recipientes de acondicionamento.
Equipamentos sofisticados, com controle de
processo automático, têm instalado na calha de
descarga canais que selecionam os
comprimidos cujas especificações são
atendidas daqueles que não as cumpriram
durante o processo.
Tecnologia de comprimidos – regulagem de
máquina
Regular a máquina significa ajustá-la com
objetivo de que o pó/granulado se comprima e
adquira, nesta forma, características físicas
importantes para que o medicamento seja
seguro e eficaz.
• Ajuste de peso;
• Ajuste de dureza;
• Ajuste de espessura;
• Ajuste de desintegração.
Ajuste de peso
O peso é determinado pela massa de pó/
granulado que ocupa a câmara de compressão,
formada pelo punção inferior e matriz.
O aumento ou diminuição da câmara de
compressão depende da regulagem do punção
inferior, que é feita por meio do nivelador de pó.
A estação de altura de enchimento da
compressora é formada por:
• Punção inferior;
• Matriz;
• Estação dosadora ou guia do nivelador de pó;
• Dispositivo de ajuste da estação dosadora.
O ajuste inicial deve ser feito com o mínimo
de pressão na máquina, ou seja, aquela capaz
de produzir fraca compactação do granulado, o
suficiente para que o comprimido possa ser
transferido até a balança sem esfarelar.
Ajuste de dureza
A regulagem de dureza deve ser
feita gradualmente depois de
acertado o peso do comprimido e
movendo-se a máquina
manualmente ou em baixa
velocidade.
A dureza é ajustada por meio do
dispositivo de pressão, que
determina a posição do rolo
compressor inferior, e garante
maior ou menor intensidade de
pressão aplicada ao pó/granulado, e
conseqüentemente maior ou menor
dureza ao comprimido.
O comprimido deve apresentar
dureza adequada, pretendendo-se
assim evitar interferências no
tempo de desintegração e no teste
de dissolução. Pressões
excessivas de compressão
comprometem a máquina,
causando sua fadiga.
Questões relacionadas à
porosidade de comprimidos estão
diretamente relacionadas com a
força de compressão e densidade
aparente do granulado.
Ajuste de espessura
A espessura está diretamente
relacionada com a pressão
exercida na compressão, sendo
assim definida juntamente com o
ajuste de dureza.
A densidade aparente do
granulado interfere na espessura ou
altura dos comprimidos, desta
forma poderemos ter necessidade
de ajuste de altura entre lotes de
mesmo produto.
Ajuste de desintegração
Comprimidos devem
desintegrar-se totalmente de
acordo com o tempo e o meio
(água, solução para avaliação de
desintegração gástrica ou
entérica) especificados no
processo.
Ajustados o peso e a dureza
do comprimido, avalie seu tempo
de desintegração; ajuste a
desintegração inicialmente
reduzindo a pressão de
compressão, sem contudo
comprometer as especificações
de dureza.
Tecnologia de comprimidos –
características de comprimidos
Um comprimido tem de ser:
puro, seguro e eficaz.
O cumprimento de normas e
instruções descritas nos
Procedimentos Operacionais
Padrão, nas Fichas de Fabricação e
nos Manuais Técnicos de Análise
do Controle da Qualidade,
associados à qualificação dos
colaboradores envolvidos nestes
itens, garantem o teor e a eficácia
do produto.
A qualidade do comprimido é
resultado do cumprimento de várias
operações que, coordenadas,
garantem características
adequadas para que o comprimido
seja eficaz :
• Químicas (pureza e teor);
• Microbiológicas (pureza);
• Físicas (peso, dureza,
friabilidade, desintegração e
dissolução).
As características químicas são
garantidas a partir de controles
que evitam contaminações,
garantindo a pureza e a segurança
do produto.
As características de qualidade
microbiológicas dependem
principalmente da aplicação de
normas que envolvem a higiene e a
qualificação pessoal, instalações
adequadas e utilidades, condições
de armazenamento de matériasprimas
e produtos, e a validação
de procedimentos de limpeza e
de processo.
Variáveis físicas de
comprimidos
• Peso;
• Dureza;
• Friabilidade;
• Espessura;
• Desintegração;
• Dissolução.
As variáveis físicas são
definidas a partir da formulação do
produto e garantem:
• Rigidez suficiente para que o
comprimido apresente-se íntegro no
acondicionamento e nos processos
posteriores, portanto que ele tenha
resistência física;
• Que o comprimido desagregue
e dissolva o princípio ativo em
tempo e local certos para produzir
sua ação terapêutica.
Com exceção do teste de
dissolução, as variáveis físicas de
peso, dureza, desintegração,
friabilidade e espessura são
controladas durante o processo de
compressão a partir de
especificações constantes na
documentação de produção.
Em tempos regulares, o
operador recolhe uma amostra
suficiente para realizar os testes, e
registra os resultados em
formulários denominados de
Controle em Processo –
Compressão.
Caberá ao operador da máquina
realizar ajustes durante o processo,
a fim de que o produto cumpra as
especificações físicas. Tais
especificações encontram-se
descritas na documentação do lote
do produto.
Aparelhos como Checkmaster®,
Multitest® e Farmatest®
determinam, com uma única
amostra, testes de peso, diâmetro,
espessura e dureza, e seus
resultados ficam registrados no
banco de dados do computador,
podendo ser acessados pelos
colaboradores da produção e do
controle de qualidade.
Circuitos sofisticados que interligam
aparelhos de controle à compressora
promovem ajustes automáticos de parâmetros e
promove ajuste corretivo quando observa
desvio de processo.
Classificação dos testes físicos
Testes destrutivos (dureza, friabilidade,
desintegração, dissolução): são testes que
provocam alteração na forma do comprimido
por desgaste, quebra ou desagregação;
Testes não destrutivos (peso, diâmetro,
espessura): o comprimido mantém sua forma
após o teste.
Peso
O peso do comprimido garante ao produto
a dose terapêutica e, portanto, a sua eficácia
no tratamento. Pesos em desacordo com
as especificações são perigosos, uma vez
que geram:
Menor dosagem - o comprimido não produz
a ação terapêutica esperada, interferindo no
tratamento;
Maior dosagem - todo medicamento
apresenta efeitos colaterais; a super-dosagem
acelera o aparecimento destes efeitos e
causam mal estar ao paciente. É caracterizada
como intoxicação medicamentosa, e causa
muitas vezes complicações sérias no estado
geral do paciente.
Para se determinar a massa de comprimido,
utiliza-se balanças semi-analíticas, que por
serem aparelhos que apresentam mecanismos
sensíveis, devem ser manuseadas com certos
cuidados:
• não se deve pesar comprimidos
diretamente no prato da balança, use papel ou
recipiente adequado; sempre fazendo a tara
antes de realizar a pesagem;
• instalar a balança em local seguro, que
apresente pouca vibração (geralmente os
balcões em que se instalam as balanças
apresentam dispositivos de amortização de
vibrações provenientes do chão e parede);
• a balança deve ser mantida limpa,
evitando-se o uso de água e reagentes
químicos; aconselha-se usar flanela limpa e
pincel de cerdas sintéticas macias;
• antes de ligar a balança, confira sua
voltagem com a tomada na qual será ligada.
Para que a balança funcione
adequadamente também é necessário que ela
esteja nivelada, que seja calibrada
periodicamente e que esteja sempre limpa.
Dureza
Dureza é um teste que determina a
resistência mecânica do comprimido ao
esmagamento.
O aparelho para medir a dureza é
denominado de durômetro. Este aparelho
submete o comprimido a uma pressão diametral
até o ponto de quebrá-lo. A força para quebrar
o comprimido/núcleo é convertida em: unidade
strong cobb (USC), Newton (N) ou
quilograma força (Kgf) e é registrada no
mostrador do aparelho.
A dureza em comprimido é importante, pois
garante a integridade física do comprimido,
permitindo que ele suporte os choques
mecânicos nos processos de revestimento,
drageamento, envelopamento, emblistagem,
embalagem e transporte.
Os limites de dureza são especificados de
acordo com o diâmetro e o peso do
comprimido, e se referem à resistência mínima
para que seja retirado da embalagem (strip ou
blíster) sem se quebrar, garantindo o aspecto e
a dosagem do comprimido.
Friabilidade
O teste de friabilidade permite avaliar a
resistência dos comprimidos ao atrito
mecânico, garantindo que se manterão
íntegros durante os processos de
acondicionamento, revestimento,
envelopamento, emblistagem e transporte.
O teste é realizado em aparelho
denominado de friabilômetro que lança os
comprimidos em queda livre, repetidas vezes,
durante o movimento giratório do disco, a
uma velocidade de 20 rpm. O friabilômetro
deve atender as especificações de
fabricação que se encontram detalhadas
na Farmacopéia.
Espessura
A espessura é importante, principalmente
para o processo de embalagem, onde variações
excessivas na altura dos comprimidos/
comprimidos revestidos/drágeas comprometem
o desempenho do processo por encavalamento
ou obstrução das guias da emblistadeira.
É realizado com auxílio de paquímetro ou
micrômetro devidamente calibrados.
De uma forma bastante interessante, é
possível identificar falhas no processo de
compressão por meio da avaliação da
espessura, por exemplo:
• Comprimidos mais baixos que os demais
podem apresentar dureza excessiva, o que
pode comprometer seu tempo de
desintegração;
• Comprimidos mais baixos que os demais
podem apresentar peso menor, comprometendo
a dose (teor);
• Comprimidos mais altos que os demais
podem apresentar dureza mais baixa, sendo
mais friáveis e porosos;
• Comprimidos mais altos que os demais
podem apresentar peso maior, produzindo
super-dosagem.
Por este motivo, comprimidos de um mesmo
lote devem apresentar variações mínimas de
espessura.
Desintegração
O teste de desintegração por muito tempo
esteve associado aos conceitos que hoje
definem o teste de dissolução.
Este teste se baseia na determinação de
tempo em que um comprimido se desfaz em
• Comprimidos que não desintegram
podem ser eliminados da forma como
foram ingeridos, não produzindo o efeito
esperado.
Dissolução
O teste de dissolução é realizado em
laboratório pelo controle de qualidade,
no equipamento denominado de
Aparelho de Dissolução.
As especificações deste teste estão
descritas na Farmacopéia, que define
também a porcentagem mínima de
princípio ativo que cada produto deve
apresentar dissolvido num determinado
intervalo de tempo.
Com base nos resultados obtidos in vitro, se
estima a capacidade de um produto sólido
liberar seu princípio ativo no organismo, ser
absorvido e produzir o efeito terapêutico
esperado.
Interferentes da dissolução:
• Formulação;
• Granulação;
• Compressão.
Conclusão
As tecnologias aplicadas na produção de
medicamentos na forma de comprimidos,
sejam elas de materiais ou equipamentos e
sistemas de controle, têm, portanto,
contribuído para melhorar o desempenho do
processo de fabricação em concordância com
as exigências de qualidade (pureza, segurança
e eficácia) e custos. Fazer um comprimido
ficou mais fácil, não ficou?
Referencia:
(1) Lachman, L., Lieberman, H. A., Kanig, J. L.
Teoria e prática na indústria farmacêutica.
Fundação Calouste Gulbenkian, 2001;
(2) Handbook of Pharmaceutical Excipients. 4º
Ed. Pharmaceutical Press, 2003;
(3) Kanfer, I., Shargel. L. Generic drug product
development - solid oral dosage forms. Marcel
Dekker, 2005;
(4) Lehir, A. Noções de farmácia galênica. 6º Ed.
Organização Andrei, 1997;
(5) Martindale. The Complete Drug References.
34° Ed. Pharmaceutical Press, 2005;
(6) Tomokane, N. K. M. Tecnologia para
fabricação de formas farmacêuticas secas.
Fármacos & Medicamentos, São Paulo, v.6,
n.32, p.18-26, janeiro/fevereiro 2005.
Autor:Ricardo P. Moisés
VÍRUS HPV SE DISSEMINA MAIS ENTRE JOVENS DE ATÉ 19 ANOS
VÍRUS HPV SE DISSEMINA MAIS ENTRE JOVENS DE ATÉ 19 ANOS
Estudo se baseia em 1,5 milhão de prontuários médicos do Rio. As adolescentes cariocas estão tendo relações sexuais mais cedo, com mais parceiros e se descuidando do uso de preservativos. Assim, estão cada vez mais expostas a doenças sexualmente transmissíveis, especialmente lesões de colo de útero provocadas pelo vírus HPV. É o que mostra pesquisa realizada na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz. O estudo se baseou num gigantesco banco de dados do Instituto Nacional do Câncer: foram analisados nada menos que 1,5 milhão de prontuários de exames preventivos de colo de útero (ou Papanicolaou) realizados entre 1999 e 2005, entre diversas faixas etárias, na rede pública de saúde. O estudo é assinado pela pesquisadora Micheli Lopes Pedrosa, ginecologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Através da base de dados do Intstituto Nacional de Câncer, ele fez a comparação entre o índice de lesões em dois grupos: um formado por mulheres de 20 anos ou mais, e outro por meninas e adolescentes de 10 a 19 anos. A incidência de lesões precursoras de câncer é três vezes maior entre as adolescentes. Segundo a pesquisadora, esta maior exposição é relacionada a mudanças nos hábitos sexuais da população mais jovem. A média de idade de iniciação sexual apontada pelo estudo foi de 15 anos. E o percentual de jovens que relataram usar preservativos foi de apenas 20%. Segundo Micheli Pedrosa, as jovens têm em média 3 parceiros sexuais até completar 20 anos. - A gente percebe que existe um grande grupo se expondo desde cedo às doenças sexualmente transmissíveis, especialmente as lesões provocadas pelo HPV. E, desta forma, provavelmente, o câncer aparecerá mais cedo - diz ela, acrescentando que tem diagnosticado a doença em mulheres de 25 a 30 anos. VACINA - Existe vacina contra o HPV, mas ela não está disponível na rede pública. E é cara: aplicada em 3 doses, tem preço médio de R$ 350 cada aplicação. Esta vacina, segundo a pesquisadora, imuniza contra 4 subtipos dentre os 100 identificados do vírus. E estes 4 subtipos representam 70% por cento dos casos. Por isso, ela faz um alerta. - Muitas meninas são vacinadas em clínicas particulares. Mas isso não significa que elas estejam 100% protegidas. E nem que elas não precisem fazer o exame preventivo. A gente observa que as meninas e adolescentes não estão usando preservativo. A minha geração, tenho 37 anos, tinha mais preocupação com isso, porque a gente viveu o momento em que a Aids começou a aparecer. A nova geração não viveu isso - comenta. A IMPORTÂNCIA DO EXAME - Luiz Antonio Santini. diretor do Instituto Nacional de Câncer - O câncer do colo do útero é um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. No Brasil, a estimativa é que 19 mil mulheres sejam diagnosticadas com a doença este ano. Para reduzir o número de casos e, consequentemente, as mortes pela doença, a medida mais importante é aumentar o acesso e a adesão das mulheres entre 25 e 59 anos ao exame preventivo. O exame Papanicolaou, criado há mais de 60 anos e disponível em toda a rede pública, é capaz de diagnosticar lesões pré-cancerosas que, com tratamento adequado, também assegurado pelo Sistema Único de Saúde, impedem que o câncer de colo do útero se desenvolva. Apesar de acessível à maioria da população, o percentual de brasileiras que se submete regularmente ao exame é de apenas 67% e com grandes variações regionais. Estima-se que o rastreamento através desse exame reduza em 80% as mortes por câncer do colo do útero, doença associada à infecção persistente por alguns dos tipos de papiloma vírus humano (HPV) com capacidade de induzir ao câncer - que são, pelo menos, 13. Para que a lesão provocada pelo vírus se desenvolva e torne-se um tumor, passam-se entre 15 e 20 anos. A discussão sobre a incorporação da vacina contra HPV parte do conhecimento de que a infecção pelo HPV é muito frequente, uma vez que mais de 75% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas pelo menos uma vez na vida. Estima-se que os efeitos da vacinação sobre a mortalidade por câncer do colo do útero só serão observados após 20 anos, considerando-se que esta alcance cobertura superior a 70% da população e que a vacina confira imunidade duradoura. As duas vacinas aprovadas no Brasil são indicadas para a prevenção da infecção pelos tipos de HPV presentes em 70% dos casos de câncer do colo de útero diagnosticados. Um fabuloso avanço da ciência. Mas antes de ser incorporada em uma política pública, são essenciais conhecimentos complementares. No Brasil, essa discussão foi feita por técnicos de diversos órgãos do Ministério da Saúde e universidades. A recomendação, ratificada pelos países membros do Mercosul, é que a decisão sobre incorporação futura da vacina deve ser consubstanciada em pesquisas que permitam melhor conhecer a distribuição dos tipos de HPV circulantes no Brasil por meio de estudos populacionais robustos. A avaliação de viabilidade de produção da vacina no parque nacional público é recomendável, para que se possa obter redução de preço e garantir a continuidade da vacinação, sem prejuízo para o Programa Nacional de Imunizações. ABAIXO O SEDENTARISMO - Gilberto Ururahy, diretor médico da med-rio check-up - A automação da sociedade trouxe conforto à vida humana. Mas, quando as facilidades da vida moderna são aliadas à preguiça, quem paga é o corpo. O sedentarismo, caracterizado pela progressiva redução do esforço físico, é a porta de entrada para doenças, como o estresse crônico, o ganho de peso corporal, o diabetes, a hipertensão arterial e a maior incidência de doenças coronarianas. Não mover-se causa prejuízos à saúde e distúrbios emocionais que, consequentemente, afetam o desempenho profissional. Análise realizada pela Med-Rio Check-up, ao longo de 19 anos de atuação em clínica especializada no atendimento de executivos, comprovou que cerca de 65% desse público é sedentário. Motivo que explica muitas empresas estarem investindo, cada vez mais, em programas de incentivo às atividades laborais. O ciclo que conduz ao sedentarismo afeta, principalmente, indivíduos que vivem sob estresse crônico. Neste estado, eles dormem mal, se alimentam mal e fazem uso indiscriminado de estimulantes, como cafeína e nicotina. Esse quadro de fadiga estimula o sedentarismo que, por sua vez, colabora para a manutenção do estresse. É um círculo vicioso que atrai diversos males, como o câncer e as doenças cardíacas. Nosso corpo precisa de movimento. Entre outros benefícios, a prática regular de atividade física aumenta a taxa de renovação dos tecidos, retarda o envelhecimento, diminui a taxa de gordura circulante, melhora a coagulação sanguinea e a troca de gases nos pulmões, facilita a mineralização dos ossos e libera endorfina, neurotransmissor que diminui o estresse, aumenta a sensação de bem-estar e combate a ação da adrenalina gerada pelo estresse do cotidiano. Ao aumentar as defesas do organismo e ajudar a controlar o peso corporal, a endorfina também melhora o desempenho do sistema cardio-respiratório e o desejo sexual. Estudos recentes realizados nos EUA com 1.156 homens, entre 40 e 70 anos, demonstram que quem pratica exercícios regularmente têm menos chances de ganhar peso corporal e ser vítima de distúrbios de ereção e câncer. Outras pesquisas comprovam que pessoas fisicamente ativas vivem mais, têm maior disposição, maior capacidade de trabalho e de concentração. Mas é preciso ficar atento: da mesma forma que a regularidade provoca bem-estar, o excesso de atividades físicas pode ser prejudicial à saúde ao provocar aumento de cortisol e adrenalina, que geram traumas importantes não só no físico do indivíduo - lesões musculares, articulares, sobrecarga cardíaca, queda da imunidade e redução das reservas de açúcar - , como também no emocional - depressão e alterações de humor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, no mínimo, 30 minutos de exercícios moderados de quatro a cinco vezes por semana. Para que a prática de exercícios traga apenas benefícios, é imprescindível uma avaliação médica completa que indique os limites cardio-respiratórios e musculoesqueléticos do indivíduo. Um dos exames mais utilizados para este fim é o teste ergométrico - capaz de avaliar a capacidade funcional, a condição física, os batimentos cardíacos e o surgimento de arritmias cardíacas, além do comportamento da pressão arterial e outros sintomas que não ocorrem em repouso, como cansaço exagerado, dor no peito, tonteira e desmaio. Para dar início a um programa de exercícios, a caminhada é uma ótima opção pois, além de trabalhar com eficiência o sistema cardiovascular, não apresenta riscos de traumas e pode ser desenvolvida em qualquer lugar, sem exigir horários nem equipamentos especiais. Mesmo assim, como outros esportes, exige planejamento adequado para se alcançar resultados sem riscos de danos à saúde. Nas duas primeiras semanas, uma caminhada a passo normal durante pelo menos 30 minutos, em dias alternados, é suficiente para que o corpo se adapte ao exercícios. A intensidade na distância ou na velocidade das passadas pode ser aumentada até que se alcance a meta de sete quilômetros em uma hora, considerada uma excelente média. Depois disso, mantenha o ritmo alcançado por quatro a cinco vezes na semana. Um bom alongamento e o monitoramento da frequência cardíaca durante todo o exercício são importantes, assim como manter-se hidratado antes e após os exercícios. O uso de roupas leves e calçados confortáveis também é recomendado. Não seja um atleta de fim de semana, não pare abruptamente as atividades físicas e nem as interrompa por mais de cinco dias, senão os ganhos serão cancelados. Mas a presença de dor, de qualquer natureza, durante o exercício, é razão suficiente para interrompê-lo. Neste caso, procure um médico para avaliar o problema e melhor orientá-lo. Viver com saúde é uma decisão que só depende de você. - Marcelo Gigliotti -
Fonte: Jornal do Brasil - Portal Médico
Estudo se baseia em 1,5 milhão de prontuários médicos do Rio. As adolescentes cariocas estão tendo relações sexuais mais cedo, com mais parceiros e se descuidando do uso de preservativos. Assim, estão cada vez mais expostas a doenças sexualmente transmissíveis, especialmente lesões de colo de útero provocadas pelo vírus HPV. É o que mostra pesquisa realizada na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz. O estudo se baseou num gigantesco banco de dados do Instituto Nacional do Câncer: foram analisados nada menos que 1,5 milhão de prontuários de exames preventivos de colo de útero (ou Papanicolaou) realizados entre 1999 e 2005, entre diversas faixas etárias, na rede pública de saúde. O estudo é assinado pela pesquisadora Micheli Lopes Pedrosa, ginecologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Através da base de dados do Intstituto Nacional de Câncer, ele fez a comparação entre o índice de lesões em dois grupos: um formado por mulheres de 20 anos ou mais, e outro por meninas e adolescentes de 10 a 19 anos. A incidência de lesões precursoras de câncer é três vezes maior entre as adolescentes. Segundo a pesquisadora, esta maior exposição é relacionada a mudanças nos hábitos sexuais da população mais jovem. A média de idade de iniciação sexual apontada pelo estudo foi de 15 anos. E o percentual de jovens que relataram usar preservativos foi de apenas 20%. Segundo Micheli Pedrosa, as jovens têm em média 3 parceiros sexuais até completar 20 anos. - A gente percebe que existe um grande grupo se expondo desde cedo às doenças sexualmente transmissíveis, especialmente as lesões provocadas pelo HPV. E, desta forma, provavelmente, o câncer aparecerá mais cedo - diz ela, acrescentando que tem diagnosticado a doença em mulheres de 25 a 30 anos. VACINA - Existe vacina contra o HPV, mas ela não está disponível na rede pública. E é cara: aplicada em 3 doses, tem preço médio de R$ 350 cada aplicação. Esta vacina, segundo a pesquisadora, imuniza contra 4 subtipos dentre os 100 identificados do vírus. E estes 4 subtipos representam 70% por cento dos casos. Por isso, ela faz um alerta. - Muitas meninas são vacinadas em clínicas particulares. Mas isso não significa que elas estejam 100% protegidas. E nem que elas não precisem fazer o exame preventivo. A gente observa que as meninas e adolescentes não estão usando preservativo. A minha geração, tenho 37 anos, tinha mais preocupação com isso, porque a gente viveu o momento em que a Aids começou a aparecer. A nova geração não viveu isso - comenta. A IMPORTÂNCIA DO EXAME - Luiz Antonio Santini. diretor do Instituto Nacional de Câncer - O câncer do colo do útero é um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. No Brasil, a estimativa é que 19 mil mulheres sejam diagnosticadas com a doença este ano. Para reduzir o número de casos e, consequentemente, as mortes pela doença, a medida mais importante é aumentar o acesso e a adesão das mulheres entre 25 e 59 anos ao exame preventivo. O exame Papanicolaou, criado há mais de 60 anos e disponível em toda a rede pública, é capaz de diagnosticar lesões pré-cancerosas que, com tratamento adequado, também assegurado pelo Sistema Único de Saúde, impedem que o câncer de colo do útero se desenvolva. Apesar de acessível à maioria da população, o percentual de brasileiras que se submete regularmente ao exame é de apenas 67% e com grandes variações regionais. Estima-se que o rastreamento através desse exame reduza em 80% as mortes por câncer do colo do útero, doença associada à infecção persistente por alguns dos tipos de papiloma vírus humano (HPV) com capacidade de induzir ao câncer - que são, pelo menos, 13. Para que a lesão provocada pelo vírus se desenvolva e torne-se um tumor, passam-se entre 15 e 20 anos. A discussão sobre a incorporação da vacina contra HPV parte do conhecimento de que a infecção pelo HPV é muito frequente, uma vez que mais de 75% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas pelo menos uma vez na vida. Estima-se que os efeitos da vacinação sobre a mortalidade por câncer do colo do útero só serão observados após 20 anos, considerando-se que esta alcance cobertura superior a 70% da população e que a vacina confira imunidade duradoura. As duas vacinas aprovadas no Brasil são indicadas para a prevenção da infecção pelos tipos de HPV presentes em 70% dos casos de câncer do colo de útero diagnosticados. Um fabuloso avanço da ciência. Mas antes de ser incorporada em uma política pública, são essenciais conhecimentos complementares. No Brasil, essa discussão foi feita por técnicos de diversos órgãos do Ministério da Saúde e universidades. A recomendação, ratificada pelos países membros do Mercosul, é que a decisão sobre incorporação futura da vacina deve ser consubstanciada em pesquisas que permitam melhor conhecer a distribuição dos tipos de HPV circulantes no Brasil por meio de estudos populacionais robustos. A avaliação de viabilidade de produção da vacina no parque nacional público é recomendável, para que se possa obter redução de preço e garantir a continuidade da vacinação, sem prejuízo para o Programa Nacional de Imunizações. ABAIXO O SEDENTARISMO - Gilberto Ururahy, diretor médico da med-rio check-up - A automação da sociedade trouxe conforto à vida humana. Mas, quando as facilidades da vida moderna são aliadas à preguiça, quem paga é o corpo. O sedentarismo, caracterizado pela progressiva redução do esforço físico, é a porta de entrada para doenças, como o estresse crônico, o ganho de peso corporal, o diabetes, a hipertensão arterial e a maior incidência de doenças coronarianas. Não mover-se causa prejuízos à saúde e distúrbios emocionais que, consequentemente, afetam o desempenho profissional. Análise realizada pela Med-Rio Check-up, ao longo de 19 anos de atuação em clínica especializada no atendimento de executivos, comprovou que cerca de 65% desse público é sedentário. Motivo que explica muitas empresas estarem investindo, cada vez mais, em programas de incentivo às atividades laborais. O ciclo que conduz ao sedentarismo afeta, principalmente, indivíduos que vivem sob estresse crônico. Neste estado, eles dormem mal, se alimentam mal e fazem uso indiscriminado de estimulantes, como cafeína e nicotina. Esse quadro de fadiga estimula o sedentarismo que, por sua vez, colabora para a manutenção do estresse. É um círculo vicioso que atrai diversos males, como o câncer e as doenças cardíacas. Nosso corpo precisa de movimento. Entre outros benefícios, a prática regular de atividade física aumenta a taxa de renovação dos tecidos, retarda o envelhecimento, diminui a taxa de gordura circulante, melhora a coagulação sanguinea e a troca de gases nos pulmões, facilita a mineralização dos ossos e libera endorfina, neurotransmissor que diminui o estresse, aumenta a sensação de bem-estar e combate a ação da adrenalina gerada pelo estresse do cotidiano. Ao aumentar as defesas do organismo e ajudar a controlar o peso corporal, a endorfina também melhora o desempenho do sistema cardio-respiratório e o desejo sexual. Estudos recentes realizados nos EUA com 1.156 homens, entre 40 e 70 anos, demonstram que quem pratica exercícios regularmente têm menos chances de ganhar peso corporal e ser vítima de distúrbios de ereção e câncer. Outras pesquisas comprovam que pessoas fisicamente ativas vivem mais, têm maior disposição, maior capacidade de trabalho e de concentração. Mas é preciso ficar atento: da mesma forma que a regularidade provoca bem-estar, o excesso de atividades físicas pode ser prejudicial à saúde ao provocar aumento de cortisol e adrenalina, que geram traumas importantes não só no físico do indivíduo - lesões musculares, articulares, sobrecarga cardíaca, queda da imunidade e redução das reservas de açúcar - , como também no emocional - depressão e alterações de humor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, no mínimo, 30 minutos de exercícios moderados de quatro a cinco vezes por semana. Para que a prática de exercícios traga apenas benefícios, é imprescindível uma avaliação médica completa que indique os limites cardio-respiratórios e musculoesqueléticos do indivíduo. Um dos exames mais utilizados para este fim é o teste ergométrico - capaz de avaliar a capacidade funcional, a condição física, os batimentos cardíacos e o surgimento de arritmias cardíacas, além do comportamento da pressão arterial e outros sintomas que não ocorrem em repouso, como cansaço exagerado, dor no peito, tonteira e desmaio. Para dar início a um programa de exercícios, a caminhada é uma ótima opção pois, além de trabalhar com eficiência o sistema cardiovascular, não apresenta riscos de traumas e pode ser desenvolvida em qualquer lugar, sem exigir horários nem equipamentos especiais. Mesmo assim, como outros esportes, exige planejamento adequado para se alcançar resultados sem riscos de danos à saúde. Nas duas primeiras semanas, uma caminhada a passo normal durante pelo menos 30 minutos, em dias alternados, é suficiente para que o corpo se adapte ao exercícios. A intensidade na distância ou na velocidade das passadas pode ser aumentada até que se alcance a meta de sete quilômetros em uma hora, considerada uma excelente média. Depois disso, mantenha o ritmo alcançado por quatro a cinco vezes na semana. Um bom alongamento e o monitoramento da frequência cardíaca durante todo o exercício são importantes, assim como manter-se hidratado antes e após os exercícios. O uso de roupas leves e calçados confortáveis também é recomendado. Não seja um atleta de fim de semana, não pare abruptamente as atividades físicas e nem as interrompa por mais de cinco dias, senão os ganhos serão cancelados. Mas a presença de dor, de qualquer natureza, durante o exercício, é razão suficiente para interrompê-lo. Neste caso, procure um médico para avaliar o problema e melhor orientá-lo. Viver com saúde é uma decisão que só depende de você. - Marcelo Gigliotti -
Fonte: Jornal do Brasil - Portal Médico