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1.24.2010

Ditadura da saúde: mulheres parem de se preocupar com a saúde

("Viva um pouco! as regras não vão estragar sua saúde"


Mulheres parem de se preocupar com a saúde
Ditadura das regras para vida saudável se tornou indústria informal.
Autora afirma que objetivo é qualidade de vida e saúde perfeita é mito.

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Você já comeu suas porções (de 5 a 9) de vegetais do dia? Já se exercitou por uma hora? Já cortou as gorduras saturadas e dormiu suas oito horas de sono?

A ditadura das regras para uma vida saudável se tornou uma indústria informal, com sites, programas de auditórios e livros dedicados aos "faça" e "não faça" para se manter saudável.

Porém, quanto a atingir esses objetivos, muitos de nós sentem que não estão dando conta. Seja você mãe ocupada que não encontra tempo para fazer exercício, uma pessoa eternamente de dieta que luta para perder 10 quilos ou uma mulher que faz mil coisas ao mesmo tempo e se vira com seis horas de sono, é praticamente impossível seguir as regras.

Agora, Susan Love, uma das especialistas em saúde da mulher mais respeitadas dos Estados Unidos, traz uma nova regra: pare de se preocupar com sua saúde.

O objetivo é viver para sempre? Eu afirmo que não. É realmente viver o máximo possível com a melhor qualidade de vida que se possa conseguir"
No novo livro, "Live a Little! Breaking the Rules Won’t Break Your Health" ("Viva um pouco! as regras não vai estragar sua saúde", em tradução livre), Love sustenta o argumento de que a saúde perfeita é um mito e que a maioria de nós está vivendo vidas muito mais saudáveis do que percebemos.

Love, professora clínica de cirurgia da David Geffen School of Medicine da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, afirma que não conseguir seguir à risca as várias regras de saúde é uma grande fonte de estresse e culpa, particularmente para mulheres. Para a maioria de nós, "bastante saudável" é a meta.

Vida eterna?
"O objetivo é viver para sempre?", disse ela, em recente entrevista. "Eu afirmo que não. É realmente viver o máximo possível com a melhor qualidade de vida que se possa conseguir. O problema foi todas essas mulheres que eu encontrava que morriam de medo de que se não comecem uma xícara de blueberry por dia elas cairiam mortas".

Livro combate a ditadura da saúde

O livro, escrito com Alice Domar, professora de Harvard e psicóloga sênior da equipe do Beth Israel Deaconess Medical Center, explora pesquisas e conselhos em seis áreas da saúde – sono, estresse, prevenção, nutrição, exercícios e relacionamentos. Em todas as seis, elas escrevem, os maiores riscos estão nos extremos, e o meio-termo é maior do que pensamos.

"Tudo é uma curva em forma de U", disse Love. "Pode ser que algumas vezes na vida você tenha tido muito ou pouco de alguma coisa, mas estar no meio é melhor, e a maioria de nós provavelmente já está lá".

Veja o caso do sono. A maioria das pessoas acredita que é melhor dormir pelo menos oito horas por noite. No entanto, os estudos nos quais essa crença se baseia observam quanto homens e mulheres dormem em condições ideais – silêncio, escuridão e nenhuma responsabilidade, a não ser a participação em um estudo sobre o sono.

Esses estudos nos dizem a quantidade de horas que as pessoas dormem quando não têm nada mais para fazer, mas não nos dizem nada sobre quantas horas de sono são realmente necessárias todos os dias ou o que acontece se dormirmos menos.

Há uma grande parte da população que não faz nada porque foram sobrecarregadas com conselhos e regras"
Um relatório, publicado em 2002 no "Archives of General Psychiatry", tentou entender essas questões ao comparar hábitos de sono e risco de mortalidade. O estudo descobriu que as pessoas que dormiam sete horas por noite eram as com menor probabilidade de morrer em um período de estudo de seis anos.

Dormir mais de sete horas ou menos do que cinco aumentava o risco de mortalidade. Não ficou claro, a partir do estudo, se mais ou menos horas de sono aumentava o risco ou se um problema de saúde estava afetando os hábitos de sono, mas as descobertas realmente questionam a "regra das oito horas".


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A realidade é que as necessidades individuais de sono podem variar
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Algumas pessoas precisam de pouquíssimas horas, enquanto outras precisam de mais sono que a média. "A questão do sono causa muita culpa nas mulheres", disse Love. "Precisamos ser mais realistas. Se você está sonolenta o tempo todo, não está dormindo bem o suficiente para você. Se você se sente bem dormindo seis horas, não se preocupe com isso".

Exercícios

Da mesma forma, embora os exercícios sejam importantes, muitas pessoas não dão muita importância à atividade física que vem de tarefas diárias, como levantar e correr atrás de crianças, carregar compras e limpar a casa.

E não há nada de mágico em perder peso. As pessoas que estão obesas ou abaixo do peso têm taxas de mortalidade mais altas, mas os que estão acima do peso são tão saudáveis quanto as de peso normal – e às vezes até mais saudáveis. "O objetivo é ser tão saudável e ter tanta qualidade de vida quanto puder", disse Love. "Não é ser magra".

Especialistas em saúde concordam que a moderação é importante e que as pessoas não devem entrar em pânico em relação a seus hábitos de saúde. Entretanto, Elizabeth Barrett-Connor, professora de medicina da família da Universidade da Califórnia, em San Diego, alerta contra a interpretação de uma mensagem relaxada como uma desculpa para comer demais ou cair no sedentarismo.

"No processo de tradução dessa mensagem de forma simples para as massas, as pessoas podem achar foram perdoadas. Elas não devem achar que estão pecando, mas não devem sentir essa mensagem como uma licença para não tentar fazer mais pela sua saúde", disse Barrett-Connor

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Miriam Nelson, diretora do Centro de Pesquisa de Atividades Físicas, Nutrição e Prevenção John Hancock, da Tufts University, que já leu o livro, afirma que ele pode ajudar as pessoas a perceber que é mais fácil ser saudável do que pensavam
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"Há uma grande parte da população que não faz nada porque foram sobrecarregadas com conselhos e regras", disse Nelson. "Esse livro poderia despertar seu interesse, porque o tema já não é mais tão complicado".

Love contou que ela e Domar decidiram escrever o livro porque muitas pessoas pareciam ter perdido de vista o conceito de ser saudável. "O objetivo é usar seu senso comum; se você se sente bem, você está bem", disse ela. "A meta não é chegar no céu e dizer: 'Sou perfeita'. É usar seu corpo, se divertir e viver um pouco".

Globo.com
'New York Times'

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