Os resultados divulgados sobre o uso de gel com antirretroviral em mulheres na África do Sul gerou grandes expectativas nesta terça-feira (20) em Viena, na Áustria, palco da 18ª Conferência Internacional sobre a Aids.
Publicado na revista norte-americana Science, a substância com 1% de tenofovir, conhecido remédio utilizado no combate ao HIV, obteve 39% de redução do risco de contágio em 889 mulheres com alto risco de contaminação. Quando bem administrado, o gel diminui em 54% as chances de transmissão do vírus. O uso correto do produto requer aplicação do gel 12 horas antes e depois das relações sexuais.
Realizado durante três anos, o estudo Caprisa 4 contou com quase 900 mulheres da região de KwaZulu-Natal, não contaminadas a princípio e inseridas em uma áreas tidas por especialistas como a com a maior taxa de prevalência da soropositivos no mundo, conforme explica o professor Jean-François Delfraissy, diretor da Agência Nacional de Pesquisas sobre Aids da França
O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para HIV e Aids (Unaids), Michel Sidibé, afirmou que é o primeiro teste com resultados sobre prevenção iniciado e controlado por mulheres. "O microbicida, se confirmado, pode ser opção poderosa para a revolução da prevenção e nos ajudará a quebrar a trajetória da doença da Aids", disse Sidibé.
Anthony Fauci, diretor do setor de doenças infecciosas do National Institutes of Health, centro de pesquisas médicas do governo norte-americano, acredita que o estudo é importante tanto para a comunidade científica como para todos os trabalhos de prevenção da Aids.
"As mulheres constituem a maior parte das novas infecções no mundo e essa descoberta é passo importante para que uma população de risco tenha acesso a ferramenta de prevenção segura e eficaz", afirma Fauci.
O especialista destaca que a pesquisa deve continuar, para que existam mais formas de prevenção da doença como antirretrovirais tomados antes da exposição ao risco, vacinas e outros microbicidas.
E mais:
Viena (EFE) - A circuncisão reduz em 60% o risco de infecção pelo vírus HIV, razão para que a Organização Mundial da Saúde (OMS) promova a cirurgia em vários países africanos, embora reconheça que não é uma solução definitiva contra a doença. A proposta foi feita pelo diretor regional da OMS em Brazzaville (Congo), o ugandense David Okello, ontem, na Conferência Internacional Aids 2010, em Viena. Ele disse haver "evidências científicas suficientes para promovê-la como um dos métodos para se prevenir a Aids".No evento, a OMS também apresentou estudo mostrando que o tratamento antirretroviral desde o início da gravidez, assim como durante o período de amamentação, pode reduzir para 5% ou menos o risco de transmissão do vírus HIV de mãe para filho. Mas o assunto que mais tem gerado comentários na conferência é um gel vaginal microbicida, elaborado com a substância antirretroviral tenofovir, que reduz em 39% as infecções do vírus da Aids nas mulheres ao ser aplicado 12 horas antes e 12 horas depois da relação. O gel promete ser um progresso nas árduas investigações que são realizadas para conseguir um microbicida contra o vírus HIV que as mulheres possam usar sem a necessidade da cooperação de seu companheiro sexual.
Estadão
Complementando:
ResponderExcluirGel vaginal reduz risco de contrair Aids e herpes genital, diz estudo
Remédio contém 1% de 'tenofovir', antirretroviral usado contra HIV.
Estudo foi realizado por pesquisadores na África do Sul.
Cientistas divulgaram a criação de um gel vaginal capaz de reduzir em 39% o risco de contrair o vírus HIV durante relações sexuais, conforme informou o Centre for the AIDS Programme of Research in South Africa (CAPRISA) nesta segunda-feira (19).
O anúncio foi feito durante a 18ª conferência internacional sobre a Aids, realizada entre 18 e 23 de julho na cidade de Viena.
O microbicida contém 1% de 'tenofovir', conhecido antirretroviral utilizado no combate ao vírus responsável pela Aids, e foi testado em mulheres na África do Sul. O medicamento também é eficaz ao prevenir mulheres de ter herpes genital em 51% dos casos.
Se outros estudos confirmarem a eficiência do gel, a aplicação prolongada pode evitar 500 mil novas infecções pelo HIV na próxima década no país.
O CAPRISA reuniu 889 mulheres com alto risco de contágio em zonas rural e urbana de KwaZulu-Natal. Noventa e oito pessoas foram contaminadas durante o teste, sendo que 38 delas utilizaram o gel. Outras 60 receberam placebos.
As participantes da pesquisa receberam, durante todo o processo, aconselhamentos sobre a doença. Todos os integrantes, médicos e mulheres testadas, não sabiam quem havia recebido o gel verdadeiro ou o placebo.
Os pesquisadores também afirmam que a proteção cresce conforme a aplicação do gel a base de 'tenofovir' aumenta. Entre as mulheres que seguiram à risca o uso do gel, a redução observada na transmissão do vírus HIV foi de 54%
"Mulheres com herpes genital tendem mais a serem infectadas pelo HIV, mas a proteção oferecida pelo gel traz um impacto maior na prevenção contra a Aids", diz Salim Abdool Karim, diretor do CAPRISA e um dos responsáveis pelo estudo."Trabalhos que confirmem nossas descobertas são urgentes."
G1.com