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9.21.2010
Crianças que comem demais podem estar com problema psicológico
Maioria dos pequenos com sobrepeso ‘ataca’ comida para aliviar tensões do dia a dia
Criança que come muito pode não ser apenas ‘gulosa’. O motivo de tanta “fome” pode estar relacionado a distúrbios como ansiedade e depressão. Cerca de 90% dos pequenos com sobrepeso atacam a comida, principalmente doces, para atenuar as tensões. Mas se a comida fora de hora se tornar um hábito, as consequências podem ser mais graves nos pequenos que em adultos.
“A criança poderá desenvolver doenças típicas dos mais velhos, como hipertensão, entupimento de artérias e baixa de insulina”, enumera o médico ortomolecular João Marcello Branco. E como medicamentos para emagrecer não são recomendados para crianças, o tratamento deve ser com clínicos, nutricionistas e psicólogos. “É importante fazer a análise psicológica para descobrir os motivos, juntamente com a reposição de serotonina, ‘hormônio do bem-estar’. Deve-se elevar a autoestima através da alimentação”, diz Branco.
A ansiedade pode ter origem em cobranças, divórcio dos pais ou perda de alguém querido. “Comer se torna forma de descontar a falta de algo e até de chamar atenção”, afirma a psicóloga Valésia Vilela.
Ao perceber que as filhas gêmeas Emanuella e Isabella Batista, 8, relatavam problemas de relacionamento na escola e comiam demais, Ricardo Batista, 44, buscou tratamento que não se restringia à reeducação alimentar. “O acompanhamento psicológico foi importante. Elas já me pediram até para entrar na aula de dança.”
Crianças gordas
Já era sabido que a alimentação nos primeiros anos é determinante para a saúde, não só no presente, mas até à idade adulta. Um estudo britânico veio confirmar essa ideia, concretamente em relação à obesidade e excesso de peso.
Estes problemas, tão frequentes actualmente, são determinados pelos primeiros cinco anos de vida.
O peso verificado aos cinco anos de idade é um bom indicador da probabilidade de a criança vir a sofrer de obesidade ou excesso de peso.
Foram acompanhadas 233 crianças desde os primeiros dias até à adolescência. Enquanto a média de peso das crianças ao nascer permance idêntica à média verificada há 25 anos, à medida que a idade avança essa média torna-se muito superior nas crianças dos dias de hoje. Na maior parte dos casos de excesso de peso, o problema teve início antes de a criança completar cinco anos.
Os investigadores sugerem por isso que a prevenção da «epidemia do século», como já é conhecida a obesidade, seja prevenida logo desde o nascimento e não apenas quando é detectado peso excessivo em relação ao recomendado.
Uma vez que tudo se joga nos primeiros anos, a prevenção deve centrar-se na família, mais do que na escola, apontam os investigadores.
A densidade calórica dos alimentos hoje consumidos, bem como o aumento das quantidades oferecidas às crianças deverão ser a origem do problema, mais do que a falta de exercício apontam os autores do estudo.
Os programas de prevenção do excesso de peso costumam estar vocacionados para a promoção do exercício físico, a melhoria da alimentação nas escolas e a redução do tempo passado com videojogos, computador e televisão. Mas, segundo este estudo, deveriam passar a centrar-se nas novas famílias e na alimentação de bebés e crianças em idade pré-escolar.
Em Inglaterra uma em cada quatro crianças com menos de cinco anos tem peso excessivo para a idade. Uma rapariga obesa adquire 90 por cento do seu excesso de peso nos primeiros cinco anos de vida. Para os rapazes, esta percentagem situa-se nos 70 por cento. O estudo foi publicado na revista Pediatrics.
Cardápio que eleva a autoestima:
A nutricionista Renata Pigliasco indica 4 nutrientes que recuperar o bem-estar da criança.
Zinco: Reduz a vontade de comer alimentos muito doces ou salgados. Está em pão de centeio, massas integrais, nozes, pistache e amêndoas.
Vitamina B6: Auxilia no bom humor. Banana, batata, uva passa e cereais integrais.
Triptofano: Diminui a ansiedade e a compulsão. Presente nos laticínios, aveia, peixes, aves e carnes magras, grãos integrais, feijão, lentilha, arroz, banana, ovos, nozes.
Ômega 3: Melhora a função da serotonina. Peixes, sementes, cereais e folhas verdes.
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